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Terra Sem Males

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abril 3, 2011 21:00 , por Desconocido - | No one following this article yet.

Desmonte do que resta dos bancos públicos é risco para o país

julio 18, 2017 13:06, por Terra Sem Males

O economista do Dieese Felipe Freire Miranda, que atua auxiliando a Fenae, representação nacional dos trabalhadores da Caixa, esteve em Curitiba na última quinta-feira, 13 de julho, para participar da posse dos novos delegados sindicais do BB e da Caixa, promovida pelo Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região. Ele destaca a importância das empresas públicas como subsídio para atuação do Estado para o desenvolvimento do país e o que está acontecendo é um processo de desmonte do que resta dos bancos públicos.

“A primeira distinção entre bancos públicos e privados é na atuação regional e a atuação além do lucro, com as políticas públicas. Os efeitos positivos regionais sobre a economia. Os bancos públicos competem com os oligopólios privados, auxiliam as contas públicas, atuam de forma setorial onde os privados não se interessam por não gerar lucratividade, além das atividades sociais que não são lucrativas”, exemplificou o economista. “A atuação com políticas públicas não volta para o balanço financeiro, mas para a sociedade”, ilustra.

Alguns elementos apresentados foram a estrutura oligopolista, num comparativo das últimas décadas, em que dezenas de instituições financeiras se transformaram atualmente em cinco bancos, dois públicos e três privados que detém 80% do mercado; o spread bancário que é o terceiro maior do mundo. Isso significa que os juros estrondosos no crédito rotativo do país só são menores que os de Madagascar e do Malaui.

Felipe também falou que o juros mais perverso para os comerciantes são vindos de um direito conquistado pelo trabalhador: aceitar o vale refeição num estabelecimento custa 12% de taxa pela transação financeira. “O que temos aqui é uma jabuticaba, só existe aqui. A lucratividade dos bancos no Brasil é o dobro do que ocorre no mundo”.

Estratégia econômica do Estado – O economista do Dieese esclareceu o papel fundamental do banco público como estratégia econômica para o governo federal. As chamadas “ações Robin Hood” promovidas pelos bancos públicos pegam recursos de quem tem mais e repassam em forma de políticas públicas para quem não tem. “Quando você vende um banco público, ao longo dos anos você não recebe em forma de dividendos”.

Segundo ele, o Brasil é um exemplo para o mundo de utilização dos bancos públicos, pois as mesmas políticas públicas sociais têm custo de 10% do que um ministério teria de custo para se fizesse diretamente. O BNDES atua em áreas que bancos privados não querem atuar. “Esses argumentos são fundamentais e vocês devem utilizar nas bases”, alertou.

O retorno social protagonizado pelos bancos públicos – Felipe Freitas de Miranda apresentou dados sobre o papel dos bancos públicos diante do mercado oligopolista, que são as instituições financeiras no Brasil, e da importante atuação no fomento de políticas públicos pelo Estado.O economista abordou o retorno social que a Caixa representa para a população brasileira e o lobby que o Santander tem exercido para ter acesso às contas do FGTS. “A Caixa não quebra porque tem fundo soberano, Ela só quebra se o país quebrar”, destacou.

O economista exemplificou que a cada R$ 1 investido em saneamento, a economia é de R$ 4 no sistema público de saúde. A Caixa também é responsável pela inclusão bancária, mas mesmo assim, ainda restam 36% dos municípios sem agência bancária. O Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida e o Pronaf são três grandes projetos sociais viabilizados via Caixa e BB em que os retornos não são mensurados em lucratividade, mas para a sociedade.

“Na década de 70, a China veio ao Brasil saber como o país tinha tanto crescimento econômico e foi a receita brasileira de fortalecimento das empresas públicas, dos bancos públicos e do crédito direcionado que promoveu os chineses a serem o que são atualmente”, finalizou.

Por Paula Zarth Padilha
Foto: Joka Madruga, durante a Greve Geral de 28 de abril.

Terra Sem Males

 

Saiba mais sobre o encontro no site do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região, acessando os links:



Grupo FATO quer lançar novo DVD com financiamento coletivo

julio 17, 2017 22:28, por Terra Sem Males

Termina nesta sexta-feira meta de arrecadar R$ 35 mil.                                                                                             

Quem gosta de música popular urbana já deve ter ouvido e escutado o Grupo Fato. Criado em 1994, os músicos fazem arranjos para canções e sotaques de grandes poetas do Paraná e do Brasil. O grupo se define pela “exploração de combinações sonoras pouco usuais como, por exemplo, os sons extraídos dos tamancos do fandango paranaense combinados com instrumentos, objetos, intervenções eletrônicas, programações, samples, efeitos e processamentos”.

Com um vasto histórico de sete álbuns e shows por todo o Brasil e pelo mundo, o Grupo Fato lançou um novo desafio: finalizar um DVD com shows realizados em São Paulo, Curitiba (terra natal) e Rio de Janeiro. Sendo que este último contou com a participação do ator curitibano Alexandre Nero.

A missão de arrecadar fundos termina nesta sexta-feira (21). O objetivo traçado é levantar R$ 35 mil por meio de financiamento coletivo no site Catarse. Até agora foram arrecadados pouco mais de R$ 20 mil. “Os custos de gravação e de viagem da equipe foram pagos com o nosso ‘corpitcho’”, brinca o músico Ulisses Galetto, que pede apoio ao projeto, “agora falta a gente pagar toda a finalização desse material”, complementa.

De acordo com o Fato, todos os que adquirirem recompensas (terminologia utilizada pelo site) acima de R$60,00 irão ganhar também 1 DVD do “belíssimo e premiado documentário “A Linha Fria do Horizonte”, de Luciano Coelho, que aborda a música do sul do Brasil, Argentina e Uruguai”.

Os músicos divulgam vídeos para incentivar as pessoas a participarem do projeto, como o vídeo promocional gravado em Curitiba, no show que contou com Pedro Luís, abrindo o projeto SESI Música 2015, no Teatro Sesi Campus da Indústria. Clique aqui e confira.

Para 2018, além do lançamento desse DVD, o FATO dará início aos trabalhos para a gravação de um novo CD, quatro videoclipes e uma turnê pelo sul do Brasil e Argentina.

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Edição Manoel Ramires
Foto: Divulgação



Homemzãozinho da porra

julio 17, 2017 14:59, por Terra Sem Males

Consulta no Senado Federal pretende anistiar Bolsonaro por ofender Maria do Rosário.                       

Sete a um. Não estou abordando a derrota da Seleção Brasileira para a Alemanha em 2014. Essa doloroso placar que incomoda nosso povo nestes últimos anos. Uma angústia que tomou conta de nós a cada vez que nosso gol era violado. Uma incapacidade de reação diante da tristeza e raiva que dominaram nosso desejo de felicidade. Uma marca que arde na esperança tombada por muito tempo. Desilusão.

“Cala boca! Faça o que eu mando”.

A vergonha de que trato é muito maior. É a vontade de sumir do mundo, de não olhar na cara das pessoas, de se esconder dentro das incertezas, de falar calado e por o assunto em coma talvez para sempre. É a dor que a pessoa sente sozinha porque o comportamento da coletividade não cria mecanismos adequados para dar o próximo passo. Mais do que isso: para evitar que novos casos ocorram impunemente.

“Também, quem mandou usar decote e saia curta. Tava provocando”.

Sete a um é o número de mulheres estupradas no Brasil, de acordo com a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR). Repetindo: a cada sete minutos e uma mulher é violada. Leva tapa na cara. Abaixa as calças. É pega pelo braço. Enfiam-lhe a rola sem dó. Pior se você for negra, descendente dos escravos, da qual a submissão ao macho, principalmente se for branco, sequer deveria ser contestada. Essas mulheres, as negras, representam 60% dos casos de violência sexual no Brasil em um universo em que apenas 10% chegam ao conhecimento da polícia, nos dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

É assim mesmo, depois melhora…

Pessoas anônimas, desconhecidas , ‘descartáveis’, que observam sua agonia aumentar na medida em que casos de violência sexual ou incentivo a estupro e normalização de agressões são tratados como naturais. É o episódio recente, por exemplo, entre o humorista sem graça Danilo Gentili e a deputada federal Maria do Rosário. Muita gente se divertiu quando o homenzãozinho esfregou nas partes íntimas a intimação extrajudicial que recebia. Coisa de piá de bosta, como dizem no Paraná, de guri que deve ter ereção por amedrontar uma mulher. Pois bem, esse se danou quando o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul determinou a retirada imediata do vídeo veiculado nas redes sociais com agressões feitas por ele à deputada.

“O estupro, talvez seja o único crime em que a vítima se torna o acusado”.

Outro “omão sem H” que levou invertida recentemente foi Flávio Bolsonaro. O deputado federal, aprendiz de troglodita verborragico, usou as redes sociais para constranger sua ex-namorada. “Eu começo a ‘entender’ a importância da figura masculina na vida de uma mulher quando minha ex-namorada que já se declara feminista é vista em uma balada LGBT acompanhada de um médico cubano”, expressou a figura sem muito brilho. A resposta de Patrícia Lelis mostrou porque machões são frouxos enrustidos que temem perder o controle sobre as mulheres. “Eu comecei a entender a importância do feminismo quando fui abusada por seu amigo de partido e você me pediu para ficar calada. Eu descobrir que eu sou dona de mim, descobrir que sou um ‘mulherão da porra’, e quando descobri isso, você ficou com medo. Moleques não aguentam mulheres fortes”, sapateou na cara. Voltando ao futebol, Bolsonaro filho é tipo aquele perna de pau que leva uma bolada entre as pernas e dá canelada. Não aguenta jogar, camarada, finge contusão e vai beber leitinho.

“O estupro é um processo consciente de intimidação através do qual todos os homens mantêm todas as mulheres debaixo do medo”.

Porém, ninguém se compara ao líder dos covardes nacionais, Jair Bolsonaro. O sujeito que quer presidir o Brasil para reduzir ainda mais os salários das mulheres porque engravidam, que teve cinco filhos, sendo quatro homens e uma fraquejada com uma filha, que quer ser orgulho da tropa, mas não consegue pagar dez flexões. Eis que esse deputado disse que a deputada Maria do Rosário era tão feita que não merecia ser estuprada. Argumento que só reforça o constrangimento das que sofrem quando “mais de um terço da população brasileira (33%) consideram que a vítima é culpada pelo estupro”, de acordo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). A declaração dele gerou uma queixa na Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal. Em maus lençóis e com medo de perder para uma mulher, agora pede anistia. A sugestão nº 11, de 2017 que conta com incríveis 55 mil votos defendendo Bolsonaro e 28 mil pedindo que ele arque as consequências do que falou (consultado em 17 de julho, às 14h40) alega que a representação “configura-se uma covardia institucional contra o Deputado”. Juntando 70 mil assinaturas, o documento afirma que “o deputado querido por milhões de brasileiros apenas soltou essa declaração depois de ser caluniado ou difamado pela dona Maria do Rosário”.

Pensamento típico daqueles que se acham fortes pela truculência. No entanto, como observa Augusto Cury, “os fortes usam as ideias, enquanto que os fracos, as armas”. E todos sabemos o que Bolsonaro e afins defendem.

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Manolo Ramires
Pinga-fogo e Crônicas Curitibanas
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil



Dieese aponta os sinais de piora do mercado de trabalho

julio 17, 2017 9:33, por Terra Sem Males

Boletim Emprego em Pauta aponta que o quadro de precarização certamente será intensificado com a nova legislação trabalhista. 

Na última sexta-feira, 14 de julho, o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou o primeiro boletim Emprego em pauta, com dados do mercado de trabalho contextualizados na conjuntura política e econômica, publicado logo após a aprovação da Reforma Trabalhista do governo e a publicação da nova lei em Diário Oficial.

De acordo com a análise, que parte de uma ligeira recuperação do Produto Interno Bruto (PIB), o crescimento de 1% no trimestre é consequência da sazonalidade do crescimento das exportações agropecuárias, pois os resultados são predominantemente negativos se aumentar a temporalidade de comparação para além do trimestre. A indústria apresentou 0,9% de crescimento e o setor de serviços não alavancou
O consumo das famílias e o investimento, que são os indicadores de aumento da atividade econômica e da ocupação, continuam em queda. O desemprego se mantém alto, sem sinais de recuperação, de acordo com o Dieese. Em maio, o taxa de ocupação no país foi de 49,5% e, apesar da criação de 34 mil empregos com carteira assinada no mês (na agropecuária), o comércio fechou 11 mil vagas. O salário de admissão é em média 13% menor do que o trabalhador que é desligado recebia. A taxa de desocupação é de 13,3% e corresponde a 13,7 milhões de pessoas em idade economicamente ativa.
O número de trabalhadores sem carteira assinada já aumentou 4,1%. Os assalariados com registro em carteira tiveram queda de 3,4%. A queda foi de 2,6% entre os trabalhadores por conta própria. Para o Dieese, esses três dados indicam que os sinais de piora do mercado de trabalho são nítidos. Por um lado, redução do emprego formal e, por outro, aumento de emprego informal. Os rendimentos dos trabalhadores estão estagnados e não há dados que sinalizem melhora do desempenho econômico e do mercado de trabalho.
O Dieese utilizou dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – IBGE) a partir do trimestre encerrado em maio de 2017 e encerra a análise afirmando que o quadro de precarização certamente será intensificado com a nova legislação trabalhista.

Por Paula Zarth Padilha
Foto: Joka Madruga

Terra Sem Males



“Vaquinha” online arrecada recursos para reforma da biblioteca da Ocupação Tiradentes em Curitiba

julio 15, 2017 19:17, por Terra Sem Males

 
Em uma semana, a campanha de arrecadação de recursos para a reforma da biblioteca popular Carolina Maria de Jesus já atingiu 15% da meta.
 
O Levante Popular da Juventude organiza, desde o início de 2016, uma biblioteca popular na Ocupação Tiradentes, uma das quatro ocupações urbanas  localizadas na região da Vila Sabará, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC).
Assim como as demais construções da comunidade – casas, comércios e outras organizações – a sede da Biblioteca Popular Carolina Maria de Jesus é bastante precária. O barraco, construído de material compensado encontra-se com várias aberturas nas paredes e no teto, fazendo com que molhe o interior da biblioteca em dias de chuva.
 
Com o intuito de melhorar o espaço, preservar os livros e demais materiais e equipamentos, além de oferecer um atendimento adequado e seguro à população que frequenta a biblioteca, em sua maioria crianças e adolescentes,  o Levante lançou uma campanha de arrecadação online.
 
Com o recurso arrecado será reformado o barraco da biblioteca, compradas estantes para organização dos livros e adequada a rede elétrica.
 
Falta tudo
 
O nome dado ao projeto de atuação nas ocupações urbanas é “Castelo de Madeira”, em referência à música de mesmo nome do grupo “A Família”. 
 
Assim como o contexto evidenciado na música, nas ocupações falta tudo: asfalto, rede elétrica pública, rede de água e esgoto, iluminação pública, assim como alternativas de educação, cultura e lazer.
São cerca de 1200 famílias na luta pelo direito à moradia. 
 
A biblioteca, neste contexto, é uma forma de levar literatura e educação para a população, em especial, crianças e jovens. São mais de 2 mil livros para empréstimo e leitura no local, além de atividades de reforço escolar, contação de histórias entre outras atividades.
 
Doações
Quem quiser colaborar com a campanha e com o trabalho que vem sendo desenvolvido na Ocupação Tiradentes pode acessar o link da campanha no endereço: https://www.kickante.com.br/campanhas/reforma-da-biblioteca-da-ocupacao-tiradentes.
 
As doações podem ser desde R$10 até o limite de R$450 a cada vez, podendo o pagamento ser feito por meio de cartões de débito e crédito ou por boleto bancário. 
 
Por Vanda Moraes



A revolta de Garibaldi e o pesadelo dos Barros

julio 15, 2017 10:36, por Terra Sem Males

É quase certo, por outro lado, que muitos repudiam a manifestação em momento tão sagrado. Principalmente os escribas e suas penas digitais.

Era uma vez, uma bela jovem, cujo sonho era se casar de princesa em um lindo palácio. Seu sonho se concretizaria quando sua mãe fosse alçada ao cargo de duquesa das Araucárias, tornando-se parte do ducato dos Richas, e seu pai conquistasse o título de Dom Ministro da Saúde, patrono das empresas privadas, na Era Temer, um monarca voltado para agradar a aristocracia Cisnes Amarelos.

Como se fosse o seriado “Once Upon a Time”, o passado e o presente se confundem belamente. A noiva aluga sua pequena catedral no centro da República de Curitiba, terra das Araucárias imperiais, e em seguida recebe os convidados no Palácio Garibaldi, no nostálgico Largo da Ordem.

Na adaptação, a carruagem movida a puros sangues cede lugar a um elegante modelo branco clássico da marca Rolls Royce Silver Wraith 1955. Uma limusine que passou a ser produzida após a II Guerra Mundial para transportar chefes de estado. As taças e talheres são do mais fino cristal e fina prata com toques dourados. Os fraques são substituídos por belos ternos cortados e camisas e gravatas de seda. Já as damas trocam os vestidos de grandes frisas por peças justas e decotadas que possam evidenciar corpos esculpidos em salas de tonificação dos músculos contemporaneamente conhecidas como academias.

No centro disso tudo, a noiva, linda, jovial, com a face mais branca do que a carne de uma maçã gala. Seu longo vestido branco é bem comportado, como se recomenda a uma dama da sociedade. As transparências dão lugar a delicado bordado em volta do dorso que disputa atenção apenas com os lábios discretamente delineados. A sobriedade se completa com o véu que remete a uma coroa cristã pintada pelos mais zelosos florentinos. É a imagem da santa vitoriosa, como o nome da noiva indica, sobre todos os percalços que a vida impõe nessa matilha que é a Ilha de Vera Cruz.

 Contudo, os fantasmas dos Garibaldis não gostaram de tanto ostentação da nobre corte paranaense em um momento de sacrifícios e dores para o povo. A celebração ocorreu na semana em que direitos trabalhistas foram retirados em massa, devolvendo os labutadores quase cem anos no tempo. Na semana em que o grande monarca Michel Temer, que usurpou o poder da presidente Dilma Rousseff, uma espécie de princesa Merida tupiniquim, era salvo de denúncia de corrupção por vassalos parlamentares em troca de moedas e emendas de ouro. Na semana em que o proletário Lula, o presidente libertador da fome do povo, era condenado sem provas por um inquisidor Moro. Tudo isso reunido fez com que os Garibaldis lançassem uma maldição: “Seu casamento será lembrado na história como a ‘noite das ovadas’ e a desforra aos Barros”. Eis a data: 14 de julho de 2017.

Pobre noiva, pensaram uns. Que males podem cair sobre seus ombros para merecer tal infortúnio e reprovação dos plebeus? Desavisados desconhecem que a noiva pertence a um clã cujas riquezas aumentam na medida que o pão e o circo faltam aos populares.

Ela é filha da duquesa que chancela o governo dos Richas quando esse toma a aposentadoria dos servidores, aumenta impostos e distribui os lucros entre os ricos do condado paranaense. Já seu pai traiu o governo que participava apenas para ganhar um novo título e mais poder. Dom Barros – o doente – é capaz de cortar recursos do sistema de saúde que atende a população e ainda falar que os médicos têm preguiça de trabalhar. Para ele, se cogita, uma peste negra seria um importante aliado na redução da demanda por atendimento público.

A própria princesa noiva também tem seus devaneios. Ela, cujo primeiro labor já foi na corte dos deputados, votou por tirar benefícios dos mais pobres no programa conhecido como Bolsa Família. Contrariando seu santo nome e toda a proximidade que carrega com os mais humildes, Maria Victória disse que ao povo não se pode dar nada, mas ele deve lutar para conquistar, como se a pobreza fosse uma punição divina.Contra auxílios moradias de togados, evidentemente, sua cândida voz não se levanta. Foram insanas palavras ditas por uma dama que é transportada por carruagens brancas, mas também por veículos grandes e pretos, conhecidos como caveirões, para votar pela retirada de direitos daqueles que jurou servir.

A reação da plebe a corte é quase natural. É a resposta à dama que pesquisava vestido de noiva em abril de 2015 enquanto ao povo a polícia distribuía bombas e gás de pimenta para impedir que eles impedissem a votação que lhes tomara R$ 2 bilhões de seus cofres. Dessa vez, no entanto, as bombas deram lugar ao véu de ovos e a opulência da data está marcada pela vulgaridade de quem escolhe governar zombando de seu povo. Pobre é a elite que acredita poder se fechar em castelos e distante da ralé.

É quase certo, por outro lado, que muitos repudiam a manifestação em momento tão sagrado. Principalmente os escribas e suas penas digitais. Mas também é quase certo que se dependesse desses, Dom Pedro I não teria dado seu grito às margens do Ipiranga, a República não teria sido instalada em 1889 e tampouco teria sido abolida a escravidão que agora retorna – once upon a time – transvestida de modernização das leis trabalhistas e pejotização. Enfim, tudo ao seu tempo e com sua história de uma estória que não tem nada de conto de fadas.

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Manolo Ramires
Pinga Fogo e Crônicas Curitibanas
Fotos: Théa Tavares



LP crônicas musicais | A bola do tempo

julio 14, 2017 17:27, por Terra Sem Males

Confesso que nunca achei tão necessário como agora entrar numa bolha do tempo. É verdade! Eu sei que as vezes eu entro numas “bolas do tempo”, mas “A BOLHA do tempo”… essa… desconheço.

Seria ela a “felicidade eterna”?

Vai saber…

É por isso que eu valorizo as “bolas do tempo”. Aquelas ondas que nos levam temporariamente ao lugar que quisermos. E pra fazer essa “passagem”, uma ferramenta extremamente eficaz chama-se música.

Esses dias mesmo, um amigo me mandou um ‘whats’ perguntando:

– Cara, você ainda curte ter CD?

“CD!” – pensei.

Essa pergunta desencadeou todo um cenário muito doido. Fui longe! Fui lá no tempo em que ouvia escondido os discos de vinil do meu irmão. Depois lia todas as revistas de música dele e imaginava como soavam aquelas bandas que eu via nas fotos.

Quando veio a época do CD, quem não tinha os discos ia nas locadoras e pedia pra passar as músicas pro k7. Era legal.

Depois de um tempo, ainda na época do CD, conheci duas bandas que atualmente acabam de lançar seus novos trabalhos.

Lá atrás, lia sobre o Public Enemy e suas ideias e queria conhecer o som. Também sobre o Rancid,  nas mesmas revistas, e ficava curioso. Foi numa dessas leituras que vi que eles eram um “Green Day com excesso de maconha”. Isso me animou bastante.

Era virada de 95 pra 96, eu era um moleque, estava com minha tia, em Lajeado, Rio Grande do Sul. Ela me levou ao shopping da cidade e eu fui direto procurar as lojas de CD’s.

Até hoje elas, as lojas, ou os sebos… são como “bolas do tempo” pra mim.

Voltando a Lajeado, foi lá que eu achei a loja certa. Sabe aquele lance de você entrar no lugar e encontrar coisas que só se via em revistas? “Oh!”….

É que em Palotina (PR), onde eu morava, não tinha variedade musical…

Entre as bandas que encontrei na loja, Public Enemy e Rancid. Aí foi aquela coisa. Pegar o CD, colocar no aparelho, com uns ‘puta’ fone de ouvido e curtir uns trechos das músicas…

Naquele dia escutei muita coisa. Minha tia aguardou pacientemente eu saciar a curiosidade. Depois fomos embora. Saí de Lajeado com dois CD’s que ganhei: And Out Come the Wolves (Rancid) e Muse Sick-n-Hour Mess Age (Public Enemy).

E você lembra da pergunta do meu amigo?

Pois então, esses dias, quando meu amigo perguntou sobre CD, ele falava de um disco do Rancid. Uma coletânea chamada “B’sides and C’sides”.

“Olha como são as coisas?”…

Após todo aquele filme nostálgico que passou pela minha cabeça, a realidade é a seguinte: meu amigo importou o vinil do novo álbum do Rancid, “Trouble Maker” (2017), e ganhou a coletânea em CD. Tanto ele quanto eu também tivemos acesso ao disco recém lançado via web. A banda até “tocou” as músicas novas na íntegra, filmou tudo, fez uma edição aqui e ali e disponibilizou tudo nas suas mídias (site, face, etc, etc e tals…).

Já o Public Enemy foi mais direto, como sempre. Disponibilizou o álbum completo, de surpresa, pra download. “Nothing Is Quick In The Desert” chegou sem muito alarde no início desse mês. É mais um grande trabalho de Chuck D, Flavor Flav, Khari Wynn, DJ Lord e Professor Griff.

O melhor disso tudo é saber que a música, a arte, entra numa “bolha do tempo”. As bandas e os músicos também. O Public Enemy continua seu ativismo por igualdade racial, seu combate contra a violência e o racismo da polícia.

O Rancid  também mantém suas referencias. Inclusive, nesse último álbum, na música “Telegraph Avenue”, Tim Armstrong recorda Mario Savio, um ativista norte-americano, membro do movimento “Free Speech Movement”, de Berkeley, Califórnia. Pensador da classe operária:

“There’s a time when the operation of the machine becomes so odious — makes you so sick at heart — that you can’t take part. You can’t even passively take part. And you’ve got to put your bodies upon the gears and upon the wheels, upon the levers, upon all the apparatus, and you’ve got to make it stop. And you’ve got to indicate to the people who run it, to the people who own it that unless you’re free, the machine will be prevented from working at all”

— Mario Savio

É bom ver e ouvir artistas não esquecendo das urgências de permanentemente dialogar com os trabalhadores através da música, que é uma linguagem universal.

No Brasil, por exemplo, em nosso momento histórico turbulento, é sempre bom ver Chico, Caetano, Mano Brown, Criolo, Karol Conká, Pitty, Tulipa Ruiz, Chico Cézar, e muitos outros artistas espalhados por todas as cidades brasileiras, unindo arte e política nas manifestações contra o atual governo Temer.

Voltando aos CD’s…

Mas quando meu amigo me perguntou aquilo, eu respondi que não me interessava mais por CD’s. Mesmo tendo uma caixa com vários em casa!

“Ah! Então você não quer ganhar um CD do Rancid?” – ele continuou a conversa.

Não sei exatamente a razão, mas me mantive na defensiva… inclusive disse que não queria o “B’sides e C’sides”…

Aí depois de ter lembrado de tudo aquilo… do Public Enemy, do Rancid, da mudança nos hábitos de se ouvir música, do momento em que vivemos, das coincidências da vida… resolvi retomar as “negociações”:

– Cara, e o CD do Rancid?  – perguntei ao meu amigo.

Eu já esperava ele começar toda uma enrolação, conheço meu camarada, mas no final concordamos com o seguinte: “você se arrependeu de ter me oferecido o CD e eu me arrependi de recusar”, expliquei.

No fim das contas, fizemos o tão esperado acordo. Não há contrato, mas estou no aguardo de mais um presente. O engraçado é que toda vez que eu escutar o CD vou lembrar dessa história.

E é nesse momento que a coisa acontece,  que entramos momentaneamente numa bolha do tempo. Isso é o que eu chamo de “bola do tempo”. A felicidade momentânea.

É meus amigos e amigas, ainda bem que ainda temos a música.

 

Por Regis Luís Cardoso
LP – crônicas musicais
Terra Sem Males

 



CONTO | Notícias de cavalos

julio 14, 2017 16:56, por Terra Sem Males

As primeiras vezes que visitamos o cinzento, o cavalo que pastava no terreno perto de casa, meus pais avisaram para eu não me aproximar.

Mesmo assim a gente ergueu entre os pés e as mãos o arame farpado, entrou naquele território estranho, no início com certo medo, e tentou domesticar aquele animal gigante que não sabíamos de quem era. Mas o bicho vivia ali, era alimentado de vez em quando, com alguma ração e água.

Aos poucos a gente pegou coragem e montando o cavalo, mesmo que no pelo. Ele aceitava, desde que sentisse a gente firme no propósito. Era a forma que a gente passava os dias naquela terra abandonada dentro da cidade.

A gente chegou a bolar um plano para sair com ele pela vizinhança do Novo Mundo, passar perto da escola para exibir a nossa raridade, mas não tivemos coragem mesmo de executar o plano.

Meu pai sabia o que a gente andava fazendo, mas fingia que não notava, ou não queria se preocupar com o que pudesse acontecer. Minha mãe se preocupava. Mas na manhã daquelas de férias de julho ele me sondou para saber sobre o cavalo, se eu gostava dele, algumas perguntas que pareciam sem muito sentido.

No fundo, ele me investigava para preparar a notícia.

Ele também decretou a ordem e eu nem tive como questioná-lo: não era para nos próximos dois ou três dias sequer passar na frente do terreno.

Mais tarde fui saber, a internet tem dessas rapidezas. Restavam os ossos, a cabeça de cinzento e um rastro vermelho cor de vinho pelo chão daquele terreno que tinha rendido desenhos na escola e outros sonhos para a gente.

Aquelas capas de jornais nas bancas também explicavam: o cavalo sem nome foi atacado naquela madrugada por um grupo que passou a faca nas melhores partes da carne e partiu sem precisar de grandes explicações. A vizinhança ouviu os relinchos, mas não acudiu. Ninguém reivindicou a propriedade do terreno ainda.

É a crise, minha mãe resumiu, com certo ar de resignação.

Por Pedro Carrano
Mate, café e letras
Terra Sem Males

 



Artigo | Tião e a terceirização

julio 13, 2017 22:13, por Terra Sem Males

Esta história tem nomes fictícios, porém é real.

Tião menino bom, educado, pena que nasceu muito pobre numa comunidade rural e por isso seu futuro estaria no trabalho de boia fria numa das pequenas fazendas da região. Não conseguiu estudar além do primário à época, embora morasse a menos de 20 Km do colégio, por ser o quinto filho de uma família de 09 irmãos, como os mais velhos não tinham estudado além do primário, portanto Tião também não poderia estudar pois quebraria a tradição familiar.

O sonho de comprar uma bicicleta foi conquistado aos 14 anos fruto de trabalhos de diarista nas roças dos vizinhos da comunidades e portanto já era possível se deslocar nas domingueiras da região junto com outros adolescentes da comunidade. Ah, como parte dos sonhos a compra do rádio de pilha foi outra conquista e com a potência das ondas curtas foi possível começar a torcer pelo Vasco da Gama – Time do Rio de Janeiro, mas que era possível acompanhar o dia a dia do time, além de poder ouvir os programas sertanejos das rádios Record e Capital de São Paulo e os gauchescos da rádio Farroupilha de Porto Alegre no Rio Grande do Sul.

Vida de adolescente na roça durante a semana era de muito trabalho nas empreitadas contratadas e diárias ganhas na vizinhança para, nos finais de semana cumprir um roteiro de atividades que se repetiam. Culto na igrejinha da comunidade, catequese, jogo de futebol do time da comunitário que para a tristeza de Tião se chamava Flamengo, mas por ser da comunidade a torcida estava garantida. Cabe esclarecer que Tião não era extremamente dotado para a arte de jogar futebol, embora tentasse ser zagueiro, logo então nos campeonatos e festivais em que o Flamengo da comunidade participava sua principal tarefa era na torcida, o que era correspondido pela possibilidade da paquera com as meninas, que começava nas beiradas dos campos e depois continuava nas domingueiras das tardes de domingos. Segunda-feira voltava tudo como antes no cartel de Abrantes.

Tião completa 18 anos. 18 anos na roça significava rompimento entre a adolescência e a vida adulta, assim como a conquista da independência. Pois a partir desta daí, o jeito era buscar sua profissão, ou seja, o seu próprio salário. E lá se vai Tião, com uma mochila nas costas buscar emprego na região metropolitana da capital. Emprego? Como? Pois se não tinha profissão definida para o mundo urbano, logo era necessário pegar o que tivesse à disposição. Tião a partir dos bons contatos construídos na adolescência e por ser menino bom e educado logo apareceram as primeiras propostas de trabalho.

O grande choque para Tião, foi na área cultural, pois enquanto para a vida da comunidade na roça trabalhar na cidade era algo moderno, na cidade Tião era um peixe fora d’agua, as relações do mundo urbano eram totalmente diferentes e já individualizadas, cabendo a Tião buscar diversão nos bailões periféricos da Região Metropolitana da Capital do Estado, encontrando ali as meninas lá das comunidades rurais que vieram trabalhar de doméstica ou cuidadoras no mundo urbano. Eram os encontros dos caipiras no mundo urbano considerado “moderno”, mas que ao retornarem as comunidades nos finais de semana eram considerados modernos por virem do mundo urbano com novas modas de roupas, danças, linguajar, entre outros. Tião estava curtindo isto vivenciando as contradições de mundo moderno com a caipirice e a sinceridade da vida na roça. O rádio de pilha já não mais tão usado, sendo trocado pela TV (com imagens em preto e branco) em que era colocado um papel plástico colorido a frente para diminuir o chiado e de Bombril na ponta das antenas, com isto o Vasco da Gama deixou de ter o acompanhamento diário para apenas assistir quando passasse na TV e um dos clubes da Capital do Estado começar a ganhar espaço e torcida. As músicas sertanejas e gauchescas foram trocadas pelas novelas e programas de auditórios.

Nas idas e vindas de Tião ele conhece Teodora e se apaixona. Namora, casa e começa a constituir uma nova família. Continua durante a semana trabalhando no moderno mundo urbano e nos finais de semana na roça vivendo em família e em comunidade.

Tião vai ampliando seus conhecimentos até ter uma profissão de verdade que é de motorista de caminhão. Percorrendo as estradas vai ganhando seu salário, criando seus filhos que graças a um tempo novo consegue dar estudo, qualidade de vida e profissão para três dos seus quatro filhos, pois a quarta ainda garota somente estuda, mas já está além do que Tião conseguiu estudar.

Graças aos novos tempos em que viveu o Brasil seus filhos além de estudar, ter profissão, cursar faculdade, casaram e através do Programa Minha Casa Minha Vida, todos tem suas próprias moradias. Tião lamenta que a única coisa que falta neste processo familiar é um netinho.

Em todo este processo Tião se torna o empregado de confiança da empresa, arruma novos funcionários, inclusive um de seus filhos trabalha na empresa. Faz hora extra sem cobrança, cumpre o roteiro de entrega e, fielmente, está tudo bem com a vida e com a família totalmente estruturada, está tudo bem.

Vida social inserida na vida da comunidade e do Município estava tudo tranquilo até que Brasília com suas notícias golpistas altera consideravelmente a vida tranquila e pacata de Tião.

Tião e sua família tinham votado na Dilma como forma de reconhecimento pelas conquistas de sua família, pois em outros tempos, estas eram impossíveis e hoje tudo caminhava tranquilo, mas um forte golpe elitista alterou todo este cotidiano confortável e harmonioso duramente conquistado.

A primeira grande preocupação de Tião veio com a notícia e o projeto dos Golpistas com a Reforma da Previdência, pois estava com um pouco menos de 50 anos de idade e fora do corte de transição, embora estivesse próximo dos 30 anos de contribuição.

Saiu correndo em busca de advogados, busca de testemunhas para agregação do tempo de roça e no meio do caminho descobriu a maioria dos anos em que exerceu a profissão de motorista eram considerados “atividade de risco” o que diminuiria os anos de contribuição e seria possível conseguir uma aposentadoria com aproximadamente 70% do valor total do salário. Tião topou, pois era melhor um pássaro na mão do que alguns voando.

Antes de sair a decisão da sua aposentadoria, o que já estava tirando de Tião sua vida tranquila e socialmente integrada à vida comunitária, vem a notícia da aprovação pelo Governo golpista do projeto de terceirização que a princípio nada tinha a ver com ele. Tião não imaginava que ele seria logo logo afetado e ameaçado na sua profissão.

A empresa em que Tião era o funcionário modelo resolveu terceirizar suas entregas, para em vez de ter frota própria com sua manutenção, motoristas empregados com carteira assinada, seguros dos funcionários e frota de caminhões, estabeleceria uma proposta de pagamento por Km rodado, resolveu contratar terceirizados para prestar o serviço aumentando consideravelmente os lucros da empresa e precarizando a entrega de seus produtos.

E agora Tião?

Para os funcionários mais antigo foi oferecido em troca das indenizações das demissões o caminhão em que Tião trabalhava, pois sua rota era a mais lucrativa e o caminhão era o melhor da frota, haja vista, Tião ser o melhor funcionário. Mas Tião estava fora pois não era o funcionário mais antigo, além de fazendo as contas, pois Tião sempre foi bom de matemática, percebeu que mesmo se lhe fosse oferecido para ele o negócio acabaria ganhando menos da metade do seu salário, pois teria que arcar com a manutenção do caminhão, seguro de carga, ajudante de entrega, entre outros.

Com muita tristeza como nem isto foi lhe oferecido restou para Tião a demissão da empresa e a torcida para que consiga a aposentadoria com 70% do seu salário base e a vida pacata trocada pela instabilidade para celebrar sua idade mais avançada.

Num dos debates familiares disseram para Tião que ele por ter votado na Dilma também era responsável pelo Governo Golpista de Temer, pois ele era vice na Chapa.

Mas Tião com sua simplicidade e sabedoria respondeu no ato.

“Não. Votei e ajudei a eleger Dilma pelas conquistas dos Programas Minha Casa Minha Vida, Pro-Uni, FIES, Farmácia Popular, Mais Médicos, entre outros e não em Reforma da Previdência, Reforma Trabalhista, Terceirização, Privatização, entre outros”.

Portanto Tião elegeu Dilma com um Programa e para finalizar afirma que o Golpe não foi na Dilma, nem no Lula e nem no PT, mas sim, nos milhares de Tiões pelo Brasil.

Tião embora indignado ainda tem a esperança de uma possível aposentadoria, mas tem plena consciência de que os milhares de Tiões não terão sequer esta esperança, a não ser tirar estes golpistas rapidinho, fazer eleições diretas e eleger Lula novamente para recolocar o Brasil nos eixos e os milhares de Tião voltarem a conviver com o protagonismo e a esperança de seus destinos.

 

Por José Claudenor Vermohlen (Zeca), Consultor de Planejamento Estratégico, Mediação Social e Desenvolvimento Sustentável
Terra Sem Males

Foto: Camila Domingues/ Palácio Piratini

 



Livro vai retratar funeral de Fidel Castro e relação do povo cubano com seu líder

julio 12, 2017 12:19, por Terra Sem Males

Fidel Castro Ruz, maior líder da revolução cubana, faleceu no último dia 26 de novembro. O anúncio feito em cadeia nacional pelo seu irmão, Raul Castro, emocionou a maior parte dos cubanos que vive na Ilha. Em qualquer canto de Cuba era possível ver cartazes e ouvir gritos com a palavra de ordem “Yo Soy Fidel”. As últimas homenagens duraram uma semana e percorreram toda a Ilha, saindo da capital Havana até a outra ponta do País, em Santiago de Cuba, cidade que o ex-líder cubano adotou para viver.

Esse é o cenário do livro “Yo Soy Fidel”. A obra, dos jornalistas Gibran Mendes, Leandro Taques e Tadeu Vilani, retrata a viagem do trio de comunicadores para acompanhar as últimas homenagens ao líder cubana. Trata também da relação do seu povo com o comandante-chefe da revolução, assim como impressões destes personagens sobre o seu próprio país. 

Mendes, Taques e Vilani viajaram amis de dois mil quilômetros a bordo de um Dodge 1956, chamado pelo motorista e proprietário de “A Princesa”. O resultado de toda essa miscelânea é o livro com 120 páginas repletas de história e fotografias. Uma grande reportagem com ritmo de ficção, embora tenha como base apenas fatos e entrevistas colhidas na ilha durante o período.

Mas, afinal, por que os três jornalistas resolveram viajar até Cuba, se outros tantos profissionais foram bancados por grandes empresas de jornalismo? “Fidel, goste dele ou não, é um dos maiores líderes políticos de nossa história. Acompanhar, mais do que isso, registrar e participar de um momento como esse é ver a história passar diante dos seus olhos”, analisa o jornalista Gibran Mendes.

Opinião semelhante é a do fotógrafo Leandro Taques. “Quando estive em Cuba em 2012, pela primeira vez, me chamou a atenção a relação do povo cubano com Fidel. Na verdade, com os ‘barbudos’ Fidel Castro, Che Guevara e Camilo Cienfuegos. Mas em especial com Fidel, talvez por ele ainda estar vivo à época. Quando voltei para o Brasil comentei que deveria voltar para Cuba quando Fidel morresse. Fui para lá para ver de perto as reações, tristezas, homenagens. Não podia perder essa oportunidade histórica. Sem contar que cada um tem seu ponto de vista. Fui lá para registrar o meu”, completou.

Para Tadeu Vilani a motivação está no registro fotográfico daquele momento. Sou fotógrafo, e a fotografia me move. “Estar próximo de momentos importantes da história da humanidade, quando possível, é importante. A morte de Fidel Castro, era um momento histórico, acompanhar e registrar a comoção da despedida que o povo realizou para o seu comandante, foi único”, completa.

Financiamento – Toda a produção do livro já está pronta. Contudo, o trio de jornalistas agora está em campanha de financiamento coletivo para arrecadar os fundos necessários para viabilizar a impressão da obra.

É possível colaborar com o projeto com valores a partir de R$ 25,00. Para adquirir o livro em pré-venda, o preço é R$ 50,00. No entanto, para os primeiros quarenta e cinco, o valor é R$ 45,00. Há outras recompensas para quantias maiores que incluem, inclusive, fotografias com impressões fine art em papel 100% algodão. A campanha é por tempo determinado e para interessados em contribuir com o projeto o link é : https://www.kickante.com.br/campanhas/yo-soy-fidel

Serviço

Yo Soy Fidel
Livro reportagem, capa dura, papel couchê 170g, 120 págs.
A campanha: kickante.com.br/campanhas/yo-soy-fidel
Colaboração e recompensas a partir de R$ 25,00 

Vídeo de divulgação da campanha:

Os autores

Gibran Mendes (1982) é jornalista e nasceu em Pato Branco (PR). Passou pela redação da Gazeta Mercantil em Curitiba e atuou na assessoria do poder público, tanto no executivo quanto no legislativo. Atualmente é assessor de comunicação da CUT Paraná e do Instituto Declatra, além de colaborador de veículos da mídia alternativa, como o Brasil de Fato e Jornalistas Livres. Recebeu o Prêmio Sangue Bom de jornalismo por três vezes.

Leandro Taques (1974) é fotógrafo freelancer, graduado em Jornalismo, pós-graduado  pelas Faculdades Curitiba e pela Faculdade Cândido Mendes, do Rio de Janeiro. É professor de fotojornalismo em Curitiba e desenvolve trabalhos fotográficos documentais. Já fotografou em Cuba, China, Angola, no Afeganistão, Paquistão, Tibet, Nepal, Palestina ocupada, Líbano e também na Síria. Integra o coletivo Jornalistas Livres. É colaborador do Terra Sem Males e Brasil de Fato.

Tadeu Vilani (1965) atua profissionalmente desde 1993 e, há 20 anos, é fotógrafo do jornal Zero Hora. Nascido em Santo Ângelo, Rio Grande do Sul, desenvolve projetos fotodocumentais. Influenciada pelo cinema neorrealista italiano. Sua estética é marcada pelo uso do preto e branco e pela temática ligada às causas sociais e ao homem. Vilani já expôs seu trabalho em mostras coletivas e individuais pelo Brasil, Argentina, Iraque, Itália, Lituânia, Polônia, Portugal e Uruguai.

Por Gibran Mendes

Foto da capa: Tadeu Vilani