Reitoria da UFPR nega pauta de estudantes e plenária decide rumo da ocupação
abril 11, 2018 21:01A ocupação da reitoria da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, entrou no segundo dia nesta quarta-feira, 11 de abril. De acordo com relato de um dos estudantes, que estão organizados na Frente de Apoio à Luta dos Trabalhadores e Trabalhadoras Terceirizados (FALTT), e que pediu para não ser identificado, depois da ocupação, o processo de organização da resistência foi iniciado e uma plenária decidiu as pautas principais do movimento:
a reintegração imediata dos trabalhadores; a readequação dos salários dos auxiliares de cozinha, que foram reduzidos de R$ 1.187 para R$ 1.100; e o reajuste do valor do vale alimentação, que de R$ 330 foi reduzido para R$ 191. A pauta também inclui o fim do desvio de função dos trabalhadores da cozinha, contratados como auxiliares e que desempenham funções de cozinheiros.
“É consciente do movimento a situação que se encontram os trabalhadores da cozinha do RU e é muito importante isso ficar claro, que não estamos aqui por diversão ou pra fazer balburdia”, afirmou.
A pró-reitoria chamou os estudantes da ocupação para uma reunião ainda pela manhã, mas de acordo com o estudante, os representantes da Universidade negaram a possibilidade de atender a pauta solicitada por estar em andamento uma negociação mediada pelo Ministério Público do Trabalho. “A proposta que fizemos é de que a universidade tomasse medidas administrativas internas pra resolver a reintegração. Que tivesse ciência das demissões e fiscalizasse os motivos. E exigir a recontratação dos trabalhadores por medidas administrativas em vista da motivação política da demissão. Ou para que a universidade observe as condições do RU para a justificativa das demissões”, disse. “Queremos medidas administrativas paralelas às ações no MPT”.
A proposta da FALTT não foi acatada pela reitoria. Às 21h desta quarta, os estudantes vão deliberar em plenária se vão ou não desocupar a reitoria, que teria montado uma comissão para vistoriar o processo de desocupação.
Durante a reunião também foi debatido o histórico de tentativas de negociação da FALTT com a UFPR, em que o estudante afirmou que sempre houve abertura de diálogo, mas esse diálogo nunca funcionou. “Nunca houve qualquer mudança em prol dos trabalhadores a partir do diálogo”.
O representante da FALTT também contextualizou que após uma greve em 2017, a universidade multou a empresa terceirizada e a empresa retirou todos os direitos dos trabalhadores conquistados com a greve, que foram o vale alimentação e os dias descontados no período de paralisação.
Na reunião, os representantes da reitoria teriam dito aos estudantes que houve a concordância por parte da universidade que o movimento é legítimo mas afirmaram que seria necessário desocupar imediatamente o prédio porque se não não seria possível realizar os pagamentos dos trabalhadores terceirizados. Ao citar os contratos entre universidade e empresa, os estudantes argumentaram que a desocupação não pode ser motivada por empecilhos administrativos e sim por pressão da universidade.
Na próxima sexta-feira, 13 de abril, às 18h, a FALTT promove aula pública na escadaria da UFPR, na Praça Santos Andrade, sobre a terceirização na universidade.
Saiba mais: Estudantes ocupam reitoria da UFPR, em Curitiba, em defesa de terceirizados
Por Paula Zarth Padilha
Foto: Annelize Tozetto
Terra Sem Males
CRÔNICA | Sobre Lula, muletas e truculência…
abril 11, 2018 20:27Fratura e refratura no pé esquerdo. Cirurgia para implante de parafuso que perfura praticamente todo o 5º metatarso (sim, igualzinho o Neymar, argh!). Essa é a síntese da minha dura realidade nos últimos meses.
Entre sexta-feira e sábado, 06 e 07 de abril, mal consegui pregar os olhos. Não por causa de dor, essa fase eu quase superei, mas porque sabia que vivia um momento bastante triste, porém histórico. Quem faz jornalismo com paixão, sabe que quando a locomotiva da história passa apitando, desenfreada, é impossível permanecer inerte.
Ainda estava meio zonzo de sono quando Luiz Inácio Lula da Silva iniciava o que possivelmente fora o mais importante de seus discursos. O fez no local aonde começou a aparecer para o mundo, a Sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista. Foi uma verdadeira aula sobre a grandiosidade que atingiu aos seus 72 anos. Apequenou seus inimigos e se apresentou não como um humano prestes a se entregar ao cárcere, mas como uma ideia viva, que não se pode prender e que ecoa através dos milhões de pequenos Lulas Brasil afora.
Discurso encerrado, a inquietude tomou conta de mim. Estava (e estou) com limitações de movimentos por conta da cirurgia, que acabara de completar um mês. Às favas com as orientações médicas, precisava ir até a Superintendência da Polícia Federal do Paraná para acompanhar o acampamento que os movimentos sociais pró-Lula começavam a instalar.
Pedi carona à minha esposa e cheguei por lá perto das 14 horas. Ela não ficou porque tinha uma jornada de três aniversários de criança que nosso amado filho, o Théo, fora convidado. No alto dos seus quatro anos, não falava de outra coisa a semana toda e estava ansioso pelo sábado.
A tristeza coletiva pela prisão de Lula pouco a pouco se transformava em confiança e alegria de estar lutando por uma causa justa e honrosa. Feitas as primeiras entrevistas e matéria publicada, passei a aproveitar a atmosfera do local. Batuque, palavras de ordem e canções de violão tornavam o ostensivo cerco policial irrelevante. Barraquinhas de comida e vendedores de bebidas deram um toque de feirinha noturna ao acampamento.
Um olho no batuque e outro na internet para acompanhar as notícias que vinham de São Paulo sobre o deslocamento de Lula. Por volta das 21h30, percebi que tinha exagerado e o pé incomodava. Começou latejando e depois parecia que o parafuso aquecia dentro do osso. Quando soube que o presidente mais popular e querido que este país já teve estava a caminho de helicóptero e nem chegaríamos a vê-lo, decidi ir para casa.
Fui com o coração tranquilo, sabia que os companheiros que lá ficaram iam resistir e continuar a luta contra a injustiça cometida a Lula. No caminho de volta para casa, peço para o motorista ligar o rádio e ouço explosões, tiros e gritos. A Polícia Federal avançara contra o movimento. Crianças, pais e mães de família, trabalhadores e trabalhadoras, jovens de todas as tribos. Foi contra esse público que jogaram bombas de gás lacrimogênio e atiraram balas de borracha pelo simples fato de romperem com o senso comum emburrecido e apoiarem a Ideia Lula. Uma mistura de sentimento de tristeza e impotência veio à tona. Nas ruas estreitas e apoiado em muletas, certamente seria um alvo fácil para a truculência da PF. No dia seguinte, lá estava eu novamente…
Por Davi Macedo
Foto: Joka Madruga/Agência PT
Terra Sem Males
Saiba se você já sofreu dano moral
abril 11, 2018 20:13A ação de indenização por danos morais é uma das demandas mais recorrentes, atualmente, nos tribunais brasileiros. Algumas delas de fato possuem fundamento em um dano efetivamente sofrido, enquanto outras têm como única finalidade a obtenção de lucro. Em contrapartida, são milhares as situações danosas que deixam de ser submetidas ao crivo do Poder Judiciário, principalmente em virtude do desconhecimento das vítimas sobre seus direitos.
O dano moral decorre de uma ofensa aos direitos da personalidade dos indivíduos, tais como a intimidade, privacidade, honra, imagem, integridade moral e física. Previsto originariamente na Constituição Federal e abordado brevemente pelo Código Civil, o tema precisou ser enfrentado largamente pela doutrina e jurisprudência até chegar aos seus delineamentos atuais.
É importante destacar que o dever de indenizar ou reparar o dano em regra deve ser avaliado de acordo com os pressupostos da responsabilidade civil, ou seja, no caso concreto é necessário que: i) haja uma ação ou omissão ilícita ou abusiva; ii) tal conduta cause algum dano a direitos da personalidade de pessoa física ou à imagem de pessoa jurídica; e iii) seja demonstrado o nexo causal entre a conduta do ofensor e o dano causado à vítima.
As situações passíveis de indenização são diversas, eis que qualquer fato que se enquadre nos pressupostos acima elencados pode ensejar reparação. Os tribunais enfrentam constantemente, por exemplo, casos de exposição de conteúdo ofensivo sobre pessoas; cobranças abusivas ou constrangedoras; delitos provocados por terceiros em instituições financeiras; violação de direito autoral; clonagem de cartão de crédito; descontos em contas bancárias sem autorização do cliente; desvio de dados pessoais de clientes por funcionários de empresas; prisão equivocada; erro médico – podendo-se, neste caso, cumular o pedido de reparação por danos morais e estéticos (se houver); dentre outros.
Ao ingressar em juízo com uma demanda indenizatória por dano moral, uma das maiores dificuldades das partes é em relação à comprovação e à quantificação da dor e do sofrimento suportado. A conduta culposa (ou dolosa) do ofensor, bem como o dano por ela causado, em regra precisam ser evidenciados, seja por documentos, testemunhas, mensagens, gravações de segurança, laudo médico e psicológico, ou qualquer outro meio idôneo de prova.
A comprovação do dano é importantíssima, sobretudo em razão da regra do Código Civil que estabelece que a reparação deva se dar de acordo com a extensão do dano. Extensão esta que é totalmente subjetiva, eis que diferentes indivíduos podem encarar a mesma situação de forma distinta, de modo que um fato passível de acarretar dor e sofrimento a uma pessoa não terá necessariamente o mesmo efeito sobre outra.
Por isso, é necessária que no momento da fixação de um valor indenizatório, seja avaliada a intensidade do sofrimento suportado pela vítima, bem como suas condições pessoais. Para além dos critérios subjetivos, há também critérios objetivos que norteiam a atuação do julgador, tais como a reincidência e a capacidade financeira do causador do dano e da vítima.
No entanto, a jurisprudência já consagrou diversas situações em que o dano é presumido (in re ipsa) e, portanto, prescinde da comprovação de que houve um sofrimento real, bastando apenas que se comprove a existência do fato descrito. É o caso, por exemplo, de publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais; uso indevido de marca de empresa; atraso de voo; recusa de tratamento hospitalar urgente em razão de atraso no pagamento de plano de saúde; traumas gerados por acidente de trânsito; ingestão de alimento industrializado com corpo estranho; violência doméstica e familiar; agressão – verbal ou física – de um adulto contra uma criança ou adolescente; inscrição indevida em cadastro de restrição ao crédito; apresentação antecipada de cheque pré-datado ou a sua devolução indevida; extravio de correspondência registrada, dentre outros.
De acordo com o previsto no Código Civil, o prazo para quem sofreu o dano buscar judicialmente sua reparação é de três anos, a contar da ocorrência do fato.
Por fim, é salutar que se compreenda que o dano moral possui natureza extrapatrimonial, eis que viola direitos da personalidade, os quais são norteados pelo princípio da dignidade humana. Diante disso, além dos casos já pacificados pelos tribunais, são passíveis de tutela jurídica quaisquer situações que se enquadrem nos pressupostos apresentados e que atinjam de forma significativa a esfera íntima da pessoa natural ou a imagem da pessoa jurídica.
Mayara Spaler é advogada e membro da Comissão de Inovação e Gestão da OAB/PR. Integrante do escritório Clèmerson Merlin Clève Advogados Associados
Estudantes ocupam reitoria da UFPR, em Curitiba, em defesa de terceirizados
abril 10, 2018 18:11Trabalhadores do RU tiveram sobrecarga de trabalho após mudança contratual e acabaram demitidos
Desde as 11h30 desta terça-feira, 10 de abril, o prédio da Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) está ocupado por cerca de 25 estudantes da instituição, que se organizam na Frente de Apoio à Luta das Trabalhadoras e Trabalhadores Terceirizados (FALTT).
Antes da ocupação do prédio, foi realizado em ato no pátio em frente ao Restaurante Universitário (RU) para denunciar a demissão de 12 trabalhadores terceirizados. Os funcionários que foram demitidos participaram de uma greve em 2017. “Eu estou aqui pela minha demissão sem justificativa”, afirmou M., auxiliar de cozinha.

Outra funcionária terceirizada demitida, que ocupava o prédio junto aos estudantes, relata que foi contratada como auxiliar de cozinha, mas denuncia que exercia a função de cozinheira, sem ter o salário readequado, e afirma que sofreu humilhações com a sobrecarga de trabalho. “Uma pessoa tinha que fazer o trabalho por cinco. A gente começava a trabalhar às 6h da manhã e só podia almoçar depois que fechava o buffet, lá por 13h40”, afirma C.

O RU é mantido pela UFPR através de empresas terceirizadas e no último processo licitatório houve uma alteração contratual que resultou na diminuição do número de funcionários exigidos para o cumprimento do contrato. A empresa Blumenauense assumiu em 2017 a produção de comida e a ex-funcionária C. denuncia que os trabalhadores foram mantidos, nesse período, de forma precária para que a empresa soubesse como era feito o trabalho e em seguida, descartados com a demissão. “Eu perguntei para a funcionária do RH o motivo de eu estar sendo demitida e ela respondeu que era por pequenas coisas mas a gente sabe que é pelo fato de eu ter participado da greve no ano passado”, relatou.

Um dos estudantes da FALTT, que terá sua identidade preservada e será aqui identificado como G.D., relatou já de dentro do prédio ocupado as motivações da mobilização, que está vinculada à alteração contratual que reduziu o número de funcionários e à sobrecarga de trabalho. Com a mudança de contrato em 2017 e a nova empresa, o número de trabalhadores para produzir a comida fornecida no RU foi reduzido. “Na região central tinha que ter 70 trabalhadores. No novo contrato, foi feita uma modificação em que dizia que deveria ter ‘número suficiente’. Óbvio que reduziram ao máximo o número de trabalhadores”, afirma G.D.
Anteriormente eram 250 funcionários e havia mais uma empresa responsável pela limpeza, separadamente. Com a modificação na modalidade de contrato, teve redução para 190 funcionários, resultando em intensificação do volume de trabalho. “Eles têm um açougueiro para cortar 700 quilos de carne e antes eram três”, afirma o estudante. Com a sobrecarga, há relatos de abalo emocional desses trabalhadores e de acidentes resultantes da sobrecarga, como queimaduras de segundo grau e quedas. Não há nenhuma abertura de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) por esses acidentes, porque os trabalhadores têm medo, estão desassistidos e a empresa não dá suporte. “A empresa faz esses trabalhadores assinarem declaração afirmando que a culpa é deles”, denuncia.
A Frente de Estudantes atua em defesa dos terceirizados acusando falta de atuação do sindicato da categoria. “A gente entende que são demissões políticas e que a responsabilidade é da empresa terceirizada mas também da universidade, que joga o corpo fora”, diz o estudante.

Os estudantes ocuparam o antigo Departamento de Serviços Gerais, onde passam todos os contratos de funcionários, e foram trancados lá dentro, por fora, após a saída de alguns funcionários do prédio e outros terem ficado para trás. A Polícia Militar foi acionada por uma servidora e chegou a isolar todo o quadrante em volta da reitoria.

Relato da ocupação
A fotojornalista Annelize Tozetto acompanhou pelo Terra Sem Males a ocupação da reitoria e relata que após uma manifestação com faixas em frente ao RU, os cerca de 25 estudantes se dirigiram à porta da reitoria e que para passar uma das funcionárias reclamou de ser atingida pela porta e revidou com agressão aos estudantes, gerando confusão.

A ocupação se consolidou e os funcionários se retiraram até o momento que a porta foi fechada por fora. Ao perceber que a porta estava fechada, a jornalista foi até lá tentar sair e foi hostilizada por uma funcionária, que duvidou que ela estivesse a serviço, mesmo que Annelize afirmasse estar realizando cobertura jornalística no local. Annelize foi, então, gravar as entrevistas sobre as motivações da ocupação e não acompanhou o processo de negociação para a porta ser reaberta, mas reitera que foi fechada por fora. Quando voltou ao local, a passagem estava liberada e as viaturas da PM já estavam para o lado de fora. A partir desse momento, a quadra foi isolada.
Os estudantes permanecem dentro da reitoria e afirmam que o objetivo da ocupação é a reintegração desses funcionários. O Coletivo de Advogados e Advogadas pela Democracia (CAAD) anunciou que irá prestar atendimento jurídico aos estudantes que ocupam o prédio da Universidade.
Fotos e reportagem: Annelize Tozetto
Edição de texto: Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
Nove governadores chegam a Curitiba e são impedidos de visitar Lula
abril 10, 2018 16:32Os governadores Waldez Góes (PDT-AP), Tião Viana (PT-AC), Renan Filho (MDB-AL), Camilo Santana (PT-CE), Flávio Dino (PCdoB-MA), Ricardo Coutinho (PSB-PB), Wellington Dias (PT-PI), Paulo Câmara (PSB-PE) e Rui Costa (PT-BA) desembarcaram em Curitiba nesta terça-feira, 10 de abril, para prestar solidariedade ao ex-presidente Lula, que está preso na sede da Polícia Federal, na capital paranaense.
Eles foram impedidos de visitar Lula por um despacho de indeferimento da Justiça Federal do Paraná, sob a justificativa de “Nenhum outro privilégio foi concedido, inclusive sem privilégios quanto a visitações, aplicando-se o regime geral de visitas da carceragem da Polícia Federal” e, ainda, sendo considerado no documento que “não há fundamento para a flexibilização do regime geral de visitas próprio à carceragem da Polícia Federal. Desse modo, deverá ser observado o regramento geral”.
Desde a noite de sábado, 7 de abril, quando Lula chegou a Curitiba, um grande acampamento ocupa as ruas na região da sede da PF. Atos políticos de apoio ao ex-presidente são realizados diariamente, reafirmando sua situação de preso político.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT) e o senador Roberto Requião (MDB) acompanharam a visita dos governadores à sede da PF, que deixaram uma carta para Lula e seguiram para um ato no acampamento.
Por Paula Zarth Padilha
Foto: Joka Madruga/Agência PT
Terra Sem Males
Retratos do Acampamento Lula Livre
abril 9, 2018 22:52Confira ensaio fotográfico de Joka Madruga produzido nesta segunda-feira, 9 de abril, em Curitiba, no Acampamento Lula Livre, de solidariedade ao ex-presidente Lula. De acordo com as lideranças dos movimentos sociais que organizam a mobilização, ela continuará como vigília até a soltura de Lula.










Mulheres jornalistas realizam ação contra o machismo durante final do campeonato de futsal do Sindijor/PR
abril 9, 2018 20:35No último sábado, 7 de abril, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor-PR) promoveu a edição 2018 do tradicional churrasco da entidade em comemoração ao Dia do Jornalista. Todos os anos, o churrasco acontece após os jogos finais do Sindijorzão, o campeonato de futsal promovido pelo Sindicato.
Na final feminina, competição que em 2018 reuniu seis times formados por jornalistas e estudantes, as jogadoras das equipes Nem uma a Menos e Boleragem entraram em quadra com camisetas e uma faixa contendo os dizeres “Não é Mimimi! É respeito!”, além das hashtags #DeixaElaFalar #DeixaElaJogar #DeixaElaTrabalhar.
A ação conjunta foi mais uma resposta ao machismo que ronda não só o esporte, como as redações dos veículos de comunicação e demais espaços públicos e privados frequentados por mulheres. Também vem ao encontro da campanha nacional de um grupo de repórteres esportivas, que vem denunciando o assédio por parte de jogadores, torcedores e até mesmo colegas de profissão.
Os dois times que chegaram à decisão são os únicos, dentre os seis inscritos na competição, presididos, treinados e formados exclusivamente por mulheres. São estudantes e profissionais de Comunicação que nada mais querem do que jogar bola, assistir aos jogos e comentar, sem serem silenciadas, ironizadas ou desrespeitadas.
Em quadra, o Nem uma a Menos, inspirado na luta contra o feminicídio (homicídios cometidos com viés de gênero) e outras modalidades de violência, venceu por 3 a 2, de virada. Os gols das campeãs foram marcados por Adriana Barquilha e Karina (2). Letícia Paris, artilheira e eleita craque do torneio em votação popular, descontou para o Boleragem. Ao final da disputada partida, as jogadoras se abraçaram e, como é de praxe, comemoraram juntas, pois sabem que esse é o espírito.
#NãoéMimimi
#DeixaElaFalar
#DeixaElaTrabalhar
#DeixaElaJogar
Por Mariana Franco Ramos
Arte da camiseta: Louise Pereira
Partido dos Trabalhadores reafirma candidatura de Lula em nota oficial
abril 9, 2018 20:24De acordo com nota oficial do PT, candidatura de Lula à Presidência da República será registrada dia 15 de agosto
A Comissão Executiva Nacional do Partidos dos Trabalhadores, que está de modo transitório organizando suas decisões políticas em Curitiba, divulgou nota oficial na noite desta segunda-feira, 09 de abril, reafirmando que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o pré-candidato do partido.
Confira íntegra da nota oficial:
O Partido dos Trabalhadores saúda as multidões de brasileiros e brasileiras que se mobilizaram, em São Bernardo do Campo, em centenas de cidades do país e no exterior, em defesa da liberdade do ex-presidente Lula.
Desde o último sábado, esta mobilização tem o seu centro político na cidade de Curitiba, onde está sendo realizada a Vigília Democrática pela Liberdade de Lula, nas proximidades da sede da Polícia Federal.
A prisão inconstitucional do ex-presidente Lula, sua condenação sem provas por juízes parciais, que sequer apontaram-lhe um crime, e a negativa, pela 5ª turma do STJ e pela maioria do STF, do direito de recorrer em liberdade constituem a maior violência contra uma liderança nacional desde a redemocratização.
Essa violência desperta indignação dentro e fora do país e só ressalta o fato de que Lula é o maior líder político do Brasil, reconhecido e respeitado internacionalmente.
A estatura política e pessoal de Lula agigantou-se pela maneira digna como ele cumpriu o mandado ilegal de prisão, no sindicato que é o berço de sua liderança política: de cabeça erguida, nos braços do povo, uma imagem que repercutiu ao redor do mundo.
A prisão ilegal de Lula é um desdobramento do grande golpe contra a democracia que começou com o impeachment sem crime da presidenta Dilma Rousseff , que levou à retirada de direitos dos trabalhadores, ao desmonte de empresas públicas, à entrega da soberania e do patrimônio nacional.
Lula é inocente! Lula é um preso político!
Por tudo isso, por toda sua história, Lula continua sendo nosso candidato à Presidência da República e sua candidatura será registrada no dia 15 de agosto, conforme a legislação eleitoral.
A principal tarefa do PT é lutar pela liberdade de Lula, em ações coordenadas com outros partidos políticos, movimentos sociais, frentes, organizações e personalidades de todo o Brasil e de outros países.
Caberá à Direção Nacional do PT fazer as articulações com outros partidos, que serão conduzidas pela presidenta Gleisi Hoffmann, designada por Lula como sua porta-voz política até que ele recupere a liberdade.
A Comissão Executiva Nacional decidiu que o comando político do partido ficará instalado em Curitiba.
O PT divulgará calendário de ações, mobilizações e resistência pela liberdade de Lula.
Não sairemos das ruas enquanto Lula não estiver em liberdade.
LULA INOCENTE!
LULA LIVRE!
LULA PRESIDENTE!
Curitiba, 9 de abril de 2018,
COMISSÃO EXECUTIVA NACIONAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES
Stedile anuncia novos acampamentos na Cinelândia (RJ) e em frente ao STF, em Brasília
abril 9, 2018 18:09Calendário de lutas em defesa de Lula Livre foi anunciado em ato na tarde desta segunda-feira (09), no acampamento em apoio ao ex-presidente em Curitiba, na região onde ele está preso.
Na tarde desta segunda-feira, 09 de abril, um novo ato político foi realizado na região da sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde o ex-presidente Lula está preso desde o último sábado (07). No local, cresce a cada dia o Acampamento Lula Livre, com a chegada de caravanas de diversas regiões do Paraná e do país.
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, anunciou, ao lado do ex-ministro de Relações Internacionais, Celso Amorim, do ex-ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e do ex-presidente da Petrobrás, Sergio Gabrieli, a configuração da Jornada de Resistência e Vigilância até 7 de outubro, data das eleições presidenciais.

A liderança do MST anunciou que nesta semana um novo acampamento Lula Livre será montado em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, para acompanhar o julgamento de uma ação de constitucionalidade, que terá votação na quarta-feira (11), sobre o cumprimento de pena após esgotarem todos os recursos. O dirigente também afirmou que outro acampamento será montado na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, e que estão previstas marchas até a sede da Rede Globo e do Tribunal de Justiça.
“Apelamos à consciência da ministra Rosa Weber. Há uma chance dessa barreira se romper na quinta-feira e buscarmos o presidente Lula”, disse Stedile. Caso haja outro revés no STF, afirmou que os advogados vão utilizar os instrumentos recursais possíveis, mas que “o habeas corpus que Lula precisa é o apoio do povo nas ruas”, que será viabilizado com agenda já anunciada, que foi definida em reunião das frentes populares após Lula se entregar, ainda no sábado.
Além dos acampamentos em Curitiba, Rio de Janeiro e Brasília, no dia 17 de abril o MST retoma seu dia histórico de luta, que também marca os dois anos do golpe no país, que destituiu a presidenta Dilma Rousseff, numa Jornada Nacional de Mobilização em Solidariedade ao Lula, em que convoca toda a militância e movimentos sociais e sindicais para a realização de paralisações em todo o país.
No dia 18 de abril, será realizado um grande ato em Curitiba, com a presença confirmada de Adolfo Perez Esquivel e de Pepe Mujica. Outras lideranças internacionais serão convidadas por Stedile e Celso Amorim.
No dia 21 de abril, uma passeata será realizada em Minas Gerais, até Ouro Preto, simbolicamente no feriado de Tiradentes, em defesa da liberdade de Lula.
Visitas ao acampamento
Ainda na manhã desta segunda, a pré-candidata à presidência pelo PC do B, Manuela D’ávila, esteve no Acampamento Lula Livre. Para ela, a liberdade de Lula representa a liberdade do povo brasileiro. Ela foi acompanhada do Senador Lindbergh Farias para um ato político.
De tarde, o ato político foi precedido de visitas ao acampamento, que toma diversas ruas ao redor da quadra isolada da sede da Polícia Federal. Stedile, Celso Amorim, Luiz Marinho e Sergio Gabrieli conheceram as estruturas organizadas pela Frente Brasil Popular e pelo MST, que conta com a adesão de diversas entidades de representação e de movimentos sociais e sindicais, que estão também com instalação de barracas solidárias no local.

O ato foi organizado por lideranças do PT em Curitiba, como André Machado e Anaterra Viana, presidente e vice do partido na cidade. Os bancários Juvândia Moreira e Beto Von der Osten, presidenta e ex-presidente, respectivamente, da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) vieram de São Paulo para o ato. Também permanecem em vigília representantes da CUT Paraná, da CUT Nacional, da APP Sindicato, do Sindipetro, da UNE, do Kizomba, da Marcha Mundial das Mulheres, das Promotoras Legais Populares, da Consulta Popular e de sindicatos de outras regiões do país.
O acampamento conta com cozinhas industriais coletivas para fornecimento de alimentação (e também uma barraca para recolher doações de alimentos), e os participantes estão instalados em barracas, colchões e ônibus nas calçadas e ruas, que estão isoladas para restrição do tráfego de veículos, com a presença da Polícia Militar e de representantes dos movimentos sociais, que estão caracterizados. Os atos políticos são realizados na rua, num palco improvisado, e são transmitidos por um grande coletivo de imprensa alternativa formado por jornalistas, repórteres fotográficos e comunicadores de diversas entidades e regiões do país.



Por Paula Zarth Padilha
Fotos: Joka Madruga
Terra Sem Males
Ato em defesa de Lula sinaliza alerta sobre funcionamento das instituições democráticas
abril 8, 2018 12:43Ato em Curitiba reuniu militância dos partidos políticos de esquerda, dos movimentos sociais, de trabalhadores e de defesa dos direitos humanos
Desde a noite de quinta-feira, 05 de abril, após decretação de prisão do presidente Lula, o país passa por intensa vigília formada por diversos atores sociais, em diversas regiões do país. Em Curitiba, cidade-sede da chamada operação Lava Jato, de onde também despacha o juiz federal de primeira instância Sergio Moro, uma intensa militância se reúne em mobilizações, inicialmente na sede do Partido dos Trabalhadores na quinta, um ato público na praça Santos Andrade na sexta e no Centro Cívico neste sábado, em defesa de muito mais do que a liberdade de Lula: dos direitos humanos, do direito de defesa de todos os cidadãos, do direito de ocupar o espaço público sem ser criminalizado ou atacado com violência.
Para o vice-presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Darci Frigo, também coordenador da entidade Terra de Direitos, a população não pode mais contar com as instituições públicas, como judiciário, parlamento ou poder executivo.

“O processo que envolve o presidente Lula não respeita as garantias constitucionais, que são importantes para todas as pessoas. Você não ter o direito da presunção da inocência até o processo chegar ao final é violação dessa garantia e o Supremo está relativizando nesse momento”. Frigo afirma que houve manipulação da agenda do STF pela presidente do Supremo, ministra Carmen Lucia, no julgamento do presidente Lula, ao não colocar em votação ações que poderiam mudar o resultado.
Ele explica que a CDNH defende as garantias constitucionais como o princípio da presunção da inocência, o direito à ampla defesa e que a entidade entende que a prisão em segunda instância significa aumentar o encarceramento no país. “Se você faz isso com um homem como o presidente Lula, que é a maior figura que esse país já teve, reconhecida no mundo inteiro, o que o sistema de justiça não fará com os sem terra, com os sem teto, com uma professora, com qualquer trabalhador que está lutando no dia a dia? Isso vai criminalizar e piorar a situação de violência no nosso país, por isso o CNDH e a Terra de Direitos se manifestam pela garantia dos direitos humanos de todas as pessoas”, afirma Frigo.

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) no Paraná, Roberto Baggio, acredita que os atos em defesa da liberdade de Lula se transformaram em sementes de mobilizações por todo o Brasil e que as manifestações tendem a crescer, falando sobre todos os atos realizados na última sexta-feira, 06 de abril, que, para ele, representam a resistência popular, um aspecto positivo, em sua análise.
“O golpe e a tentativa de prender Lula, de criminalizar, de acabar com a democracia, de vender o patrimônio, destruir a política nacional está sendo percebido pelas massas do povo brasileiro, que começa a sentir que o desemprego está chegando, que o salário tá baixo, que o aluguel subiu, que o alimento subiu. Essa problemática social vai se agravar e isso tudo tem um responsável político, que são os agentes do golpe. Nesse cenário temos um processo de crescimento da luta social e da luta política”, afirmou a liderança.

Ele avalia que a expectativa é de crescimento da luta popular nas próximas semanas, “para a sociedade brasileira e o povo brasileiro conquistarem a liberdade de volta. Ninguém pode ser preso, ninguém pode ser perseguido e a garantia disso tudo é a luta popular”. Baggio finalizou dizendo que o judiciário, o parlamento, o capital financeiro, a mídia querem destruir a resistência popular. “O povo tem que entender que depende dele agora”.

O jornalista e professor universitário Marcelo Lima participou do ato em Curitiba na última sexta-feira destacando que ir para a rua é demonstrar que existe uma grande quantidade de pessoas que não concordam com a decisão sobre a prisão de Lula.
“Essa decisão é anti-democrática, é arbitrária, foi feita às pressas, sem dar a liberdade para um indivíduo se defender de forma adequada, sem provas. Essa não é uma questão apenas relacionada ao Lula mas a todo cidadão. Está se criando um estado de exceção em que a lei está do lado somente de quem tem poder. É a lei do mais forte”, define.

Marcelo afirma que está se rompendo um contrato social com a sociedade brasileira, que foi fortalecido a partir da Constituição de 1988. “Todo esse processo foi por água abaixo, com uma parte significativa dos empresários, dos meios de comunicação, não querer que o Lula se candidate, porque eles sabem que o Lula vai ganhar”.
A vereadora em Curitiba Professora Josete (PT) afirma que as mobilizações são muito importantes, pois não significam apenas a defesa do Lula. “A defesa é por um país justo e soberano, pela democracia, porque infelizmente a nossa Constituição foi rasgada”. Josete afirma que quem rasgou a Constituição foi o Poder Judiciário, com decisões infundadas e sem nenhuma legalidade.

“Nós temos que nos mobilizar, estar nas ruas e mostrar que grande parte da população não concorda com isso. Queremos eleições, queremos a volta da democracia e que o Lula tenha o direito de ser candidato”, disse Josete.
O movimento sindical também estava presente. Em entrevista ao Terra Sem Males, o metalúrgico Nelson Silva de Souza, diretor do Sindicato da categoria em Curitiba, lembrou que a democracia está sendo destruída e que é importante os trabalhadores ocuparem as ruas. No final do dia, na sexta-feira, os metalúrgicos trabalhadores da Renault bloquearam a rodovia de acesso ao litoral paranaense, em uma ação articulada pelo Sindicato.

“Defendemos que o Lula seja candidato mas a mobilização é principalmente pela falta de justiça, que não é para todos. Nós queremos a democracia deste país e por isso os metalúrgicos têm feito panfletagem nas fábricas, um material de conscientização da sociedade sobre o que está acontecendo. Eles querem acabar com a esquerda para retirar direitos do trabalhador”, resume o dirigente.

O ato, na Praça Santos Andrade, reuniu a militância petista, mas também famílias, estudantes, integrantes de movimentos sociais, sindicalistas. Foi acompanhado por artistas, intelectuais, jornalistas, caravanas de outros estados, como as pessoas que vieram de Santa Catarina. Uma intervenção artística simbolizava uma cegueira que vendava os olhos de pessoas com a bandeira do Brasil e que tinham as mãos sujas de tinta vermelha.

As entrevistas foram feitas antes da chegada do presidente Lula em Curitiba, em que a vigília popular em frente à sede da Polícia Federal, contra a prisão, foi reprimida de forma violenta pela PF. Saiba mais aqui.
Mesmo neste contexto de opressão às ocupações de rua, a resposta popular é de crescimento e fortalecimento da vigília em defesa do ex-presidente. Um acampamento começou a ser montado na manhã deste domingo, 08 de abril, nos arredores de onde Lula está preso, em Curitiba, com a chegada de caravanas de diversas regiões do Paraná e do Brasil.
Por Paula Zarth Padilha
Fotos: Joka Madruga
Terra Sem Males