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April 3, 2011 21:00 , by Unknown - | No one following this article yet.

Governo não dá soluções para crise do leite e movimentos sociais prometem ir às ruas

October 20, 2017 19:04, by Terra Sem Males

Numa rodada de reuniões, lideranças da agricultura familiar entregam pauta de reivindicações para ministros e secretários do Governo Federal

A resposta dos ministros e secretários do Governo às reivindicações das lideranças do Fórum das organizações da Agricultura Familiar da região Sul e entidades ligadas as Fetrafs do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Unicafes é de que não há recursos. O discurso é unânime dos gestores sobre o orçamento ainda contingenciado em 2017 e sem previsão de rever o que foi apresentado para 2018.

Com todos os programas paralisados e a crise desencadeada, os agricultores familiares participaram de audiências, nesta quinta-feira 19.10, com o ministro da Agricultura Blairo Maggi, secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional Caio Rocha e secretário Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) Jefferson Coriteac, para entregar a pauta de reivindicações dos movimentos do campo.

Dentre os principais pontos de pauta está o descontingenciamento dos recursos de 2017, a recomposição do PLOA 2018 e medidas urgentes para resolver a crise do leite. Este ano, os agricultores familiares produtores de leite já sofreram quatro quedas consecutivas de preço, sendo último valor pago por litro de leite cerca de R$ 0,60. A baixa, já fechou a porta de 18 mil agricultores e agricultoras familiares, que devido a inviabilidade de manter a produção deixaram a atividade.

“Se o Governo não intervir muitas famílias vão sair do campo e haverá uma segunda explosão de êxodo rural. Necessitamos de capital de giro para atravessar essa crise”, avalia Sandra Bergamin, da direção nacional da Unicafes.

Para as Fetrafs do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, a crise no setor é a soma do alto índice de desemprego, a falta de orçamento para os programas, o favorecimento da importação de leite no lugar da exportação, a concentração e verticalização da produção, a transformação do alimento leite em comoditis e o modelo produtivo baseado em confinamento do animal.

“Apresentamos algumas soluções imediatas, dentre elas o fim das importações, verba para a compra do leite estocado, o crédito para as cooperativas e renegociar a dívida dos agricultores. No entanto, parece que o Governo não está muito preocupado com a situação de calamidade, sim, pois 99% dos municípios vivem da renda do leite, então podemos considerar o problema como emergencial. Já são 18 mil agricultores prejudicados com a crise do leite e não podemos permitir o fim destes pequenos produtores”, destaca Vilson Alba, coordenador da Fetraf Sul.

Nas reuniões, os parlamentares que representam a agricultura familiar acompanharam as lideranças dos movimentos e reforçaram que, para o fim da crise é necessária uma decisão política.

“Tratar a agricultura familiar como uma política de assistência social não resolve. Desde o fim do MDA avisamos que estaríamos condenados nesse Governo. Não há futuro sem uma política de fortalecimento da Agricultura Familiar e é fundamental resolvermos estas questões, se não passaremos um final de ano amargo”, pontuou o deputado estadual Dirceu Dresch.

Nos últimos anos, a atividade leiteira no Brasil foi a que mais gerou empregos, somando cerca de 5 milhões no campo e nas indústrias. De acordo com o IBGE, há 1,3 milhão de propriedades que trabalham com a pecuária leiteira. O Brasil é quarto maior produtor de leite do mundo e agricultura familiar sai como carro chefe do setor, sendo responsável por 58% da produção do leite a nível nacional.

“Um conjunto de medidas deverão ser tomadas no sentido de resolver o problema do leite. A principal delas é o Governo regular o mercado com a compra do leite e colocá-lo a disposição dos programas sociais. Esperamos que o ministro da Agricultura possa encaminhar este processo para que tenhamos nos próximos dias uma solução” avalia o deputado federal Marco Maia.

Além do tema do leite, outro agravante apresentado pelos movimentos foi a descontinuidade do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), política que tirou milhares de famílias da pobreza extrema e que hoje corre um grande risco de acabar, devido aos cortes drásticos no orçamento para 2018.

“As mobilizações devem continuar, o Governo sabe da crise, mas ainda não tem uma resposta objetiva, por isso as entidades devem permanecer com as manifestações e pressionar para que de fato ações efetivas sejam realizadas”, diz o deputado federal Pedro Uczai.

Por Patrícia Costa/Contraf Brasil

Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males



Um ano das ocupações dos estudantes paranaenses

October 20, 2017 16:05, by Terra Sem Males

O movimento estudantil entrou para a história com as ocupações realizadas em outubro de 2016. Passado esse período, hoje, em Campo Largo, estudantes que participaram das ações criaram a União Campolarguenses de Estudantes Secundarista (UCES) e realizam atividades políticas permanentes 

“O processo de qualificação da classe trabalhadora está diretamente ligado à educação. A renovação política da nossa cidade, também. Situação que nos dá esperança de transformação numa Campo Largo até então repleta de conservadorismo”, explica Adriano Carlesso, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos (Sindimovec). O Sindicato se solidariza com a nova geração e faz questão de lembrar que, após um ano, o resultado das ocupações nas principais escolas campolarguenses foi positivo. “Foi uma ação corajosa e importante. Os militantes do movimento estudantil vêm se mostrando futuros líderes”, completa Carlesso.  

Para Leonardo Costa, 18 anos, morador de Campo Largo, estudante no curso pré-vestibular do Dinâmico, em Curitiba, as ocupações fizeram com que ele se sentisse parte da escola. “Quem organizava o colégio éramos nós, quem limpava o colégio éramos nós, quem fazia comida no colégio éramos nós. Isso criou um amadurecimento nos estudantes”, recorda. Leonardo pretende estudar história, hoje é Diretor de Grêmios da União Campolarguense de Estudantes Secundarista (UCES) e Diretor de Comunicação da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES). 

Um ano das ocupações 

Em Campo Largo, a primeira ocupação foi no Colégio Estadual Macedo Soares. Depois vieram as adesões do Centro de Atendimento Integrado à Criança (CAIC), do Colégio Estadual João Ferreira Kuster e do Colégio Estadual 1º Centenário. No total, foram dez colégios ocupados e dois colégios paralisados pelos estudantes. Leonardo comenta que foi visitar uma ocupação pra ver como era. “Eu, até então, era contra. Mas fui às escolas pra ver como era. Foi aí que comecei a entrar nas ocupações”, explica. 

De acordo com o estudante, há uma história bacana de que o Colégio Macedo Soares ocupou seis minutos antes do CAIC, uma ação simultânea. “Foi um negócio muito ´massa´. Foi praticamente ao mesmo tempo!”, recorda. Leonardo explica ainda que aproximadamente 200 pessoas, entre estudantes, professores e simpatizantes, participaram das ações em Campo Largo.

Um ano depois… “Hoje eu vejo que aquilo foi um empoderamento do movimento estudantil. Agora eu pauto minha vida nesse movimento e as ocupações me ajudaram muito nisso”, revela Leonardo. Acrescenta ainda que, em Campo Largo, após as ocupações, foi criada a UCES, que defende uma escola pública de qualidade e tem o objetivo de levantar diversos debates junto aos estudantes, como é o caso da luta do movimento negro e das mulheres. 

Resgate 

No dia 03 de outubro de 2016 um grupo de estudantes começou a ocupar escolas em São Jose dos Pinhais. Seis dias depois, com quase 100 colégios ocupados no Paraná, era a vez de Campo Largo. Estudantes começaram a se organizar, conversar com a direção, pais, professores e explicar o motivo das ações: a PEC 241 (que depois se tornou 55). O Projeto tinha como objetivo congelar investimentos na saúde, educação, segurança pública e assistência social, por 20 anos. Outro motivo era a MP 746, ou: a reforma no ensino médio. A Medida tirava várias matérias importantes do currículo escolar, como: sociologia, filosofia, educação física e artes. 

Segue relato dos estudantes Leonardo Costa e Welington Tiago (diretor e presidente da União Campolarguense dos Estudantes Secundaristas): 

Foram 20 dias de muita resistência dos estudantes, que enfrentaram pais contra as ocupações, diretores que tentaram boicotá-las a todo instante e perseguições policiais. Recebemos até mesmo uma convocação do juiz de Campo Largo, pedindo que todas as lideranças das ocupações comparecessem ao Fórum. Naquele momento, de forma estratégica, nós, estudantes, pedimos para que a UPES (União Paranaense dos Estudantes Secundaristas) mandasse um diretor em nosso nome. Juntamente com a UPES, a nosso pedido, foram dois advogados, do coletivo “Advogados e Advogadas Pela Democracia”.

Após 20 dias de ocupações a justiça determinou a reintegração de posse a todas as escolas, acabando com as mais de 850 ocupações no Paraná. Ao fim, muitos perguntaram: qual foi o resultado? Para nós o resultado foi o maior movimento de estudantes da América Latina, onde definimos e apresentamos qual é o modelo de escola publica que queremos: uma escola em que prevaleça o respeito, onde nós não nos cansamos por estar dentro dela e sim nos sintamos peça fundamental para o seu desenvolvimento. 

Parabéns a nós estudantes que ocupamos as escolas, que passamos fome, frio e medo. Persistimos até o fim, somando, ainda mais, ao verdadeiro movimento estudantil. Este que está nas ruas desde sempre, em busca de uma educação pública e de qualidade. Não fugiremos da luta.

Por Regis Luís Cardoso
Terra Sem Males

Foto: Leonardo Costa



Mauri König lança livro dia 21 de outubro, em Curitiba

October 19, 2017 13:51, by Terra Sem Males

Reunindo em um único livro suas melhores reportagens, o jornalista paranaense Mauri König lança, neste dia 21, o livro “Nos bastidores do mundo invisível”. A obra conta com 18 reportagens da trajetória do “terceiro jornalista mais premiado do Brasil”, segundo a revista digital Jornalistas&Cia.

As reportagens foram publicadas em grandes veículos de comunicação do país no período de 2000 a 2016. Reconhecidas por diferentes organizações que premiaram König pelos trabalhos que se apresentam neste livro, “a coletânea representa a crença em um jornalismo comprometido com o interesse público, com a ética profissional e com o futuro do Brasil”, diz o autor.

Um diferencial em relação às publicações anteriores originais é que o livro traz, para cada reportagem, a narrativa sobre os bastidores da produção. São textos que explicam todo o processo de produção, incluindo planejamento, desafios, negociações, repercussões e detalhes do trabalho.

A coletânea dá conta de expressar o papel fundamental do jornalismo de vigilante do interesse público. As reportagens foram reunidas por grandes temas como corrupção e criminalidade institucional, direitos humanos, crimes contra infância, crimes ambientais e grandes personagens. Nesse sentido, “Nos bastidores do mundo invisível” é também uma importante referência para estudantes e profissionais ou, ainda, para aqueles que acreditam no jornalismo como um instrumento de transformações para o bem comum.

Prefácio

O livro conta ainda com o prefácio de Marcelo Canellas, repórter especial da TV Globo, também reconhecido pela qualidade do trabalho jornalístico. “A revelação da estratégia para botar de pé cada uma das pautas, contando a história da história de cada matéria, aumenta ainda mais o encantamento do leitor diante do repertório de recursos de um dos mais brilhantes e talentosos repórteres em atividade neste país”, diz ele em um trecho.

Sobre o autor

Mauri König tem 51 anos, é formado em Letras e Jornalismo, com pós-graduação em Jornalismo Literário. Jornalista desde 1991, trabalhou nos jornais Folha de Londrina, O Estado do Paraná, Gazeta Mercantil, O Estado de S. Paulo, Gazeta do Povo e Folha de S. Paulo.

Ele acumula 38 prêmios em 27 anos de uma carreira irretocável. Ganhou alguns dos principais prêmios do Brasil, entre eles dois Esso, dois Embratel, dois Vladimir Herzog. Conquistou ainda importantes prêmios mundiais, como o Lorenzo Natali Prize, da União Europeia, o International Press Freedom Award, do Committee to Protect Journalists (EUA), e o Global Shining Light Award, entregue pela Global Investigative Journalism Network, formada por 70 organizações de jornalismo de todo o mundo.

Em 2013, König foi agraciado com o Maria Moors Cabot Prize, o mais antigo prêmio internacional no campo do jornalismo. Entregue pela Universidade de Colúmbia, a mesma que promove o Prêmio Pulitzer, o Cabot Prize é um reconhecimento à trajetória do profissional de imprensa.

Atualmente König é professor universitário. Publicou em 2008 o livro “Narrativas de um correspondente de rua” pela Editora Pós-Escrito, finalista do Prêmio Jabuti. Em 2013 publicou o livro “O Brasil oculto”, pela editora ComPactos. 

Sobre a editora

Estreando no mercado editorial, a Editora Cursiva escolheu Mauri König para ser seu primeiro autor, demarcando também sua proposta de segmento. A editora visa a publicação de livros de autores brasileiros a partir da temática do jornalismo, trabalhando com livros-reportagens, de ficção e de não-ficção, paradidáticos e livros acadêmicos resultantes de pesquisas desenvolvidas em nível de graduação e de pós-graduação. A editora está sediada em Curitiba-PR, na Av. Candido de Abreu, 526 sala 1012B – Centro Cívico – CEP 80530-000.

Site: www.editoracursiva.com.br 

Aspectos físicos
Capa em tríplex suprema 4 cores
Miolo em papel pólen liso 90g em PB
Quantidade de páginas: 508
Lombada quadrada;
Tamanho: 14×21 cm

Locais de vendas
Site da editora
Venda direta (palestras, eventos de lançamento, quotas por empresas)
Livrarias (Curitiba, Cultura, Fnac e Saraiva)

Informações do lançamento
Data: 21 de outubro de 2017
Horário: 19 horas
Local: Solar do Rosário (rua Duque de Caxias, 4 – Largo da Ordem, Curitiba-PR)
Entrada franca
Preço de capa do livro: R$ 65,00

Por Guilherme Carvalho



Crise do leite cresce e agricultores familiares entregam reivindicações ao Ministro da Agricultura

October 19, 2017 11:52, by Terra Sem Males

Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar, representados pelo Fórum das entidades da Agricultura Familiar da região Sul e entidades ligadas as Fetrafs do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Unicafes, participam de audiência com o ministro da Agricultura Blairo Maggi, nesta quinta-feira 19.10 em Brasília às 10h, para entregarem a pauta de reivindicações dos produtores atingidos pela crise desenfreada na cadeia produtiva do leite.

Este ano a categoria já sofreu quatro quedas consecutivas de preço, sendo último valor pago por litro de leite ao produtor com maior produção cerca de R$ 0,90, e aos produtores com menor produção R$ 0,66. A baixa, tem levado muitos agricultores e agricultoras familiares a desistirem da atividade, devido a inviabilidade de manter a produção.

Para as Fetrafs do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, a crise no setor acontece devido à crise econômica, o alto índice de desemprego e a falta de orçamento para os programas sociais que contribuíam para o consumo do leite e derivado, além da importação de leite no lugar da exportação, que só este ano somou mais de 40 mil toneladas.

Ainda, outros fatores que desencadeiam a exclusão de muitos agricultores familiares do mercado se dão por conta da concentração e verticalização da produção, a transformação do alimento leite em comoditis e o modelo produtivo baseado em confinamento do animal.

Nos últimos anos, a atividade leiteira no Brasil é a que mais tem gerado empregos, somando cerca de 5 milhões no campo e nas indústrias. De acordo com o IBGE, há 1,3 milhão de propriedades que trabalham com a pecuária leiteira, abrangendo 99% dos municípios. O Brasil é quarto maior produtor de leite do mundo e agricultura familiar sai como carro chefe do setor, sendo responsável por 58% da produção do leite a nível nacional.

As lideranças da agricultura familiar entregam a pauta de reivindicações ao ministro Blairo Maggi, durante a Jornada de Lutas que acontece desde segunda-feira 16.10 até o final desta semana, quando trabalhadores e trabalhadoras da agricultura familiar de todo o país estão realizando manifestações contra o desmonte das políticas públicas e reformas do Governo Temer.

Fonte: Contraf Brasil

Foto: Arnaldo Alves/AenPR



PERFIL | “As mulheres de Campo Largo ainda estão desamparadas e desprotegidas”

October 19, 2017 10:28, by Terra Sem Males

Ávila Maria Garrett é presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Campos Largo e membro do Conselho Estadual da Saúde. Nesta conversa com o Sindimovec ela mostrou a dificuldade que é ser militante por igualdade de gênero na cidade

Natural de Balsa Nova, Ávila Maria Garrett Savi de Andrade partiu para uma cidade maior, a vizinha Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, por decisão do pai. O objetivo da mudança foi ter a oportunidade de estudar:

“Eu gosto muito de política, sempre participo das sessões da Câmara, coisa que eu aprendi com meu pai. Sempre digo: meu pai me ensinou a ser feminista. Ele dizia: “isso você não vai fazer, isso você tem que fazer”. Eu achava que iriam me julgar ele me encorajava a fazer. Ele sempre me incentivou a estudar e trabalhar”
– Ávila Maria Garrett

De professora no ensino fundamental a funcionária pública aposentada, Ávila define-se como militante feminista desde 2010. Mas já em 2000, através da Pastoral da Criança, conheceu a realidade das gestantes nas famílias mais pobres de Campo Largo. Atualmente preside o Conselho da Mulher, criado em 2015. Também é Coordenadora da Paróquia Santuário Bom Jesus, onde está a Pastoral. Além disso, faz parte do Conselho Estadual na Comissão da Saúde da Mulher e é Relatora da pasta “Saúde Mental”.

Sempre voltou seu olhar para o universo feminino. Nos seus trabalhos de conclusão de curso (TCC), na faculdade e pós-graduação, escreveu sobre “As políticas públicas voltadas para a mulher” e a “Participação da Mulher nos Sindicatos”. E neste Outubro Rosa, ela revela: “eu tive câncer da mama. Indico que a mulher faça os exames. Nada de esperar e ficar só fazendo o autoexame”.

Seu diagnóstico foi há sete anos. Ela define o momento como um difícil divisor de águas na sua vida, onde passou a dar mais atenção para a saúde da mulher. Além disso…

“Tive uma amiga que morreu. Os exames dela foram tardios. Quando descobriu o câncer, já estava em metástase e ela veio a falecer”
– Ávila Maria Garrett

Ela lembra que a campanha de conscientização para o Outubro Rosa de 2017, em Campo Largo, é feita em parceria com a prefeitura, já que o Conselho da Mulher não tem verba própria.

Feminismo

Ao ser questionada sobre “o que é feminismo?”, define:

“Acho que é a luta por igualdade. É você realmente querer igualdade. A mulher ter o direito de trabalhar onde quiser. Estar onde quiser. Ir à reunião que quiser. Com a roupa que quiser. Porque atualmente quando acontece uma violência contra a mulher, tem gente que ainda a culpa. Como se a culpa fosse da vítima”
– Ávila Maria Garrett

E Campo Largo, será que é uma cidade violenta contra a mulher? Ela explica:

“Sim. Em todos os sentidos. Até por parte das autoridades. Quando eu vou atender as nossas meninas, através da Pastoral da Criança, realmente encontramos as excluídas da sociedade. É ali que você sente o quanto elas sofrem”
– Ávila Maria Garrett

Para Ávila, uma das principais demandas em Campo Largo, além da violência, é a questão da saúde da mulher. Ela acredita que a gestante deve ser comunicada no segundo trimestre onde ganhará seu bebê. O procedimento atual faz com que a mulher passe primeiramente num Pronto Socorro para depois ser encaminhada a um hospital: “muitas vezes a mulher ganha bebê no próprio pronto socorro, devido à demora. Considero esse processo uma violência “velada””.

“As mulheres de Campo Largo ainda estão desamparadas e desprotegidas. Há problemas educacionais. Quando eu chego numa mãe que tem 10 filhos, por exemplo, questiono a razão pra ela não se cuidar, aí se ouve relatos do tipo: “meu marido não deixa eu tomar anticoncepcional”, “ele vai me matar”, coisas assim acontecem””.
– Ávila Maria Garrett

Para entender a dificuldade de militar pela igualdade de gênero, imagine você, durante uma explicação sobre algo que mexe com a vida das mulheres, ouvir isso:

“Às vezes você está numa reunião e fala sobre a Lei Maria da Penha, sempre tem gente que ironiza: “porque não tem a “Lei José do Penho?” ou “Lei Mário do Penho?”. Essas brincadeiras bem pejorativas são comuns”
– Ávila Maria Garrett

Violência

“Já teve caso de mulher que chegou à delegacia, no atendimento, e o policial falou assim: “você aqui de novo?””
– Ávila Maria Garrett

Ávila explica que nesse universo machista, muitas vezes, o homem precisa passar por situações em que sinta o problema na pele. Ela conta uma história de um amigo que foi renovar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), em Campo Largo. Para quem não conhece, o local em que é feita a renovação da CNH fica ao lado da delegacia.

O amigo dela acabou errando a porta e foi parar na delegacia. Ele presenciou a seguinte cena:

“Meu amigo viu um cara e uma mulher. Ele dizendo pra polícia: “a minha irmã foi violentada”. Aí o policial disse: “mas você tem certeza? Porque se for mentira, você vai pagar, vai receber um processo contra você”. Ao presenciar aquilo, meu amigo me ligou e disse: “Ávila, eu estou aqui na delegacia. Só agora eu estou entendendo. Eu vi a mulher sendo violentada pela segunda vez, na minha frente. Eu tive que esperar acontecer algo na minha frente pra entender”
– Ávila Maria Garrett

A presidente do Conselho da Mulher de Campo Largo explica que algumas situações podem mudar a cabeça de uma pessoa. Como foi o caso do seu amigo, que viu e sentiu como é a violência contra a mulher. Casos como esse não são isolados: “tem história de pessoas que chegam à polícia e, logo no primeiro atendimento, são desencorajadas a continuar. Passam vergonha”.

Em Campo Largo não existe uma delegacia da mulher. “Estamos na luta para que a prefeitura viabilize um espaço. Está pra sair junto à Guarda Municipal, mas não está nada definido ainda”, completa Ávila.

Outro problema é a “onda conservadora”:

“Há muito ódio. Às vezes alguém coloca algo de ódio na rede social e o outro vai lá e faz na prática. Me preocupa essa questão, teve político que chegou a dizer: “você não merece nem ser estuprada””
– Ávila Maria Garrett

Nas redes sociais, o território é mais hostil: “às vezes me chamam de ‘feminazi’; e são mulheres que falam isso!”, critica. Mas há outro fator que causa mais revolta em Ávila: o simples fato da Lei não ser cumprida.

“Por exemplo: se eu vou procurar a polícia, eu tenho direito de ser ouvida e depois quem vai julgar isso é o juiz. Não alguém que me recepciona na delegacia e vem dizer o que é ou o que não é a Lei. Queremos a aplicação da Leia Maria da Penha”
– Ávila Maria Garrett

Avanços

Mesmo com tanta dificuldade, há avanços em Campo Largo. Um exemplo é o atendimento às famílias mais carentes, mais vulneráveis, que vem sendo feito pela Pastoral. Essas atividades são permanentes. Também, uma vez por mês, as mães que procuram ajuda recebem alguns brinquedos, assim como acompanhamento nutricional, onde, a cada três meses, as crianças são pesadas e recebem um relatório explicativo sobre sua saúde.

Outro trabalho importante, que está começando, é a emissão de relatórios com estatísticas relativas ao atendimento às mulheres campolarguenses. “Hoje as informações são desencontradas. Nós do Conselho temos uns dados e a Secretaria tem outros números. Agora, através dos relatórios da promotoria, teremos uma ficha que estará em todos os lugares, com números oficiais”, explica Ávila.

“O canal de comunicação com a promotoria é um avanço. Está nos ajudando bastante na questão jurídica. Montamos também uma rede de proteção via WhatsApp. É um grupo de mulheres que está fazendo denúncia. Estamos montando uma rede de proteção da mulher”
– Ávila Maria Garrett

E mesmo fazendo a diferença em Campo Largo, Ávila não está contente:

“Sinto-me frustrada. Acho que as coisas não avançam como a gente quer. Queria ter a delegacia da mulher, um centro de repouso ligado à área da saúde, ter uma central informatizada para que os casos de violência sejam repassados para uma rede de contatos, coisas assim não existem!”
– Ávila Maria Garrett

Diante de tantos desafios, ela deixa claro que o maior de todos é combater a desinformação. “Primeiro a mulher de Campo Largo precisa saber que o Conselho existe. Ver que pode procurar os nossos contatos”, explica (*Você pode acessar a página do Conselho no Facebook aqui).

Saúde da mulher

O Outubro Rosa surgiu em 1997, nos EUA, com objetivo de conscientizar as mulheres sobre o Câncer de Mama e sua identificação precoce. Neste mês (dia 11) há também o Dia Internacional das Meninas, celebrado pelas Nações Unidas desde 2012, que apoia a luta por direitos das mulheres adolescentes e reconhece a necessidade de se ampliar estratégias para eliminar as desigualdades de gênero em todo o mundo.

A luta das mulheres é ligada a igualdade de gênero, violência e saúde. No Outubro Rosa, as campanhas surgem aos montes para lembrar que o Câncer de Mama é o segundo tipo de câncer mais comum nas mulheres, atrás do câncer de pele. Em 2016, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), 14 mil mulheres morreram vítimas do câncer de mama.

Outro gargalo social relativo à igualdade de gênero está no mercado de trabalho. Na área metalúrgica, por exemplo, de acordo com dados disponibilizados pelo Ministério do Trabalho (estudo comparativo para os anos entre 2006 e 2015), os níveis de emprego e salário das trabalhadoras metalúrgicas revela que ao persistir os atuais mecanismos de remuneração de homens e mulheres na categoria, a igualdade salarial só vai acontecer em 2091, ou seja, daqui a 74 anos!

O fato é que o feminismo precisa ser debatido de forma permanente no Brasil, país em que o aborto é proibido, mas que, de acordo com pesquisa IBOPE encomendada pelo Instituto Bioético da Universidade de Brasília (2016), uma em cada cinco mulheres, até os 40 anos, já o fez pelo menos uma vez.

Outro dado impactante, agora relativo à violência contra a mulher (pesquisa anual do DataFolha – 2016), revela que uma em cada três mulheres já sofreu algum tipo de violência:

Especificamente relativo a agressões físicas: 503 mulheres são vítimas a cada hora; 22% das mulheres brasileiras já sofreram ofensa verbal (aproximadamente 12 milhões); 10% das mulheres sofreram ameaça com faca ou arma de foto; 8% sofreram ofensa sexual; e ainda 3% ou quase um milhão e meio de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento; e 1% levou pelo menos um tiro (Fonte: DataFolha).

Esperança

“As jovens de Campo Largo estão vindo com força. Estão se empoderando. No coletivo. São jovens que se unem pra denunciar, divulgar entre nós mulheres, muitas vezes solucionar alguma coisa, ajudar de alguma forma, quando há algum problema de violência ou algo do tipo”
– Ávila Maria Garrett

No final da conversa, Ávila demonstrou esperança ao falar da nova geração de Campo Largo, mas deixou claro que o debate é de toda a sociedade. Para ela, é necessário que as discussões sobre igualdade de gênero ultrapassem o universo feminino. “As pessoas precisam tratar umas as outras da forma como gostariam de ser tratadas. É questão de você ter empatia pelo outro”, finaliza Ávila Maria Garrett.

*Você pode acessar a página do Conselho no Facebook aqui.

Por Regis Luís Cardoso
Sindimovec



Movimentos sociais reivindicam recursos para a agricultura familiar

October 18, 2017 23:10, by Terra Sem Males

Integrantes da Frente Brasil Popular realizaram manifestação em frente ao prédio do Ministério da Fazenda em Curitiba

Por Gibran Mendes/Porém.net

Representantes dos movimentos sociais integrados à Frente Brasil Popular, sobretudo de trabalhadores rurais, participaram de uma marcha na manhã desta quarta-feira (18) no centro de Curitiba. Os manifestantes foram até o prédio do Ministério da Fazenda, na capital paranaense, para reivindicar mais recursos para a agricultura familiar e pequenas propriedades. 

Da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Roberto Baggio, endureceu o tom com relação aos cortes promovidos pelo Governo Federal sob a gestão de Michel Temer (PMDB). “É um protesto, uma denúncia, mas ao mesmo tempo uma reivindicação”, resumiu. 

De acordo com ele o objetivo é que o orçamento do próximo ano incorpore demandas necessárias para os trabalhadores rurais. “A reforma agrária, a agicultura familiar e a aquisição de alimentos são importantes para possibilitar o desenvolvimento da pequena agricultura e projetos de assentamentos no País inteiro”, argumentou. 

Os cortes no orçamento, promovidos pelo Governo Federal, atingiram diretamente esses trabalhadores. “O Ministério da Fazenda arrecada os impostos da classe trabalhadora em todo o País. O grosso destes recursos são destinados ao pagamento de juros da dívida, que no fundo, é pagar os grandes banqueiros. A nossa luta é para os impostos arrecadados pelo povo brasileiro sejam aplicados em políticas de desenvolvimento na saúde, educação, reforma agrária, melhores salários. Ou seja, em benefício da própria população brasileira”, completou. 

O coordenador da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Paraná (Fetraf) e diretor da CUT Paraná, Neveraldo Oliboni, ressaltou que esta não é uma atividade isolada. “Faz parte da nossa jornada nacional de lutas do campo unitário. Sabemos que o Governo, com todos os cortes nos gastos públicos, fez com que a agricultura familiar fosse muito afetada. Foram cortadas políticas essenciais, como o minha casa minha vida, programas de incentivo ao Pronaf e aquisição de alimentos da agricultura familiar”, exemplificou Oliboni. 

Como se não fosse o suficiente, o Governo Federal ainda determinou a importação de leite em pó do Uruguai, o que acarretou uma queda no valor de venda deste produto no Brasil. “Aumentou a oferte e fez com que os grandes latícinios baixassem o preço porque o consumo também diminuiu. Quem perde é o agricultor, aquele que produz. Queremos ter a garantia de que o governo investirá no mercado interno, no mercado brasileiro e não importando de outros países”, completou. 

Uma comitiva dos representantes dos movimentos foi recebida por diretores do Ministério da Fazenda. Eles entregaram uma carta com a lista de reivindicações que também será entregue em uma agenda em Brasília. Entre as demandas estão políticas em infraestrutura, habitação, a recomposição do orçamento do programa de aquisição de alimentos e o reconhecimento e indenização de terras quilombolas.

Programação – No Paraná, a jornada de lutas já teve uma marcha da agricultura familiar nesta terça-feira (9), além de uma audiência pública em defesa dos bancos estatais. Na quinta-feira (19) um abraço simbólico no Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e nos Correios está marcado para às 12h na Praça Carlos Gomes. No início da noite, às 19h, será realizado o lançamento do Plebiscito Revogatório das medidas do golpe, no espaço Renascer. Já na sexta-feira (20) acontece a Conferência Popular de Educação e às 9h uma Audiência Pública, na Alep, em defesa da democracia, políticas públicas e direitos humanos.

Confira abaixo fotos de Gibran Mendes:



Keep calm: Nada de ansiedade no Paraná Clube

October 18, 2017 22:42, by Terra Sem Males

Por Márcio Mittelbach
Guerreiro Valente/Terra Sem Males
Foto: Lucas Moraes/cearasc.com
 
Paraná e Ceará fizeram uma partida digna do grande momento que as duas equipes se encontram. Os trinta e seis mil torcedores que foram ao Castelão acompanharam um jogo movimentado, equilibrado e emocionante até o fim. Claro que seria melhor se o Paraná tivesse vencido, mas não havia inspiração, não era o dia, vida que segue.
 
O tropeço no nordeste não diminui em nada os méritos desse time, ou alguém achou que iríamos vencer todo mundo e subir com os pés nas costas? Dos últimos dez jogos, o Paraná ganhou sete, empatou um e perdeu dois. Um ótimo desempenho, que certamente não vai parar por aqui. Se driblarmos a ansiedade, chegaremos lá!
 
O importante é aprender com os erros e seguir na luta. Aliás, o tricolor tem dois adversários diretos pela frente. Nesse sábado, dia 21, o América-MG em BH. Já na terça-feira, dia 24, encaramos o Vila Nova em Curitiba. São os dois jogos mais difíceis que nos restam. Pra cima deles tricolor!
 



Fetraf Paraná participa de protesto contra crise do leite na Jornada de Lutas em Curitiba

October 18, 2017 18:39, by Terra Sem Males

Agricultores Familiares do estado realizam atos políticos contra congelamento e cortes no orçamento para a agricultura familiar e contra a crise do leite

No terceiro dia de Jornada de Lutas dos movimentos sociais, a Fetraf Paraná está presente no ato político em Curitiba com os agricultores e agricultoras familiares em protesto ao congelamento, cortes no orçamento público dos programas da Agricultura Familiar e a crise do leite. A manifestação acontece em frente ao Ministério da Fazenda, onde as lideranças se reuniram com os gestores para entregarem a pauta de reivindicações.

No estado, outros municípios também realizam atos como na cidade de Pato Branco. Os agricultores familiares produtores de leite dizem não a queda do preço pago aos produtores que hoje recebem por litro de leite entre R$ 0,90 à R$ 0,66.

De acordo com os agricultores familiares, o motivo real da crise é o modelo produtivo adotado pelo atual Governo Federal que no lugar da exportação incentiva mais a importação, ou seja, fortalece não a economia local e sim a estrangeira.

No último período a importação de lácteos cresceu passando de 113,12 mil toneladas em 2010 para 245,28 mil toneladas em 2016 e a diminuição das exportações que de 86,0 mil toneladas em 2014 caiu para 76,8 mil toneladas em 2015, reduzindo mais ainda em 2016 chegando apenas a 55,1 mil toneladas, isso representa 28% a menos no último ano.

As lideranças das Fetrats do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina agendaram uma audiência com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, nesta quinta-feira às 9h no Ministério da Agricultura, para entregar a pauta dos agricultores e agricultoras familiares construída a nível nacional pelo conjunto das entidades.

“Se este modelo produtivo e econômico referente a cadeia do leite não mudar, o resultado será a exclusão de muitos agricultores e agricultoras familiares da atividade leiteira. Já demonstramos que temos capacidade de produção, tanto que a agricultura familiar é responsável por 58% do que é produzido de leite a nível nacional, ou seja, estamos como carro chefe neste setor e o Governo com medidas de importação irá quebrar a lógica de desenvolvimento econômico no mercado do leite brasileiro”, explica Neveraldo Oliboni, coordenador da Fetraf Paraná.

Por Patricia Costa/Contraf



Documentário “Arpilleras” estreia no Cine Belas Artes, em São Paulo

October 18, 2017 18:33, by Terra Sem Males

Documentário que entrelaça histórias de mulheres atingidas por barragens por meio do bordado entre em cartaz nesta quinta-feira (19), no Cine Caixa Belas Artes, em São Paulo.

Após três anos de produção, o longa-metragem “Arpilleras: atingidas por barragens bordando a resistência” chega às telas dos cinemas. A estreia do documentário ocorrerá no dia 19 de outubro, às 19h, na Sala 4 – Aleijadinho, no Cine Caixa Belas Artes, em sessão aberta ao público. A partir de sexta-feira (20), o filme será exibido diariamente às 18h20 na Sala 6 – Mário de Andrade.  

O filme foi viabilizado por meio da plataforma de financiamento coletivo “Catarse”, no ano de 2015, e é uma produção do Movimento dos Atingidos por Barragens. O MAB, como é popularmente conhecido, atua há 26 anos para garantir os direitos de pessoas impactadas com a construção de barragens no Brasil.

Dentro desse segmento social, as mulheres são as que mais sofrem com as violações de direitos humanos. Com a chegada de milhares de operários nos pequenos municípios que abrigam os canteiros de obras, por exemplo, há um aumento exponencial dos casos de assédio sexual, tráfico de mulheres, prostituição e estupro. Para mostrar essa realidade, o documentário cruza a história individual e coletiva de 10 atingidas espalhadas pelas cinco regiões do Brasil.

A partir da experiência de cada personagem, o filme aborda a problemática da hidrelétrica de Belo Monte, que atingiu aproximadamente 40 mil pessoas em Altamira (PA); a barragem de rejeitos de Fundão, que se rompeu em novembro de 2015 e causou a morte de 19 pessoas em Mariana (MG); a barragem do Castanhão, que canaliza água para a região metropolitana de Fortaleza (CE); a hidrelétrica de Itá (RS), idealizada no período da ditadura militar; e as hidrelétricas de Cana Brava e Serra da Mesa, ambas localizadas em Goiás.

Arpillera: bordado como ferramenta política

O fio condutor da narrativa fica por conta de um bordado denominado de “arpillera”. Essa técnica surgiu no início do século passado em Isla Negra, no Chile, quando as mulheres começaram a utilizar a juta de sacos de batata para criar histórias costuradas. De uma ocupação para gerar renda, as arpilleras ganharam mais potência durante o período da ditadura militar [1973-1990].

Nas periferias de Santiago, as mulheres começaram a costurar denúncias com pedaços das roupas de seus parentes, desaparecidos pelas forças de repressão comandadas pelo ditador Augusto Pinochet. Entre a juta, elas escondiam cartas que descreviam a situação política no país.

Inspiradas nesse exemplo histórico, o MAB iniciou em 2013 um trabalho com as atingidas por barragens. Foram mais de 150 oficinas desde então, com o intuito de fortalecer a auto-organização das mulheres e criar um amplo levantamento das violações que ocorrem na construção de barragens no Brasil.

No documentário, uma arpillera com o contorno do mapa do Brasil une as personagens de Norte à Sul do país, criando um mosaico multifacetado de histórias de luta e resistência que se completam. São mulheres que perderam suas casas e memórias alagadas pelos lagos das barragens.

Foto: Vinicius Denadai



Brasil à venda: privatização de bancos públicos aumentará preço dos alimentos, da moradia e dificultará acesso ao crédito

October 17, 2017 21:35, by Terra Sem Males

Audiência Pública em Curitiba alerta população sobre os riscos da venda de empresas estatais fomentada pelo governo Temer

80% de todo o crédito de longo prazo, 70% do financiamento imobiliário, 70% do investimento em agricultura familiar, 80% do investimento em saneamento e 56% de todo o crédito ofertado para pessoas físicas e jurídicas no Brasil são propiciadas pelos bancos públicos.

Nesta terça-feira, 17 de outubro, a privatização do Banestado, maior banco público do Paraná, completa 17 anos. E nesta mesma data, os movimentos sindicais, sociais, parlamentares de esquerda e entidades representativas de trabalhadores bancários, realizaram em Curitiba a audiência pública “Em Defesa dos Bancos Públicos”, no plenarinho da Assembleia Legislativa do Estado.

“A população ainda não entendeu que a nota promissória do golpe chegou na mesa do golpista Michel Temer e ela está sendo cobrada pelos banqueiros. O golpe foi nos trabalhadores e também na maioria daqueles que saíram às ruas pedindo a destituição do governo da presidenta Dilma”, declarou Junior Cesar Dias, presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT-PR), entidade que pautou a realização da audiência sob proposição do deputado estadual Tadeu Veneri (PT).

A coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas, Maria Rita Serrano, que também é representante eleita pelos trabalhadores da Caixa no Conselho de Administração do banco, explicou que os bancos públicos não estão oficialmente na lista das 57 empresas que o governo Temer quer privatizar, mas alertou que a privatização “acontece pelas bordas” através do sucateamento.

Maria Rita disse que nesta quarta-feira, 18 de outubro, o Conselho de Administração da Caixa irá deliberar proposição do governo federal de transformar o banco 100% público em sociedade anônima (S/A), abrindo o capital para o mercado financeiro. “A Caixa não pode ter capital aberto porque é a maior operadora dos programas sociais do país e acionista de empresa de capital aberto só tem interesse no dividendo, no lucro, não tem a obrigação de pensar no desenvolvimento do país. Quem perde são os trabalhadores, a população, os movimentos sociais e o Brasil”, alertou.

Além do financiamento de moradias populares, estudantil, de saneamento básico e infraestrutura, a Caixa como banco público administra as loterias, que têm como função principal o investimento social, destinando 50% do lucro para esse fim. De acordo com Clotário Cardoso, representante da Fenae, que apresentou números do banco, a cada dez minutos, são efetuados mil pagamentos do FGTS, que é um dos maiores fundos privados do mundo (por ser dos trabalhadores) que realiza investimentos públicos.

O representante dos trabalhadores do Banco do Brasil, Vagner Nascimento, lembrou que a venda dos bancos públicos encarece o preço da comida, na mesa dos brasileiros, pois 70% do financiamento da agricultura familiar é feito via BB. “Uma parte da sociedade ainda não entende a importância dos bancos públicos, que não foram destruídos ainda porque estamos unidos fazendo a defesa deles”, afirmou. Nascimento lembrou que o processo de reestruturação do BB feito pelo governo Temer fechou 900 agências e reduziu, sem reposição, 10 mil funcionários, com a intenção deliberada de tornar o banco pior.

Inclusão financeira – No Paraná, 542 agências são de bancos públicos e quase o dobro (906) são de privados mas, apesar dessa disparidade, a oferta de crédito foi de R$ 101 bilhões pelos bancos públicos em 2016 e somente R$ 23,3 bi pelos privados. O bolsa família atende no Paraná 8,6% das famílias, que recebem em média a quantia mensal de R$ 152,35, proporcionando o acompanhamento escolar de 374 mil crianças. O programa Minha Casa Minha Vida chegou a atender 80% dos municípios, mas atualmente sofreu uma inversão de papel com cortes de crédito na faixa 1, para famílias com renda de até R$ 1,8 mil, e ampliando o financiamento imobiliário para as classes média e média alta.

A audiência pública também contou com a presença da presidente da CUT Paraná, Regina Cruz, do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Bancários (Contraf-CUT), Roberto Von Der Osten, do presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região, Elias Jordão, dos deputados estaduais da bancada do PT, Professor Lemos e Péricles de Melo, de representantes do TEM e do BRDE, da Frente Brasil Popular e do MST.
A partir desta terça, será encaminhada a criação de uma Frente Parlamentar em Defesa dos Bancos Públicos no Paraná. Nesta quarta-feira, 18, às 12h, serão realizado abraço simbólico nos prédios administrativos centrais do BB e da Caixa em Curitiba.

Por Paula Zarth Padilha
Foto Joka Madruga
Terra Sem Males