Movimentos ligados à agricultura familiar entregam reivindicações em seminário sobre crédito fundiário
October 27, 2017 13:53Renegociação das dívidas, projetos de ATER, produção e comercialização de alimentos estão na pauta de reivindicações
Lideranças sindicais representando a agricultura familiar entregaram na tarde da última quinta-feira (26/10) uma pauta de reivindicações ao secretário Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (Sead), Jefferson Coriteac, durante o Seminário sobre o novo Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) e suas perspectivas no Sudoeste Paulista.
Cerca de 600 pessoas participaram do evento entre eles agricultores familiares, lideranças e representantes de entidades e de movimentos sociais lidadas às questões de fundiárias, prefeitos e vereadores.
A CONTRAF BRASIL e FAF São Paulo, representada pelos coordenadores Marcos Rochinski e Marco Pimentel, respectivamente, participaram da entrega da pauta dos movimentos sociais ao secretário. Dentre as reivindicações está a renegociação da dívida dos agricultores familiares do Banco de Terras, a necessidade de assistência técnica e extensão rural às famílias agricultoras familiares e projetos que incentivem a produção e comercialização de alimentos oriundos dos assentamentos do crédito fundiário na região do Sudoeste Paulista.
O PNCF, programa criado no governo Lula em 2003, oferece condições para que os trabalhadores rurais sem terra ou com pouca terra possam comprar um imóvel rural por meio de um financiamento. Os recursos, ainda, são usados na infraestrutura necessária para a produção e assistência técnica e extensão rural. Desde sua criação, já possibilitou o acesso à terra a mais de 140 mil famílias, que adquiriram cerca de 3,1 milhões de hectares no Brasil.
O secretário Jefferson Coriteac se comprometeu com os itens de pauta dos agricultores familiares e anunciou o início da execução do programa. Ainda, no seminário foi discutido questões referente aos impactos da lei 13.340 e abordagens e propostas de moradia no campo.
“Vamos monitorar a efetivação do PNCF, acompanhando todo o processo também em Brasília. O Sudoeste Paulista foi um dos que mais implementaram o projeto de crédito fundiário na base da CONTRAF BRASIL e temos a região como referência. A Sead tem sido parceira da agricultura familiar e esperamos que resolvam principalmente o problema da dívida dos agricultores familiares”, avalia Rochinski.
O seminário é uma iniciativa do Conselho de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local do Sudoeste Paulista (Consad), com a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (FAF-SP) e Sintrafs de Itapeva e região.
O evento segue hoje (27/10) com a programação direcionada as lideranças sindicais e gestores, com o objetivo de detalhar as ações estratégicas de atuação do conselho para os próximos períodos.
Por Patrícia Costa/Contraf Brasil
Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males
Mudanças subvertem lógica da Lei Maria da Penha
October 27, 2017 13:37PLC aprovado no Senado compromete garantia de acesso das mulheres à Justiça e à rede de apoio.
Para estas organizações, em vez de significar avanços, o projeto aprovado subverte a lógica da Lei Maria da Penha e seu foco em garantir acesso das mulheres à Justiça e à rede de apoio, como instituições de acolhimento e de atenção à saúde. A norma em vigor prevê a competência do Judiciário na determinação de medidas, dando à polícia o dever de orientar a vítima sobre medidas protetivas e outras questões, como registro de ocorrência, além de apoiá-la para buscar pertences em casa. Com isso, além do direito das mulheres de terem acesso ao Judiciário, a vítima é acompanhada pela Defensoria Pública, recebe apoio e informações sobre seus direitos.
A ONU Mulheres também manifestou preocupação com as mudanças, temendo que as mesmas possam comprometer a prerrogativa da legislação de proteger mulheres em situação de violência. Em nota, a organização declarou: “no caso do PLC 07/2016, este desarmoniza as competências de autoridades policiais e da justiça, os fluxos estabelecidos e os atos que poderão ser anulados ou sobrepostos, provocando a inoperância e a baixa qualidade no atendimento de mulheres em situação de violência. São as mulheres que poderão ser as vítimas da falta de sintonia entre autoridades, órgãos e atos públicos, recaindo em outro tipo de violência – a institucional.”
Para a dirigente sindical Cristiane Zacarias, do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região, o que falta atualmente é o Estado preparar seus agentes para aplicação adequada da Lei Maria da Penha. “O que vemos é que hoje as mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar não encontram apoio quando buscam ajuda. Sendo assim, além das mudanças serem inconstitucionais, elas expõem e aumentam a demanda de delegacias que já não possuem infraestrutura para esse atendimento”, resume.
Por Renata Ortega, com informações da Agência Brasil
Imagem: Cristiane Zacarias durante o lançamento da Campanha Nacional Contra a Discriminação, promovida pela Contraf e FetecPR, em Curitiba no dia 26/10/2017. Foto: Joka Madruga/FETEC-PR
Time e torcida de guerreiros
October 25, 2017 21:08De novo com emoção, sofrimento e alívio no final, o Paraná Clube venceu o Vila Nova por 1 a 0 e emendou a décima vitória seguida como mandante. Mas dessa vez o grande destaque não foi o Richard, que fez boas defesas, ou o Felipe Alves, que saiu do banco para marcar o gol da vitória. O destaque foi a torcida.
E não foi pela quantidade. Em uma fria noite de terça-feira, dez mil torcedores compareceram à Vila no famigerado horário das 21h30. O público poderia ser maior, mas foi o suficiente. Mesmo com o time jogando mal, os guerreiros que compareceram apoiaram os jogadores de forma incondicional e a recompensa veio nos quinze minutos finais.
É incrível ver a sintonia desses atletas com a torcida. Está claro que o elenco comprou a ideia, sabe o quanto o acesso é importante e se dedica dentro de campo para chegar lá. Como disse o comandante Matheus Costa, o ápice dessa relação foi a torcida gritar “time de guerreiros” no final da partida.
Prepare o coração, torcida tricolor. Com essa luta e união não tem para ninguém, a realização virá. Em menos de um mês podemos comemorar o tão sonhado acesso!
Confira os próximos confrontos:
Terça, 31/10, 21h30 – Paraná x Oeste
Terça, 7/11, 20h30 – Brasil x Paraná
Sexta, 10/11, 21h30 – Paraná x Luverdense
Terça, 14/11, 19h15 – Santa Cruz x Paraná
Sábado, 18/11, a definir – CRB x Paraná
Sábado, 25/11, a definir – Paraná x Boa
Por Marcio Mittelbach
Guerreiro Valente/Terra Sem Males
Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males
Rainha da 18ª Parada da Diversidade LGBTI de Curitiba será eleita nesta sexta-feira (27)
October 25, 2017 17:51Na noite desta sexta-feira, dia 27 de outubro, vai acontecer a festa oficial da 18ª Parada da Diversidade LGBTI em Curitiba.
Com o tema “Divas Brasileiras”, a festa ocorre na tradicional Cats Club, uma das poucas casas noturnas da cidade a incentivar as artistas da noite LGBTI em Curitiba. Na ocasião, as candidatas ao título de “Rainha da 18ª Parada da Diversidade LGBTI de Curitiba” se apresentarão em shows homenageando as grandes divas da música brasileira.
Eleita por um corpo de jurados, a vencedora irá receber a faixa de rainha das mãos da defensora de direitos humanos Catuxa Bougers, uma das principais lideranças do movimento nacional de pessoas trans e também uma artista da cena cultural LGBTI na cidade. A festa também irá eleger a Garota e o Garoto da Parada de 2017, eleitos por votação popular na página da APPAD no facebook.
Os convites serão vendidos na portaria da Cats Club e parte da renda arrecadada será revertida para a organização da 18ª Parada da Diversidade LGBTI de Curitiba, que acontece no próximo dia 5 de novembro.
Candidatas ao título de Rainha da 18ª Parada da Diversidade LGBTI de Curitiba:
Angel Tamura
Déborah Black
Kaylanne Joy
Loli Poppins
Manuela Golden
Shasmyra Brondy
Para informações sobre a festa, clique aqui.
Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males
600 mil pessoas procuram refúgio em Bangladesh por causa da violência em Rakhine
October 25, 2017 15:33“Quase 600.000 refugiados Rohingya procuraram refúgio em Bangladesh nos últimos dois meses. Os números não mostram sinais de desaceleração – 40 mil pessoas atravessaram a fronteira de Mianmar nas últimas duas semanas, indicando que a violência continua no estado de Rakhine.
É difícil compreender a magnitude da crise até você vê-la com seus próprios olhos. Os acampamentos de refugiados são incrivelmente precários. Os abrigos improvisados são feitos de barro e plástico, fixados com bambu e espalhados por pequenas colinas. Se você parar na entrada principal do acampamento de Kutupalong, que tem sido o lar de vários milhares de Rohingyas mesmo antes desse influxo mais recente, as coisas parecem algo organizadas. Mas, se você entrar para dentro do acampamento, nas florestas e áreas sem estradas, é outra história. Não há quase nenhum serviço disponível e a vulnerabilidade em que vivem as pessoas é chocante. Famílias inteiras vivem sob cabanas de plástico em terrenos enlameados e inundados. Elas têm muito poucos pertences, são vulneráveis a ataques de elefantes e não têm acesso a água limpa, latrinas, alimentos ou cuidados de saúde.
É um deslocamento humano muito novo e as pessoas ainda lutam pelo básico para sobreviver, o que você pode ver em sua linguagem corporal. As pessoas estão vivendo dia após dia, tentando garantir o básico para chegar ao dia seguinte. Atualmente, a resposta humanitária está bastante dispersa: coberturas de plástico são entregues em um local, enquanto sacos de arroz ou água são distribuídos em outro.
Em Kutupalong, onde MSF administra uma clínica desde 2009, elevamos nossa capacidade de internação de 50 para 70 camas, e agora recebemos de 800 a 1.000 pacientes por dia. Nossas equipes estão tratando casos que normalmente não deveríamos ver, como adultos que desmaiam ou morrem de desidratação por causa de um caso simples de diarreia aquosa. Abrimos novos projetos médicos, de água e de saneamento em outros lugares na região de Cox’s Bazar, para responder melhor ao crescimento exponencial das necessidades médicas. Mas uma ação maior é desesperadamente necessária. O acampamento é uma bomba de tempo de saúde pública.
Também não devemos esquecer a causa do deslocamento dos Rohingya, que é a crise em andamento em Mianmar. As pessoas não fogem de suas casas sem uma boa razão. Eles saem porque suas vidas estão em perigo e não têm outra opção. Centenas de milhares ainda permanecem presas em Mianmar, continuam vivendo esse terror e isoladas da ajuda humanitária.
Para Bangladesh, receber mais de meio milhão de pessoas em dois meses é uma atitude tremendamente generosa, mas que vem com enormes desafios. Nenhum país do mundo pode atender necessidades tão grandes sozinho. Pedimos ao governo do Bangladesh que mantenha suas fronteiras abertas e à comunidade internacional que apoie esse gesto corajoso. É dever dos doadores ajudar a impedir um desastre de saúde pública. Só podemos fazer isso assegurando o atendimento das necessidades vitais de uma população que enfrentou violência, estupro e tortura. Precisamos de mais organizações em campo construindo latrinas, fornecendo água, prestando cuidados de saúde e distribuindo alimentos. Isso só pode acontecer se o governo do Bangladesh facilitar a presença de ajuda e permitir uma massa crítica de organizações humanitárias.
Esta conferência de doadores deve ser um grito de alerta. É nossa chance de criar mobilização e evitar uma segunda catástrofe, restaurando a dignidade de uma população em grande necessidade.“
Depoimento da Dra. Joanne Liu, presidente de Médicos Sem Fronteiras
Confira abaixo algumas fotos da situação em Bangladesh.




Dia Mundial do Combate ao AVC: conheça formas de prevenir a doença
October 24, 2017 15:57Hospital Instituto de Neurologia de Curitiba promove evento gratuito para alertar sobre sintomas e tratamentos da doença cerebral
No dia 29 de outubro é comemorado o Dia Mundial do Combate ao AVC. A data estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tem o objetivo de conscientizar as pessoas sobre as formas de prevenção e tratamento do acidente vascular cerebral que, de acordo com o OMS, atinge cerca de 17 milhões de pessoas por ano, levando a óbito mais de 5 milhões delas.
Para marcar essa data, campanhas de conscientização acontecem em todo o mundo. Desde 2010, o Hospital INC – Instituto de Neurologia de Curitiba, realiza ações voltadas à população em praças, parques, empresas e eventos esportivos. Este ano, pela primeira vez o evento será realizado em um shopping. Com o objetivo de orientar a população sobre sintomas, tratamentos e prevenção ao acidente vascular cerebral, a neurologista do INC, Dra. Vanessa Rizelio, receberá o público para um bate-papo gratuito sobre o AVC. O encontro acontecerá nos próximos dias 28 e 29 de outubro das 17h às 18h no INC no Shopping Pátio Batel, e também contará com blitz da saúde, com aferição de pressão gratuita e distribuição de brindes.
Popularmente conhecido como derrame cerebral, o AVC acontece quando artérias e veias do cérebro são obstruídas ou rompidas. De acordo com a Dra. Vanessa, a maioria dos casos é de obstrução das veias. “O AVC inclui todas as doenças das artérias e veias do cérebro que podem causar isquemia (80% dos casos) ou hemorragia cerebral (20%). Quando há obstrução de uma artéria que irriga o cérebro ocorre a isquemia, ou seja, falta de fluxo sanguíneos para áreas do cérebro. As ocorrências de hemorragia cerebral são causados por rompimento de artérias, aneurismas e também por trombose de veias cerebrais”, explica a especialista.
Existem muitos fatores de risco para essa doença cerebral. Pressão alta, aumento do colesterol, diabetes, consumo de tabaco e doenças cardíacas, estão entre eles. Segundo a neurologista, 90% dos casos de AVC podem ser evitados quando há conhecimento das dez principais formas de prevenção:
- Tratar a hipertensão arterial;
- Fazer exercícios físicos regularmente;
- Reduzir os níveis de colesterol no sangue;
- Fazer uma dieta saudável, com mais vegetais e frutas, e menos produtos processados e sódio;
- Manter o peso adequado, evitar obesidade;
- Não fumar e não se expor a fumaça de cigarros;
- Reduzir o consumo de bebida alcoólica (homens: 2 doses/dia, mulheres: 1 dose/dia);
- Identificar as doenças cardíacas e fazer o tratamento adequado;
- Verificar as taxas de glicose (açúcar) no sangue, reduzir o risco de diabetes;
- Aprender a identificar o AVC.
Os sintomas do AVC se instalam rapidamente, por isso, os especialistas indicam a fórmula “fast” para identificar os sintomas mais comuns da doença:
F= FALAR (dificuldade nas palavras ou entendimento);
A = ABRAÇAR (paralisia do braço);
S = SORRIR (paralisia da boca, desvio do lábio ao sorrir);
T = TEMPO (busque atendimento imediato em hospital preparado para atender o AVC).
De acordo com o neurologista é muito importante que a população tenha conhecimento sobre os sintomas, pois o AVC é a quarta doença que mais mata no Brasil. “Essa doença a atinge grande parte da população, por isso é preciso levar informação e aumentar o conhecimento das pessoas sobre o assunto”, finaliza.
Clima de tensão esquenta as eleições legislativas da Argentina
October 23, 2017 18:01Faziam 10 graus em Buenos Aires, capital federal da Argentina, quando os primeiros eleitores começaram a chegar nos colégios eleitorais. Durante a manhã, um clima tenso tentava ser resfriado pelos discursos dos políticos, que insistiam em dizer que tudo estava na sua completa normalidade. Entretanto, as 3 mil ameaças de bombas que haviam sido recebidas nas zonas eleitorais e o recente aparecimento do corpo do militante Santiago Maldonado, três dias antes das votações, sinalizavam o contrário. No meio disso tudo, o partido Cambiemos, do atual presidente Mauricio Macri, consolida o domínio da política nacional, que pela primeira vez em 70 anos não é controlado por peronistas ou radicais.
Durante a madrugada, um operativo foi realizado nos locais de votação da capital, onde policiais revistaram todas as salas a procura de materiais explosivos. Ao longo do dia, mais de 12 mil profissionais de segurança permaneceram dispostos nos estabelecimentos. Entre eles, militares, oficiais da infantaria, policiais, médicos e especialistas em explosivos. Mesmo com a estrutura, sete locais de votação receberam denúncias anônimas no decorrer do dia e a faculdade de Ciências Sociais da UBA (Universidade de Buenos Aires) teve que ser evacuada. Todos os eleitores foram encaminhados para fora da instituição ao meio dia, para que a segurança pudesse verificar o lugar. Felizmente, todas os alertas foram falsos.
Desde o dia 01 de setembro as escolas que abrigariam as eleições foram alvo de chamadas telefônicas anônimas. Cerca de 60 pessoas já foram identificadas e processadas por intimidação pública reiterada. A seriedade das denúncias foram acentuadas devido uma carta bomba que explodiu dia 10 de agosto, três dias antes das eleições primárias, dentro da empresa responsável pela contagem provisória dos votos. A carta tinha um dispositivo que aciona a detonação durante sua abertura, o que causou ferimentos leves em dois funcionários da Indra. Um casal suspeito foi detido e está sendo julgado por atentado contra a segurança pública, tipificado no Código Penal Argentino com pena de 3 a 15 anos de prisão.
MORTE DE MILITANTE LEVANTA SUSPEITAS
Outros incidentes esquentaram o dia de cumprir com os deveres cívicos. Pessoas mascaradas com a imagem de Santiago Maldonado, o militante encontrado morto três dias antes das eleições, circularam por vários pontos da cidade. O argentino de 28 anos tinha sido visto pela última vez dia 1 de agosto, reivindicando terras consideradas ancestrais pelos indígenas mapuches, propriedade que agora pertence a uma empresa têxtil. A manifestação bloqueou rotas na Patagônia e foi reprimida pela Gendarmeria, força militar argentina que responde diretamente ao poder Executivo. O desaparecimento de Santiago Maldonado tomou proporções gigantescas, via-se o rosto dele estampado em cartazes por vários cantos da capital, correntes viralizaram em aplicativos de mensagens e redes sociais, todos os dias os jornais traziam novas informações sobre as investigações.
Depois de 78 dias desaparecido, seu corpo foi encontrado no dia 19 de outubro dentro do rio Chubut, cerca do local onde ocorreu o conflito com a polícia. A família de Santiago que desde o princípio já apontava sua suspeita contra a Gendarmeria, disse desconfiar de que o corpo foi plantado no local. Mesmo antes desse estranho aparecimento, o caso começou a ser usado como arma política, onde alguns kirchneristas acusavam Macri pela morte do artesão, enquanto partidários de Cambiemos acusavam Kirchner pela morte de Nisman em 2015, promotor que acusou a ex-presidente de encobrir um atentado terrorista em 1994. O caso Nisman foi reaberto e Kirchner deve prestar declaração dia 26 de outubro, quatro dias depois das eleições.
MUDANÇAS POLÍTICAS
Os Kirchner ocuparam o poder executivo durante 12 anos seguidos. O falecido Nestór Kirchner entre 2003 e 2007 e sua esposa Cristina Kirchner de 2007 a 2015. Cristina era inelegível em 2015 e quem concorre pela coligação Frente para a Vitória foi o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli. Nesse mesmo ano surge Cambiemos, coalizão política entre os partidos PRO (Proposta Republicana), Unión Civica Radical e Coalizón Civica ARI, que leva o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, à presidência da Argentina. Em junho deste ano, Cristina Kirchner rompe com o Partido Justicialista, fundado por Juan Perón em 1947 e que fazia parte da coligação Frente para a Vitória, para criar a frente Unidad Ciudadana e se lançar como candidata a senadora.
Os eleitores votaram nesse domingo para renovar 127 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados e 24 dos 72 assentos do Senado. Foram elegidos 61 deputados de Cambiemos, 25 de Unidad Ciudadana, 21 do Partido Justicialista e 20 de outros partidos menores. Para o Senado, 12 de Cambiemos, 5 do Partido Justicialista, 2 de Unidad Ciudadana e 5 de outros partidos. Com 99,22% das urnas apuradas, Esteban Bullrich de Cambiemos vence Kirchner por cerca de 4 pontos percentuais. Assim, os dois entram no Senado pela província de Buenos Aires junto com Gladys González, da aliança Cambiemos. Com esse resultado, a coligação de Mauricio Macri se fortalece e domina o jogo político argentino.
Por Daiane Nora, texto e foto
de Buenos Aires
II Encontro das Escolas do Campo da Lapa reúne mais de 500 crianças
October 23, 2017 17:53O II Encontro das Escolas do Campo reuniu nessa sexta-feira – 20 de outubro de 2017, no Assentamento Contestado localizado na cidade da Lapa – Paraná, cerca de 500 crianças vindas de 16 escolas da zona rural lapeana e acampamentos da reforma agrária da região. O evento, que traz o lema “Pelo Direito de Viver e Estudar no Campo – Por uma alimentação Saudável”, tem por objetivo fortalecer a identificação camponesa nas crianças Sem Terra, assim como contribuir com sua autoestima e aprendizagem junto as demais crianças camponesas.
Para tanto uma programação caprichada de oficinas brindaram o espaço com muita beleza e aprendizado. Teve capoeira, brincadeiras e histórias africanas, mandala com barbante, ritmos do corpo, corpo e movimento, palhaçada, criando histórias, brincando com as mãos, cata-vento em latinha, história em quadrinhos, fotografia, alimentação saudável, refrigerante natural, jardim agroflorestal, bomba de sementes, filtro dos sonhos, peteca e jogos e brincadeiras, ufa! É muita coisa mesmo, pensando na formação plena e integral dos pequenos e das pequenas.
O evento foi preparado ao longo da semana por uma grande equipe, unindo a Escola Municipal e Estadual do Contestado, a Escola Latino Americana de Agroecologia e companheiras do Assentamento Contestado. “Esse II Encontro das escolas do campo da Lapa e I Encontro Regional Sem Terrinha vem junto a nossa luta pelas escolas do campo, direito nosso, dever do estado e compromisso da comunidade” comenta Adriano Lima dos Santos integrante do Setor de Educação do MST – PR. O companheiro explica que a alimentação do evento foi feita majoritariamente com alimentos agroecológicos e o mínimo possível de industrializados. Sobre a importância da valorização da cultura camponesa entre as crianças ele ressalta “Nós Sem Terra também somos cidadãos e lutamos muito pra chegar onde estamos. Temos os mesmos direitos que todo e qualquer cidadão, qualquer criança. Ser do campo é bom, é bonito e nós nos orgulhamos de ser camponeses.”
Para finalizar o evento, antes da confraternização de encerramento, os espetáculos artísticos trouxeram o mundo lúdico do palhaço e a cultura popular para a Plenária El Espacio. Foi bonito de ver a criançada sorrindo e aplaudindo. É um sopro de esperança e um combustível pra luta continuar.
Fonte: ELAA
Foto: João Carlos
Tentei, premiado curta de Lais Melo, apara arestas para a luta feminista contra a violência de gênero
October 20, 2017 22:36Cinedebate promovido em Curitiba pelo coletivo feminista PartidA exibe Tentei, produção de Lais Melo premiado como melhor curta, melhor fotografia e melhor atriz no Festival de Brasília de 2017
Garanta seca, calor, dificuldades para reencadear a respiração. Sensações que são possíveis descrever algum tempo depois da exibição do curta “Tentei”, que constrói “a essência”, como definiu a atriz protagonista Patricia Saravy, da vida de Glória, personagem que de uma maneira muito sutil percorre no imaginário a angústia de todas as mulheres que um dia já estiveram em um relacionamento abusivo.
Sem qualquer cena de violência explícita, o curta mostra em apenas um dia da vida de Glória, quando ela acorda com a incerteza em dar um ponto final em sua rotina de sofrimento.
O percurso até a delegacia conduz (nós expectadoras) num caminho sem volta: para quem já passou por essa experiência, relembrar, se enxergar numa situação de violência e ter que relatar; para quem não passou, sentir essa percepção como se estivesse acontecendo na sua frente, e você ser impotente diante do sistema, da instituição legalista que te pede para apresentar provas do que você quer esquecer.
Após a exibição do filme, realizado na noite desta sexta-feira, 20 de outubro, algumas das mulheres dessa equipe de produção independente e de baixo orçamento conversaram com o público que lotou o Espaço Delírio, no Centro de Curitiba. Entre questões técnicas feitas por homens e mulheres sobre a filmagem, o argumento, a produção, a preparação da atriz, a construção do filme, depoimentos emocionados de como o curta tocou os presentes.
O Cinedebate foi promovido pelo coletivo feminista PartidA que, conforme explicou a jornalista Waleiska Fernandes, representante do PartidA no evento, tem como bandeira central de mobilização a ocupação dos espaços de poder pelas mulheres. Waleiska também contextualizou a ideia da realização deste debate, iniciada após um vídeo de um professor viralizar na internet em que ele afirmou que mulher gosta de apanhar e, em sua retratação, alegou ser piada.
Acabar com o conforto que os homens sentem em fazer piada sobre violência contra a mulher é uma de tantas razões para o feminismo ser necessário para todas as mulheres.
Mais que um filme premiado sob a direção da jornalista paranaense Lais Melo, mais que ter a melhor fotografia e melhor atriz em um Festival de Cinema nacional, “Tentei” é um roteiro intenso e verdadeiro da rotina de vida de milhares de mulheres. E algumas nem chegam a saber que tudo que acontece de ruim em suas vidas, seja estupro pelo parceiro, violência psicológica, maus tratos e agressões, trata-se de um relacionamento abusivo, que pode ter como consequência o feminicídio que, desde 2015, quando foi crime tipificado numa lei sancionada pela presidenta Dilma, já tirou a vida de mais de 400 mulheres no Paraná.
Acesse aqui o trailer de Tentei
* Eu já tinha a intenção de participar do Cinedebate mas encontrei a Lais nesta sexta-feira, numa das esquinas do Centro de Curitiba, e decidi ir com minha filha Carolina a tiracolo.
** Fiquei profundamente afetada com a densidade e o cuidado do filme ao retratar um tipo de sofrimento que, tenho certeza, acomete grande parte das mulheres, que sofrem caladas, sem saber ao certo o que é violência doméstica.
*** Meu filme particular passou o tempo todo em minha cabeça, me revi em outubro de 2014 quando, acompanhada da minha mãe, fui até a delegacia da mulher fazer um boletim de ocorrência por ameaças que sofri e que encerrou um relacionamento de quase dez anos. E eu sequer consegui registrar o que passei num BO. Não existe manual de instrução para se identificar num relacionamento abusivo e, tenho certeza, quem está dentro dele demora (e muito) para se enxergar nessa tipificação.
**** Desejo força, informação e coletividade para todas as mulheres.
***** Pensamentos imperfeitos é minha coluna autoral de crônicas e relatos e por toda minha afetação com esse tema, minha contribuição em divulgar o filme de Lais Melo está neste espaço e não nos espaços de coberturas jornalísticas do site.
Saiba mais: Filme paranaense ganha prêmio de melhor curta no Festival de Brasília
Por Paula Zarth Padilha
Foto: Jandir Santin
Terra Sem Males
Senge-PR repudia acordos do governo do Paraná para a privatização de empresas públicas
October 20, 2017 20:55Conclamamos os engenheiros e engenheiras, e demais categorias profissionais, organizações e movimentos populares, a se somarem de maneira unitária na defesa da soberania paranaense e brasileira
O Senge Paraná manifesta estarrecimento e repúdio aos acordos obscuros do governo do Paraná para a privatização do patrimônio público do nosso estado. O governo Beto Richa e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinaram, em 12 de junho, um Acordo de Cooperação Técnica (n. 16.2.0569.13) para “planejamento e estruturação de projetos de desestatização”. Somente na noite do dia 17 de outubro, quatro meses depois, a informação veio à tona a partir de reportagem do Livre.Jor na Gazeta do Povo.
O documento, assinado pelo chefe da Casa Civil de Beto Richa (PSDB), Valdir Rossoni, e pelo presidente do banco, Paulo Rabello de Castro, não especifica quais empresas estariam nos projetos de desestatização. No entanto, de acordo com a apuração da reportagem, o BNDES tem interesse em privatizar as áreas de saneamento, iluminação pública, e distribuição de gás natural – protagonizadas pela Sanepar, Copel e Compagas, respectivamente -, e o acordo se adequa às 44 estatais do estado.
A segunda cláusula do acordo indica que é atribuição do Estado do Paraná “indicar os serviços públicos, empresas ou segmentos econômicos que apresentem necessidade de investimento ou de ganho de eficiência e, com base base nessas informações preliminares, a avaliar e apresentar ao BNDES as Desestatizações que possam ser objeto de estruturação […]“. A Casa Civil, por sua vez, disse à reportagem não haver estudos de desestatização em curso e que a Secretaria de Planejamento ainda irá nomear um responsável pela parceria. Porém, a terceira cláusula do contrato, relacionada à gestão e operação, já indica como represente do governo do Estado a Coordenação de Concessões e Parcerias (coordenada por Murilo Noronha da Luz e ligada à Secretaria de Planejamento), e do BNDES o superintendente da Área de Desestatização, Rodolfo Torres. O prazo para a execução do acordo é de 36 meses, com possibilidade de ser prorrogado para até 60 meses, portanto, cinco anos.
Não bastasse a falta de transparência acerca do projeto de privatização acordado com o BNDES, o governo do Paraná assinou, sem qualquer divulgação prévia, um “protocolo de intenções” com a Copel e a Shell do Brasil para a criação de um plano de expansão da oferta de gás natural no Estado. O documento foi assinado na segunda-feira (16), por Beto Richa, pelo presidente da Copel, Antonio Guetter, e pelo gerente de gás nas Américas da Shell, Christian Iturri, em reunião que também teve a presença do presidente da Companhia Paranaense de Gás (Compagas), Jonel Nazareno Iurk, outra componente da parceria.
A Compagas é a empresa de economia mista responsável pela distribuição de gás natural no Paraná. A Copel é a maior acionista, com 51%, e o restante das ações estão divididas igualmente entre a Gaspetro (controlada pela Petrobras), com 24,5%, e a Mitsui Gás e Energia do Brasil, com os outros 24,5% – empresa privada do ramo.
Conforme divulgação do governo, a parceria prevê a construção de 300 quilômetros de novos gasodutos, três novas termelétricas (UTE Litoral, UEGA 2 e UTE Sul). O gerente da Shell não escondeu a análise do estado como um mercado para expansão dos negócios da empresa: “Vemos no Paraná um mercado importante que tem muitas possibilidades de crescimento”, segundo declaração expressa no site do governo.
O anúncio da parceria com a multinacional Shell vem a confirmar o rolo compressor privatista que avança sobre o estado. Outras negociatas como esta podem estar em curso, à revelia do interesse público.
As medidas estão em completa consonância com o programa liberal imposto pelo governo de Michel Temer, que faz uma verdadeira antirreforma do Estado brasileiro, sendo o presidente mais impopular da história do país, com menos de 3% de aprovação. Inclusive, nesta quinta-feira (19), no âmbito da tramitação da Medida Provisória (MP) 795/2017, uma comissão do Senado aprovou o favorecimento de petrolíferas estrangeiras. Sem qualquer pudor, a MP quer estimular a participação de empresas nas licitações de blocos das camadas pré-sal e pós-sal que serão realizadas até o final do ano pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). É entregar de bandeja a soberania nacional e as riquezas nacionais aos interesses privados transnacionais.
O governo do Paraná caminha para mesmo fracasso, por adotar uma gestão que fragiliza o patrimônio estratégico dos paranaenses, e abre as portas de nossas principais empresas, a Copel e a Sanepar, para a iniciativa privada. Além de concretizar a apropriação privada das riquezas naturais do estado, a privatização significa a precarização de serviços públicos essenciais à população.
Conclamamos os engenheiros e engenheiras, e demais categorias profissionais, organizações e movimentos populares, a se somarem de maneira unitária na defesa da soberania paranaense e brasileira.
A Copel e a Sanepar são dos paranaenses!
Não à privatização!
Fonte: Sindicato dos Engenheiros do Paraná