Moro adia depoimento de Lula para 10 de maio
April 26, 2017 11:13Juiz alegou riscos de confrontos e pedido da PF. Movimentos dizem que vão manter atos.
O juiz federal Sérgio Moro adiou o depoimento do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva a pedido da Polícia Federal e da Secretaria de Segurança Pública do Paraná. No despacho, ele citou os protestos que ocorreriam na capital paranaense e o risco de confrontos. “Considerando que as forças de segurança pleitearam tempo adicional para os preparativos necessários, redesigno o interrogatório de Luiz Inácio Lula da Silva para 10/05/2017, às 14:00”, decidiu o juiz. O interrogatório foi adiado para 10 de maio, como havia sido vazado pela imprensa paulista. Mesmo com o adiamento, os movimentos sociais confirmaram que vão realizar atos nos dias 2 e 3 de maio.
Ao Terra Sem Males, o ex-ministro Gilberto Carvalho disse que Lula quer vir a Curitiba, independente do adiamento. “Lula foi claro em Brasília: ele tá doido para vir, encontrar com o Moro e acabar com toda essa fantasia. Ele quer responder a todas as perguntas sem medo. Está mais do que claro que não tem provas e que essas acusações são um grande circo para impedir a eleição de Lula em 2018”, afirmou.
Confira o despacho do juiz Sérgio Moro
Decido.
É possível que, na data do interrogatório, ocorram manifestações favoráreis ou contrárias ao acusado em questão, já que se trata de uma personalidade política, líder de partido e ex-Presidente da República.
Manifestações são permitidas desde que pacíficas.
Havendo, o que não se espera, violência, deve ser controlada e apuradas as responsabilidades, inclusive de eventuais incitadores.
Considerando que as forças de segurança pleitearam tempo adicional para os preparativos necessários, redesigno o interrogatório de Luiz Inácio Lula da Silva para 10/05/2017, às 14:00.
Comuniquem-se o Ilmo. Sr. Secretário de Segurança Pública do Estado do Paraná e o Ilmo. Sr. Superintendente da Polícia Federal do Paraná.
Desde logo, esclareço que, na referida audiência, será, por questões de segurança, permitida somente a presença do MPF, dos advogados do Assistente de Acusação, do acusado e de seus advogados e dos defensores dos demais acusados, sem exceções.
Curitiba, 26 de abril de 2017.
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Manoel Ramires
Terra Sem Males
Foto: Lula Marques / AGPT
“Lula tá doido pra vir”, afirma Gilberto Carvalho
April 25, 2017 21:52Manifestações em Curitiba seguem mantidas para os dias 2 e 3, mesmo sem a confirmação de Lula.
A vinda do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva a Curitiba ainda é uma incógnita. Ele deve prestar depoimento ao juiz federal Sérgio Moro no âmbito da Lava Jato. Lula é investigado por supostamente ter recebido um apartamento triplex no Guarujá da construtora OAS. Contudo, a Polícia Federal e a Secretaria de Segurança Pública do Paraná pediram o adiamento desse depoimento por medo de confrontos.
Por outro lado, o ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República do Brasil, Gilberto Carvalho, afirma que a notícia veiculada é uma tentativa de desmobilizar os atos de apoio ao ex-presidente. Ele garantiu a realização dos protestos e ainda enxerga a possibilidade de Lula vir à cidade.
“Lula foi claro em Brasília: ele tá doido para vir, encontrar com o Moro e acabar com toda essa fantasia. Ele quer responder a todas as perguntas sem medo. Está mais do que claro que não tem provas e que essas acusações são um grande circo para impedir a eleição de Lula em 2018”, afirmou Gilberto Carvalho.
O ex-ministro do governo Lula ainda afirmou que a notícia sobre o adiamento é uma tentativa de tentar desmobilizar os movimentos sociais e ligados ao PT que prometem realizar atos em Curitiba nos dias 2 e 3 de maio. “Eles sabem que no Brasil todo se organizam caravanas para vir à Curitiba. A mobilização vai ser grande. Nós não cancelaremos os atos, pois não acreditamos que o Moro vai fazer essa mudança. Até porque não tem nada concreto, a não ser o pedido do secretário de segurança”, esclarece Carvalho.
Carvalho também disse que vai tentar se reunir com o secretário de segurança do Paraná, Wagner Mesquita, e com o superintendente da Polícia Federal no Paraná, Rosalvo Ferreira Franco. O petista argumenta que os atos da militância são sempre pacíficos. “Não faz sentido esse medo. Nós queremos mostrar que quem vem pra cá são os lutadores do povo e pelos direitos dos mais pobres. A população de Curitiba vai acolher pessoas que defendem trabalhadores”, define.
De acordo com a advogada Tânia Mandarino, até agora o juiz Sérgio Moro não emitiu nenhum parecer sobre o adiamento do depoimento que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva deve prestar em Curitiba no dia 3 de maio. “A gente está monitorando a justiça federal do Paraná e até essa hora não tem nenhum despacho do juiz Sérgio Moro”, registra. A possibilidade do adiamento do depoimento do ex-presidente foi noticiado pela imprensa paulista. Ela surge após a Polícia Federal e a Secretaria de Segurança Pública do Paraná pedirem o adiamento do depoimento para o dia 10 de maio. A alegação é de que não houve tempo suficiente para preparar a segurança das pessoas.
Coletiva de imprensa
Nesta quarta-feira (22), às 11h, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná, representantes dos movimentos sociais envolvidos na organização da Jornada de Lutas realizam coletiva de imprensa para tratar da mobilização, o planejamento e organização dos atos.
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Manoel Ramires
Terra Sem Males
Foto: Joka Madruga
FOTOGRAFIA | Povos indígenas são atacados pela PM em Brasília
April 25, 2017 20:53Na tarde desta terça-feira, 25 de abril, indígenas de vários povos protestaram em frente ao Congresso Nacional e, ao tentarem entrar no prédio, foram atacados pela Polícia Militar, que atirou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar.
O grupo deixou cerca de 200 caixões pretos no local para simbolizar o “genocídio dos povos indígenas”, em uma crítica à bancada ruralista no Congresso.
Os indígenas participam do Acampamento Terra Livre 2017, mobilização nacional para cobrar direitos, demarcação de terras e políticas públicas para os povos tradicionais.
O protesto de hoje começou em frente ao Teatro Nacional, de onde saíram em marcha em direção ao Congresso usando roupas típicas, levando objetos tradicionais de suas tribos e faixas como dizeres como “Não ao retrocesso dos direitos indígenas” e “Retire os madeireiros das terras indígenas”.
As principais reivindicações da mobilização este ano são a retomada das demarcações de terras indígenas, o fortalecimento de órgãos de política indigenista como a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde; e o combate ao avanço da mineração em áreas indígenas, principalmente na Região Norte.
De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), 4 mil pessoas participaram da marcha.
Confira abaixo fotos da repressão policial:








Informações da EBC e fotos do repórter fotográfico Wilson Dias/Agência Brasil
Moro e as 10 perseguições a Lula
April 25, 2017 13:04O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) vem à Curitiba no dia 3 de maio. Ele deve prestar depoimento ao juiz federal Sérgio Moro. Na cidade, está sendo preparada uma grande manifestação em apoio a Lula. Também deve ser denunciada a perseguição que Moro faz ao ex-presidente, focando nele toda a operação Lava Jato e não tendo o mesmo rigor com tucanos ou com o atual governo de Michel Temer (PMDB). Sérgio Moro, inclusive, foi flagrado aos risos com o senador Aécio Neves (PSDB), alvo de cinco inquéritos pedidos pelo Ministério Público Federal, e com Michel Temer, no recebimento de medalha do Exército. Outro exemplo mais recente da parcialidade de Moro seria o fato de ele querer que Lula esteja presente nas 87 oitivas das testemunhas de defesa. O juiz alegou que se ele tem que “ouvir testemunhas” desnecessárias, Lula também terá.
Diante disso, o Terra Sem Males buscou 10 fatos no último ano em que Lula se considera perseguido pelo juiz, pela força tarefa da Lava Jato e pela imprensa. Confira.
1 – Condução coercitiva de Lula

A condução coercitiva do ex-presidente Lula e posteriormente a divulgação dos áudios para impedir a nomeação como ministro revela um caráter de autoritarismo de Sérgio Moro. O juiz, inclusive, pediu desculpas ao STF em 29 de março de 2016: “Diante da controvérsia decorrente do levantamento do sigilo, compreendo que o entendimento então adotado possa ser considerado incorreto. Solicito desde logo respeitosas escusas a este Egrégio Supremo Tribunal Federal”, escreveu o juiz.
Juristas renomados no Brasil criticaram o espetáculo criado com a condução. Ao “El Pais”, o ex-ministro da Justiça José Gregori classificou a ação desta sexta-feira como “exagero” e disse não conhecer “a figura da condução coercitiva sem que tenha havido antes a convocação”. Para Walter Maierovitch, ex-secretário Nacional Antidrogas, que também atuou durante o Governo FHC, a condução coercitiva de Lula foi “ilegal, surpreendente e preocupante”.
Confira aqui o vídeo da entrevista coletiva após Lula prestar depoimento para a PF.
2 – Depoimento na missa de sétimo dia de Dona Marisa

O juiz Sérgio Moro negou um pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para adiar as audiências marcadas após o falecimento de Dona Marisa, vítima de um AVC. Ele, inclusive, manteve a primeira audiência de instrução para 9 de fevereiro, data da missa de sétimo dia de Dona Marisa.
O juiz Sergio Moro respondeu que a morte não justifica a falta de preparo prévio da defesa de Lula: “O ex-presidente foi dispensado de comparecer nas audiências de oitiva de testemunhas e, de fato, não tem comparecido. Agregue-se que, tendo as testemunhas sido arroladas na resposta preliminar em 10/10/2016, é de se concluir a Defesa já teve suficiente para se preparar previamente para as inquirições em questão”. (GGN)
3 – Inocência Dona Marisa

O juiz Sérgio Moro negou a absolvição de Dona Marisa na investigação sobre o tríplex do Guarujá. Em sua primeira decisão, Moro argumentou que “pela lei e pela praxe, cabe, diante do óbito, somente o reconhecimento da extinção punibilidade, sem qualquer consideração quanto à culpa ou inocência do acusado falecido em relação à imputação”. A defesa de Lula protestou se baseando no artigo 397, inciso IV, do Código de Processo Penal, estabelece que o juiz deverá absolver sumariamente quando constatar a extinção da punibilidade do agente, cujas causas são justamente descritas no Código Penal. (Justificando).
4 – Obrigar Lula a comparecer aos 87 depoimentos

Foto: Lula Marques / AGPT
O juiz Sérgio Moro obrigou Lula a participar dos 87 depoimentos de defesa. Para ele, muitas das 87 oitivas são desnecessárias porque existiram várias desistências durante outra ação penal em que Lula responde em primeira instância, segundo Roger Pereira do Paraná Portal.
Por outro lado, a defesa de Lula apontou que a decisão de Moro é mais uma arbitrariedade contra o ex-presidente: “O juiz Sérgio Moro pretende, claramente, desqualificar a defesa e manter Lula em cidade diversa da qual ele reside para atrapalhar suas atividades políticas, deixando ainda mais evidente o lawfare [uso da Justiça para fazer perseguição política]”, acrescentou.
5 – Discussão com advogados – concurso para juiz

O juiz não gostou que os advogados de Antônio Palocci evitassem especulações sobre ilícitos entre o ex-ministro e a Odebrecht. Moro questionava o ex-diretor Fernando Sampaio Barbosa sobre sua opinião no recebimento de propinas. Irritado com a “obstrução”, o juiz disparou: “doutor faça concurso para juiz e assuma a condução da audiência, mas, quem manda na audiência é o juiz”. A resposta do advogado José Roberto Batochio foi imediata: “Vossa Excelência preste exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Cada um aqui cumpre o seu papel, tá certo?”.
A OAB-RJ e a Abracrim saíram em defesa do advogado, alegando que sua dignidade foi violada: “A vontade de agentes do estado, mal formados ou arbitrários, não se pode sobrepor às garantias asseguradas em textos legais”.
6 – Fabricando uma delação

O ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, havia inocentado Lula em junho de 2016. Esse seria um dos motivos para que seu acordo de delação premiada não fosse homologado. Após inocentar Lula, Léo Pinheiro foi condenado a 26 anos de prisão em novembro do mesmo ano. Somente agora, em abril de 2017, Léo Pinheiro tenta envolver Lula em um depoimento vazado antes mesmo pelas redes sociais. O ex-presidente da OAS, inclusive, afirma que não existe provas contra Lula porque esse pediu que fossem destruídas. No entanto, as provas contra Léo Pinheiro parecem não ter passado por “queima de arquivo”.
Para a defesa de Lula, Léo Pinheiro não apresentou provas, mas cumpriu com uma parte do script. “A prova de que a delação fabricada já estava até nas mãos da imprensa é que jornal Valor Econômico anuncia o depoimento horas antes de ele acontecer, assim como o blog de assessoria clandestina de imprensa dos procuradores da Lava Jato em todos os vazamentos ilegais que saem da equipe”, argumenta a defesa do ex-presidente.
7 – Lula denuncia Moro à ONU

Diante do que considera perseguição, a defesa do ex-presidente Lula foi à Organização das Nações Unidas (ONU) denunciar o que chama de “lawfare”, que é a tentativa da imprensa e da justiça de criar a sensação de culpa de Lula junto à população.
A ONU aceitou a denúncia e pediu que o governo se explique sobre a perseguição ao ex-presidente.
8 – Parcialidade de Moro

A Frente Brasil Juristas pela Democracia divulgou nota em 3 de abril afirmando que o juiz de primeira instância do Paraná Sérgio Moro não possui a imparcialidade necessária para julgar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar disso, o magistrado é responsável pelo julgamento em primeira instância de dois processos que envolvem Lula.
De acordo com a nota, “Os exemplos da parcialidade do juiz Sérgio Moro são inúmeros e intermitentes, maculando concretamente a possibilidade de realização de um processo justo”.
A nota ainda aponta o que seria um ato de parcialidade: “A famosa fotografia de Padgurschi (Diego Padgurschi/Folhapress), flagrando a proximidade do Juiz Sérgio Moro com a alta cúpula de partidos políticos de oposição ao Partido dos Trabalhadores, corrobora com a tese da impossibilidade moral e jurídica de atuação imparcial”.
9 – Dallagnol e o Power Point

Uma das frases mais emblemáticas de toda a Operação Lava Jato foi proferida pelo procurador Daltan Dallagnol. Após apresentação de power point, ele disse que “não temos provas, mas convicção” sobre a culpa do ex-presidente Lula. O procurador ainda disse que Lula seria o “comandante máximo do esquema de corrupção identificado no petrolão”, mesmo tendo se beneficiado supostamente com uma chácara, um barquinho de metal, dois pedalinhos e um apartamento no Guarujá.
A afirmação de chefe de quadrilha é derrubada após o ministro do STF Edson Fachin levantar o sigilo de delações. Na sequência, aparecem nomes como Michel Temer recebendo mais de 40 milhões de dólares, Aécio Neves indiciado cinco vezes e José Serra, recebendo propina no exterior. Teoricamente, só o valor da propina do ex-ministro das relações exteriores de Temer, José Serra, compraria 13 tríplex no litoral paulista.
10 – Globo/Noblat e a perseguição midiática a Lula

No fim de 2016, o blogueiro Ricardo Noblat disse que Moro condenaria Lula, mas não mandaria prendê-lo. Perguntado de como teria esse “furo”, que significa notícia exclusiva e em primeira mão no jornalismo, o blogueiro desconversou. Já em fevereiro de 2017, foi noticiado que a Globo News e a Rede Globo criariam uma força tarefa para achar todas as menções ao ex-presidente Lula e a Dilma Rousseff quando o ministro Edson Fachin levantasse o sigilo das delações.
“Fachin vai liberar todos os vídeos das delações [da Odebrecht] de uma só vez. Não dará tempo de decupar [analisar e editar] as imagens… Você vai liderar uma força-tarefa em Brasília. Sua equipe vai assistir a todos os vídeos das delações. Assim que ouvirem “Lula” ou “Dilma”, coloquem no ar, na hora, ao vivo”, descreve o blog de Eduardo Guimarães, que descobriu a condução coercitiva de Lula e também foi preso da mesma maneira pelo juiz Sérgio Moro para ser forçado a revelar a fonte de sua informação.
Verdade ou não, desde a delação, o Jornal Nacional dedicou mais tempo abordando o ex-presidente Lula com informações requentadas do que com os fatos novos como as delações contra Aécio Neves, Romero Jucá e Michel Temer que, inclusive, admitiu que Eduardo Cunha aceitou o pedido de impeachment após o PT não salvá-lo no conselho de ética. Nos últimos dias, Lula é alvo de 33 minutos de matérias. Aécio Neves 9 minutos. Já Temer, apenas 5 minutos com boa parte do tempo dele se defendendo.
Por Manoel Ramires
Terra Sem Males
Em luta histórica, prisioneiros palestinos convocam apoio mundial
April 25, 2017 12:07Quase um milhão de palestinos e palestinas passaram pelas prisões de Israel desde o estabelecimento do Estado, em 1948, estimam associações palestinas. Mas esta história remonta ainda à colonização britânica da região, com casos como o de Hassan Al-Labadi, por mais de 40 anos enterrado no cárcere. A greve de fome anunciada há uma semana por prisioneiros palestinos manifesta a resistência persistente e o fortalecimento da causa nacional por libertação.
Hassan Al-Labadi foi um xeique que ficou suspenso nas memórias da Nakba, a catástrofe palestina feita de massacres, destruição e exílio em que se consolidou a fundação do Estado de Israel. Intelectual e Imã da mesquita de Abu Dis, em Jerusalém, o xeique foi preso em 1939, conta o historiador Nazmi al-Jubeh, durante a revolta palestina de 1936-1939 contra a colonização britânica e sua aliança com o projeto sionista. Naquele dia, os palestinos protegiam a mesquita Al-Aqsa de uma invasão, quando o xeique teria matado um oficial britânico.
Conta Al-Jubeh que a família perdeu contato com o xeique quando se viu separada da prisão em que ele estava encarcerado pela nova fronteira do Armistício, vivendo no que passou a ser chamado “Cisjordânia”, território controlado pela Jordânia até a ocupação israelense em 1967. Não foi até o início dos anos 1980 que a família o voltaria a reencontrar sem, porém, vir a entender o destino de Hassan. Ele tinha a própria memória congelada no tempo da catástrofe, embora, então idoso, já cumprisse quatro décadas aprisionado. E esta história não tem desfecho.
O contínuo encarceramento é parte da tática que Laleh Khalili identifica como uma forma de controle populacional por potências imperiais e coloniais através da detenção e da contrainsurgência. Em seu livro “Tempo nas Sombras, Confinamento em Contrainsurgências” (Time in the Shadows, Confinement in Counterinsurgencies, 2013, ainda sem tradução para o português), Khalili aborda o contributo de um consultor do Mandato Britânico na Palestina na elaboração de um sistema de colaboração com os sionistas através de patrulhas conjuntas durante a revolta palestina (1936-1939), o que incluía o ataque a vilas palestinas como punição (coletiva) pela ou ameaça e alerta contra a participação na revolta.
A centralidade da luta dos prisioneiros
Em declaração conjunta emitida recentemente, o Comitê Palestino de Assuntos dos Prisioneiros, a Sociedade dos Prisioneiros Palestinos (PPS, na sigla em inglês) e o Birô Central Palestino de Estatística (PCBS) estimam que desde o estabelecimento do Estado de Israel, quase um milhão de palestinos já passaram por suas cárceres.
Atualmente há cerca de 6.300 palestinos e palestinas – 300 deles, crianças – encarcerados em mais de 20 prisões e centros de detenção e de interrogatório esparramados por todo o território ocupado ou em Israel – reitere-se, este tipo de transferência populacional, mesmo que de detidos, do território ocupado para o território da potência ocupante, é uma violação do Direito Internacional Humanitário.
A percepção da liderança israelense é de uma “ameaça” no anúncio de greve de fome generalizada, no último Dia do Prisioneiro, 17 de abril, com a participação de quase dois mil presos e presas, que alertam contra a alimentação forçada já praticada antes e possivelmente iminente. De qualquer forma, o Serviço Prisional Israelense já anunciou um “estado de emergência” nas prisões.
O principal “risco” é o fortalecimento de uma unidade nacional em torno da resistência e do brado de que a situação é insustentável. A greve de fome, como a revolta, não tem data para acabar. Tem demandas fundamentais de dignidade e direitos humanos, mas traz consigo o potencial da insurgência generalizada contra o estado das coisas.
Marwan Barghouti, o líder e parlamentar do Fatah preso há 15 anos que publicou um artigo sobre a greve no diário estadunidense The New York Times, foi punido com a solitária e o diário, repreendido, pelo que se retratou rapidamente com uma nota no rodapé do seu texto “esclarecendo” que Barghouti é acusado de assassinato e por isso está preso. Nenhum “esclarecimento” do gênero se encontra em notas nos rodapés de textos de criminosos de guerra também publicados ali, nem do contexto da resistência palestina, denunciam diversos autores.
Apesar da intensificada repressão nas ruas e nas prisões – com diversos prisioneiros sendo confinados em solitárias como punição por sua posição desafiante – a mobilização se sustenta, internacionalizada na solidariedade ou no alerta midiático para uma “possível escalada das tensões”.
O protesto tem força nacional. Por isso a saudação da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), “a cada prisioneiro, heróis e heroínas das batalhas da vontade e da resiliência, … aos prisioneiros enfermos, detidos administrativamente e líderes aprisionados, liderados pelo secretário-geral encarcerado, camarada Ahmad Sa’adat, Marwan Barghouti, Hassan Salameh, Wajdi Jawdat, Anas Jaradat, Bassam Kandaji e a longa fila de líderes que representam a luta nacional e a causa dos prisioneiros.”
A ação convoca também ao aumento do respaldo internacional. O apelo é para que “os apoiantes da justiça em todo o mundo ajam em apoio aos prisioneiros palestinos cujos corpos e vidas estão em risco pela liberdade e a dignidade,” segundo Addameer. O potencial de unidade nacional – esperança que a liderança israelense se esforça por minar – é o maior temor de um regime de ocupação militar, colonialismo e massacres que não pode mais se sustentar.
Por Moara Crivelente, doutoranda em Política Internacional e Resolução de Conflitos e diretora de Comunicação do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz).
São José dos Pinhais é palco de Festival Infantil de Capoeira
April 25, 2017 11:57Festival vai reunir cerca de 300 crianças e jovens praticantes do esporte e contará com a participação de grandes nomes da capoeira no Brasil.
No próximo dia 29 de abril, sábado, a partir das 9 horas, acontece em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, mais uma edição do Festival Infantil de Capoeira Deixa o Menino Jogar, promovido pela Associação Deixa o Menino Jogar – ONG que desenvolve trabalhos sociais com crianças e jovens de comunidades carentes por meio da prática da capoeira e da valorização da cultura afro-brasileira – e pelo Grupo Capoeira Brasil PR, ambos coordenados pelo Formado Robson Pinheiro, professor de capoeira responsável pelo grupo no Estado.
A programação conta com palestras, oficinas, contação de histórias, apresentações culturais e terá como tema “Manoel dos Reis Machado – Mestre Bimba”, capoeirista baiano mundialmente reconhecido por profissionalizar o ensino e a prática da capoeira como esporte nacional. Dentre os convidados para palestrar e ministrar as oficinas, estarão o Mestre Malla, de Primavera do Leste-MT, que falará sobre “Superação, a capoeira sem limites”; o Mestre Senzala, de Palhoça-SC, que ministrara a oficina “Berimbau de bambu”; e Mestre Itapoan, de Salvador-BA, ex-aluno de Mestre Bimba e que irá contar sobre sua experiência como discípulo de um dos grandes mestres de capoeira da história.
“Esta será uma grande oportunidade de discutir a inclusão social de crianças e jovens por meio do esporte, promover o desenvolvimento social humano da comunidade, além da possibilidade de trocar experiências com grandes referências da capoeira”, afirma Robson Pinheiro, coordenador do evento.
O IX Festival Infantil Deixa Menino Jogar acontece no Ginásio Max Rosemann, na Avenida Rui Barbosa, 4997, em frente ao terminal rodoviário do Bairro Afonso Pena, e conta com apoio da Companhia Paranaense de Energia (Copel), por meio do edital Profice 2017, Governo do Estado do Paraná e Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais.
Capoeira Fazendo Escola
Nos dias 27 e 28 de abril, também no Ginásio Max Rosemann, a partir das 19 horas, acontece um evento de preparação para o IX Festival Infantil Deixa o Menino Jogar, que é o Capoeira Fazendo Escola. Voltado para adultos, esse evento visa preparar professores de capoeira que já desenvolvem trabalhos com crianças, assim como os alunos aspirantes, a trabalharem com a metodologia de ensino da capoeira.
As oficinas abordarão a capoeira no universo infantil, brincadeiras lúdicas, jogos de atenção, de flexibilidade, entre outros, com profissionais renomados na prática do esporte de diferentes localidades como Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Cuiabá e Curitiba. Esse evento é realizado pela Associação DMJ, Grupo Capoeira Brasil – PR, com o apoio da Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais.
Mais informações sobre os eventos ou como apoiar essas ações, visite o site www.deixaomeninojogar.com, ou entre em contato pelos telefones (41) 3384-6214, (41) 98404-9777, (41) 99108-4993, ou pelos e-mails duendegcb@gmail.com, robsonduende@hotmail.com.
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Aldy Coelho
Deixa o Menino Jogar
Municipais de Curitiba entram na greve geral do dia 28
April 25, 2017 10:17Em assembleia, servidores decidiram realizar ato conjunto em maio contra pacotaço do prefeito Rafael Greca.
“Os servidores municipais de Curitiba, em sua totalidade, deliberaram por aderir à greve nacional. Ela é convocada pelas centrais sindicais no dia 28 contra a terceirização, reforma da previdência e reforma trabalhista”, afirma Irene Rodrigues. Essa foi a decisão final dos trabalhadores que se reuniram na noite do dia 24 em assembleia geral reunindo os cinco sindicatos. A decisão entende que é necessário pressionar o governo federal contra medidas que retiram direitos do conjunto da classe trabalhadora.
Outra decisão importante é aumentar a pressão pela retirada do Pacote de Maldades do prefeito Rafael Greca (PMN), que tramita na Câmara Municipal de Curitiba. Para isso será realizado um grande ato no dia 8 de maio, além de indicativo de greve para o dia 15 do mesmo mês.
“Nós estaremos no dia 8 com um ato conjunto dos sindicatos. Nosso indicativo de greve é o dia 15. Até lá, nós vamos fortalecer os ambientes de trabalho, vamos debater com nossa categoria nos coletivos para que essa greve aconteça de uma forma unificada e forte”, complementa Irene Rodrigues.

A data do dia 15 para início da greve geral leva em consideração o calendário da Câmara Municipal de Curitiba. Nesse sentido, ficou definido que caso os vereadores antecipem a votação, a greve pode ser antecipada.
O pacotaço de Rafael Greca prevê a mudança da data-base de 31 de março para 31 de outubro, congela plano de carreiras, cria uma lei de responsabilidade fiscal que esmaga salários e inibe reajustes salarias acima de 70% do que foi arrecado na receita corrente líquida. O prefeito ainda pretende cortar vale alimentação mensal de servidores que faltaram um dia sem justificativa. Contra a população, o prefeito quer cobrar IPTU de famílias pobres que eram isentas, além de aumentar a taxa, e cobrar taxa de lixo desses. Greca ainda aumenta o imposto para transferências imobiliárias até R$ 300 mil, atingindo em cheio a classe ligada ao Minha Casa, Minha Vida. Nesse projeto, o prefeito não aumenta impostos para os imóveis acima de R$ 300 mil, que atingiria a camada mais rica da população.
Para a vereadora professora Josete, que esteve na assembleia, é possível impedir que o pacotaço seja aprovado na CMC. “Já estamos em dez vereadores [na oposição] e podemos conquistar mais dez. Tendo vinte, podemos derrubar esse pacote. Então, vamos à luta e nenhum direito a menos”, incentiva a vereadora.
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Manoel Ramires
Terra Sem Males
Fotos: Léo Silva
Bispo de Crato chama os fiéis para a luta contra a reforma da previdência
April 21, 2017 14:34Massacre deixa pelo menos 10 mortos na área rural de Colniza (MT)
April 20, 2017 19:39Segundo informações preliminares, pelo menos 10 pessoas foram mortas no fim da manhã desta quinta-feira (20), na Gleba Taquaruçu do Norte, localizada na área rural do município de Colniza (1.065 quilômetros de Cuiabá). O massacre acontece na semana do 17 de abril, quando é lembrado o massacre de Eldorado dos Carajás (PA), que vitimou 19 trabalhadores sem terra.
Testemunhas informaram que há pelo menos dez mortos, além de diversas pessoas feridas e outras desaparecidas. Entre as vítimas, há crianças, adolescentes e idosos. A Gleba é marcada por conflitos e violências há mais de 10 anos. Outros assassinatos e agressões já ocorreram no local. Investigações da Polícia Civil, feitas há dois anos, apontaram que os gerentes das fazendas na região comandavam uma rede de capangas, altamente armados, que usavam do terror para que a área fosse desocupada pelos pequenos produtores.
As polícia civil e militar de Colniza (MT) já foram para o local. A PM de Guariba, há cerca de 100 quilômetros da área, foi a primeira a atender a denúncia e confirmou as mortes, apesar de ainda não divulgar o número exato.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou nessa semana o seu relatório anual, Conflitos no Campo Brasil 2016, em que destacou os 61 assassinatos ocorridos no ano passado, o maior número já registrado desde 2003. Em 2017, a entidade já havia registrado 10 assassinatos em conflitos no campo.
LEIA TAMBÉM: Conflitos no Campo Brasil 2016
Histórico do Conflito
Em junho de 2004, as famílias do P.A. Taquaruçu do Norte foram expulsas do assentamento por homens fortemente armados e que teriam destruído suas plantações. Na área estavam assentadas 185 famílias. O suspeito pela expulsão dizia ter comprado as terras. O Juiz de Direito da Comarca de Colniza concedeu reintegração de posse (no Processo nº 536/2004), em benefício da Cooperativa Agrícola Mista de Produção Roosevelt, a Cooperosevelt. A cooperativa de trabalhadores rurais, ao ingressar com a ação, teria argumentado que desde o mês de outubro de 2002 possuía a posse de uma área do Assentamento Roosevelt, a Gleba Taquaruçu do Norte, com 42.715 hectares, localizada no quilômetro 170 da Rodovia do Estanho, no município de Colniza, onde exercia atividades agrícolas.
Em 2007, pelo menos 10 trabalhadores foram vítimas de torturas e cárcere privado. Os responsáveis pelas violências são fazendeiros que atuam na região de Colniza em associação com uma organização que atua especificamente na extração de madeira ilegal onde se localiza o P.A. Taquaruçu. Ainda em 2007, no mês de janeiro, o agricultor Gilberto Ivo da Rocha foi assassinado. Em abril, mais dois agricultores, João Pereira de Andrade e Olivar Ferreira Melo também foram assassinados. Os suspeitos pelas mortes são da mesma associação de pistoleiros.
Por Cris Melo
Comissão Pastoral da Terra
O fingimento da imprensa
April 20, 2017 17:43O brilhante texto do advogado eleitoralista e criminalista, Djefferson Amadeus, “Moro finge que não está fingindo que está fingindo que prenderá Lula”, no site Conjur, pode ser estendido para todos os demais atores políticos do campo interessado no golpe, inclusive e, principalmente, a imprensa. A consequência é uma sociedade robotizada e imbecilizada que brada, a plenos pulmões, que é a favor do abuso de autoridade.
O editorial do jornal “Folha de S. Paulo”, desta quinta-feira (20), é um primor de fingimento de que não finge que fique que é imprensa. O jornal mente, ao atribuir ao Partido dos Trabalhadores (PT) o fortalecimento de um antiquíssimo esquema de corrupção, na Petrobras, quando, na realidade, esse esquema foi combatido justamente pelo PT, como ficou revelado não apenas no depoimento de Marcelo Odebrecht, mas pelo placar de partidos envolvidos no referido esquema.
Ato intrínseco da sua genética autoritária e julgadora, a Folha acusa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como se houvesse alguma prova contra o presidente, além de delações de presidiários desesperados por liberdade. Ela finge que não protege Moro para detratar quem defende o presidente Lula, classificando esses como extremistas. De extremismo ela entende, apoiou a ditadura militar de 1964, defende a Lava Jato sob todas as coisas com a mesma intensidade que detrata Lula e o PT.
Finge que informa para confundir o leitor, ao circunscrever a operação Lava Jato no âmbito jurídico, afastando-a do proselitismo político, como se ela não fosse um processo política em andamento. Critica o maniqueísmo como se ela mesmo não o fosse, ao apresentar a Lava Jato como paraíso e Lula e o PT como infernos. Um jornal que não cobrou de Temer a confissão do golpe, em entrevista à TV Bandeirantes.
Tenta afastar Moro do proselitismo político, mas desvia o olhar para o protagonismo midiático de um juiz que se presta a usar redes sociais para pedir apoio e não cobra dele por participar de lançamentos de livros de jornalistas alinhados e ser fotografado em convescotes com investigados pela operação que dirige?
Protege com unhas e dentes um juiz que agiu ao arrepio da Lei, ao divulgar conversa captada ilegalmente de agente público com foro privilegiado. Um juiz que exige a presença nas 87 oitivas de testemunhas de defesa do acusado. Se isso não é protagonismo político, é o quê? Aliás, uma política rasteira e infantil.
Quanto à irrealidade condenada pelo jornal, é o que ele passa, como se o País vivesse a plenitude de suas instituições, como se a democracia vigorasse e a economia desse sinais de reação positiva. Furor foi o que o jornal ajudou produzir, com uma cobertura enviesada, na qual o ódio foi um dos sentimentos produzidos pelo uso contínuo de ataques ao PT, a Lula, às esquerdas e à política de uma forma geral.
Por Guilherme Silva
Terra Sem Males, de Brasília-DF
Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males