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Terra Sem Males

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abril 3, 2011 21:00 , por Desconocido - | No one following this article yet.

Porcos felizes

mayo 27, 2016 12:53, por Terra Sem Males
Manoel Ramires
Coluna Avanti Palestrinos
Terra Sem Males

A data de ontem, 26 de maio, não tem sido muito alegre nos últimos anos. É certo que o gosto amargo varia de ano a ano, nem sempre sendo um em seguido do outro. Muitas vezes essa data, ou ao que ela está associada, passa em branco, sem desilusões para a gente.

E o 26 de maio, por vezes, pode ser lembrado em outros dias do ano, a depender do calendário cristão. Mas não, não estou falando de fé, embora fale de crença também. Apenas tenho ativo na memória que o feriado de Corpus Christi sempre traz à tona, no futebol paulista, a piada do Porcus Tristes. Brincadeira essa associada a alguma derrota do Palestra na véspera ou na data da comemoração religiosa. Nesses tempos, somos servidos à galhofa dos adversários.

Mas em 2016 a ladainha é bem diferente. Hoje se comemora o dia de Porcus Felizes.  Festa que teve início ontem, com romaria de quase 30 mil pessoas ao nosso santuário, temporariamente conhecido como Allianz Parque. Lá, em coro, os milhares de fiéis entoaram cânticos de louvor, acompanhados por milhões de crentes que acompanharam a missa alviverde pela televisão.

E na cancha, no tapete sagrado esmeraldino, se impôs os símbolos de nossa história centenária: habilidade, raça, glória, dignidade e glórias. Pelo tapete, nossos sacerdotes, vestindo a bata de Savóia, jogaram bem e conquistaram mais uma vitória.

Destaque para os sacerdotes Vitor Hugo, a muralha, e Alecsandro, o prudente, que leram os salmos gloriosos dos gols em nosso nome. Depois disso, 26 de maio, ou data de porcus felizes, é comemorada com a família palmeirense na certeza de que a nossa felicidade não deve ser motivo de inveja entre os ímpios.

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Pela retomada da função social do jornalismo

mayo 21, 2016 19:18, por Terra Sem Males

Por Paula Zarth Padilha
Pensamentos imperfeitos
Terra Sem Males

Na última terça-feira, 17 de maio, ficou pronta a 5ª edição impressa do Terra Sem Males. O jornal é a nossa “menina dos olhos” nesse projeto tão amplo, e ao mesmo tempo simples, que abrange o jornalismo independente transformado em comunicação popular. Independente porque não temos viabilização financeira. Tudo o que fazemos é voluntário, por iniciativa própria ou com o apoio de entidades e pessoas. O que tem se ampliado dia após dia também é o apoio de amigos, de comunicadores populares, que acreditam na função social do Terra Sem Males, que fazem parcerias para ajudar na produção de conteúdo e na distribuição de jornal.

Eu sou jornalista por formação há 13 anos, mas somente a partir de minha inserção no Terra Sem Males, em fevereiro de 2015, me sinto, de fato, com o mesmo sentimento daquela jornalista que eu vislumbrava ser nos tempos de estudante, que sonhava em fazer o jornalismo literário, em trabalhar em alguma redação de jornal, mas que passou mais de dez anos no limbo de empregos na área sem qualquer compromisso com fazer mais do que informar seu público alvo.

Comecei no Terra Sem Males a convite do repórter fotográfico Joka Madruga, meu namorado e companheiro, idealizador do projeto e que tentou diversas vezes, segundo me contou, o apoio de jornalismo de texto com alguns colegas, mas nunca tinha dado certo. E estava escrito que tinha que ser eu. Não sei em que momento minha dedicação começou a ser recompensada. Para mim, para o que eu quero do jornalismo, e para que o Terra Sem Males criasse pernas. Mas eu sei em que momento minha vida começou a se transformar através do fazer jornalismo.

Enumero três coberturas que fiz com os olhos, com o sangue, com o suor e com o coração. Entre uma produção de conteúdo rotineira e outra, fomos parar na Ocupação Tiradentes, na Cidade Industrial de Curitiba, uma ou duas semanas depois que ela se constituiu. Fomos acompanhar uma passeata e uma assembleia dos moradores de lá, unidos com as famílias das ocupações 29 de março e Nova Primavera. Saímos de lá com a bonita abordagem Retratos da Luta pela Moradia em Curitiba. Foi nesse momento que o jornalismo literário, enraizado na função social, me chamou para nunca mais me soltar.

Eu não faço reportagem genuinamente de campo tanto quanto gostaria. Morro de orgulho e sofro na mesma proporção quando Joka sai de casa para desbravar o brasilzão sem me levar. Não me leva porque também tenho raízes aqui em Curitiba. Tenho minha filha pequena para criar (que nos acompanha nas pautas, atos, reuniões, lançamentos de livro, eventos, mobilizações), porque tenho meu emprego fixo, que é muito necessário, e porque os projetos que ele encaminha sem mim são autorais da fotografia, que eu ajudo no suporte de texto da melhor forma que consigo, e que no final das contas também nos brinda com mais edições de Terra Sem Males impressos.

O segundo momento que gostaria de compartilhar, que me levou para um mundo paralelo, foi acompanhá-lo num trabalho fotográfico na Feira de Sementes Crioulas de Mandirituba (PR). O mundo da comida sem veneno, da agricultura familiar, do engajamento de crianças, adultos e idosos em prol da alimentação. Desse dia, escrevi também com o coração a matéria Agroecologia: Guardiões das Sementes preservam a pureza dos alimentos. Foi um domingo de agosto ensolarado e em que fui recompensada com uma entrevista exclusiva com o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Perez Esquivel. Publiquei um pouco sobre Esquivel na ocasião, mas a gente achou que a entrevista iria num impresso, então ela ficou também exclusiva nos arquivos do Terra Sem Males até mês passado, quando Esquivel retornou ao Brasil e decidimos publicar: Adolfo Perez Esquivel: “Para Mim A Militância É Todo Dia”.

Nesse um ano e meio foram muitas coberturas recompensadoras, algumas entrevistas que tiveram maravilhosa repercussão para o site e para o projeto, que é levar a informação mais longe, ultrapassar as barreiras do Paraná, sermos ferramenta de mobilização onde precisarem que a gente esteja.

Ah, mas essa semana… Tenho em mãos a tão sonhada edição impressa com o jornal sobre a importância da reforma agrária para milhares de famílias que se inserem no também, pra mim, mundo paralelo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Fomos recebidos no acampamento Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu (PR), no acampamento Herdeiros da Terra, em Rio Bonito do Iguaçu (PR) e no assentamento Celso Furtado, também em Quedas, para tentar contar um pouco sobre a motivação dessa luta.

Para mim, são guerreiros, pois a luta não é só pela moradia digna, pela terra fértil para plantar e gerar alimentos, mas é também contra a violência de todos. Seja governamental, de moradores da região, de populações inteiras. A aceitação do movimento é para poucos. O desconhecimento sobre a luta pela comida sem veneno, pela justa distribuição de terra, a intensidade da formação educacional, a coletividade dentro dos acampamentos. Tudo é desconhecido e tudo se torna arredio para quem não faz questão de conhecer.

A construção da pauta do jornal foi difícil. De fevereiro até aqui dois sem terra foram executados numa emboscada policial. No mesmo dia que ia para as ruas uma matéria que escrevi sobre o acampamento Dom Tomás para a revista Ágora. Triste coincidência, mas que nos impulsionou para correr atrás e imprimir nosso jornal.

Eu não cito aqui toda a militância que nos envolveu desde fevereiro de 2015, não cito a quantidade de reportagens fotográficas que Joka Madruga nos brindou nesse tempo, os demais jornais impressos temáticos, produzidos também com reportagens in loco. Mas para mim, o Terra Sem Males é tudo isso. É a retomada da função social do jornalismo em minha vida.

Se você quiser colaborar com o projeto, Joka Madruga lançou recentemente a campanha “fotos para decorar”.

 

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MST libera rodovias após três dias de bloqueios no Paraná

mayo 20, 2016 17:45, por Terra Sem Males

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) liberou na tarde de sexta-feira, 20 de maio, as rodovias de Tamarana, Nova Laranjeiras, Faxinal, e as praças de pedágios em Mandaguari e Arapongas, que estavam ocupadas desde quarta-feira (18), no Paraná.

As mobilizações iniciaram quando a Polícia Militar do estado, a mando de Valdir Rossoni, secretário Chefe da Casa Civil do Paraná, realizou o despejo das 1,2 mil famílias do Acampamento Sebastião Camargo, localizado na ocupação Fazenda Santa Maria, em Santa Terezinha do Itaipu. Os donos da área foram citados nas delações do doleiro Alberto Youssef e do lobista Fernando Moura, durante as investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, por desvio de dinheiro público na Petrobrás.

Os trabalhadores Sem Terra se mobilizaram para denunciar a violência com que o governo do estado, com o aparato policial, vêm tratando a Reforma Agrária, como os dois assassinatos, em emboscada, de Vilmar Bordim, 44 anos, e Leonir Orback, 25 anos, no acampamento Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu, e o despejo truculento em Santa Terezinha. Além disso, eles cobram um plano para assentar as 10 mil famílias acampadas no Paraná.

A liberação das rodovias e pedágios só aconteceu após a definição de uma audiência, marcada para a próxima quarta-feira, 25 de maio, com o governador Beto Richa, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e com governo federal.

Na quarta-feira (18), o MST divulgou uma nota oficial, onde coloca que os atos de violência vividos atualmente no Paraná, são muitos semelhantes aos do segundo mandato do ex-governador Jaime Lerner (1999 a 2003), quando centenas de famílias do MST passaram a ser aterrorizadas, torturadas, ameaçadas, além de registros de mais de 120 despejos, cerca de 470 prisões arbitrárias e 16 mortes de membros do Movimento.

Confira a nota:

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vem a público informar e denunciar que na manhã dessa quarta-feira (18/05), 650 Policiais Militares se deslocaram para o município de Santa Terezinha do Itaipu, região oeste do Paraná, a mando do Governo do estado, Beto Richa, e do Secretário Chefe da Casa Civil do Paraná, Valdir Rossoni, para despejar as famílias do Acampamento Sebastião Camargo, assim batizado a ocupação na Fazenda Santa Maria.

A fazenda ocupada em março deste ano por 1,2 mil famílias Sem Terra, pertence aos irmãos Licínio de Oliveira Machado Filho, presidente da Etesco, e a Sérgio Luiz Cabral de Oliveira Machado, ex-presidente da Transpetro, ambos envolvidos no desvio de dinheiro público na Petrobrás, citados nas delações do doleiro Alberto Youssef e do lobista Fernando Moura, durante as investigações da Operação Lava Jato, da Policia Federal. Com o despejo o Governo do Estado rompeu unilateralmente o acordo que previa uma solução para as famílias acampadas nos próximos 90 dias.

A mesma Polícia Militar do estado do Paraná, que realiza essa ação a mando do Rossoni, assassinou em emboscada, no dia 07 de abril desse ano, a tiros de pistola e fuzil pelas costas, os integrantes do MST, Vilmar Bordim, 44 anos, e Leonir Orback, 25 anos, no Acampamento Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu, área decreta publica pela justiça federal. A Polícia também feriu, gravemente, outros dois integrantes do Movimento, Pedro Francelino e Henrique Gustavo Souza Pratti.

Esses casos recentes de violência contra trabalhadores Sem Terra, por parte do Governo do Paraná, Policia Militar e Policia Civil, são muito semelhantes aos vividos no segundo mandato do ex-governador Jaime Lerner (1999 a 2003), onde centenas de famílias do MST passaram a ser aterrorizadas, torturadas, ameaçadas, foram mais de 120 despejos, cerca de 470 prisões arbitrárias e 16 mortes de membros do MST. Era uma política orquestrada pela elite paranaense, que se apropriou do aparelho de repressão do estado, em aliança com o poder judiciário e a mídia, atendendo os interesses dos fazendeiros proprietários de terras, com o objetivo de criminalizar e desmoralizar a luta pela Reforma Agrária, onde a luta pela terra foi tratada como questão policial e não uma questão social. A violência tão barbara que a Organização das Nações Unidas (ONU) condenou o Brasil e o Governo do Paraná por crimes contra Direitos Humanos.
Com o aumento da violência cometida pelo Governo do Paraná em 2016, com assassinatos em Quedas do Iguaçu, e o despejo na Fazenda Santa Maria, em Santa Terezinha do Itaipu, coloca o Paraná, mais uma vez no cenário de violência contra os trabalhadores Sem Terra, e o Governo Beto Richa assume a postura de instrumentalizar a violência na medida que delega para Valdir Rossoni, secretario chefe da casa civil, a condução politica da Reforma Agrária, atendendo os interesses dos fazendeiros e financiadores de suas campanhas eleitorais, rompendo quatro anos de uma condução pacifica de dialogo vitorioso.

Esperamos que o Governador Beto Richa, assuma para si a condução política da Reforma agrária em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e Governo Federal, norteada pelo dialogo na busca de soluções para os conflitos agrários paranaenses.

Para isso o MST propõe:

– O imediato afastamento do Secretario Chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, e da Policia Militar no tratamento da questão agrária. Chega de violência, prisão, assassinatos e despejos.

– Que o Governo Estadual, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) do Paraná e Nacional, abram o dialogo e busquem um plano para assentar as 10 mil famílias acampadas no Paraná.

– Alertamos as autoridades estaduais que, os governos que utilizaram do aparelho do Estado para reprimir os problemas sociais ficaram marcados na história como bárbaros, tiranos, sanguinários e violentos, e que nem por isso conseguiram sufocar e enfraquecer a luta dos camponeses para o acesso a terra, a produção de alimentos saudáveis, a educação, e a garantia de outros direitos sociais e humanos.

Fonte: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

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Sem travas baixas

mayo 20, 2016 17:35, por Terra Sem Males

Por Manoel Ramires
Avanti Palestrinos
Terra Sem Males

Não tem que ter vergonha de se orgulhar da macarronada com almôndegas poderosas e de tomar vinho da colônia. Tem que exaltar a tradição e destacar o bom ambiente na família. Afinal, a frequência com que não se tem confusão dentro da turma é baixa.

Da mesma forma, não tem essa de entrar de chuteira de travas baixas e com muita humildade no jogo contra a Ponte Preta. O verdão não é time de salto alto, nunca foi. Todavia, tem que impor respeito em seu segundo jogo pelo Brasileiro. Tem que estufar o peito, lustrar o escudo e ir em busca da vitória gloriosa.

A goleada diante do furacão animou a torcida e gerou desconfiança entre os críticos. Eles não esperavam por um início tão bom na nossa cantina, com entrada, boa variação de pratos e molhos e com sobremesa fruto de “receita da nona”. Embora tenha apresentado melhor futebol da primeira rodada, muitos quiseram dar apenas três estrelinhas e gastaram mais tempo falando de futebol cachorro quente e marmita do que da lasanha palmeirense. Não tem problema, pois o público palmeirense não janta de acordo com indicações de críticos.

O palestrino sabe onde ir e está com apetite de vitória. Está otimista com a mesa posta pelo mestre Cuca, o prato já sai do forno, servido pelo craque Xavier enquanto a tarantela vai ser cantada com orgulho e satisfação pela rapaziada do ataque. É ir para cima deles e sem “travas baixas”.

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O sumiço do Diabolô

mayo 20, 2016 15:42, por Terra Sem Males

Por Regis Luís Cardoso
LP – Crônicas musicais
Terra Sem Males

Capítulo I – Inocentes

Dionísio e ‘Porco Fumo’ estão preocupados. A bem da verdade é que estão desesperados! Uma dupla sem rumo.

Mas esse desespero todo tem um motivo: o sumiço do Diabolô.

– Porra ‘PF’, quantos dias já deu?

– Deu o quê?

– Os dias…  – respondeu Dionísio.

– Sei lá.

Eles falavam sobre o tempo de sumiço do Diabolô, dono do boteco favorito da dupla.

“Será que tem alguém  que sente falta de mim?”, pensava Diabolô, pitando seu cigar.

Da janela de um apartamento perto da rodoviária de Brasília, aquele homem se preparava pra voltar.

Diabolô pegou sua mochila, trancou a porta do quarto do hotel e caminhou até a recepção.

Pesadelo

 

Quando o muro separa uma ponte une

Se a vingança encara o remorso pune

Você vem me agarra, alguém vem me solta

Você vai na marra, ela um dia volta

 

E se a força é tua ela um dia é nossa

Olha o muro, olha a ponte, olhe o dia de ontem chegando

Que medo você tem de nós, olha aí

Você corta um verso, eu escrevo outro

Você me prende vivo, eu escapo morto

 

De repente olha eu de novo

Perturbando a paz, exigindo troco

Vamos por aí eu e meu cachorro

Olha um verso, olha o outro

Olha o velho, olha o moço chegando

Que medo você tem de nós, olha aí

 

O muro caiu, olha a ponte

Da liberdade guardiã

O braço do Cristo, horizonte

Abraça o dia de amanhã

 

Olha aí…

Olha aí…

Olha aí…

 

Quando o muro separa uma ponte une

Se a vingança encara o remorso pune

Roce vem me agarra, alguém vem me solta

Você vai na marra e ela um dia volta

E se a força é tua ela um dia é nossa

 

*Letra e música do compositor Paulo César Pinheiro em parceria com Eduardo Gudin. Um marco da MPB e não tão famosa quanto deveria (nota do autor).

– Caralho irmão, não sei não… será que falamos com a polícia?

– Acho melhor procurar os familiares antes.

– Pode ser… mas mano, não sei nem o sobrenome do Diabolô! – disse Porco Fumo, também conhecido como PF.

– Pois é cara, pra você ver como é importante saber o nome das pessoas. O seu, por exemplo, eu não sei… hahaha – revelou Dionísio.

Dionísio e Porco Fumo falavam ao celular. Isso ficou mais frequente após o sumiço do Diabolô.

Estava tudo confuso, um sumiço é sempre um sumiço.  Muitas coisas surgem quando uma coisa some.

Os amigos se encontravam quase todo dia no bar do Diabolô. Porém naquela segunda feira, um dia após o histórico show de horrores no Congresso Nacional, a dupla parou em frente ao rotineiro bar e se deparou com as portas fechadas.

Nenhum sinal. Nenhuma explicação. E o tempo passou. Os dias passaram e as noites não foram mais as mesmas.

Sim. Não. Deus. Jesus. PT. PSDB. PMDB. PP. Partidos. Políticos. Corrupção. Lava isso, lava aquilo. Operação. Juiz. Moro. Mensalão. Petrolão. Dilma. Impeachment. Lula. Temer. Cunha. Dinheiro. Dinheiro. Dinheiro. Dinheiro. Dinheiro. Dinheiro. Dinheiro. Dinheiro…

Palavras escritas na porta do banheiro da casa do Diabolô, pelo próprio; com uma faca.

Agora, sentado num banco da rodoviária de Brasília, Diabolô sabe que muita coisa mudou. Até o governo não é mais o mesmo. Porém, o mais importante, é que aquele homem que resolveu subitamente viajar pra capital federal, também está diferente.

Tudo começou no dia 17 de abril de 2016

Diabolô estava em estado de choque após assistir a votação dos deputados federais. Naquele dia o Congresso Federal já abriu num dia atípico – domingo.

Uma transmissão. Uma votação. Um dia importante pra história. A votação do impeachment da presidenta Dilma foi televisionada. Foi ao vivo.

Após assistir tudo aquilo, tomou conta do seu corpo um sentimento insuperável de descrença. Aquela angustia e desesperança ficou tão evidente que Diabolô simplesmente vegetou. Paralisou!

Não se mexeu a partir daquele dia. Não saiu da cama. Não acendeu a luz. Desligou todos os aparelhos eletrônicos. Um colapso. Tilt. O bug diabólico do Diabolô.

A única coisa que funcionava era seu pensamento. Suas lembranças. Mas no campo da realidade, era como se o mundo começasse naquele instante. Era como se o universo dele iniciasse pela escuridão e das sombras tivesse nascido. Parido pela obscuridade.

Diabolô não sabia mais se levava sua vida da forma que deveria. Se estava no caminho certo. Não sabia se ter um bar era realmente o que queria. Não sabia mais de nada.

Lembrava que tinha um avô dono de bar que sempre reclamou dos impostos neste país e após décadas isso não mudara! Mas não eram somente as taxas que o incomodava.

A imagem de parentes e pessoas próximas o ofendendo por ter um pensamento humanista o deprimiram em uma proporção sem tamanho. O descrédito no olhar das pessoas que o julgavam como colaborador das mazelas corruptas de um país historicamente corrupto o derrubaram.

Pensava consigo – “A educação falhou! Não é novidade saber que um povo ignorante é tudo que qualquer estrutura deseja. Me parece que o Brasil é um prato cheio”.

Os sinais de depressão vieram mais nitidamente quando chorou ao ter em mente lembranças tão vivas das ofensas vindas de pessoas que antes ele queria por perto. “Como essa politicagem pode me influenciar desta forma? Eu devia estar fortalecido e com motivos pra lutar, mas estou infeliz e incapaz de dar um passo pra fora da minha casa!” – seus olhos brilhavam no escuro.

Diabolô se remói quando lembra das pessoas queridas que pensam diferente dele (não pelo fato de pensarem diferente, pois isso ele acha ótimo), o que dói pra ele são as palavras e atitudes de menosprezo pra depreciar seu pensamento; principalmente dentro da sua própria família.

Sim, é isso mesmo. Diabolô tem dois irmãos. Um deles quer explodir o PT com discurso de ódio, mas quando está sem dinheiro, pede ajuda financeira pra sua tia petista, que é professora aposentada. A outra faz a mesma coisa: quando está sem dinheiro, recorre aos pais, de esquerda, que sempre foram da classe trabalhadora.

A verdade é que ele já não sabe mais em que mundo se encaixa. Sua caixa está fora da casinha.

Então Diabolô volta a rabiscar. Pega sua faca, herdada pelo seu avô; que também foi dono de boteco, e escreve na parede do seu quarto algumas frases que lhe vem a mente. São pequenos trechos de letras da banda paulista Os Inocentes.

Você me prende vivo e eu escapo morto” – Diabolô escreveu a frase da música Pesadelo. Um cover do Inocentes pra música já mostrada no início deste texto. Neste momento sua ideia do “tudo ou nada” começa a aflorar.

Depois desfilam impunes pelas colunas sociais” – a música Vermes, do álbum Ruas (1996) é de uma atualidade incontestável. E ela motiva Diabolô a começar sua jornada de raiva.

A raiva vai nos salvar” – é a cereja no bolo. Agora nosso personagem começa a entender o que sente e vai em busca da sua salvação. Também do álbum Ruas (1996), uma música de autoajuda pra Diabolô: “mentiras viram cacos de vidro”.

“Ninguém é inocente hoje em dia. E antes que o cansaço me derrube, vou cumprir minha missão; essa que já tem sua trilha sonora” – Diabolô.

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Cultue a cultura

mayo 20, 2016 12:36, por Terra Sem Males

Por Manolo Ramires*
Terra Sem Males

1 – Às vezes eu paro e fico chocado e penso como explicar no futuro que a coloração partidária ou ideológica se sobrepôs a ética e valores. Vivemos tempos em que as pessoas incentivam agressões contra professores e estudantes, não se escandalizam com roubo da merenda e ainda comemoram fim do Ministério da Cultura.

2 – Se fôssemos sérios e cultos, e nem falo de povo, jamais poderíamos admitir o fim do Minc. A saída erudita seria avaliar o que tem de errado, corrigir, aperfeiçoar e, dessa maneira, provar que a sua outrora condução era equivocada. Eu tenho críticas, por exemplo, a Lei Rouanet patrocinando eventos e empreitadas artísticas que poderiam buscar recursos na iniciativa privada. Mas tenho elogios a iniciativas como o “Emergências”, que rolou no Rio de Janeiro durante sete dias com 620 convidados, 300 atividades, 80 rodas de conversa e público de 10 mil pessoas.

3 – Portanto, a saída não é fechar as cortinas. A medida é construir o espetáculo enquanto ele rola. Esse, por exemplo, tem sido o processo adotado pelo Ministério da Economia. Ou seja, se avaliam os erros e vícios e se propõem novos marcos de atuação. O mesmo vale para a política externa, em que o ministro reposiciona, de acordo com os seus valores, o papel estratégico do Brasil na América do Sul, em relação aos BRICs, Europa e EUA. Deixamos de ser pit bull para voltarmos a ser vira-latas.

4 – Para ambos ministérios, contudo, não vi ninguém defendendo sua falência como forma de arrumar a casa. Mas por que o mesmo tratamento não vale para a Cultura e Meio Ambiente? Por que não construir um novo pacto nacional com interpretação própria do que é cultura e o que o Estado deve promover? Para isso é necessário investimento, ousadia, não cortes e melindres.

5 – O fim do Minc ainda expõe a incapacidade dos novos gestores em trabalhar a indústria cultural e a cultura imaterial. Ora, quem não vai à França para visitar museus? Isso depende de uma política cultural. Quem não conhece os escritores e compositores alemães? Eles são rebentos de gerações valorizando a cultura. E mesmo aqui do lado, com a Argentina e Uruguai. O que seriam desses povos se só sua elite viajada tivesse acesso à cultura? Enquanto isso, gente pede o fim de um poderoso ministério na geração de empregos, que em 2013 levou 13,6 milhões de expectadores em seis meses e que cresceu seu faturamento em 90%.

6 – Por fim, para meu espanto, sou capaz de afirmar que o Ministério dos Esportes só não foi extinto porque estamos em ciclo olímpico dentro de casa. Mas deixe setembro chegar.

*Manolo Ramires é jornalista do Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba e diretor Sindicato dos Jornalistas do Paraná.

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Versão online do Jornal Terra Sem Males sobre Reforma Agrária

mayo 20, 2016 11:32, por Terra Sem Males

Já saiu a quinta edição do Jornal Terra Sem Males. Desta vez abordamos o tema da Reforma Agrária e fomos até Quedas do Iguaçu-PR para conferir de perto.

Todas as fotos dos nossos jornais impressos estão disponíveis para decoração. E o lucro é revertido para custear novas edições. Saiba mais aqui.

Veja abaixo a versão online:

Todas as matérias produzidas pelo Terra Sem Males sobre o tema podem ser acessadas aqui.

Para ver as edições anteriores, clique aqui.

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Advogados querem que OAB peça impeachment de Beto Richa

mayo 18, 2016 22:45, por Terra Sem Males

Grupo denominado “Advogados pela democracia” também criticam governo Temer

O grupo “Advogados pela democracia” decidiu pressionar a Ordem dos Advogados do Paraná (OAB-PR) para que a entidade peça o impedimento do governador Beto Richa. Relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR) constatou que o tucano também cometeu “pedaladas fiscais”. O coletivo, formado por professores universitários, advogados militantes e procuradores também quer que a OAB se manifeste sobre declarações do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) durante a votação do impeachment e ainda critica o governo interino de Michel Temer. Para os “advogados pela democracia”, o fim da CGU inibe a transparência e autonomia de investigações.

A cobrança a OAB-PR se deve ao fato da entidade ter se manifestado favoravelmente ao impedimento da presidente Dilma Rousseff. Defensores da presidente alegam que as pedaladas fiscais são prática comum dos governantes até ser barrada pelo Tribunal de Contas da União em 2015. Nesse sentido, se Dilma foi afastada, a OAB também deve cobrar o afastamento de Beto Richa. O governador cometeu diversas pedaladas em seus dois mandatos. Entre 2011 e 2014, ele deixou de investir R$ 1,29 bi em saúde. Já em 2015, o governo estadual revisou rombo no caixa de R$ 934 milhões para R$ 178 milhões. A manobra visou evitar a reprovação de contas pelo Tribunal de Contas. A “contabilidade criativa” alterou a Lei de Diretrizes Orçamentárias. O Paraná, que registrava superávit, admitiu rombo nas contas públicas de R$ 1,1 bilhão.

Outra medida que os advogados reivindicam é que a OAB-PR se posicione com relação ao voto do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) durante a votação do impeachment na Câmara dos Deputados (17/04). Bolsonaro defendeu a Ditadura e homenageou o torturador Brilhante Ustra. Disse o deputado: “Pela memória do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”. A Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro já pediu a cassação do deputado na Câmara dos Deputados por apologia à Ditadura. Bolsonaro também é investigado pelo Tribunal Penal Internacional, localizado na cidade de Haia, na Holanda, pela mesma declaração.

Repúdio a Temer

Os 250 advogados paranaenses também repudiam o governo interino de Michel Temer. Para eles, Temer não tem legitimidade para governar o Brasil e promover as mudanças sociais e econômicas, principalmente porque “não tem voto”. O coletivo critica o fim do Ministério da Cultura e a retirada de autonomia da Controladoria Geral da União (CGU), que foi incorporada à presidência da República. Nessa quarta-feira (18), os servidores voltaram a protestar pela autonomia do órgão. “Esse processo não termina agora. Pode demorar uma semana, duas, três ou mesmo o tempo de duração desse governo. Vamos levar essa luta adiante e vamos vencer”, declarou Filipe Leão, diretor de finanças do Unacon Sindical, que representa os servidores da CGU.



Araupel quer 8 mil PMs para despejar sem terras em Quedas do Iguaçu-PR

mayo 18, 2016 17:24, por Terra Sem Males

Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males

Na última segunda-feira, 16 de maio, o Órgão Especial do colegiado de desembargadores do Tribunal de Justiça do Paraná deu prazo de 60 dias para que o Governo do Paraná utilize o contingente de 8 mil policiais para uma ação de reintegração de posse na cidade de Quedas do Iguaçu a pedido a Araupel, sob pena de multa diária de R$ 5 mil.

O julgamento pelo TJ foi um pedido do próprio governo estadual, que requereu suspensão da liminar deferida na justiça estadual de Laranjeiras do Sul (PR) no Interdito Proibitório nº 0000911-53.2012.8.16.0104, que havia determinado o cumprimento da reintegração sob pena de multa de R$ 50 mil, que o governo não cumpriu. A ação foi proposta pela Araupel em julho de 2014 e desde então o Incra aparece nas tramitações como interessado e solicitando o declínio de competência para a Justiça Federal, que é negado.

As áreas que a Araupel ocupa na região oeste do Paraná possuem extensão de 53 mil hectares e parte delas já foram sentenciadas pela Justiça Federal como pertencentes à União e passível de utilização para a reforma agrária. Existem 10 mil famílias acampadas no Paraná aguardando assentamento.

“Operação virtualmente de guerra”

Em fevereiro de 2016, o presidente do Tribunal de Justiça em exercício, Renato Braga Bettega, havia deferido a suspensão da liminar considerando que o cumprimento traria grave lesão à segurança e economia públicas. “Verifica-se a decisão proferida pelo juízo de primeira instância realmente produz risco de grave lesão à ordem, à segurança e economia públicas. Isso por não ser possível se olvidar a natureza delicada dos conflitos de natureza agrária, (…) em vista do número de famílias envolvidas, do contingente de força policial necessário e do custo financeiro de toda operação”.

Ele também destacou que o Estado deve priorizar o atendimento em outras áreas. “O Estado prioriza o atendimento de outras áreas, conforme o possível, e não é possível inverter ou subjugar, judicialmente, a opção política dos governantes e administradores ordenando a realização de uma operação de alto custo e que exigiria, em 03 (três) dias, a dedicação exclusiva de 40% de toda a força policial do Estado”, descreve a decisão.

De acordo com relatado no processo, o contingente de oito mil policiais para a ação de reintegração de posse, em operação que levaria três dias, exige recursos públicos de R$ 4.363.537,00 para deslocamento (transporte e combustível), alimentação, alojamento e diárias, sem contar os gastos com equipamentos.

Contudo, a decisão monocrática foi revista parcialmente nessa semana, por maioria de votos, determinando o prazo de 60 dias para o governo estadual cumprir.

Processos:

Interdito Proibitório nº 0000911-53.2012.8.16.0104 (Vara Cível de Laranjeiras do Sul)
Embargos de Declaração 1416830-4/01 (2º grau TJ-PR)

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Governo Temer forma triunvirato da repressão para aplicar de seu programa antipovo

mayo 18, 2016 10:47, por Terra Sem Males

Para tentar aplicar seu programa antipovo, o governo Temer precisa contar ao máximo com um aparato repressivo e a complacência da grande imprensa.

Por Fernando Marcelino
Militante do Movimento Popular por Moradia

O governo Temer inicia um novo capítulo na história do Brasil. Mais uma vez, as mesmas forças que mataram Getúlio e derrubaram Jango agora aplicaram um golpe de Estado contra Dilma pela via do impeachment.

Uma articulação que conta com o apoio decisivo dos Estados Unidos, operacionalizado por Michel Temer, setores reacionários do Congresso Nacional, do Judiciário, Ministério Público, Polícia Federal, Tribunal de Contas e entidades empresariais, contando com a mão amiga de diversos órgãos de mídia – sob o comando da Globo, Estadão, Folha de São Paulo e outros jornais, revistas e mídias digitais – visando construir uma narrativa de normalidade do funcionamento das instituições. Um verdadeiro golpe institucional.

Temer falou que fará um governo de “salvação nacional” sob o lema “ordem e progresso”.

O ministério nomeado por Temer já deixa a entender porque veio. Muitos são membros de oligarquias familiares, como na República Velha. Além de não ter nomeado nenhuma mulher ou negro, o “novo governo” é recheado de investigados pela Justiça e até mesmo condenados por crimes como improbidade administrativa e desvio de recursos públicos. Dois são investigados e sete citados no âmbito da Operação Lava-Jato. O próprio Temer também foi considerado inelegível pelos próximos oito anos, por decisão da Procuradoria Eleitoral de São Paulo, por doação de campanha acima do limite legal. Não é a toa que uma das primeiras medidas do governo Temer foi diluir a Controladoria-Geral da União (CGU) para que o órgão perca cada vez mais o poder de fiscalizar e auditar instituições do governo federal.

Além do caráter corrupto, o presidente Michel Temer vai tirar do papel a proposta de vender empresas na área de infraestrutura para alavancar o caixa do governo. “A ordem é privatizar ou conceder tudo o que for possível na área de infraestrutura”, confirmou o ministro dos Transportes, Maurício Quintella Lessa, minutos após tomar posse. Também estão na lista para privatização Petrobrás, Eletrobrás, Caixa Econômica, Banco do Brasil, Correios, Casa da Moeda, Infraero, BNDESPar, Embrapa, entre outras empresas estatais. Até o ensino médio deverá ser totalmente privatizado, assim como o ensino superior.

Com a posse de Temer como presidente está colocado de maneira aguda o impasse entre a força dos golpistas e sua ilegitimidade democrática. Neste período de transição, o governo Temer precisa avançar com máxima velocidade para legitimar-se e neutralizar as forças que podem ser opor ao governo. Por isso, o governo Temer fará de tudo para impedir a reunião de forças políticas e das massas, ou parte delas, contra o novo governo.

Triunvirato da repressão

Para tentar implementar seu programa privatista e corrupto sob um forte déficit de legitimidade e desconfiança geral, o Governo Temer precisará de uma repressão física em ampla escala.

Em seu Ministério, Temer formou um triunvirato da repressão com Alexandre Moraes na Justiça, Raul Jungmann na Defesa e Sérgio Etchgoyen no novo SNI/ABIN.

O escolhido para o Ministério da Justiça e Cidadania, a quem ficará subordinada a Polícia Federal, é o truculento Alexandre de Moraes, que coleciona ações arbitrárias em série.

Alexandre de Moraes, ministro da Justiça.  Foto: Edson Lopes Jr/A2 FOTOGRAFIA

Alexandre de Moraes, ministro da Justiça.
Foto: Edson Lopes Jr/A2 FOTOGRAFIA

Ele já foi secretário de Justiça de Geraldo Alckmin (PSDB) e secretário do ex-prefeito de São Paulo  Gilberto Kassab (PSD). Iniciou sua carreira como promotor de Justiça no Ministério Público de São Paulo em 1991, cargo que exerceu até 2002. Entre 2007 e 2010, durante a gestão de Kassab, Moraes foi secretário municipal dos Transportes e de Serviços e chefe da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e da SPTrans. De agosto de 2004 a maio de 2005, também acumulou a presidência da antiga Febem, hoje Fundação Casa. Moraes se filiou ao PSDB no final de 2015.

No fim de 2014, pouco antes de assumir a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o novo ministro da Justiça defendeu Eduardo Cunha, presidente afastado da Câmara dos Deputados, em uma ação sobre uso de documento falso em que conseguiu a absolvição do peemedebista.

Em 2015, reportagem do “Estado de S. Paulo” afirmou que Alexandre constava no Tribunal de Justiça de São Paulo como advogado em pelo menos 123 processos da área civil da Transcooper. A cooperativa é uma das cinco empresas e associações que está presente em uma investigação que trilha movimentações de lavagem de dinheiro e corrupção engendrado pela organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Em 2015, durante a sua gestão, a polícia paulista foi responsável por uma em cada quatro pessoas assassinadas na cidade de São Paulo, a maior taxa já registrada, segundo levantamento do SPTV. Os dados indicaram ainda que as mortes classificadas como confronto entre suspeitos e policiais militares de folga aumentaram 61%.

Em janeiro deste ano, um protesto realizado pelo MPL (Movimento Passe Livre) contra aumento de tarifas foi reprimido de forma ostensiva, o que reservou ao papel de Alexandre uma repercussão negativa diante da opinião pública. Sob sua gestão na secretaria foram utilizados, pela primeira vez, blindados israelenses para enfrentar manifestações.

Mais recentemente ele deu ordens para a PM invadir ilegalmente – isto é, com desprezo total pelo estado de direito – o Centro Paula Souza ocupado por estudantes. E diante dos protestos contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff na manhã do dia 10 de maio, disse que foram “atos de guerrilha”.

Já a pasta da Defesa acabou ocupada por Raul Jungmann do PPS.

Raul Jungmann, ministro da Defesa.  Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Raul Jungmann, ministro da Defesa.
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Durante o governo FHC, foi o principal responsável por questões fundiárias no país, chefiando o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) entre 1996 e 2002. Chegou a ser investigado por fraude em licitação, peculato e corrupção em contratos de publicidade da época em que foi ministro do Desenvolvimento Agrário, entre 1998 e 2001. Os contratos somavam R$ 33 milhões. A Justiça Federal arquivou o inquérito.

Segundo Jungmann, a previsão é de que o MST volte a assumir a postura agressiva e combativa que sustentava durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. “Durante o governo do PT, o MST ficou quietinho, muito mais dócil. Agora, ele quer voltar a ser agressivo contra um possível futuro governo Temer”, apontou numa recente entrevista. Também disse que é preciso lidar com o movimento com firmeza, para evitar que as paralisações e bloqueios causem tumulto na vida das pessoas. Na entrevista ele também indicou os caminhos repressivos para paralisar o MST. Entre os métodos cogitados, todos sem nenhum fundamento legal, consta o de estrangular financeiramente as cooperativas que se suspeite colaborarem para ações de bloqueio implementadas pelo movimento, além de indicações precisas para impedir o deslocamento de seus membros para essas ações.

O general gaúcho Sérgio Westphalen Etchegoyen foi o escolhido para assumir como ministro-chefe da Secretaria de Segurança Institucional. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) também ficará subordinada à pasta que terá uma estrutura mais próxima do antigo SNI (Serviço Nacional de Informações).

Sérgio Etchegoyen, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional. Foto: PMDB/Fotos públicas

Sérgio Etchegoyen, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional. Foto: PMDB/Fotos públicas

Sérgio Etchegoyen ingressou nas fileiras do Exército em 1971 na Academia Militar das Agulhas Negras. Foi oficial do Estado-Maior da Missão de Verificação das Nações Unidas em El Salvador, entre 1991 e 1992, chefe da Comissão do Exército Brasileiro em Washington (EUA), de 2001 a 2003, e assessor especial do ministro da Defesa, Nelson Jobim, de 2009 a 2011. Desde dezembro de 2012 ocupava o cargo de chefe do Departamento-Geral do Pessoal do Exército, localizado em Brasília (DF), quando em março de 2015 foi escolhido Chefe do Estado-Maior do Exército.

A família Etchegoyen está ligada a revoltas militares desde os anos 1920.

O avô e o tio-avô de Sérgio, os tenentes Alcides e Nelson Etchegoyen, sublevaram o regimento de artilharia montada de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, em uma tentativa de impedir a posse do presidente Washington Luís. Derrotado e perseguido, o tenente Alcides participaria quatro anos depois da Revolução que derrubou a República Velha. Durante o governo Vargas, ele trabalhou no gabinete do ministro da guerra Eurico Gaspar Dutra e, depois, substituiu Filinto Müller como chefe da polícia do Distrito Federal, então sediado no Rio. Nos anos 1950, Alcides venceu as eleições para a presidência do Clube Militar em oposição à liderada pelo general nacionalista Newton Estilac Leal. Em agosto de 1954, assinou o manifesto que exigia a renúncia de Getúlio Vargas. Acabou preso em 1955 pelo ministro Henrique Teixeira Lott quando envolveu-se na articulação para impedir a posse de JK e Jango. Alcides morreu em 1956. Deixou dois filhos no Exército: Leo Guedes e Cyro.

Leo é o pai do general Sérgio. Nasceu em 22 de março de 1925, fez Escola Preparatória de Cadetes de Porto Alegre e seguiu na Academia Militar das Agulhas Negras – AMAN, em Resende-RJ. Foi declarado aspirante a oficial em 1945. Participou da derrubada de João Goulart em 1964 e após o golpe foi nomeado Chefe de Polícia do Estado, tendo sido sub-comandante nos períodos de Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir Santos Maciel. No final da década de 60, foi chamado a Brasília para atuar como chefe da Assessoria Especial do presidente Emílio Garrastazu Médici. Leo foi citado no relatório da Comissão da Verdade, responsabilizado por graves violações a direitos humanos durante a ditadura militar. Conforme o relatório, Leo chefiou a Polícia Civil no “período no qual recebeu Daniel Anthony Mitrione, notório especialista norte americano em métodos de tortura contra presos políticos, para ministrar curso à Guarda Civil do Estado”. A comissão cita elogios do general ao tenente-coronel Dalmo Lúcio Muniz Cyrillo, chefe do DOI- CODI, em São Paulo, e a atuação dele na prisão coletiva de sindicalistas e líderes metalúrgicos do ABC paulista, assim como de seus advogados. Leo morreu em 2003.

Seu irmão Cyro trabalhava com o general Milton Tavares, o chefe do Centro de Informações do Exército (CIE). Foi apontado como chefe da Casa da Morte, centro de tortura que funcionou em Petrópolis. Usava o codinome de “Dr. Bruno”. Os mortos na casa eram depois esquartejados e enterrados nas cercanias. O número total de mortos nela é até hoje desconhecido, mas pelo menos 22 guerrilheiros foram assassinados em seu interior. Cyro Etchegoyen foi quem ordenou a libertação de Inês, ex-militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), acreditando que ela aceitara ser uma agente dupla. A ex-guerrilheira, porém, blefara e suas revelações custaram a Cyro a promoção para general.

O golpismo está no DNA dos Etchgoyen. Depuseram Getúlio, tentaram impedir a posse de JK e aplicaram um golpe contra Jango para liderar a repressão, a tortura e o assassinato. Agora em sua versão atual estão trabalhando para que um golpe parlamentar se transforme numa caçada às bruxas, representando novamente os interesses escusos daqueles que pretendem “manter a ordem” contra o povo e a democracia brasileira.

Mais repressão para aplicar programa antipovo

As mobilizações contra o golpe e todos esses retrocessos vêm aumentando consideravelmente nos últimos meses, o que demonstra que o governo ilegítimo não terá sossego. E é justamente por isso que os golpistas se articulam para legitimar uma violenta repressão contra os movimentos sociais, estudantis e todos os trabalhadores que lutam em defesa da democracia e das grandes reivindicações populares.

É provável que nos próximos meses haverá uma escalada de violência. Existem setores no governo com objetivo de dar fim à esquerda e à democracia. As tentativas escancaradas de prender e condenar Lula, liquidar politicamente o PT e derrubar Dilma são apenas as primeiras iniciativas para liquidar toda a esquerda como agente político. E diante do clima sem possibilidade de conciliação, os militares podem entrar em cena. Ainda mais se inventarem um novo Plano Cohen terrorista para assustar a população e intervir energicamente contra o inimigo interno.

 

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