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Terra Sem Males

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April 3, 2011 21:00 , by Unknown - | No one following this article yet.

A senhora dos absurdos está à solta

October 25, 2016 17:36, by Terra Sem Males

Por Luiz Fernando Rodrigues
Administrador, agente educacional II na rede pública estadual de educação e secretário de comunicação da APP-Sindicato

O humorista Paulo Gustavo criou um personagem que ilustra bem o que vemos pelas redes sociais e nas ruas do país nos últimos tempos. A “Senhora dos Absurdos” é uma mulher, branca, heterossexual, rica. Seu discurso resume todo o ódio da classe média burra que emergiu desde as manifestações de junho de 2013: o racismo, o machismo, a lgbtfobia e o ódio ao diferente.

O que parecia apenas um personagem de show de humor na TV transformou-se em um verdadeiro show de horrores nas ruas e nas redes. O fascismo saiu da sarjeta onde se escondia há muito tempo e passou a circular livremente pelas ruas e pela internet. O discurso de ódio contra qualquer debate coletivo, contra qualquer causa em defesa das minorias se transformou em alvo de ataques.

Mesmo depois do golpe parlamentar que retirou a presidente democraticamente eleita do cargo, o ódio parece não ter sido suficientemente destilado. Mesmo com os ataques do governo Temer aos direitos dos trabalhadores e aos serviços públicos, qualquer tentativa de resistência é tratada como “defesa do PT e da corrupção”. Como descreve Norberto Bobbio, em seu livro “Direita e esquerda”, a direita crê que os indivíduos são fundamentalmente desiguais. Os fascistas conseguem ir além e acreditam piamente que os diferentes têm de ser silenciados.

No Paraná, servidores públicos estão em luta e resistência contra a retirada de seus direitos duramente conquistados. Uma reação à investida de implantação de um projeto neoliberal pelo governador Beto Richa (PSDB). Desde o fatídico 29 de abril de 2015, quando servidores e estudantes foram massacrados pela polícia em praça pública durante protesto contra uma reforma previdenciária, vê-se uma ascensão de movimentos que tentam deslegitimar a luta destes trabalhadores. Esses movimentos ganharam mais força a partir das denuncias de corrupção no governo federal, quando foram às ruas contra o PT.

O Brasil presencia uma luta imensa de estudantes e de várias categorias contra a ofensiva golpista de retirada de direitos. No Paraná, estudantes ocupam cerca de 1000 escolas em todo o Estado contra a MP 746 que altera o Ensino Médio. Um movimento legítimo que exige do governo do Estado que assuma um papel contrário às mudanças que visam prejudicar os estudantes e a educação como um todo.

Outro movimento é a greve da educação pública. Com uma pauta coerente que visa garantir a reposição da inflação e o pagamento de dívidas do governo com os servidores, a luta legítima virou alvo de movimentos fascistas.

Qual o caminho para sair dos impasses? A palavra é diálogo! O desafio? Dialogar com fascistas. Aí Márcia Tiburi, professora e filósofa, resume tudo: “O fascista perdeu a dimensão do diálogo”. O fascismo, segundo a filósofa, se apoia no retrocesso da construção coletiva. “A personalidade autoritária não reconhece nada fora dela mesma… Nada pode ser contra seu modo de pensar, de sentir e de ver o mundo. O que o eu autoritário  – e mimado – quer é impor-se como centro do mundo”, afirmou Tiburi em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.

Nossa luta, para além das pautas corporativas, deve tentar conter o avanço do autoritarismo e do conservadorismo que prega o retrocesso seja em direitos, seja em políticas sociais que conquistamos ao longo dos últimos 70 anos. Entidades representativas destes resistentes atores não podem sucumbir ao desejo infantil de grupos extremistas. Resistiremos!

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Em defesa da escola pública, universal, democrática, laica e com pensamento crítico

October 25, 2016 10:41, by Terra Sem Males

Por Marcio Kieller
Secretário Geral da CUT/PR e Mestre em Sociologia Política pela UFPR

São mais de 850 escolas já ocupadas no Paraná. Isso por si só já é uma grande demonstração de força e poder de mobilização popular dos estudantes secundaristas. Pois deixa o Governo Beto Richa, com grifo, do PSDB, sem opção política a não ser negociar.

A que pese como é de costume, não assume e não assumirá que a responsabilidade também é sua. Pois o principal motivo é o combate à MP (medida provisória) do governo ilegítimo de Temer totalmente descabida que reforma o ensino médio no Brasil por decreto. Sem um mínimo de debate com a sociedade civil organizada, quiçá com os estudantes, professores e pais de alunos. Mais existem também outros problemas que fizeram a MP ser a gota da água da relação com o governo. A Falta de dialogo e as promessas não cumpridas que são as forma como este governo veem nos últimos tempos tratando nossos mestres, levou a uma ação politica mais efetiva dos estudantes secundaristas, que se alastrou como rastro de pólvora pelo estado do Paraná e pelo Brasil.

Essas ocupações de Escola. Ocupações e não invasões conforme alguns tentam jogar na desinformação. Pelo fato que as escolas são dos estudantes e de toda a comunidade.  E tem o apoio incondicional de todos aqueles que historicamente lutam por uma escola pública digna de receber nossas filhas e filhos sendo uma escola universal, laica, democrática e baseada no pensamento crítico que possibilite a formação de indivíduos pensantes para nossa sociedade. Totalmente ao contrário da escola com ideologia do estado, de pensamento único e monopolizado que impede o desenvolvimento do espirito critico das futuras gerações de cidadãs e cidadãos que saíram dessa escola.

A luta dessa geração de estudantes secundaristas que varre o estado em ocupações de escolas e que esta se alastrando pelo país, não somente nas escolas do ensino médio, mas já atingem também Institutos Federais de Educação e Universidades são nitidamente o combate à escola formadora homens e mulheres semi-lobotizados e somente tecnicamente capazes de apertar botões, sem consciências critica e totalmente alienados inclinados a fazerem coro com o que as minoritárias elites, empresárias, financeiras e rurais disponibilizam na grande mídia, sem questionamentos, sem um mínimo de consciência crítica.

Essa geração de estudantes compreendeu o crime de lesa pátria que foi cometido com a mudança da lei do petróleo desse governo ilegítimo e entreguista de Michel Temer que tira à exclusividade de exploração do petróleo da Petrobras, que em apenas uma canetada praticamente jogam no lixo as vinte metas do Plano Nacional de Educação, o PNE, aprovado há cerca de dois anos no Congresso Nacional e que direcionava para a educação e a saúde a um fundo soberano constituído de 75% dos royalties da exploração do Pré-sal e também participação nos royalties do petróleo. Em uma canetada o governo tirou bilhões de recursos da saúde e da educação, demonstrando claramente a quem atende a dita reforma fiscal, ou seja, somente aos investidores internacionais e aos grandes agiotas da nação que vivem da especulação de papéis e sua remuneração por juros da divida pública, como bem diz o senador da republica pelo Paraná, Roberto Requião somente beneficia o capital vadio, quem tem ojeriza da produção. Afinal, não passa de reforma fiscal que busca nada mais do que pagar ainda mais juros de uma divida interna que deveria, a meu ver e de muitos economistas passar por uma auditoria imediatamente, pois esta sendo cobrada do povo brasileiro de forma escorchante. Assim como a reforma fiscal, a reforma do ensino feita por decreto nada mais busca que criar uma horda de analfabetos funcionais, apertadores de botões.

Outro ponto fundamental que motiva as ocupações e deu argumento mais do que plausível a greve dos professores deflagrada no último dia 17 de outubro e a facilidade com que o governo de Beto Richa do PSDB resolve as coisas mais baseado no argumento da força do que na força dos argumentos, não cumprindo acordos, mesmo aqueles para garantirem que seriam honrados pelo governo em sua efetivação tenham virado lei, como no caso dos prazos para o pagamento dos atrasados e dos aumentos da categoria dos professores e servidores do Estado do Paraná negociados na última campanha salarial dos professores do Paraná e dos servidores. Ao romper a sua palavra e rasgar a lei, ele não deixou aos professores e funcionários de escola alternativa que não fosse decretação da greve dos professores e funcionários de escolas por tempo indeterminado.

As manifestações e ocupações de escolas e Universidades, que acontecem em função da MP do ensino médio e também da descabida PEC-241(PEC TETO) são fruto da politica desenvolvida nos últimos meses no Brasil, pelo ilegítimo governo de Michel Temer, do PMDB que queria ser presidente a qualquer custo e agora precisa pagar as faturas políticas do processo de impeachment da ex-presidente Dilma, bancadas pela FIEP pela FIESP. E o que eles esperam do governo? Esperam que o governo mude a organização social brasileira para uma organização que não priorize a maioria das pessoas, mais sim o pagamento de juros da dívida que esse mesmo mercado é o credor. Ou seja, a politica “austeridade Fiscal!” tão alardeada pelo governo ilegítimo e a necessidade de ajuste fiscal no congresso trabalha para a lógica da criação de uma reserva de mão de obra barata nas futuras gerações, para que o mercado possa explorá-la ao seu bel prazer, sendo no futuro com as mudanças na educação uma reserva de mão de obra barata doce e servil. Para isso é necessário doutriná-la e aliená-la, tirar dela o espirito critico que uma escola de formação universal permite, pois, forma mulheres e homens com pensamento crítico, indivíduos capazes de pensar e decidir seus próprios caminhos como classe trabalhadora organizada resistindo organizadamente à opressão política do capital.

Somos a resistência a este processo e somente a luta nos garantirá. Somente a luta garantirá uma escola de qualidade. Somente a luta evitará que te tenhamos retrocessos medievais na educação pública no Brasil tanto no ensino médio como no ensino superior. Por esse motivo é que não podemos deixar de nos somar apoiando ao esse coro uníssono de mais de 850 escolas ocupadas sendo 90% delas no Paraná e também de muitos Institutos Federais de Educação e Universidades que dão uma grande demonstração de força política e organização, resistindo com luta ao sucateamento da escola pública e a tentativa do ilegítimo governo de Temer de atender ao que quer o mercado financiador do golpe institucional, que é ter a escola formando analfabetos funcionais e apertadores de botões. E também todo apoio a recém-iniciada greve dos professores e funcionários de escola para garantir o que devia ser pago naturalmente, pois é lei. Esta na lei e o governo tem que cumprir.

 

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Ao invés de uma reza uma praga de alguém

October 25, 2016 10:29, by Terra Sem Males

Um menino de 16 anos morreu. Mas não há dúvida que ele não foi a única vítima

Por Gibran Mendes
Terra Sem Males

Assim como na música de João Bosco, dezenas de pessoas estiveram nesta segunda-feira (24) de frente pro crime. Muitas das quais pela primeira vez se aproximaram de um local onde um homicídio aconteceu. Como em toda cena como esta, há uma multidão de pessoas em volta. Policiais, advogados, jornalistas e curiosos. Todos sem respostas. Com algumas perguntas. Mas via de regra com muitas certezas.

Um menino de 16 anos morreu. Mas não há dúvida que ele não foi a única vítima. Na tarde desta segunda-feira também morreram duas mães e dois pais. Os da vítima e os do acusado. Na Delegacia de Homicídios, onde foram acompanhar o filho suspeito de cometer o crime, ficaram parados na porta olhando para o horizonte, como quem busca uma resposta ou tenta acordar de um pesadelo. Não se conversavam com palavras, apenas com olhares que se cruzavam em sabe lá qual galáxia. Mas certamente nunca imaginaram estar naquele local.

O jovem que morreu e o acusado eram amigos. Estavam juntos no Colégio Estadual Santa Felicidade. Chegaram no local por volta das 10h da manhã. Participaram das atividades de rotina da ocupação, como a limpeza do local.

Por volta das 14h30, segundo uma pessoa que prefere não se identificar e que acompanhou o depoimento dos três jovens encaminhados à Delegacia de Homicídios, escutaram gritos e correria. Quando saíram viram o acusado, em cima de um pequeno muro. Ele falou algumas palavras e fugiu.

Uma estudante correu para dentro do colégio e viu a cena. L.M, de 16 anos, estava caído e sangrava. Ela tentou estancar, mas pouco adiantou. O SAMU chegou em aproximadamente 10 minutos. Um tempo pra lá de razoável para um atendimento médico de urgência que precisa se deslocar. Uma eternidade para quem acompanhava a cena.

O jovem não resistiu e faleceu. Do lado de fora, sem saber ao certo o que tinha acontecido, a professora de língua portuguesa do colégio, Loren Reck, não acreditava no que estava acontecendo. “Passei aqui umas três vezes enquanto o colégio estava ocupado. No sábado eles estavam plantando flores no jardim. A comunidade estava ajudando e tudo estava em perfeita harmonia. Era um exemplo de cidadania. Não entrava ninguém na escola sem autorização. É uma coisa que não se explica”, disse a professora em um misto de tristeza e indignação.

Mas há sim explicação. A morte do jovem deriva não apenas de uma briga com seu colega de escola. Mas sim da banalização da violência, do uso de drogas legais ou não e ausência de limites. Professores, educadores, funcionários e demais envolvidos na comunidade escolar conhecem de perto o problema que tirou a vida do estudante. Ele faz parte da rotina das escolas, ocupadas ou não. Quem conhece alguém que trabalha em escolas públicas sabe do que se trata. Assim como sabem que muitas escolas ocupadas hoje estão em melhores condições do que antes dos estudantes tornarem-se responsáveis pelos seus cuidados.

Contudo, assim como na música de João Bosco, não demorou muito para aparecer primeiro discurso de vereador. Ao ignorar a dor das famílias, o receio na sociedade, o governador Beto Richa (PSDB), emitiu uma nota pouco tempo depois do ocorrido com 1.025 caracteres dos quais apenas 83 tratavam da dor das famílias envolvidas. Em momento algum Richa tratou de políticas para juventude, questões ligadas ao uso de drogas ou qualquer ação propositiva. A morte de um jovem e a consequente destruição da vida de pessoas atreladas a ele e ao jovem acusado representam 8% do documento oficial do governador. Mas ele não foi o único. A tragédia foi utilizada como bandeira para tentar criminalizar um movimento, que ironicamente, luta por políticas na educação e para a juventude. Ironicamente o real motivo do crime.

Enquanto a nota era divulgada, advogadas e advogados tentavam entrar na escola sem sucesso. Eram impedidos pela Polícia Militar e posteriormente pelo delegado responsável pelo caso. “A PM não nos deixou entrar. Pediram para aguardar o delegado que ao chegar barrou novamente os advogados e advogadas”, relatou Paulo Lenzi, do coletivo de Advogados e Advogadas pela Democracia.

De acordo com ele, mesmo com estudantes que estavam dentro do colégio solicitando a entrada dos profissionais para auxílio jurídico, o pedido só foi atendido após a retirada do corpo do jovem e dos estudantes serem ouvidos sem presença de um representante legal. “Caso o delegado tente pautar-se apenas nestes depoimentos o inquérito será nulo de origem”, alertava Lenzi.

Não foi o que aconteceu. Três jovens, sendo duas meninas e um menino, todos menores de idade, foram encaminhados para a delegacia de homicídios, ao contrário do informado oficialmente pelo Governo do Estado em nota. Os três prestaram depoimentos e foram liberados, um a um. A última menina a depor deixou a delegacia por volta das 21h30.

O jovem acusado também foi encaminhado à delegacia de homicídios, onde prestou depoimento. De lá seguiu para o IML, em uma ação de rotina, para depois ser encaminhado à delegacia do adolescente. Representantes da defensoria pública também compareceram no local e colocaram o órgão à disposição do jovem acusado a partir do momento em que o inquérito for instaurado.

A investigação seguirá. Assim como a ausência de políticas públicas eficientes para a juventude. O que não terá sequência será a vida destes dois jovens e de seus familiares. Resta saber quanto tempo os pais do garoto acusado seguirão com aquele olhar perdido no horizonte, como quem busca acordar de um pesadelo.

Daqui alguns dias, semanas ou meses, sem pressa cada um irá para o seu lado. Ficará a dor e a ausência dos afetados diretamente pelo crime e neste caso, assim como na música de João Bosco, um silêncio poderia servir de amém. Mas, por enquanto, as autoridades e grupos que disputam um jovem cadáver cantam “ao invés de uma reza uma praga de alguém”.

 

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Pinga-Fogo | Corvos

October 25, 2016 9:56, by Terra Sem Males

Por Manoel Ramires
Terra Sem Males

Havia achado que os corvos estavam extintos desde a morte trágica do candidato a presidente Eduardo Campos. Em 2014, muitas pessoas se aproveitaram do episódio para fazer campanha política calcada na comoção popular. Mal esperaram o corpo esfriar, a missa de sétimo dia acontecer. De selfie diante do caixão a manchetes sensacionalistas, a espetacularização foi o tom do “debate”.

Pois bem, os corvos ressurgiram com gana nos olhos e palavras afiadas para estraçalhar o corpo de um jovem morto ontem (24) dentro de um colégio por outro colega. Ambos os adolescentes vítimas, segundo a polícia, da drogadição. Algo suficiente para que o sangue quente fosse jogado de um lado a outro. Uns acusando diretamente o governador pela tragédia por não querer negociar dentro das mais de mil ocupações pacíficas. Outros, esses sim aliados do governador, querendo usar a morte de forma moralista para afirmar que as ocupações são locais de “vagabundagem, libidinação e drogadição”. E teve muita “gente de bem” usando nome de Cristo em vão. Enquanto isso, a lágrima dos familiares é só mais uma arma a ser utilizada contra os inimigos. Os corvos estão vencendo neste país.

Milícia do MBL

O Movimento Brasil Livre (MBL) tem demonstrado sua faceta mais radical desde que foi criado para fazer agitação política de direita nas ruas. Sem representação clara como sindicatos, movimentos sociais e entidades de classe, o chamado Movimento tem comprado brigas em todas as esferas e com todos os grupos. São os cães raivosos que as elites sempre sonharam formar. A dúvida é: quem paga esse “clube da luta ideológico”?

Direito a ocupar

É gravíssima a acusação de que o governador Beto Richa estaria patrocinando a truculência nas escolas. O tema foi trazido à Assembleia Legislativa pelo deputado Tadeu Veneri. Richa estaria incentivando as ações do MBL, de diretores, professores, pais e alunos a atacarem as ocupações. É a “reintegração de posse” civil e sem previsão legal.

Ocupar Direito

Diante das tentativas de invasões das escolas ocupadas, o coletivo “Advogados pela Democracia” criou um comunicado padrão para avisar sobre os direitos dos estudantes e alertar aqueles que provocam confusão. A notificação destaca que “as ocupações são questões a serem resolvidas exclusivamente pela via judicial nas ações de reintegração de posse já em trâmite”.

Nota Ocupa Paraná

“Apesar das diversas correntes de ódio que tomaram conta do estado no dia de hoje (24), nós do movimento Ocupa Paraná não queremos e nem vamos culpabilizar ninguém pelo acontecido. Neste momento queremos apenas prestar solidariedade à família de Lucas, família que perde um dos seus para o ódio, para a intolerância e para a violência”, diz a nota do movimento Ocupa Paraná.

Ocupa mais

No calor do dia de ontem (24), a reitoria da Universidade Federal do Paraná foi ocupada por estudantes de pedagogia. O lema é: para cada escola desocupada outras duas serão ocupadas.

 

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Inflados pelo governo do Paraná, adolescentes das ocupações são expostos por pais e professores contrários aos atos

October 24, 2016 9:50, by Terra Sem Males

Ocupações em escolas públicas estaduais do Paraná completam 22 dias enfrentando a criminalização do movimento

Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males

Com mais de 850 escolas públicas municipais ocupadas no Paraná contra a reforma do ensino médio anunciada de forma unilateral e sem diálogo pelo governo Temer, e contra a PEC 241, que congela orçamento para saúde e educação por 20 anos, o movimento dos estudantes paranaenses ganhou força nesses 22 dias de mobilização e escolas, universidades públicas e núcleos de educação foram também ocupados em outras regiões do país.

No dia 21 de outubro, a fanpage Ocupa Paraná, que centraliza as informações oficiais do movimento de estudantes e conta com mais de 45 mil seguidores,  foi retirada do ar, retornando na noite de domingo (23). No mesmo fim de semana, o governo de Beto Richa recebeu pais e professores contrários ao movimento estudantil, inflados pela continuidade da greve dos educadores (mobilização paralela pelo pagamento da data-base da categoria e que foi definida em assembleia no último sábado, 22), e decidiram contra-atacar, anunciando medidas contra as ocupações, que a agência oficial de notícias chama de “invasão”.

De acordo com texto da Agência Estadual de Notícias, o governo anunciou que os diretores e professores que estiverem dando amparo às ocupações e não cumprirem as determinações legais, responderão processos administrativos ou sindicâncias e poderão ser punidos com afastamentos e até demissões.

Na internet é possível  verificar faixas em frente às escolas contra as ocupações, além de relatos de dirigentes sindicais da APP, de coação e constrangimento da imprensa na tentativa de responsabilizar a entidade que representa professores e funcionários de escola pelo movimento estudantil, que é independente. Relatos em perfis pessoais de jornalistas do Paraná também dão conta que os sites de notícia não pautam seus profissionais para as mobilizações em defesa das ocupações mas dão importância para atos que criminalizam o movimento.

Na manhã desta segunda-feira, 24 de outubro, a frente Advogadxs pela Democracia, que presta solidariedade, orientação jurídica e apoio aos estudantes, recebeu inúmeras denúncias desses adolescentes que estão há duas semanas alojados nas escolas, dormindo no chão, por um ideal de futuro melhor e manutenção do direito ao ensino público.

“Isso me revolta muito. Tem professores do lado de fora rindo da cara dos alunos. Tem adolescentes lá dentro, dormindo no chão há duas semanas, com comida escassa, alunos que estão lutando pelos próprios direitos mas não só deles, direitos dos filhos de alguns pais que tentaram bater neles. Agrediram um aluno lá dentro e sinceramente isso é um absurdo tão grande”, relata uma aluna da escola Guido Arzo, no Sítio Cercado, em áudio que o Terra Sem Males teve acesso. Em vídeos enviados pelos alunos, também é possível ver que as faixas da mobilização foram retiradas, de acordo com os manifestantes, por pais de estudantes contrários ao movimento, e o arrobamento do portão de uma das escolas por um grupo de pessoas. “O que preservamos em duas semanas de ocupação, em duas horas de desocupação quebraram tudo, janelas, portões, jogaram camisinhas para incriminar a gente, espalharam nossa comida pela escola”, relatou uma aluna da mesma escola.

Os Advogadxs pela Democracia orientaram aos estudantes das ocupações para notificar professores e pais de alunos via SMS ou whatsapp que a ação de forçar desocupações, que estaria sendo organizada pelo movimento de direita MBL, com apoio de professores, pais e alunos contrários às ocupações, contraria decisão judicial que, até o momento, não concedeu reintegração de posse. E que ações de força poderiam provocar conflitos.

Na próxima quarta-feira, 26 de outubro, uma assembleia será realizada em Curitiba entre os estudantes das ocupações.

Situação em Campo Largo

O ministério Público do Paraná vai intermediar nesta tarde uma reunião com estudantes no município de Campo Largo, convocando os participantes das ocupações dos colégios Macedo Soares, 1º Centenário, Professor Aluísio, Djalma Marinho, Clotário Portugal, José Ribas Vidal e Augusto Vanin. A convocação do promotor de justiça Rodrigo Braziliano está sob a justificativa de “tratar das escolas ocupadas no município”. A frente Advogadxs pela Democracia vai acompanhar a reunião.

 

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Avanti Palestrinos | Palmeiras paz e amor

October 23, 2016 21:26, by Terra Sem Males

Por Manoel Ramires
Terra Sem Males

Há um bom tempo tentam tirar a concentração e o foco do time do Palmeiras e dos palmeirenses. Quem tenta? Seus rivais, a imprensa clubista e até o próprio Palmeiras de vez em quando.

Mas o Palmeiras vai superando as barreiras e a ansiedade como ninguém neste Brasileirão. A calma, ou o controle da ansiedade, dão a vantagem de seis pontos sobre o segundo colocado, o Flamengo. São três rodadas de “tranquilidade”, levando em conta o número de gols positivos maior do que os adversários.

É o foco que faz o time ser o único invicto no segundo turno. Mais do que isso, seus quatorze jogos seguidos no Campeonato Brasileiro sem perder. Concentração essa que fez o time superar a partida melhor executada pelo Sport, o péssimo gramado e a desconfiança de escalar Allione após ele ser expulso e ter mudado o rumo da classificação do Palestra na Copa do Brasil.

Mais do que cheirinho, os palmeirenses já estão abrindo a contagem regressiva para voltarem a ser campeões nacionais desde 1994. Contanto as horas para ganhar o terceiro título em três anos. Contanto as horas com muita calma, afinal, o romance entre a torcida e a equipe deve se intensificar daqui uma semana no jogo contra o Santos.

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Os dias de ocupação

October 21, 2016 17:05, by Terra Sem Males

É por condições para a educação pública. Pelos direitos de uma geração que só começa a caminhar

Por Pedro Carrano
Mate, café e letras

Chego ao colégio estadual Pedro Macedo para uma oficina no domingo, às 17 horas. Em um raro, talvez o primeiro, dia de calor nessa primavera curitibana. Logo de cara não vejo muitos alunos, penso até que o espaço acabaria sendo remarcado, entendendo que, ao menos no domingo, não seria pecado para ninguém descansar um pouco. Sento em um banco, ao lado de Melissa, e ficamos vendo o pôr do sol caindo vagaroso, no primeiro dia de horário de verão.

Mas, que nada. Sem formalidades, os estudantes vão se sentando ao nosso redor, oferecem pipocas, dando a senha para o começo de uma roda de conversa. Enterro na hora a chance de uma oficina mais formal, com direito a data show e exposição no quadro. Não que isso não aconteça: há uma rede imensurável de apoio às ocupações, que passa também por professores dispostos a repor o conteúdo para as provas do Enem.

Mas, no nosso caso, caiu bem o bate-papo e as trocas de experiências e percepções sobre a mídia, numa época em que talvez as pessoas nunca tenham produzindo tanta comunicação, que hoje atravessa a vida e a subjetividade de todos. Em poucos dias, as páginas criadas pelos estudantes no facebook, fotos e grupos em apoio, multiplicam-se, gerando um burburinho intenso nas redes, mas que não acontece só ali. A organização está acontecendo na prática. Os números de ocupações se atualizam rápido, principalmente no Paraná, em escolas e universidades no restante do Brasil.

O futuro prometido para essa geração de repente virou um impasse com a PEC 241. A geração que teve mais caminhos que a nossa – que fomos navegantes solitários e à deriva nos 1990 e 2000 –, de repente vive como no filme de “Volta para o futuro” em poucas semanas. Perdendo de vista um horizonte que, nós acreditávamos até há pouco tempo, só iria se ampliar, ao invés de se estreitar como vemos agora.

É fato o que encontro em cada crônica ou relato que leio: a organização do espaço é notável. Divididos em comissões de segurança, comunicação, organização de atividades, com um cronograma enorme de oficinas, os estudantes organizam a cozinha, melhoram as carteiras, retiram entulhos que se acumulam nas escolas. Um grande mutirão não programado. Enfrentam também todos os dias debates com os pais, diretoras, professores, com a mídia. Em uma época de muita intolerância e gritaria, esses estudantes estão se aventurando na difícil arte do convencimento e do debate aberto.

O movimento é de estudantes, avisam a quem surge do lado de fora dos portões. Aceitam ajuda de organizações. Agradecem a força, mas não há solenidades. De dentro dos portões da escola, são esses jovens que tomam as rédeas da organização da sua vida. Querem ser ouvidos. O protagonismo é desses rostos sem lenço. Sem cara pintada. Às vezes, por precaução, apenas com os olhos descobertos.

Os boatos se somam. Ameaças de despejos, processos, prejuízo à escola e às eleições. A guerra é psicológica. As declarações do governador Beto Richa (PSDB) dão a linha e se espalham, pautando uma vez mais o cinismo. Quando o movimento é organizado por setores da universidade, especialistas ou militantes, falta o povo, muitos gritam. Mas quando setores do povo se colocam em movimento, eles não têm informação!, seguem gritando.

Algumas pessoas se dignam a ir até a ocupação perguntar se os estudantes sabem do que se trata a Medida Provisória 746, que reforma o ensino médio. Eles respondem. A fala ainda insegura, iniciante, sem traquejo. Porém, sabem o que não querem. E é também pelos professores que se enfrentam com o governador Richa, talvez uma das chaves para entender por que o movimento secundarista é tão forte no Paraná. É pelas bandeiras iniciais e sufocadas de junho de 2013, que pediam melhores serviços públicos e logo foram sufocadas.

A ocupação nunca é um fim em si mesmo. Surge de uma necessidade. Mas carrega algo de grito. Algo vivo. Transforma-se também no próprio sentido: resgata o público, o que é de todos, o espaço comum, que pode ser desfrutado de maneira igual e gratuita, com espaço para a livre expressão.

O pesquisador Ricardo Costa de Oliveira, especialista em decifrar as famílias políticas e oligarquias do Paraná, aponta como todos esses espaços ocupados com nomes tradicionais agora dão lugar a uma juventude sem nome e sem rosto. “Não somos conduzidos, conduzimos o futuro do país”, avisa um dos primeiros cartazes no portão do colégio Pedro Macedo. Aqui estão todos esses rostos se colocando em movimento. Esse rosto que é coletivo de uma geração. A crítica é válida, mas é bom deixar um último aviso aos navegantes: você que olha com desfiança o movimento secundarista, não tem direito depois de levantar as bandeiras da “cidadania”, de “educação é tudo”, de “os jovens têm que protestar e se mobilizar”. Porque essa piazada está experimentando tudo isso na prática, sem palavras boas e vazias. Com a dor e delícia que isso traz.

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Guerreiro Valente | Cinco vitórias históricas do Paraná Clube sobre o Vasco

October 21, 2016 15:24, by Terra Sem Males

Por Marcio Mittelbach
Terra Sem Males

Hoje vamos deixar o lamentável momento técnico do time de lado para falar de história. E quanta história tem o confronto entre o Paraná Clube, o time que já nasceu gigante, e o Vasco, o gigante da Colina. Em meio a um momento de tanta angústia e sofrimento, rever esses momentos é uma dose e tanto de esperança para seguirmos na luta.

Por ironia do destino, as duas equipes duelaram há vinte anos no mesmo estádio Kleber Andrade, em Cariacica-ES, que vai abrigar o jogo deste sábado, 22/10, às 16h30. Só que dessa vez o mando de campo é do Paraná. Outro fato curioso é que o Paraná já havia vendido o direito de jogar em casa contra o Vasco para reforçar as finanças. Foi em 2003, em um agitado empate de 3 a 3, na cidade de Florianópolis.

Chega de papo e vamos ao que interessa. Separamos cinco triunfos históricos do tricolor, todos eles com links para ver as imagens dos gols. De quebra ainda tem a patética invasão de campo do Eurico Miranda em 1999 (foto).

É muita emoção. Apertem os cintos e boa viagem!

1 – Primeiro confronto em Cariacica-ES

19/11/1995 – Vasco 1 x 3 Paraná – Era apenas a segunda partida entre as duas equipes. Vivendo um dos momentos mais brilhantes de sua história, o Paraná não tomou conhecimento do adversário. A curiosidade é que o ídolo Maurílio esteve em campo naquela tarde.

Confira AQUI as imagens.

 

2 – Vitória no final em uma Vila encharcada

19/9/1998 – Paraná 2 x 1 Vasco – Pelo Brasileirão daquele ano o Paraná protagonizou uma vitória épica. Com um a menos e o gramado quase impraticável, o Paraná venceu com um gol chorado do capitão Hélcio. O goleiro era o Marcão.

Confira AQUI as imagens. (indispensável assistir dos 7 minutos em diante)

 

3 – Sabor amargo

9/12/2000 – Paraná 1 x 0 Vasco – Um ano após o Eurico Miranda invadir o gramado de São Januário e não deixar acabar um jogo – 1 a 1 – em que o Paraná tinha tudo para vencer, as duas equipes voltaram a se enfrentar pelas quartas de final da Copa João Havelange. O Paraná precisava ganhar de dois gols de diferença graças a um gol irregular do Romário no jogo de ida – 3 a 1. Ganhamos o jogo no Couto Pereira mas não levamos a vaga para as semifinais.

Confira AQUI as imagens do fiasco do Eurico e AQUI o vídeo da vitória tricolor.

 

4 – Baile na colina

5/7/2003 – Vasco 1 x 4 Paraná – Depois de ver Edmundo – o animal – abrir o placar, o bonde de 2003 enfiou logo quatro com direito a gol do Maurílio em final de carreira. Naquele ano o tricolor conquistou uma vaga na Copa Sul-americana.

Confira AQUI as imagens.

 

5 – Camisa 10 da Vila

6/8/2006 – Paraná 2 x 1 Vasco – Pra encerrar com chave de ouro essa viagem, vamos ver o time que nos conduziu à Libertadores. Com o patrocínio mais bizarro que já estampou a nossa camisa, o Maicossuel fez um daqueles gols de almanaque e nos deu os seis pontos, já que o Vasco brigou pela mesma vaga até a última rodada!

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Trabalhadores da construção civil de Curitiba decidem nesta sexta (21) se entram em greve

October 21, 2016 10:13, by Terra Sem Males

Por Davi Macedo
Sintracon

O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Curitiba e Região (Sintracon) realiza nesta sexta-feira, às 18h00, uma assembleia geral da categoria. Estará em pauta a deflagração ou não de greve geral no setor devido ao impasse em torno da Campanha Salarial 2016 da categoria. Ao longo de meses de negociação, os patrões foram intransigentes e insistiram em uma proposta que parcelaria o índice da inflação acumulada (9,82%), sem aumento real de fato nos salários e ainda por cima causando prejuízos aos trabalhadores.

O Sindicato rechaçou tal proposta ainda na mesa de negociação por considera-la como desrespeito e afronta à categoria. Depois da pressão causada pelas várias paralisações que o Sintracon fez em obras das grandes construtoras, os patrões decidiram que irão apresentar uma nova proposta.

O teor dessa nova proposta será avaliado pelos trabalhadores na assembleia de sexta. Se a oferta melhorar, é possível que a categoria decida pela aceitação e celebração da Convenção Coletiva de Trabalho. Por outro lado, se os patrões insistirem na desvalorização dos trabalhadores, a greve é a única saída.

Assembleia Geral da Construção Civil de Curitiba e Região Metropolitana
Data: sexta-feira, 21 de outubro de 2016
Local: Sede Social do Sintracon (R. Trajano Reis, 538, São Francisco – Curitiba)
Horário: 18h00
Pauta:
– Avaliação da proposta patronal para fechamento da CCT 2016/2017
– Definição de indicativo de data para deflagração de greve por tempo indeterminado
– Demais assuntos

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Descaso da Samarco e do governo decepciona ribeirinhos na foz do Rio Doce no Espírito Santo

October 21, 2016 9:46, by Terra Sem Males

por Joka Madruga
Terra Sem Males

A lama da Samarco/Vale/BHP-Billiton percorreu aproximadamente 600 Km, de Mariana-MG até a foz do Rio Doce em Regência, no litoral do Espírito Santo. Deixou um rastro de destruição, mortes e muita tristeza por onde passou. Às vésperas de completar um ano do maior crime ambiental do Brasil, muita coisa ainda não foi feita. Muitas pessoas ainda vivem inseguras com o futuro de suas famílias. O Rio Doce já não é mais lugar de sobrevivência e diversão. É um leito triste e, pelo que parece, já esquecido por alguns.

No município de Linhares-ES, os distritos de Regência e Povoação foram diretamente atingidos, pois estão à margem do Rio Doce de um lado e à suas frentes a imensidão do oceano. Segundo vários pescadores e moradores, a lama contaminada está impregnada no fundo do rio e nos dias de ventania as águas agitadas fazem com que o barro solte novamente. Eles afirmam que em determinadas épocas do ano, o rio ficava sujo devido a grandes chuvas na região mais alta do rio, porém em pouco tempo voltava ao normal. Coisa que não acontece mais há um ano. A água ficou turva e a maioria das pessoas não tem coragem de tomar banho ou comer peixes do Rio Doce, com medo da contaminação. Os relato são sempre quase os mesmos e sempre com emoção.

“Ficamos na expectativa, não de perder a esperança, mas de buscar fortalecer as pessoas da comunidade para que não desistam dela”, explica Alessandro Pescador, morador de Regência e funcionário do Projeto Tamar, de preservação ambiental. De acordo com ele, muitas pessoas foram no rio e no mar dar um último mergulho antes da lama chegar na vila. Pois não sabem se tudo voltará ao normal. Ele sempre teve contato, desde a infância, com o Rio Doce, por ser favorável à uma boa condição de vida, mesmo de forma simples. “Nós como moradores da comunidade temos a esperança de que nós possamos acolher as pessoas novamente tenhamos dias melhores”, finaliza Pescador.

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Caminhões pipa com água potável no centro de Regência-ES. Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males

Em Regência, há muitos caminhões pipa com água potável circulando o dia todo. Já em Povoação é o contrário, porém foram feitos alguns poços artesianos. O problema é que estão próximos a fossas e do Rio Doce contaminado. Isto obriga os ribeirinhos, inclusive em Regência, a comprarem água mineral, o que provoca um custo a mais no seu dia-a-dia.

Em Povoação há muitas reclamações pela falta de atenção do Estado e da Samarco. Inclusive por não saberem dos resultados de tantas coletas do solo e da água que foram feitas para análises de qualidade. “Não tem ninguém da Samarco aqui mais. Às vezes marcam uma reunião e desaparecem. Agora contrataram uma empresa (Synergia Socioambiental) para não ter mais contato com a gente”, desabafa o pescador Adinaldo, 39 anos.

Vila Povoação, em Linhares-ES. Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males

Adinaldo, pescador em Povoação, no município de Linhares-ES. Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males

Para Adinaldo a chegada da lama foi um desastre, pois tiravam do rio o sustento de suas famílias e hoje estão proibidos de pescar. “Nesta época do ano, aqui era cheio de gente que vinha tomar banho de rio e hoje não tem ninguém, pois quando a lama chegou tínhamos medo de colocar a mão na água, pois não sabíamos o que havia nela”, relata.

É autorizada a reprodução desta matéria e fotos, desde que o texto não seja alterado e com os devidos créditos. O Terra Sem Males – Jornalismo Independente faz parte de uma expedição que começou no dia 19/10 em Regência-ES e terminará no dia 05/11 em Mariana-MG, buscando informações sobre o maior crime ambiental do Brasil, que continua impune.

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