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abril 3, 2011 21:00 , por Desconocido - | No one following this article yet.

O Dia Mundial do Rock e o lugar onde os urubus planam

julio 11, 2015 7:16, por Terra Sem Males

Jovens punks protestam em Altamira-PA. Foto: Joka Madruga

E o Dia Mundial do Rock está aí, mês de julho! Lembro que na metade do mês passado eu estava a amarrar meu coturno para caminhar pelas calçadas da capital paranaense.

A direção: o Teatro Universitário de Curitiba (TUC), localizado no Largo da Ordem. O motivo? Algo que chamei de “Centro Intensivo de Reposição Energética (CIRE).

Naquela noite, já no Largo, eu literalmente “mascava o ritmo em meu bubblegum”, como escreveu Dee Dee Ramone certa vez. Senti aquela sensação juvenil de rebeldia em mais uma noite de punk rock. Na oportunidade assisti a banda antifascista italiana Los Fastidios.

Volto ao 13 de julho, data do dia em que o som mais popular do mundo é comemorado. Reflito: “mas por quê diabos eu falo de um som tão conhecido e lembro de uma noite tão underground?”.

Confesso que em tempos de coerências raras, encontrar linearidades constantes torna-se um objetivo; em qualquer lugar.

Explico.

Quando fui ver Los Fastidios, sabia o que estava por vir: música rebelde influenciada  pela sonoridade do ska e pela temática de protesto vinda do reggae – ambas musicalidades originárias da Jamaica. Tudo embalado ao som do punk rock 77 inglês.

Essa junção de música e ideais retrata as claras influências da sonoridade de bandas skinheads. Também resgata toda uma cultura rebelde e da classe operária vindas da Europa; que influencia movimentos sindicais e também a luta operária.

Toda essa temática surgiu nos subúrbios do Reino Unido durante a crise econômica no fim de década de 70 e início dos anos 80.

Por isso, num show underground, encontrei uma coerência roqueira num contexto fragmentado e de crise. Buscava verdadeiramente por um show antifascista, com posicionamento político contrário ao autoritarismo e ao racismo; uma banda legitimamente de esquerda.

Sim Richards, “it’s only rock n roll”, but em tempos de onda religiosa tradicionalista, ser presenteado com uma banda ANTIFA soa como um acontecimento revigorante.

Quando saí do CIRE com um sorriso no rosto, também observei outras pessoas com a mesma sensação. “A arte funciona!”. É uma corrente de transmissão. A energia do rock de combate é muito mais forte que qualquer falso moralismo lançado ao vento. Os megawatts de dissonâncias rebeldes emitidas através de acordes eletrizantes equalizaram minhas ideias.

Não há valor, não se calcula o megawatts/hora nesses momentos. A área alagada de fragmentos que minha usina cerebral necessita para funcionar foi ligada por uma chuva de versos políticos e libertários.

Mas então… aí lembro novamente que é o mês do rock. Este julho de 2015 já está marcado para sempre como o mês do último show do Gratefull Dead. Acho que “só” por isso 2015 torna-se mais conservador… mesmo sabendo que a energia dos deadheads não se apagará.

Mas o fato é: neste mês do rock não precisei me referenciar pelo álbum High Voltage do AC/DC, por exemplo. Não usei o clássico; eu sei que eles sempre estarão por aí. Também me recuso a recorrer ao “hoje é dia de rock bebê”, da Christiane Torloni.

Não tem nada disso. Sem clichê. A minha luz brilhou quando fui levado pelo som ao lugar onde os urubus plainam… e como um forte vento zunindo no ouvido de uma elite conservadora, cantei “NÃO” ao preconceito e ao fascismo… isso sim é rock.

Por Régis Luis Cardoso
Terra Sem Males



Todos contra C*

julio 11, 2015 7:13, por Terra Sem Males

Ribeirinhos da Volta Grande do Xingu. Foto: Joka Madruga

Há algum tempo D* e B* são flagrados pelos vizinhos saindo de casa desalinhados. Já nem se importam mais. É o que parece. B* é o menos incomodado. Suas camisas e camisetas estão sempre amassadas nas mangas, no peito, na barriga. Para somar ao desleixo, não combina mais os trajes como antigamente. São calças sociais com camisetas, jeans de um tema, tipo skatista, com camisa de linho. Certa vez ele foi visto de terno e camisa de futebol. Ora, isso não é problema, diriam uns. Como fanático, deve ter ido ao trabalho com o manto para tirar sarro dos perdedores. Mas não. O time foi goleado e a aparência é de que B* não trocou de roupa apenas.

Talvez por isso D* ande mais exaltada ultimamente. As paredes têm ouvidos. Detalhe indiferente. As brigas do casal já ganharam a porta da rua. Todos podem ouvir as queixa de D* em relação a B*. Alguma gritaria. Por sorte, nenhum corpo batendo contra a parede ou sinal de agressão física no dia posterior. Por hora, o que se percebe é o acirramento das gargantas.  Contudo, é difícil de entender do que D* se queixa. Não pode ser apenas – ou principalmente – a vestimenta de B*. Porque se for, é chumbo cruzado. Ela também tem sido vista desatenta com a beleza. Logo D* de cabelos sempre bem cuidados, cheirosos, de maquiagem suave, de terno da moda bem passado, de sapatos limpos e lustrados. Passado. A elegância do figurino foi substituída pela deselegância dos palavrões que escapavam em algumas manhãs.

Certa vez, há um ano, tive uma conversa com D*. Logo quando começaram as brigas. Não é papel de vizinho interferir na intimidade de casal alheio. O diálogo aconteceu por acaso. Numa rápida visita, nem lembro o motivo, comentei a capa do jornal que estava jogado sobre a mesa. “Aneel autoriza reajuste da Copel em 14%”, dizia o periódico.

- Governo safado – foram minhas palavras.

D* saiu em defesa do governo. Agora nem lembro bem qual deles, se o estadual ou o federal. Apenas defendeu que o reajuste era necessário ser feito por causa da crise, da falta de água e mais alguma coisa. Entendi que as brigas haviam começado naquela época. Imagino que um reclamava que o governo federal autorizou o aumento e outro respondia que o estadual foi quem solicitou. Eles viviam, portanto, num jogo de empurra dos partidos políticos. Lembro bem que isso ocorreu em Minas Gerais. No primeiro aumento, o governo disse que estava subindo o preço porque a Aneel mandou. No dia seguinte, a Aneel argumentou que não aumentou nada, apenas permitiu o aumento pedido pela empresa estadual.

Fui embora pensando porque as pessoas permitem que os governantes interfiram tanto em suas vidas pessoais? Será que cada casal em Minas, São Paulo e Paraná não está perdendo tempo em brigar por causa do governo ao invés de se amar?

Ocorre que o tempo passou, novos reajustes vieram e as brigas deixaram de ser conceituais para se tornaram práticas. D* reclamava quando B* deixava a televisão ligada, demorava tempo demais fazendo a barba, quando não apagava a luz ou que lavava roupas aos poucos. Já B* questionava os banhos demorados, o excesso na utilização do secador, a falta de ter as roupas passadas. Ou seja, mesmo que não quisesse, a briga dos políticos entrou porta adentro. Essa era a mesma realidade em casa. Também tivemos que economizar. Conversamos, fizemos os cálculos, avaliamos onde dava para economizar na energia, na água e até nas idas ao restaurante.

- Economizamos, mas continuamos gastando o mesmo – relatei ontem a D*.

E a verdade era essa. Havia reduzido o consumo de tudo, de água, de luz, mas as contas vinham mais altas. 50% acima do que eu pagava no ano passado. Mais do que isso, o encarecimento do cotidiano para as pessoas e para as empresas trouxe consigo também a diminuição do consumo. Recessão. Portanto, houve cortes na energia e nos empregos, como no caso de J*, meu marido. Ele estava desempregado e sem direito ao auxílio. Sobrou-nos pedir apoio aos amigos. Fui até D* com duas esperanças. Na primeira que ela, como trabalhadora de recursos humanos, possa encaixar meu companheiro em algum lugar. Em segundo, para mostrar a D* e B* que se os governantes de A* a Z* nos ferram, só nos resta nos unirmos. Unirmos entre nós e lutar contra C* de capital.

Por Manolo Ramires, Terra Sem Males



Economista aponta possível regionalização do HSBC

julio 10, 2015 13:49, por Terra Sem Males

Na última quarta-feira, 08 de julho, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região promoveu uma coletiva de imprensa seguida de debate com o professor e economista Adriano Benayon, que expôs a possibilidade de federalização do HSBC, que está de saída do Brasil. Com a venda do banco, estão em risco os empregos de 21 mil bancários em todo o país, seis mil deles somente na capital paranaense.

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Desconversar

julio 10, 2015 12:25, por Terra Sem Males

Crédito: Oswaldo Guayasamin Gallery Images

*Thiago Ferreira “Pará”, especial para o Crônicas de Sexta.

Carlos Alberto não disfarçou a desconfiança. Mesmo depois de toda aquela conversa no carro. Aquela cara, com olhos inquietos e uma espécie de tique nervoso no canto da boca, fazendo-o parecer estar rindo. Vanessa sabia e por isso se inquietava. Tão logo desceu do carro, foi procurar a mãe.

- Mãe, aconteceu alguma coisa com o papai? Ele está muito esquisito. Veio me questionar sobre muitas coisas na volta da escola para cá, mas cheio de rodeios.

- Sabe como é seu pai, fica encucado com qualquer coisa, liga não, é só jantar e passa, disse sua mãe.

Madalena sabia que não era por acaso que Carlos Alberto estava daquele jeito, todo preocupado. Sabia muito bem com quem havia se casado e mais: sabia muito bem o que afligia naquela noite seu marido. Mas procurava preservar a filha.

Vamos, o jantar está servido. Sem cara feia, nem corpo mole, hoje é dia sopa! Alertou Madalena.

Claro que ela não falou por acaso. Já previa Carlinhos e Vanessa chegando à cozinha com a “cara amarrada”. Dito e feito.

- Mas de novo sopa mãe!?, retrucou Carlinhos.

- É melhor agradecer, sopa faz bem.

Vanessa, entretanto, pareceu não perceber o cardápio, ainda estava pensativa, por causa do pai.

- Vamos jantar mocinha! Berrou o pai lá da cozinha, já servindo seu prato.

Todos à mesa. Antes que começassem a comer, Carlos Alberto fez questão de fazer o agradecimento. Não escondia sua preocupação, mistura de inquietude e insatisfação. Vanessa já não sabia se o que o zangava era a conversa no carro ou a sopa. Carlinhos permanecia com a “cara amarrada”. Madalena cortava o pão.

- Pai nosso que estás no céu. Viemos à tua presença agradecer, este alimento, esta casa e a dignidade de nossa família…

Carlos Alberto rezava diferente. Erguia a cabeça e gesticulava muito os braços, fechava e abria os olhos freneticamente. Carlinhos segurou o riso. Vanessa se assustava mais ainda. Madalena pensou intervir, resolveu esperar.

“E Ele criou homem e mulher”. O agradecimento, sempre muito rápido, já estava transformando-se numa pregação. Ao final, ele percebeu que todos o olhavam da mesma forma. Todos procuravam uma resposta. Ele preferiu calar, talvez fosse vergonha. O jantar seguiu, sem ninguém nada entender.

Vanessa não se deu por convencida. Na verdade, não suportou aquela angustia presa durante todo o jantar. Disparou:

- Pai, o que tá acontecendo? Por que você tá assim tão inquieto? Por que todas aquelas perguntas desconexas no carro?

Carlos Alberto, então, num ataque de cólera, bateu na mesa e gritou: “Você é lésbica, pecadora, imunda, não honra sua família!”.

Madalena baixou a cabeça e suspirou fundo. Vanessa soluçando, começou a chorar. Carlinhos, sem entender bem, deu-se a rir.

E Carlos Alberto, uma vez mais, calou. 

 

*Thiago Ferreira Pará é militante do Levante Popular da Juventude e diretor da atual gestão da União Nacional dos Estudantes (UNE)



Em Curitiba, Movimentos comemoram 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente

julio 9, 2015 18:27, por Terra Sem Males

Atividade também deve contestar redução da maioridade penal.

Movimentos sociais e militantes de direitos humanos realizam uma caminhada na próxima segunda-feira (13/08). Objetivo é comemorar os 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente. A atividade tem concentração na Praça Santos Andrade às 18h e segue até a Boca Maldita.

A marcha ainda se posiciona contrariamente a redução da maioridade penal, que foi aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados após manobra do presidente Eduardo Cunha. O evento no Facebook (clique aqui) conta com mais de 700 confirmações.

Na página, que é organizada pelo Movimento “Paraná contra a Redução da Maioridade Penal”, se expõe o risco da redução. “Os direitos das nossas crianças e dos nossos adolescentes estão em risco. O Congresso Nacional mais conservador desde a redemocratização do Brasil não perdeu tempo e aprovou, por meio de um golpe de Eduardo Cunha, a redução da maioridade penal para 16 anos. Quem acompanhou a votação viu que os argumentos dos parlamentares favoráveis à redução são mentirosos, um show de horrores”, expõe a convocatória.

Por Manolo Ramires
Terra Sem Males



Frente Parlamentar do Paraná em Defesa da Petrobrás será lançada na segunda-feira (13)

julio 9, 2015 14:31, por Terra Sem Males

O grave cenário político e os ataques contra a Petrobrás motivaram a constituição de uma Frente Parlamentar em Defesa da Petrobrás no Paraná. O lançamento deste movimento de legisladores acontece na próxima segunda-feira (13), às 14h30, na Alep (Assembleia Legislativa do Estado do Paraná), em Curitiba.

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Águas Para Vida: Em Altamira, para cada cabeça, uma sentença

julio 9, 2015 13:53, por Terra Sem Males

Promessas que envolvem a construção de Belo Monte não cumprem seu papel.

A população de Altamira, município considerado o maior do mundo em extensão territorial, com mais de 600 mil hectares de área, teve um súbito crescimento populacional de 89 mil para 140 mil pessoas, de acordo com estimativas extra oficiais da Prefeitura.

E a miscigenação de povos, com ribeirinhos, pescadores, indígenas, mineradores, extrativistas, camponeses e população urbana é caracterizada por mais um fardo para os atingidos pela barragem: para cada cabeça, uma sentença por parte da Norte Energia, empresa que administra a construção da Usina de Belo Monte.

Enquanto falta infraestrutura básica para a área da educação, saneamento, urbanização, acesso a serviços públicos, sobra verba para afastar as comunidades indígenas de suas raízes. Enquanto esteve em Altamira e comunidades arredores à construção de Belo Monte, o repórter fotográfico Joka Madruga entrevistou diversas lideranças para apurar, entre os atingidos, mais essa face: o que pensam essas pessoas?

Juventude de Altamira está abandonada

O município de Altamira (PA) tem diversos problemas de infraestrutura, que foram acentuados com o aumento expressivo da população pela construção da Usina de Belo Monte. Mas possui uma característica bem específica com relação à juventude: a falta de investimentos – pior – o abandono na área da educação.

De acordo com Jessica Feiteiro Portugal, uma jovem militante da coordenação da Pastoral da Juventude da Prelazia do Xingu, além da falta de vagas nas escolas de Altamira, na universidade estadual (UEPA) não tem infraestrutura de laboratórios nem professores, o ensino médio está abandonado (as escolas estão em prédios cedidos), o ensino técnico não promove a capacitação. “Faltam oportunidades para a juventude nos municípios vizinhos, a juventude vem para Altamira e é uma disputa porque as escolas estão fechando”, contextualiza.

Jessica é muito próxima desse descaso: recém formada em Biologia, já atua como professora. Por lá não existem concursos, são feitos contratos de trabalho na área da educação. Ela relaciona o abandono na educação com os casos de violência. “Como jovem e como professora, esse é um problema social para nós. Eu tive alunos que deixaram de estudar pela questão da violência porque eles não têm como voltar para casa à noite depois das 21h, porque têm medo de serem assaltados. A falta de segurança afeta na educação, no nível de desistência de alunos das escolas de ensino médio, durante o dia e a noite”, resume.

Para Jessica, o investimento na educação, nas escolas de Altamira, é o primeiro passo para o combate à violência. “É vergonhosa uma situação dessas num município que tem todo o projeto de desenvolvimento sustentável na região”.

Indígenas foram superestimulados

Em contrapartida, as comunidades indígenas foram “bem tratadas” pela Norte Energia. De acordo com José Cleanton Ribeiro, da coordenação local do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) em Altamira, cada aldeia indígena recebeu, da Norte Energia, nos anos de 2010 e 2011, R$ 30 mil mensais em produtos alimentícios.

Isso teve uma repercussão bem característica: os índios deixaram de produzir o que já recebiam pronto, se aproximaram mais das áreas urbanas e aumentou a presença de não índios nas aldeias. Mesmo que a primeira vista você pense que isso foi bom para os índios, aumentaram os casos de violência, de alcoolismo e consumo de drogas dentro das aldeias.

“Belo Monte vai deixar uma herança de destruição material e imaterial. Faço referência à cultura. Com o assédio dessas empresas contratadas pela Norte Energia para atuarem junto aos indígenas, limitou eles nas práticas culturais. Isso a gente atribui a essa facilidade de deslocamentos dos índios”, explica o missionário indigenista.

Após o fim das cestas básicas, surgiram as manifestações indígenas. “E ai foi quando surgiram outras negociações, compraram caminhonetes e voadeiras (barcos) potentes, coisas que eles nunca pensaram em ter. Esses presentes da Norte Energia minaram a entrada das entidades (MAB, CIMI, Xingu Vivo) dentro das comunidades indígenas. A gente chegava para dizer contra o empreendimento mas eles tinham essa leitura que era Belo Monte quem davam as coisas”, explica José Cleanton.

“Eu costumo dizer que hoje o cenário apresentado para os grupos indígenas da nossa região está como a cereja do bolo para a Norte Energia. A sociedade tem uma visão deturpada dos grupos indígenas por conta dos presentes. Índio andando de camionete? Mas se você for numa aldeia vai ver uma miséria muito grande. Tem gente passando fome, mesmo com todos os recursos que entram. A sociedade tem que ter a consciência que esse povo é vítima da situação e o empreendedor, ao dar os presentes, faz com que eles sejam vistos como preguiçosas, bandidos, como sempre foram vistos pela sociedade”, finaliza.

Organização Xingu Vivo contabiliza desigualdades

“Para nós do movimento Xingu Vivo, somos todos atingidos. Os que já estavam em Altamira e os que chegam. Tem famílias como a minha, expulsa da minha própria casa, como tantas outras famílias, para dar lugar a uma construção dessa que apodrece nosso rio, destruindo os nossos igarapés. Então para nós do Xingu vivo, toda a população é atingida”, conta Antonia Melo, coordenadora da ONG Xingu Vivo.

Para a organização, Belo Monte é uma obra inviável. Ela não tem viabilidade econômica e nem ambiental. É um desastre. “Uma monstruosidade dessas e eles chamam de grande obra, de modelo de desenvolvimento sustentável. Mas uma grande obra é que traz o bem viver para a sociedade, que traz benefícios nas áreas ambiental, social, econômica. Isso pra nós configura uma grande obra, que faz a população mudar de vida, ter perspectiva, que inclui a juventude dessa país, isso é uma grande obra. Para nós do Xingu Vivo não há nada para dizer que Belo Monte trouxe de bom”, relata a moradora de Altamira.

Belo Monte oferece as chamadas condicionantes para a construção da usina, que para moradores chega em forma de aluguel social temporário, reassentamentos distantes da orla do rio, indenizações para poucos como forma de cooptação de lideranças. E o rastro vai ficar é de aumento da violência contra a mulher, do aumento de assassinatos, da criminalidade, das drogas entre jovens, a prostituição infantil e dos povos indígenas.

Para Antonia, a construção de Belo Monte foi feita goela abaixo. “É um crime sem precedentes contra a humanidade”.

Reportagem: Joka Madruga
Edição: Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males 




Projeto Águas Para Vida é retomado nesse mês de julho

julio 9, 2015 13:29, por Terra Sem Males

Menino atingido pela barragem de Belo Monte brinca com pipa, em um acampamento no município de Brasil Novo, no Pará. Março de 2015. Foto: Joka Madruga.

No próximo sábado, 11 de julho, o repórter fotográfico Joka Madruga, editor do Terra Sem Males, embarca para Porto Velho (RO) para fotografar o IV Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra. Madruga vai aproveitar a viagem e dará continuidade ao projeto Águas Para Vida e irá percorrer o Rio Madeira para registrar as consequências causadas na população local pelas obras das usinas de Jirau e Santo Antonio.

“É mais um grande desafio que faço questão de cumprir. Contar a história desses brasileiros impactados e abandonados à própria sorte, que são expulsos de suas casas e de suas histórias em nome do progresso, é uma chance de mostrar ao mundo o que se passa na região amazônica. Água e energia para quem?”, questiona Joka.

Em março de 2015, Joka Madruga passou o mês em Altamira (PA) para resgatar e dar visibilidade às histórias dos atingidos pela construção da barragem da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. “Em Altamira pude registrar que os povos são os mais prejudicados e sequer têm condições básicas de sobrevivência, como saneamento, estruturas de saúde, educação, qualidade de vida. Lá encontrei pessoas sem perspectiva de planejar o próprio futuro”, destaca o fotógrafo.

Visitando e conversando com a população de diversas comunidades ribeirinhas do entorno do rio Xingu, Joka Madruga publicou denúncias em forma de entrevistas exclusivas e reportagens fotográficas. Todas as matérias já publicadas podem ser acessadas em www.terrasemmales.com.br/aguas.

A partir da próxima semana, o Terra Sem Males estará disponível também numa versão impressa. O primeiro jornal trará uma reportagem fotográfica e um pôster com foto inédita do projeto Águas Para Vida, além de matérias com entrevistas ainda não publicadas.

Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males



Sindicato dos jornalistas ocupa os espaços nas redações

julio 8, 2015 14:54, por Terra Sem Males

Jornalistas do Paraná estão em campanha salarial e pelo combate às perseguições no exercício da profissão

No interior, os jornalistas também se mobilizam. Na imagem os companheiros de Cascavel-PR. Foto: Madson de Oliveira

Nos meses de junho e julho uma camiseta preta com a palavra BASTA escrita em cor laranja tem sido usada por jornalistas que se uniram de uma maneira diferente: pedindo o fim das perseguições e pelo livre exercício da profissão.

A campanha promovida pelo Sindijor-PR teve início após uma denúncia de ameaça de morte contra um jornalista paranaense, mas o BASTA tomou outras proporções. Um primeiro ato foi realizado em maio, na feirinha do Largo da Ordem, e um próximo está marcado para 11 de julho. Mas nas redações dos jornais o clima de luta contra a impunidade também teve adesões da categoria.

Os diretores do Sindicato estão percorrendo os locais de trabalho, passando informes e distribuindo camisetas. Já foram visitadas as redações da Gazeta do Povo, Rede Massa, Band News, RIC TV, Assembleia Legislativa do Paraná e RPC. E nesses locais os jornalistas vestiram a camisa do sindicato e posaram para a foto.

“Os jornalistas acabam vindo até você sempre com algum problema, crítica e até sugestão para a nossa gestão. Essa interação é bastante importante e é por ela que estamos trabalhando também. Mesmo quando você não está em visita, mas encontra colegas, seja numa pauta, num evento, eles têm algo para trazer. Acredito que hoje os jornalistas têm mais confiança no trabalho do Sindijor e isso os deixa com menos receio de relatar a realidade de seus locais de trabalho”, explica Elaine Felchaka, a diretora de Assessoria de Imprensa do Sindijor.

Felchaka explica que, no caso das assessorias, ainda será realizado um mapeamento das condições de trabalho dos jornalistas assessores. “Uma das nossas principais ações é combater a extrapolação da jornada de trabalho e o respeito ao piso da categoria”.

Nas redações de rádio, jornal impresso e televisão, essa aproximação do Sindicato tem sido vista com bons olhos por uma categoria que é mais difícil mobilizar via movimento grevista, por exemplo, já que o objeto de trabalho é a informação.

A jornalista Naiady Piva, que trabalha há um ano no jornal Gazeta do Povo, acredita que o ambiente de redação grande propicia uma maior interação com o sindicato que em outros locais de trabalho e que é importante essa aproximação do sindicato. “É uma redação grande, e é uma redação de fato. É o espaço do jornalismo por excelência, o que facilita o diálogo do sindicato. Mesmo para a empresa a presença sindical é corriqueira. Para quem está em locais menores, ou que não são redações propriamente ditas, esse debate todo ainda é muito mais distante”.

Para Naiady, os últimos acontecimentos, como os ataques à categoria, ajudaram a atuação sindical. “Reparei que estas visitas têm acontecido com mais frequência nos últimos meses, o que é bacana. Acho que os ataques que a categoria sofreu também ajudam a criar um clima de pertencimento, porque é como se a categoria fosse atacada, e as pessoas se solidarizam com isso”.

Saiba mais:

Campanha dos jornalistas não defende apenas salário 

Confira entrevista exclusiva com o presidente do Sindijor-PR.

Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males 

A segunda manifestação contra perseguições aos jornalistas paranaenses acontecerá no próximo sábado (11) às 10h na Boca Maldita em Curitiba. Todos convidados, jornalistas ou não.



Petroleiros denunciam riscos da mudança na Lei da Partilha

julio 7, 2015 17:00, por Terra Sem Males

Atividades aconteceram em aeroportos, para pressionar parlamentares contra o Projeto de Lei do Senado (PLS) 131/2015, de autoria do deputado José Serra (PSDB).

Petroleiros fazem manifestação no Aeroporto Afonso Pena para pressionar parlamentares. Foto: Pedro Carrano

O aeroporto Afonso Pena, na região metropolitana de Curitiba, amanheceu com um ato de pressão sobre os parlamentares em trânsito para Brasília. O manifesto exige que a Lei da Partilha sobre os recursos do pré-sal não seja alterada (Lei 1235, instituída em 2010). Com ela, a Petrobras detém exclusividade na operação dos poços das reservas do pré-sal, entrando em cada contrato com um mínimo de 30% de participação.

Atividades aconteceram também em Belo Horizonte (MG), contra o Projeto de Lei do Senado (PLS) 131/2015, de autoria do deputado José Serra (PSDB). Este projeto tem dupla função: busca derrubar o dispositivo que garante o papel central da Petrobras na exploração das reservas do pré-sal. Ao lado disso, o projeto o debate sobre o retorno ao projeto de concessão do petróleo, no qual a empresa contratada tem direito a ficar com todo o petróleo explorado.

A Petrobras, por sua vez, desenvolveu tecnologia para exploração do petróleo em águas profundas. E as reservas do pré-sal representam uma quantidade ainda não dimensionada ao todo. De acordo com Agência Internacional de Energia, 105 bilhões de barris ainda podem ser descobertos.

A pergunta então é: com quem ficará o direito de acessar todas essas reservas? Com quais empresas?

“A quebra da lei da partilha é um retrocesso muito negativo para o desenvolvimento do país. Em 2010, tivemos a mudança na lei de concessão (Lei 9748, de 1997), passando para a Lei na qual a Petrobras é a operadora exclusiva do pré-sal. Isso está contribuindo com o desenvolvimento do país, principalmente na indústria naval, o que gera uma ramificação de empregos muito grande dentro do Brasil”, analisa Anacélie Azevedo, diretora do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR/SC).

A dirigente petroleira elenca também que o motivo do protesto se deve ao fato de que a Petrobrás vive hoje um processo de paralisia apelidado de “desinvestimento” da ordem de 30% dos investimentos anteriores, de acordo com Anacélie. “Todos os corruptos têm que ser punidos, porém o Brasil não pode sofrer nenhum dano, o avanço de tecnologia tem que seguir avançando”, comenta.

Os petroleiros denunciam que o atual cenário vem na contramão do crescimento da empresa desde 2002, quando o investimento nas áreas de exploração e produção saltava de 3,6 bilhões de dólares para 27,2 bilhões, em 2013, de acordo com informativo nacional da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Oposição não aceita sequer o contrato de partilha

O modelo de partilha na exploração do pré-sal já havia sido uma conquista – pela metade – dos movimentos sociais e da sociedade, em 2009, quando a exigência inicial era pelo monopólio da Petrobras na exploração do petróleo e das reservas do pré-sal (Ouça a reportagem especial na Rádio Agência NP).

Agora, alterar o modelo de partilha e rebaixar ainda mais a participação do Estado no controle das reservas de petróleo é mais um item numa lista recente de retrocessos. A campanha o “Petróleo tem que ser nosso”, lançada em 2009, realizou cinco plenárias, reuniu movimentos populares e sindicais e teve papel importante de pautar o debate na sociedade e pressionar para que o pré-sal não ficasse em mãos das empresas petrolíferas internacionais.

A tentativa de alteração do regime de partilha é um dado de que há intolerância contra qualquer operativo nacional sobre os recursos do petróleo. “Não è à toa que outros dois Projetos de Lei do PSDB correm em paralelo na câmara dos deputados federais, visando acabar com o regime de partilha de produção do pré-sal (…) além de um Fundo Social Soberano para investimentos em saúde e educação”, descreve o informativo da FUP.

por Pedro Carrano
Terra Sem Males