Conselho Nacional dos Direitos Humanos vai ao Rio de Janeiro acompanhar investigações sobre execução de Marielle Franco
marzo 16, 2018 20:18Uma comitiva do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) vai ao Rio de Janeiro nesta sexta-feira (16) em missão emergencial para acompanhar as investigações relacionadas ao crime de execução da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Pedro Gomes, ocorrido na noite da última quarta-feira (14) no centro do Rio de Janeiro.
A comitiva também irá prestar solidariedade aos familiares das vítimas e testemunhas envolvidas no caso, e se reunir com organizações da sociedade civil e instituições públicas incumbidas da defesa de direitos humanos e da apuração ou acompanhamento do crime, como Ministério Público Estadual e Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.
Em nota publicada nesta quinta-feira (15), o colegiado afirma que o crime não será compreendido como uma forma de intimidar outras defensoras e defensores de direitos humanos no Brasil, que, como Marielle, vêm denunciando as reiteradas violações de direitos. “Fatos como este só aumentam e impulsionam a resistência em defesa desses direitos. Não nos curvaremos nem nos calaremos diante do império do medo e da violência. Seguimos lutando por todos os direitos para todas as pessoas”, diz a nota.
Sobre Marielle Franco
Vigorosa defensora dos direitos humanos no seu estado, especialmente dos direitos de negras e negros, mulheres, lésbicas, jovens e moradoras e moradores das favelas do Rio de Janeiro, Marielle Franco vinha denunciando de forma reiterada as violações de direitos humanos decorrentes dos abusos e truculências da Polícia Militar em suas abordagens contra moradoras e moradores das comunidades cariocas, especialmente contra a juventude negra.
Mulher negra, mãe, filha da favela da Maré, Marielle foi a 5ª vereadora mais votada do município do Rio de Janeiro em 2016. Coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e, atualmente, presidia a Comissão da Mulher e era relatora da Comissão Especial sobre a Intervenção Federal na Câmara de Vereadores do Rio, posição assumida, inclusive, pelas reiteradas denúncias do Estado policial arbitrário vigente no Rio de Janeiro.
Fonte: CNDH
Foto: Joka Madruga/NPC/Terra Sem Males
Marielle virou semente de resistência contra as opressões
marzo 15, 2018 23:35O Brasil amanheceu tomado pela comoção com a morte, no Rio de Janeiro, da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, na noite de quarta-feira, 14 de março. Defensora dos direitos humanos dentro das favelas cariocas, Marielle utilizava sua representatividade na bancada da Câmara Municipal para reivindicar a existência de todas as pessoas atingidas pelo recorte de classe social, de gênero, de raça, da diversidade. Pois Marielle era tudo isso: mulher, negra, nascida em uma das favelas do complexo da Maré, mãe, mulher LBT.
O carro em que ela estava foi alvejado por nove tiros. Marielle foi atingida no rosto por ao menos quatro deles. Foi executada. Anderson foi alvejado por estar na diagonal de onde ela estava. Nada foi levado, na outra diagonal do carro sua assessora sobreviveu sem ser atingida pelas balas.
Essa narrativa da execução ao longo do dia mobilizou muita gente pelo país. Muita gente que foi para a rua reverberar as lutas de Marielle: que as vidas negras importam, que machistas, racistas e fascistas não passarão. Por muita gente que até então não tinha se dado conta que a intervenção militar no Rio de Janeiro trouxe mais violência. E mais medo.
Marielle denunciava o medo como porta voz dos moradores das favelas. Ela foi nomeada relatora para acompanhar a intervenção militar pela Câmara Municipal. Três dias antes de ser executada, Marielle denunciou ações violentas de militares contra moradores do Acari. E é nesse contexto que ela foi morta. E que o medo, que era sentido lá nas favelas, se espalhou pelo país. Mas esse medo ricocheteou no silenciamento de todos nós.
Entre as centenas e milhares de pessoas que foram às ruas, em diversas cidades do país, em vigília, em memória dessas duas mortes, eu estava lá. E vi muitas famílias, muitas mães com seus filhos nos braços, muitos homens, muitas mulheres, muitos casais homoafetivos, algumas lideranças compondo essa multidão. Mas o ato político não teve bandeiras. Foi construído com velas acesas, flores, cartazes de protesto e punhos cerrados.
Marielle virou semente. Germinando a resistência. Porque ninguém quer sentir medo. Nem a dor. Porque ela foi executada com tiros na cabeça. E não foi calada. Ela vive, a partir de agora, em cada um de nós. E a semente da defesa dos direitos humanos se tornou um grande ato de solidariedade. Marielle, presente. Anderson, presente.
Por Paula Zarth Padilha, da Praça Santos Andrade, escadarias do prédio histórico da UFPR, Curitiba.
Fotos: Gibran Mendes/Porém.net
Terra Sem Males
FOTOS | Lançamento da Teia de Comunicação Popular do Brasil direto do Fórum Social Mundial
marzo 15, 2018 11:29Direto do Fórum Social Mundial, em Salvador, Claudia Santiago Giannotti, do Núcleo Piratininga de Comunicação, propõe o lançamento da Teia de Comunicação Popular do Brasil, uma rede de solidariedade para amplificar a divulgação de notícias populares, dos trabalhadores, das favelas.
Claudia homenageou a vereadora Marielle Franco, defensora dos direitos humanos assassinada na noite de quarta-feira (14), no Rio de Janeiro. Marielle era uma das entusiastas do NPC no fomento à comunicação popular. O Terra Sem Males é parte da Teia de Comunicação Popular do Brasil.
Fotos: Joka Madruga / NPC / Terra Sem Males









Vereadora Marielle Franco, que denunciava abusos da intervenção militar, é executada no Rio de Janeiro
marzo 15, 2018 9:06A vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), mulher, negra, e moradora do complexo de favelas da Maré, foi atingida por cinco tiros na cabeça, na noite de quarta-feira (14), dentro do carro, na Lapa, quando retornava da Roda de Conversa “Mulheres Negras Movendo Estruturas!”. O carro foi alvejado por ao menos nove tiros, que também matou o motorista Anderson Gomes e atingiu uma de suas assessoras, que sobreviveu ao ataque.
Marielle Franco foi nomeada relatora da comissão de iria acompanhar pela Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro a intervenção militar nas favelas e, de acordo com nota oficial do PSOL-RJ, Marielle tinha acabado de denunciar a ação brutal e truculenta da PM na região do Irajá, na comunidade de Acari.
Marielle foi eleita pelo seu ativismo em prol dos direitos humanos e os movimentos sociais se solidarizam organizando vigílias por todo o país. Confira:
RIO DE JANEIRO:
Ato na Alerj
No Largo São Francisco de Paula
Também na Cinelândia, em frente à Câmara Municipal, às 11 horas.
SÃO PAULO:
MASP
MARIELLE PRESENTE!
*Jornaldo: Agora é com o Tite
marzo 15, 2018 0:29“Você fala muito, Jornaldo! Você fala muito. Fala pra caralho!” – “Ah… toma vergonha nessa cara. Se não quer me ouvir vá tomá bem no meio do olho da sua bunda. Tchau!”. E desliguei. Essa foi minha última conversa com Tite, o superprotegido técnico da seleção brasileira de futebol. Não sei quem sabe menos, se é ele ou o Mano, mas não o Menezes, o Ramires.
Tite me ligou semanas atrás pra saber das condições de alguns jogadores do Sindijorzão. Sei que a lista definitiva para a Copa da Rússia ainda não está fechada. Porém, essa semana, após acompanhar a convocação da seleção, fui obrigado a falar umas verdades pro novo símbolo da CBF.
A ficha completa de alguns jogadores do torneio, com gráficos e vídeos produzidos pelo meu Departamento de Inteligência (DI), algo muito melhor que o DI do Atlético Paranaense (que já contratou o Morro Garcia), não foi o suficiente, Tite?
Gostaria de saber qual a justificava pra convocar o Renato Augusto? O cara joga na China! Quem conhece a PORRA do futebol chinês? Puta que pariu! Aí, de quebra, o cara não chama o Diego, do Che Garotos. Entre China e Cuba, que leve o jogador socialista que disputa a competição mais difícil. Ou seja, o Sindijorzão. Óbvio.
O critério deveria ser a qualidade técnica. Daniel Cabelo, do Relevo, jamais será pior que o Talisca. Pra piorar, o Tite me inventa de chamar o tal do Fred. Caralho, mano. Puta que pariu! Que porra é essa? Eu disse pra ele: “se quer um jogador canhoto, de velocidade, chama o Thiago Bico Fino, do Refugos. Nem beber ele bebe!”. E pra piorar, ele ainda ressuscitou o Willian José.
No Sindijorzão atacante é o que não falta, meu caro Tite. Pega o Careca ou o Guigo ou o Will ou o Sandro/Samuel/Samuca… qualquer um coloca o centroavante do Real Socied no bolso; aliás, o time citado é ‘tão relevante’ no cenário mundial quanto o Shakhtar Donetsk ou o Moscas Mortas.
E tem mais. O Tite chamou um cara errado. Eu indiquei o FilipI e ele chamou o FilipE, o Luiz. Porra! Eu disse pra chamar o FilipI, com I. O Oliveira. O cara dos gols sem ângulo! O cara que chegou na concentração do seu ex-time, Confraria, e disse: “estou saindo pra ser campeão num time grande”.
Então trata-se de um jogador com personalidade. Tanto é que Filipi foi campeão do Sindijorzão com o Sensacionalistas contra seu ex-time. Detalhe: nos pênaltis. Outro detalhe: ele não ficou chorando igual o Thiago Silva. Ah… e tem mais, ele se mostrou mais entendedor do mercado da bola que o Neymar. Cadê o PSG agora?
É por essas e outras que eu tive que dar um esculacho no Tite. E foi pouco. Até porque considero a presença do Taison uma afronta. Barrou o Giba, do Catadão, pra isso? Eu não consigo entender. E o Soroca Eterno? Porra, Tite, eu vi o Soroca jogar no último domingo, o cara tá no auge!
Soroca tem tanta classe que ‘se deu’ um chapéu! Sim! Ele estava sozinho, a bola veio alta e o que ele fez? De chaleira, ‘se deu’ um chapéu. Depois levou a bola pra ala, cansou e foi desarmado. Mas o que está em discussão aqui é a qualidade técnica e não o preparo físico.
Infelizmente o Tite não pensa assim, por isso convocou o Rodrigo Caio, do São Paulo. Xinguei ele pra caralho. Com motivo. É como diz o pofexô Luxa: “porra, futibol xem palavrão não exixti. Xeux juvenil filha da puta”. Anote aí, com esse zagueiro do ‘eixo’ vai ser mais um 7 a 1. E olha que eu indiquei o Michael Mittelbach, jogador alemão naturalizado brasileiro.
Natural de Hamburgo, o hoje conhecido como Márcio Mittelbach cresceu no meio dos grupos anarquistas que comandavam o FC St Pauli. No Brasil, ao lado do socialista Carvalhinho, fundou o time Os Refugos. Inclusive eles usam as cores preta e branca da torcida antifascista do time alemão.
Vale lembrar que o Refugos sofreu seu primeiro revés em dois anos no último domingo! Eles não perdiam desde 2016! Coube ao Relevo, na última rodada da fase de classificação, quebrar essa invencibilidade.
Voltando ao assunto ‘Tite’, apesar de tudo isso, o convidei pra deixar de ser babaca e assistir, in loco, as partidas do mata mata do Sindijorzão, no próximo domingo. O Vadão, por exemplo, treinador da seleção brasileira de futebol feminino, sempre comparece.
Inclusive Vadão me confidenciou que as atletas Paris (8) e Jordana (4), que juntas fizeram 12 gols na última rodada, vestiriam facilmente a camiseta verde e amarela. Além disso, a Jordana, do time Larga Mão, foi responsável pelo primeiro gol da história da sua equipe. São os tabus sendo quebrados e apostas não sendo pagas, né Roger Pereira.
Bom… mas espero que o Tite tenha entendido que pra ganhar a Copa na Rússia é preciso muito mais que um Geromel. Lá o negócio é Geromé. Cachaça. Vodka. Por isso, atletas do Sindijorzão: “arrebentem em seus clubes” – parafraseando o treinador canarinho.
Geromel, Hidromel, Mirabel, são coisas desses ‘viking nutella’ de hoje em dia que usam coque e tiara. Pior que eu indiquei o Boreki Pedalada, que se encaixa nesse perfil, mas nem assim o atleta dos roxinhos foi lembrado pelo Tite.
Lamentável.
*Por Jornaldo.
**Conheça a page do Jornaldo no Face!
Jornalista relata massacre de servidores públicos “patrocinado” pelo governo do PSDB em São Paulo
marzo 14, 2018 21:18Confira depoimento da jornalista Rosângela Ribeiro Gil, do Núcleo Piratininga de Comunicação em São Paulo, que acompanhou a manifestação dos servidores públicos reprimida com violência pela Guarda Municipal:
Covardia de governantes que não são governantes, muito menos pessoas que devem ser honradas ou admiradas. Lixo. São apenas lixo da história. São apenas lixo da raça humana. É assim que podemos classificar o prefeito João Doria e o governador Alckmin, ambos do PSDB, quando “patrocinaram” um massacre contra servidores públicos municipais de São Paulo, na tarde desta quarta-feira (14/03).
Em movimento pacífico, em frente à Câmara Municipal, foram barbaramente reprimidos por batalhão do Choque da Polícia Militar; as agressões começaram pela Guarda Civil Municipal. Dezenas de bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo e de pimenta, além de investirem de cassetetes contra homens e mulheres.
O funcionalismo, desde 8 de março, decidiu pela paralisação das atividades para exigir discussão sobre o Projeto de Lei 621/16, que altera o regime previdenciário municipal prejudicando o funcionalismo público. Ao invés do diálogo, bombas. Indiferente a tudo o que acontecia em frente à Câmara, vereadores da base do prefeito e do governador tucanos prosseguiram a discussão da matéria na Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa (CCJ) da Casa e aprovaram por 5 a 3 o PL.
Os servidores tiveram de correr das bombas. Outros foram encurralados dentro do pátio da Câmara. Recuavam e tentavam voltar para a Câmara sendo recebidos, de novo, por muitas bombas. Vários feridos ensanguentados pelas ruas. Professoras da rede municipal em estado de choque. Um professor com um tiro de borracha na testa.
Dois feridos graves não conseguiram socorro do SAMU nem do resgate do Corpo de Bombeiros. Telefonemas clamando por socorro, e ninguém veio. Tiveram de ser removidos, com todos os riscos que isso pode causar, por carros particulares.
São Paulo não merece o governo-lixo dos tucanos.
Texto: Rosângela Ribeiro Gil/ NPC-SP
Fotos: Deborah Moreira e Beatriz Arruda/ Senge-SP
FOTOS: Segundo dia do Fórum Social Mundial em Salvador
marzo 14, 2018 19:11Confira abaixo retratos dos participantes do Fórum Social Mundial, que acontece em Salvador-BA até o dia 17 de março. São imagens de lutadoras e lutadores de várias partes do mundo, que sonham e lutam para construir um mundo melhor. A autoria das fotos é do repórter fotográfico Joka Madruga.
Teia da Comunicação
O Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), que lançará a Teia de Comunicação Popular do Brasil na próxima quinta-feira (15), a partir das 9h.
Confira abaixo algumas imagens do primeiro dia.




















Rede de comunicação contra-hegemônica será lançada no Fórum Social Mundial
marzo 14, 2018 15:37Terra Sem Males irá se juntar a veículos independentes, comunitários e sindicais na Teia de Comunicação Popular do Brasil, idealizada pelo Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC)
Num Brasil imaginado pelo comunicador Vito Giannotti, criador do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) ao lado da mulher, a jornalista Claudia Santiago Giannotti, os jornalistas sindicais formariam a maior redação do país. E de forma fragmentada, mas sempre atuando de forma situada, todos esse profissionais, junto aos comunicadores populares e militantes do jornalismo independente e, mais recentemente, os midiativistas de iniciativas de comunicação essencialmente coletiva, distribuem de forma amplificada nos meios virtuais toda essa produção de conteúdo informativo, de notícias, de memes, de imagens jornalísticas, de audiovisual.
E é pensando nesse potencial de produção de notícias contra-hegemônicas que Claudia Giannotti convidou diversos comunicadores desses segmentos no país para a construção da Teia de Comunicação Popular do Brasil, que será lançada na próxima quinta-feira, dia 15 de março, a partir das 9h, na sala 213, PAF 1, do campus Ondina da UFBA, como parte da programação do Fórum Social Mundial (FSM), em 2018 realizado em Salvador (BA).
Acesse aqui o evento no facebook e confirme sua presença.
A proposição trata de uma rede de solidariedade e durante a conversa no lançamento serão articuladas coletivamente propostas de fortalecimento, atuação e potencialização da comunicação dos trabalhadores de todo o país.
O Terra Sem Males irá incorporar a Rede Teia e terá como representante no FSM o repórter fotográfico Joka Madruga. “Participar e colaborar dessa importante articulação nacional da comunicação popular, alternativa e independente é construir uma unidade, através da coletividade, para contribuir na luta pelo direito à informação. É uma honra fazer parte deste projeto grandioso. O TSM será um dos tijolinhos desta construção”, comemora o editor do TSM, site de jornalismo independente que tem seu enfoque nos trabalhadores, nos povos originários e nos movimentos sociais na produção de reportagens e fotorreportagens.
Já confirmaram presença na atividade, como animadores da conversa, além de Claudia Giannotti e Joka Madruga, os jornalista Beto Almeida, do Jornal Popular; a militante Débora Silva, da organização popular Mães de Maio; o professor Giovandro Marques Ferreira, da UFBA-Intercom; Wesley Lima, do MST-BA; Emilio Azevedo (NPC-MA e Vias de Fato); Eric Fenelon e Luisa Santiago, do NPC-RJ; Eudes Xavier (NPC-CE); Fábio Caffé (Fotógrafos Populares); Reginaldo Moraes (Unicamp); Rita Freire (Ciranda) e representantes do Brasil de Fato e dos sindicatos SINDSEP-PE, ADUFS, Fetrace, Bancários-ES, Fisenge, SINTESPE, SindJustiça-RJ e Sinait.
O NPC, que tem sede no Rio de Janeiro, e tem em sua estrutura o Espaço Gramsci, para a realização de debates, e atua fortemente na formação de comunicadores populares nas favelas e também com cursos especializados em jornalismo sindical, enviou uma equipe de comunicadores a Salvador para atuar na cobertura do Fórum Social Mundial. O repórter fotográfico Joka Madruga irá compor essa equipe, a convite do NPC, e todas as informações do FSM viabilizadas por este coletivo serão compartilhadas pelo Terra Sem Males.
O NPC disponibilizou um questionário online para acesso dos veículos de comunicação popular, independente e sindical que tiverem interesse de compor a Teia. Acesse aqui.
Saiba mais sobre a Teia de Comunicação Popular: NPC lança Teia de Comunicação Popular do Brasil durante o FSM 2018
Saiba mais sobre o Fórum Social Mundial 2018: Fórum Social Mundial começa nesta terça em Salvador
Rugby em Cadeira de Rodas: “é uma condição de vida”
marzo 14, 2018 13:58Alexsandro Inocêncio Vieira (36) usa a camiseta número três (foto) do time Locomotiva Quad Rugby, da Associação dos Deficientes Físicos de Campo Largo. Na última sexta-feira (09), seu time jogou em Curitiba
Jogo pegado. Assim pode ser definida qualquer partida de Rugby. Mas quando o assunto é Rugby em Cadeira de Rodas, aí a coisa muda. Não é só Rugby. “Hoje o Rugby é uma condição de vida. Não só pela prática física, mas pela convivência, por estar sempre viajando, conversando com pessoas diferentes. Simboliza uma vida melhor”, diz Alexsandro Inocêncio Vieira, o ‘Alex’.
Na sexta-feira (09), no Centro de Esporte e Lazer (Cel) Dirceu Graeser, na Praça Oswaldo Cruz, em Curitiba, aconteceu, como parte da Virada Esportiva na capital paranaense, a Copa Curitiba de Rugby em Cadeira de Rodas. Alex faz parte da equipe do Locomotiva Quad Rugby, que recebe suporte da Associação dos Deficientes Físicos de Campo Largo (ADFCL).
A partida foi entre Locomotiva (ADFCL) x Gladiadores (Saúde Esporte e Sociedade Esportiva – Curitiba). Os Gladiadores levaram a melhor por 31 a 14. Mas o resultado, naquela tarde, era o que menos importava. O jogo serviu como preparação para o campeonato brasileiro de Rugby em Cadeira de Rodas. O time da capital paranaense esta na disputa da série A e os campolarguenses na série B do nacional em 2018.
O jogo
Uma partida de Rugby em Cadeira de Rodas tem quatro tempos de oito minutos. Os times têm doze minutos pra chegar ao ataque e quarenta segundos até fazer o gol. Normalmente quem tem alguma lesão menos grave joga no ataque e quem é mais comprometido fisicamente joga na defesa.
Quando o jogo começa o bicho pega. É competitivo. Uma coisa que chama a atenção é quando as cadeiras de rodas se chocam: sobe um barulhão que é como se fosse um trovão! É literalmente um jogo impactante e de descarga de energia. Aliado a isso, o que se vê são sorrisos nos rostos dos atletas, além das expressões de força física e entusiasmo.
E não podemos esquecer as peculiaridades. Por exemplo: se usa uma bola de vôlei de 410 gramas. Alguns jogadores passam cola nos pegadores pra melhorar a aderência e controle da bola. As cadeiras são adaptadas. Quem joga na defesa tem uma grade de ferro na parte frontal, para proteção. Já quem joga no ataque usa uma cadeira mais leve e sem essa proteção. Outro detalhe importante é a calibragem dos pneus, já que em alguns momentos da partida os atletas precisam fazer um ‘pit stop’ pra dar aquela calibrada.
História: O Rugby em Cadeira de Rodas ficou conhecido em 1996, quando apareceu pela primeira vez nos Jogos Paralímpicos. Na época foi uma modalidade em demonstração. Só em Sidney (2000) o esporte ficou em definitivo nas olimpíadas. É um esporte misto, ou seja, homens e mulheres podem participar na mesma equipe. Conheça as regras e a história neste link.
Foi essa exposição mundial que fez com que Alex despertasse para o esporte. Hoje ele está indo para o terceiro ano na modalidade, joga na defesa e se considera um aprendiz de zagueiro: “eu já tinha visto alguns jogos pela internet, já tinha assistido alguns jogos internacionais, mas aí eu conheci o professor Rafael Reis, da Associação. Através dele comecei a praticar pela ADFCL”.
A Associação dos Deficientes Físicos de Campo Largo mudou a vida de Alex, assim como faz a diferença na vida de muitas pessoas. “Foi meu recomeço. Através dela que eu saí de casa. Voltei pra comunidade. Vivi anos dentro de casa, num casulo. Mas na Associação eu voltei a estudar. Voltei a ativa. Tive incentivo para recomeçar”, conta.
Cotidiano
Quando se usa a expressão “não é só Rugby” é porque a coisa vai além mesmo. Cada atleta tem uma história de superação. Para Alex, não é fácil contar a sua, mas ele não esconde: “numa saída de um bar, numa madrugada, teve uma briga dessas que a gente vê toda hora por aí. Aconteceu uma confusão entre alguns amigos. Houve tiros e um sobrou pra mim”.
Isso foi em 2003. Ele estava de folga, trabalhava como segurança. De lá pra cá, Alex viveu seu ‘luto’, durante algum tempo, mas encontrou no esporte, nas amizades, na Associação e nas competições, força pra continuar. Outra coisa que mudou foi sua cabeça, principalmente sobre o assunto acessibilidade:
“Não tinha conhecimento. São duas cabeças: uma antes e uma agora. Não vou ser hipócrita de dizer que sempre fui uma pessoa consciente porque não é verdade. Claro, se eu tivesse passando na rua e visse um cadeirante, ia dar uma força pra ele, mas não tinha a menor ideia de como é o mundo de uma pessoa em cima de uma cadeira de roda” – Alexsandro Inocêncio Vieira.
Segundo Alex, o mundo do cadeirante é totalmente diferente. Ele usa a expressão “tem que salvar um leão por dia” pra dizer que a luta dos cadeirantes acontece desde a hora de acordar até a hora de dormir. “Todo dia você tem que aprender uma coisa nova. Todo dia é um obstáculo. Nossas ruas, nossas cidades, não estão preparadas”, critica.
Quando questionado sobre “o que diria para uma autoridade pública de Campo Largo sobre acessibilidade?”, Alex é categórico: “eu acho que precisa mais pessoas com sensibilidade. Vemos pessoas formadas, atrás de suas mesas, assinando papéis, mas não tem ninguém nas ruas, com uma cadeira de rodas, pra ver como é a realidade. Precisamos de pessoas mais envolvidas”.
ADFCL
A Associação é referência quanto se fala em esporte adaptado. De acordo com o educador Rafael Reis, “hoje temos cadastrados 50 atletas/participantes. Trabalhamos com Atletismo, Bocha, Rugby em Cadeira de Rodas, Tiro com Arco, Natação e Triathlon. Oferecemos a prática do esporte em todas as suas dimensões, como esporte de rendimento, educacional, lazer, social e de reabilitação”.
Mas o trabalho vai além. Na ADFCL há aulas de informática, inglês e artesanato, além da promoção de atividades de lazer, como viagens, idas ao cinema, teatro, pesque-pague, circo, etc. “Fazemos também encaminhamento ao mercado de trabalho, orientação em busca dos direitos da pessoa com deficiência e empréstimos de órteses e próteses”, completa Rafael Reis, que é Coordenador de Paradesporto na ADFCL.
Vale lembrar que a ADFCL terá um vídeo institucional produzido pelo Sindimovec – Sindicato dos Metalúrgicos de Campo Largo para o projeto “Onde eu faço a diferença?”. O objetivo da ação é valorizar a história de entidades que têm um olhar social.
Por Regis Luís Cardoso (texto e fotos).
Marcha de abertura do Fórum Social Mundial traz para Salvador luta de classes, diversidade e rebeldia
marzo 14, 2018 12:01A Marcha de Abertura do Fórum Social Mundial é sempre um momento de grandes emoções. Sindicalistas. Indígenas. Quilombolas. Ecologistas. Pessoas que lutam pela igualdade entre os homens e mulheres, pelo direito de viver livremente a sexualidade e a religião. E muita juventude. Estão todos lá. Os cabecitas blancas também. Eles se recusam a sair das ruas e deixar de brigar por suas utopias.
Elas e eles chegam da Suíça, da França, da Alemanha. São operários argentinos, cubanos, italianos. Católicos, muçulmanos, protestantes. Palestinos. E muitos brasileiros. De todos os cantos, mas, principalmente, baianos.
Vestem-se de forma simples. Roupas largas e alegres, cabelos soltos e sapatos baixos.
A Marcha de Abertura é o momento em que todos esses se pavoneiam com suas camisas e bandeiras que revelam tantos desejos. A democratização da comunicação, uma imprensa popular. Redes de solidariedade. A auditoria da dívida dos países. O fim do genocídio de jovens negros e pobres.
Não é todo dia que se junta essa gente toda. Estudantes, favelados, indígenas, mães que lutam contra a violência policial.
A emoção que já é forte atinge seu ponto máximo quando os olhos avistam velhos companheiros de tantas batalhas travadas, às vezes, ao longo de uma vida inteira.
Então elas e eles se abraçam e se beijam com carinho e ternura. O futuro é hoje. Sem medo. Ao lado dos companheiros.
Ainda é cedo para entrever o resultado político que um evento dessa proporção deixará em um momento tão difícil para as lutas sociais. Mas uma coisa é certa: ninguém esquece um Fórum Social Mundial. Os dias que são passados nesse território definem vidas. E se depois dele o mundo não muda, a culpa não é do Fórum. É que a disputa é muito desigual.
Vamos acompanhar de perto e com muito carinho esses próximos dias. E torcer para que os diversos movimentos que estão nesse 2018 no FSM de Salvador se fortaleçam e, como disse o Che, que o façam movidos pelo amor.
Por Claudia Santiago Giannotti, do Núcleo Piratininga de Comunicação.
Foto: Joka Madruga
Terra Sem Males
Confira as fotos da marcha de abertura feitas por Joka Madruga, para o NPC e para o Terra Sem Males.