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abril 3, 2011 21:00 , por Desconocido - | No one following this article yet.

Belo Monte faz de Altamira o município mais violento do Brasil

junio 6, 2017 15:21, por Terra Sem Males

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgou nesta segunda-feira (5 de junho) o Mapa da Violência 2017 e trouxe Altamira (PA) figurando no papel de município mais violento do Brasil. A pesquisa utilizou dados de 2015, ano do pico das obras da hidrelétrica de Belo Monte. De acordo com o estudo, feito em parceria com o Fórum de Segurança Pública, o município tem a maior taxa de homicídios e mortes violentas com causas indeterminadas de todas as cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes.

São 107 mortes violentas por 100 mil habitantes, quase quatro vezes a média nacional (28,9 mortes a cada 100 mil habitantes), e quase 10 pontos acima da segunda colocada, Lauro de Freitas, na Bahia, com 97,7 mortes por 100 mil habitantes.

Para os altamirenses, o resultado da pesquisa não é nenhuma novidade. Desde 2010, quando a licença prévia de Belo Monte foi liberada pelo IBAMA, teve inicio um intenso fluxo migratório para a cidade. As chamadas “condicionantes” do licenciamento, conjunto de medidas previstas para preparar a região para receber a obra, começaram a sair do papel com muito atraso. Enquanto isso, Altamira viu sua população crescer de 99 mil habitantes para mais de 150 mil em cerca de três anos, e o caos tomou conta do município.

Nos anos de pico da obra, entre 2012 e 2015, quando a hidrelétrica chegou a ter quase 30 mil trabalhadores em seus canteiros, os índices de violência alcançaram seu ápice, sobretudo homicídios por armas de fogo. E nesse processo as maiores vítimas foram os jovens da classe trabalhadora. Em 2014, o Fórum Brasileiro de Segurança Púbica já havia divulgado estudo em que Altamira figurava como o terceiro município do Brasil com o maior índice de vulnerabilidade juvenil à violência. Os dados desse estudo são de 2012.

Como todo megaprojeto, Belo Monte repetiu violações de direitos humanos históricas no processo de construção de barragens no Brasil, como a negação de participação das comunidades nos planos de reparação dos impactos, deslocamentos compulsórios, destruição dos modos de vida tradicionais, quebra dos vínculos comunitários, entre outros.

“Não houve nos estudos de viabilidade da UHE Belo Monte nenhuma indicação de cuidados com a segurança pública, não se encontra no EIA/RIMA uma indício de preocupações referentes à possibilidade de agravamento da violência e da criminalidade – consequências já conhecidas nesses grandes projetos, com os exemplos recentes de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia”, afirma Fabiano Vitoriano, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) que nasceu e vive em Altamira.

Sem ações previstas nas condicionantes, a Norte Energia, consórcio proprietário da hidrelétrica, acabou firmando apenas um termo de cooperação técnico-financeira com a Secretaria de Segurança Pública do Pará. A empresa concessionária deveria viabilizar a implantação de ações de combate ao crime e prevenção à violência, contabilizando um investimento de R$ 105 milhões. Movimentos sociais denunciam que quase metade deste recurso foi para compra de um helicóptero que sequer é utilizado na região.

“É impossível não relacionar esse retrato de uma Altamira violenta com a UHE Belo Monte, que mudou a dinâmica social da cidade sem dimensionar corretamente os seus impactos. Nesse processo de geração de riqueza para poucos, muitas vidas foram ceifadas”, diz Fabiano.

Por Comunicação MAB

Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males



Vereadores de Curitiba ligam tratoraço e aprovam regime de urgência no Pacote de Maldades

junio 6, 2017 15:11, por Terra Sem Males

Plano de Carreira, salários, IPMC e Lei de Responsabilidade devem ser votadas no dia 12.                                                                       

CURITIBA | Os servidores municipais foram pegos de surpresa com o pedido de urgência dos projetos que tratam do Pacote de Maldades de Greca. O pedido foi apresentado pelo líder do governo, Pier Petruziello, e assinado por pelo menos 28 vereadores. Com o regime, a Câmara Municipal quebra um compromisso de não tratar o assunto “atropelando” os debates nas comissões. Quatro projetos foram aprovados com praticamente os mesmos votos que pediram o encurtamento dos debates. Eles tratam da Lei de Responsabilidade Fiscal Municipal, do congelamento dos planos de carreira e salários, do saque e aumento de alíquota do IPMC e da renegociação de dívidas com empresas privadas. Aprovados, os projetos devem ser votados em primeiro turno na próxima segunda-feira (12). Antes, no dia 8 de junho, todos os sindicatos municipais realizam assembleias gerais para deflagrar greve.

O pedido de urgência foi duramente criticado por vereadores da oposição. Para eles, a medida impede debate mais qualificado sobre temas que influenciam diretamente na prestação de serviços à população. A vereadora professora Josete (PT) criticou os números sonegados pela Prefeitura de Curitiba com relação as dívidas do município e afirmou ser irresponsabilidade votar no escuro.

Essa casa não tem autonomia. Nós estamos votando a toque de caixa e sem esclarecer os pontos fundamentais. Nós vemos projetos que tocam nos direitos e no fundo de previdência serem aprovados para esse dinheiro ser usado como quiser”, enfatiza Josete.

Outro vereador contrário ao pacotaço foi Felipe Braga Cortes (PSD). Ele considerou precipitada a iniciativa de estabelecer o regime de urgência. O vereador calculou que até o fim de junho pode ser votado sem atropelo os projetos. Para Braga Cortes, a urgência atropela a apreciação de emendas. Sobre o artigo 18, que trata da Lei de Responsabilidade Fiscal Municipal , Felipe Braga Cortes conta que fez um trabalho técnico e em cima de dados concretos. Cortes disse que esse artigo anula a mensagem que trata da carreira e reajuste dos municipais.

Se for aprovado como está aqui, vai ocorrer achatamento progressivo com o pessoal na Prefeitura de Curitiba. Se for percentual, não tem reajuste por um longo tempo”, alertou Braga Cortes. Para ele, os projetos causariam danos severos a prestação de serviço em Curitiba para várias gerações. Braga Cortes sugere limite de quatro exercícios financeiros para tratar da LRF Municipal e atrelando ao crescimento nominal.

Governistas

Já o líder do governo, Pier Petruziello (PTB), justificou que o pedido de urgência foi solicitado após inúmeras reuniões entre sindicatos e vereadores e encontros com os secretários. No entanto, em nenhum momento o governo Greca atendeu qualquer pauta dos servidores. Nenhum projeto sofreu alteração desde que foi encaminhado à casa em março. “Nós vamos votar a urgência porque estamos trabalhando emendas e há uma tendência de o governo fazer alterações em alguns pontos. Ninguém aqui quer prejudicar ninguém”, minimizou Pier.

Bruno Pessuti (PSD) disse que alguns vereadores não entenderam o pedido de urgência. Ele também criticou as galerias e deu a entender que os servidores eram deseducados, pois interrompiam a palavra dos favoráveis ao projeto. Ao defender os projetos de Greca, ele afirma que Curitiba atingiu o limite prudencial. “A medida mais drástica é o parcelamento do salário dos servidores públicos”, ameaçou. O vereador tratou na LRF Municipal. Para ele, os cortes incrementam os recursos da cidade. “Não dá para viver em um mundo particular quando o país vive em crise”, direcionou aos servidores.

Quebra de compromisso

A virada de mesa nos projetos foi considerada uma quebra de compromisso com os servidores municipais e com a população. Diversas vezes foi enfatizado o compromisso do presidente Serginho do Posto (PSDB) de não acelerar o debate. A medida adotada pelos governistas foi considerada desleal.

Os vereadores quebraram um compromisso com os servidores municipais e aprovaram regime de urgência para votar projetos que congelam salários e plano de carreira por tempo indefinido. Além disso, sacam recursos da previdência e aumentam alíquota. Greca e os vereadores ligaram o tratoraço. A saída é barrar o pacotaço. Aprovar greve e impedir que retiram nossos direitos”, enfatiza Irene Rodrigues, coordenadora geral do Sismuc.

O vereador Goura (PDT) concordou com a posição dos sindicatos e criticou o toma lá da cá. “Nós não podemos votar com troca de favores e cargos políticos. A vida do servidor não pode ser trocado por um ou dois cargos no bairro. Faço apelo para que haja serenidade e possamos discutir tranquilamente”, se posicionou.

Goura criticou que o saque do IPMC é para fazer caixa para o prefeito Rafael Greca. Também criticou que a passagem de ônibus cresceu, o sistema perdeu passageiros e a lei mudando o sistema não chegou à Câmara Municipal.

Já Noemia Rocha (PMDB) chamou Rafael Greca de monarca e reclamou da falta de palavra dos vereadores que aprovam regime de urgência. “Aprovam regime de urgência porque se sentem pressionados pelos servidores”. A vereadora demonstrou que existem cargos comissionados não localizados na Prefeitura de Curitiba. Ela disse também que o saque de 600 milhões é uma irresponsabilidade.

Votação dos quatro projetos

Por 28 votos, vereadores aprovam regime de urgência que trata da LRF Municipal. Esse projeto achata a carreira dos servidores por tempo indeterminado

27 vereadores aprovam o pedido do regime de urgência para o projeto que trata da licença prêmio, plano de carreira e data-base.

Por 26 votos favoráveis e 9 contra, vereadores aprovaram regime de urgência para o saque de R$ 600 milhões do IPMC e aumento de alíquota de 11% para 14%. Dos governistas, Paulo Rink argumentou ser contra o regime de urgência por se tratar de uma questão administrativa.

A vereadora Noemia Rocha questionou o projeto que trata do pagamento dos credores da Prefeitura de Curitiba e seus valores. Ela crítica a falta de transparência, pois não obteve resposta de quais são as empresas. “Eu fiz o pedido de informações, mas me negaram. Agora, os servidores, a gente sabe onde estão”, comparou. Apesar disso, os vereadores aprovam o regime de urgência renegociando as dívidas por 27 votos favoráveis e 8 contra.

Nomes do regime de urgência e ao pacotaço

Beto Moraes

Bruno Pessuti

Colpani

Cristiano Santos

Dona Lourdes

Dr Wolmir

Ezequias Barros

Fabiane Rosa

Geovane Fernandes

Helio Wirbiski

Jairo Marcelino

Julieta Reis

Katia Dietrich

Marcos Vieira

Maria Letícia Fagundes

Maria Manfron

Mauro Bobato

Mauro Ignácio

Osias Moraes

Paulo Rink (contra urgência no IPMC)

Pier Petruziello

Rogério Campos

Sabino Picolo

Thiago Ferro

Tico Kuzma

Tito Zeglin

Toninho da Farmácia

Zezinho do Sabará

Contrários ao regime de urgência e ao pacotaço

Cacá Pereira

Felipe Braga Cortês

Goura

Mestre Pop

Noemia Rocha

Professor Euler

Professor Silberto

Professora Josete

_____________

Manoel Ramires
Sismuc/Terra Sem Males
Fotos: Chico Camargo

 



Espaço Cultural dos Bancários em Curitiba receberá feira de produtos orgânicos

junio 6, 2017 13:48, por Terra Sem Males

Evento vai celebrar a Agricultura Familiar no Dia do Produtor e do Consumidor Consciente

O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região é uma das entidades, junto com a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e com a ABAI – Fundação Vida Para Todos, que irá promover a Feira de Produtos Orgânicos e Agroecológicos da Agricultura Familiar de Mandirituba. O evento será realizado no Espaço Cultural dos Bancários no dia 10 de junho (sábado) e contará com animação da Banda Mãe Terra da Abai.
 
A Feira irá comercializar comida produzida sem veneno por pequenos produtores e celebrará a biodiversidade em comemoração ao Dia do Produtor e do Consumidor Consciente. Participe!
 
Está confirmada a presença de Leonardo Boff.
 


A reforma trabalhista será uma das consequências mais nefastas do golpe de 2016 no Brasil

junio 6, 2017 12:49, por Terra Sem Males

Há poucos anos observamos, consternados, a ofensiva neoliberal tirar do poder através de um golpe institucional e parlamentar o presidente Fernando Lugo, democraticamente eleito para a presidência do Paraguai. Poucos países e pessoas democráticas se mobilizaram e denunciaram o golpe institucional no Paraguai, pois ele não tinha a face mais perversa que os golpes civis e militares que tinham acontecido em quase totalidade dos países da América Latina na segunda metade do século passado: A violência física opressora do Estado.

A característica principal nesse formato desse processo intervenção política é a ausência de violência física opressora, ou seja, sem a truculência das forças armadas e dos aparelhos de repressão, das policias políticas, das polícias de ordem social e etc. Os golpes de novo tipo acontecem como se fossem processos democráticos, mais que de democráticos nada tem, pois se utilizam da mentira, da enganação coletiva e de elementos constitutivos do fascismo na construção do ódio, ao utilizar os instrumentos contidos nas constituições, que deveriam ser usados na defesa da democracias, contra a corrupção e o desmando dos governantes. E não usados para usurpa-la assim como vimos no Paraguai, e agora aconteceu no Brasil.

O que precisamos entender quando se implementam esses tipos de golpes civis e institucionais contemporâneos – a que pese que não possamos de forma nenhuma admiti-los e a eles temos que sempre resistir – é que eles são essencialmente civis e envoltos na utilização das regras de exceção contidas nas cartas constitucionais dos países em que estão sendo aplicados. Mas para que aconteçam precisam do apoio e da sustentação de setores da sociedade como grande empresariado, o setor financeiro, a mídia e os setores mais conservadores, que geralmente nos países capitalistas estão nas mãos de poucas elites urbanas e rurais.

E a manutenção dessas intervenções institucionais e a defesa de sua necessidade se constrói com a desqualificação política, a falta de argumentação e principalmente incentivo ao ódio de classe. No Brasil foi utilizada a mesma receita, pois a arquitetura política do golpe teve essa sustentação nas elites que foram desalojadas de suas posições estratégicas de mando dentro do Estado, dos meios de comunicação tradicionais que estão nas mãos de quatro ou cinco famílias, no capital financeiro do país, também calçada num Congresso Nacional conservador e reacionário e em parcelas do judiciário. Essa aliança estruturadora fez o resultado fosse o golpe político, institucional e parlamentar de agosto de 2016. Que levou o vice presidente Michel Temer, golpista mor e ilegítimo ao poder.

Dentro da nova leitura que se constrói a alternativa política de entrar no poder pela porta dos fundos. Ou seja, tirando do poder através de um impeachment sem crime, uma mulher honrada que não devia nada, tanto é que nem foi tornada inelegível perante aos “supostos crimes” que cometeu. Os patrocinadores do golpe capitaneados pelas entidades representantes da ganância empresarial como a Federação das Industria de São Paulo e outras Federações de Indústria de estados espalhadas pelo país, com ressonância nas grandes elites urbanas e rurais, em amplos setores do grande empresariado nacional, nas elites financeiras, conjuntamente com parcela do judiciário desaguou na arquitetura política no golpe institucional e parlamentar.

O que deve nos chamar a atenção na discussão política sobre as reformas é a quem elas atendem de fato? E sabemos que não é a classe trabalhadora. Muito pelo contrário a quebra do ciclo nacional desenvolvimentista que estávamos tendo no país tem o aval grande setores do empresariado que em determinado momento e de forma orientada resolve tirar o pé dos investimentos econômico, o que num determinado momento faz com que o ciclo de constante crescimento entre em crise. E se observarmos isso começa acontecer no período anterior as eleições de 2014, onde setores do capital que apoiavam uma candidatura de oposição no Brasil jogavam todas suas fichas na possibilidade eleitoral que acontece de forma totalmente desigual. Inclusive alguns pensadores, chegaram a aventar que os jornais e revistas deviam conter o CNPJ da campanha presidencial de oposição, pois o jogo era extremamente cruel, especialmente no segundo turno das eleições de 2014, onde tínhamos o horário eleitoral gratuito e depois mais 30 minutos de jornais desancando o verbo sobre o governo e seus programas sociais. E mesmo nesse cenário desfavorável midiaticamente falando a oposição não teve o sucesso eleitoral.

Momento em que essas elites passam optar pela leitura política de que no voto seriam incapazes de ganhar as eleições face ao processo de inclusão social produzido no Brasil nos últimos 13 anos. Onde milhões de famílias foram incluídas, milhões de empregos foram gerados com carteira assinada, milhões de pessoas passaram a ter a atenção do Estado e deixaram de viver abaixo da linha de pobreza. O que possibilitou que o governo mantivesse o fortalecimento e o aprofundamento das políticas públicas e dos programas sociais. Também milhões de pessoas passaram a ter acesso ao ensino superior e participar de importantes programas como o Ciência Sem Fronteiras, um dos primeiros programas sócias que teve o seu fim decretado pelo governo ilegítimo de Temer.

A ofensiva neoconservadora traduzida no discurso político da necessidade imediata da diminuição do tamanho do Estado por um lado e a ofensiva de engessamento econômico por outro estrangulando a economia a exemplo do que tem feito a operação Lava Jato em setores estratégico da economia nacional como o desmonte da Petrobras e do setor de alimentos, que atacam empresas, mas preservam o agronegócio. Setores capitaneados e patrocinados por entidades representantes da ganância empresarial como descrevemos acima, com ressonância em amplos setores do grande empresariado nacional. Esses setores esperam a curto e médio prazo o pagamento dos golpistas ilegítimos que foram conduzidos ao poder, em pesadas parcelas de retirada de direitos da classe trabalhadora. Com o aval de grande parte do Congresso Nacional o complô financiador do golpe passou a querer mudanças radicais na estrutura de governo, que caminhasse para a diminuição do tamanho do Estado e a consequente diminuição dos programas sociais e das políticas públicas. E a primeira ofensiva foi o congelamento dos investimento sociais por vinte anos, com a aprovação da PEC 241, que irá deixar uma geração no Brasil sem investimento. O que trará consequência danosas pois a sociedade não pode parar, e não para, cresce, e os investimentos estarão congelados. E a reforma trabalhista será uma das mais nefastas consequências desse golpe desferido contra a democracia e classe trabalhadora brasileira em agosto de 2016.

As trabalhadoras e trabalhadores brasileiros estão à prestes a ser enganados pela forma como se apresentam a questão das reformas trabalhistas e previdenciária no contexto atual. O governo ilegítimo e sem voto de Temer e o Congresso Nacional sustentado pelas editorias da mídia tradicional se encarregam de fazer o trabalho sujo de apresentar para a sociedade as reformas de forma fracionada, separada para que não para que não tenhamos condições objetivas de resistir a elas de forma conjunta. A sociedade precisa compreender que essas reformas das leis retiram direitos da classe trabalhadora, e que a reforma trabalhista e a reforma da previdência estão no mesmo pacote. Pois atingem frontalmente as trabalhadoras e trabalhadores. A argumentação em cima das ditas reformas é muito frágil, por parte de seus defensores, porém é feita de forma massificada e de forma enormemente desigual. Enquanto fazemos o debate com a classe trabalhadora no chão de fábrica, nas agências bancárias, postos de trabalho onde estão às trabalhadoras e trabalhadores. A mídia tradicional sobrecarrega essas mesmas trabalhadoras e trabalhadores com diversas doses, várias vezes, todos os dias nas grades dos jornais e nas propagandas do governo, que tentam vender mentirosamente que as reformas serão benéficas para a classe trabalhadora, versão essa que é também sustentada por setores do empresariado que querem a aprovação das reformas. A ofensiva neoconservadora veio traduzida no discurso político da necessidade da diminuição do tamanho do Estado no Brasil. Enquanto a iniciativa privada cresce seus olhos para os direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores, querendo que o Estado se desresponsabilize das garantias mínimas e dignas de homens e mulheres trabalhadoras.

A Reforma trabalhista pretende mudar a estrutura do trabalho no Brasil. Pois quer que se enterre de vez por todas a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT em vigor desde de 1943. E que infelizmente pela visão minimalista do empresariado com relação aos direitos trabalhistas, faz com que a CLT se faça ainda muito necessária nos dias de hoje. Entre as questões que podem sofrer ataques a principal delas é a questão da sobreposição do negociado sobre o legislado. Pois sem mexer na lei, querem burlá-la com a possibilidade de o negociado valer no lugar do legislado, o que traz um enorme perigo para as trabalhadoras e trabalhadores, principalmente para as categorias que não tem forte representação sindical e que podem ficar à mercê da chantagem da manutenção do emprego e terem que se submeter a retiradas de direitos e a precarização do trabalho, em questões fundamentais como a jornada de trabalho, flexibilização de férias e perdas na negociação de outros direitos fundamentais contidos na lei.

Um verdadeiro massacre dos direitos trabalhistas está previsto se a reforma trabalhista for aprovada, aliada aos ataques a justiça do trabalho. Por que esses setores que estão interessados na retirada de direitos querem também limitar a possibilidade da criação de passivos trabalhista e tentam com o negociado sobre o legislado evitar com que os trabalhadores tenham acessos aos seus direitos adquiridos com muita luta e transformados em lei. E também tentam na lei diminuir a possibilidade de que classe trabalhadora tenha menos tempo para recorrer desses direitos na justiça.

Os mantenedores do golpe acham que os trabalhadores adquiriram uma superproteção durante os governos democráticos e populares de Lula e Dilma e querem diminuir essa proteção, arvoram que estamos em outros tempos e que a legislação trabalhista não é atualizada para os tempos atuais. Mas na prática fazem justamente ao contrário com suas propostas de retirada de direitos, tentam remeter as relações de trabalho para tempos medievais, ao propor que os trabalhadores não precisam mais de uma hora para almoço, que conseguem fazê-lo em apenas quinze minutos. Que podem fazer jornadas intermitentes, muitas vezes trabalhando em casa e utilizando se de seus com seus próprios recursos. Todo o problema da reforma trabalhistas, os ataques aos direitos são ainda piorados com a tentativa insistente da terceirização sem limites das atividades fim, sem a responsabilidade solidária do estado quando as empresas terceirizadas quebram, o que pode levar a um processo nefasto de quarteirização e ajuizamento de muita ações onde não se terá de quem cobrá-las.

Por todas as propostas que vemos sair desse governo ilegítimo e de setores do congresso que representam o grande empresariado urbano e rural é que não veremos o povo ser beneficiado, não veremos nessas reformas trabalhistas e da previdência benefícios para a classe trabalhadora, somente prejuízos. Ainda mais se observarmos quão conservadoras são as posições desses setores no Brasil, que até hoje ainda não é signatário de diversas Convenções da Organização Internacional do Trabalho – OIT, as quais uma imensa gama de países já o é. Como a convenção 158 que versa sobre a dispensa imotivada por parte do empregador. Pois como vimos em paralelo o governo ilegítimo tenta no Congresso Nacional e mesmo através de pressão do STF aprovar a terceirização da atividade fim em diversas categorias de trabalhadores.

Através dessas reformas que vemos que o governo ilegítimo de temer tem pago com o chicote no lombo da classe trabalhadora a fatura do golpe institucional aos avarentos do capital. Não aos empresários pequenos e de porte médio, mas aos poucos empresários que concentram a comunicação do país e também aos grupos internacionais de olhos nas fortunas do pé-sal e do petróleo brasileiro da nossa Petrobrás. Também aos pequenos grupos de banqueiros, empresários da comunicação e grandes empresários urbanos e rurais que foram financiadores e são mantenedores do golpe assumindo a forma simbólica do “Cidadão Pato Boilesen” da FIESP e das elites empresariais que agora vão cobrar na integra, e o pagamento será através da retirada de direitos, das terceirizações, do desmonte da saúde, dos serviços públicos e do nosso patrimônio social e cultural com o congelamento dos investimentos públicos em setores essenciais da sociedade. Como a proposta de mudanças no ensino médio e na reforma da previdência social, e como vimos à reforma trabalhista com quebra de direitos e a implementação das terceirizações em áreas como saúde e educação para que as futuras gerações sejam dóceis e amedrontadas trabalhadoras e trabalhadores com educação limitada ao aperto botões, ou a controlar simples programas de computadores e aplicativos.

Nesses poucos meses de governo ilegítimo de Michel Temer vimos sua voracidade em devolver a contrapartida a esses grupos econômicos nacionais internacionais, ou seja, aos financiadores que receberam através das reformas da previdência e principalmente da reforma trabalhista tudo o que gastaram com a arquitetura e a construção social do golpe institucional de 31 de agosto de 2016.

Por Marcio Kieller,  Secretário Geral da CUT/PR e Mestre em Sociologia Política pela UFPR. Esse artigo foi publicado no livro O GOLPE DE 2016 E A REFORMA TRABALHISTA – NARRATIVAS DE RESISTÊNCIA. Organizada pelo Instituto da Classe Trabalhadora – DECLATRA e pelo Projeto Editorial Práxis. Juntamente com uma coletânea de outros artigos sobre a Reforma Trabalhista. Obra indispensável para aqueles que estão combatendo as reformas impostas pelo governo ilegítimo e sem votos de Michel Temer.



Mostra celebra o aniversário de 60 anos de Spike Lee em São Paulo

junio 5, 2017 12:06, por Terra Sem Males

Os melhores filmes do prestigiado diretor negro norte-americano na programação de junho no SESC Campo Limpo

O aniversário é do norte-americano, Spike Lee, mas dos dias 06 a 27 de junho o público vai ganhar de presente uma mostra com os principais filmes do diretor. A programação gratuita acontece todas às terças-feiras do mês às 19h30 e celebra não só os 60 anos de Lee, mas toda sua contribuição para o cinema mundial, voltada, principalmente para a condição do negro na sociedade americana.

Diferente da mostra que esteve este ano no SESC Pinheiros, esta edição conta com outros filmes do diretor. Acompanhe a programação:

Faça a Coisa Certa – Spike Lee mostra em longa, que pequenos conflitos podem ter grandes consequências
Sal, um ítalo-americano, é dono de uma pizzaria no Brooklyn. Com predominância de negros e latinos, é uma das áreas mais pobres de Nova York. Ele é um cara boa praça, que comanda a pizzaria juntamente com seus filhos. Sal decora seu estabelecimento com fotografias de ídolos ítalo-americanos dos esportes e do cinema, o que desagrada sua freguesia. No dia mais quente do ano, Buggin’Out, o ativista local, vai até lá para comer uma fatia de pizza e reclama por não existirem negros na “Parede da Fama”. Este incidente trivial é o ponto de partida para um efeito dominó, que não terminará bem. Com Danny Aiello, Richard Edson, John Turturro e Giancarlo Esposito. Indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original, e Ator Coadjuvante. (Do the Right Thing. Dir.: Spike Lee. USA, 1989, 120’)

Trailer:


Não recomendado para menores de 12.
Grátis
06/06. Terça, às 20h

Febre da Selva – Trama de Spike Lee evidencia romance interracial e as problemáticas do racismo
Um arquiteto jovem e bem sucedido se envolve em um caso extraconjugal com sua secretária. Só que o que já seria complicado pelo fato dele ser casado, se torna ainda mais porque ele é negro e a mulher branca. Quando as famílias dos dois descobrem, a barreira racial entre eles fica nítida e o caso se transforma em uma disputa entre os membros das famílias,e um escândalo na cidade inteira. Com Wesley Snipes, Annabella Sciorra, Ruby Dee, Samuel L. Jackson, Anthony Quinn e Halle Berry. (Jungle Fever. Dir.: Spike Lee. USA, 1991, 132’)

Trailer:


Não recomendado para menores de 18.
Grátis
13/06. Terça, às 19h30

A Hora do Show – Comédia dirigida por Spike Lee discute racismo e o estereótipo do negro
Pierre Delacroix é um escritor de séries de TV que não aguenta mais a tirania de seu chefe. Sendo o único empregado negro da companhia, Delacroix resolve propor a ideia mais absurda que conseguira imaginar: um programa de TV estrelado por dois mendigos negros que denunciariam o estereótipo e o preconceito racial na televisão americana, exatamente no intuito de ser demitido. Mas a surpresa é que o programa em questão não apenas se torna realidade como passa a ser um grande sucesso entre o público americano.  Com Damon Wayans, Savion Glover, Jada Pinkett-Smith, Tommy Davidson e Michael Rapaport. (Bamboozled. Dir.: Spike Lee. USA, 2000, 135’)

Trailer:


Não recomendado para menores de 14.
Grátis
20/06. Terça, às 19h30
Milagre em Sta. Anna – Ambientado na 2º Guerra Mundial, trama narra os horrores da guerra e a segregação racial
Região da Toscana, Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. Quatro soldados negros se perdem e um deles resolve arriscar sua própria vida para salvar um garoto italiano repleto de medos e traumas de guerra. Com Derek Luke, Michael Ealy e Joseph Gordon-Levitt. (Miracle at St. Anna. Dir.: Spike Lee.  USA/ITA, 2008, 160’)

Trailer:


Não recomendado para menores de 16.
Grátis
27/06. Terça, às 19h30

Fonte: Imantrá Comunicação e Cultura



CONTO | Sobre a desocupação e outras grandezas

junio 5, 2017 11:39, por Terra Sem Males

Às sete da manhã, antes que a polícia viesse executar o despejo, começamos a desmontar o acampamento da praça, que ficava ao lado da câmara de vereadores, depois de uma semana buzinando e gritando debaixo de névoa e umidade.

Mas nós, trabalhadores do município, gritamos para ouvidos surdos.

Era hora de voltar para casa, desmontar os compensados que já ganhavam fungo, recolher o varal de bandeiras, algumas delas começando a se confundir com o barro pisado naqueles dias.

Todos queriam evitar o encontro com a polícia que prometia às oito da manhã a “reintegração de posse” – palavra formal e desvinculada de como a coisa acontece na prática.

No meio daquela movimentação toda, numa típica manhã de silêncio e céu cromado de azul, frio pra caramba, uma senhora de meia idade se aproximou de Rosana, a liderança do nosso sindicato.

Cansada, Rosana estava encostada num amontoado de concreto e tijolos, quase entregue ao desânimo, tragando um resto de cigarro antes de voltar a carregar mais um compensado.

A senhora que se aproximou trazia rugas aradas no rosto como se um personagem de ficção. Uma certa dispersão no olhar.

Talvez ela fosse uma moradora da praça, que agora voltaria a pertencer ao povo da rua.

Poderia ser também uma senhora camponesa que naqueles dias iria até o Incra conferir o seu título de propriedade da terra. Ou uma trabalhadora do interior perdida nos arredores da rodoferroviária nesses tempos de pouco emprego.

Sem cerimônias, com intimidade, ela pediu um trago do cigarro de Rosana, começou a falar dos filhos perdidos para as drogas – três ou quatro, se bem me lembro -, enquanto Rosana engolia o lamento daquela derrota do sindicato, nos sete dias de ocupação da praça vividos por ela até às vísceras e que agora se desfaziam, algo como os milhos atirados às pombas que se aglomeravam e logo iam embora.

Aquela senhora mastigava as derrotas que o mundo lhe impusera. E a presença dela silenciou todo mundo que estava por ali.

O café sem açúcar começava a esfriar. A senhora ainda reclamou de mais um par de coisas, até que saiu contente depois de uma frase de Rosana, que não era autoajuda ou qualquer coisa do gênero, mas permitiu que aquela senhora saísse com a coluna menos arcada naquela manhã.

– Você sabe que é você é muito grande, né?

A frase foi dita assim, de forma distraída, enquanto a senhora se afastava procurando novos interlocutores para as histórias dos quatro filhos.

– Sim, mas eu estou pensando em desistir, revelou a senhora.

Que viesse a polícia, não encontraria nenhum daqueles nossos resquícios daqueles dias.

Os dias passaram rápido. Não demorou muito, a praça estava ocupada novamente.

No meio do tumulto outra vez, do trânsito de pessoas, de viaturas da polícia, jornalistas e trabalhadores municipais, Rosana e eu chegamos a recordar da velha senhora. A liderança sindical depois me revelou que achava que voltou a ver a velha senhora numa noite daquelas, distraída, no meio de tantos rostos atentos. Andava dormindo pouco, então também não sabia diferenciar se era um sonho ou um delírio.

– “Na verdade, todo o dia agora eu me esforço para manter a sombra daquela senhora afastada de mim”, revelou Rosana.

 

Texto e foto: Pedro Carrano
Mate, café e letras
Terra Sem Males



Sismuc lança site com monitoramento de vereadores de Curitiba

junio 5, 2017 10:24, por Terra Sem Males

Objetivo é identificar posicionamento sobre o Pacote de Maldades de Greca.                                                                 

CURITIBA | O Sismuc lançou um site para acompanhar a posição dos vereadores sobre o chamado Pacote de Maldades de Greca. O endereço pacotesdogreca.sismuc.org.br mapeia como os legisladores se posicionam no congelamento de salários e plano de carreira, no saque de R$ 600 milhões do IPMC e sobre o aumento de impostos para a população (ITBI) e fim de isenção da taxa de lixo para famílias mais pobres.

Com o site, o Sismuc espera concentrar esforços em cima dos vereadores indecisos, reforçar a posição daqueles contra o pacotaço e ainda tentar mudar a posição de vereadores que defendem o prefeito no pacotaço.

Além de mapear os vereadores, o site oferece opções de interatividade aos servidores municipais e à população. Ao fim do questionário, o internauta é estimulado a enviar uma carta aos vereadores com apenas um clique. Esse texto destaca que “no momento de crise econômica e política que o Brasil atravessa, a demanda por serviços públicos aumenta cada vez mais. Nessas horas, portanto, é dever do Estado proteger o povo que ganha tão pouco e paga impostos tão caros”.

O site também estimula os internautas a manifestarem sua posição nas redes sociais. No fim da página, há um campo para que a pessoa se manifeste também sobre os projetos em discussão na Câmara de Vereadores. A manifestação nas redes é considerada fundamental para demonstrar que a população e os servidores querem leis que aumentem direitos e não projetos que reduzam a qualidade do serviço enquanto mantém “regalias para os donos da cidade” como isenção de impostos, perdão e alongamento de dívidas, entre outros.

Mapeamento

O posicionamento dos vereadores está sendo checado diretamente com os parlamentares. É o caso do placar da votação que acompanhou o acampamento e a reunião da comissão de Legislação, Justiça e Redação. Em 22 de maio, os vereadores foram convidados a manifestarem se defendem o pacotaço.

Além disso, a votação deles durante as comissões e o posicionamento em plenário também estão sendo considerados para definir em que lado o legislador se encontra. Na aprovação do projeto que trata do IPMC no dia 30 de março, por exemplo, sete vereadores foram favoráveis ao projeto. São eles Bobato (PTN), Colpani (PSB), Cristiano Santos (PV), Dr. Wolmir, Julieta Reis (DEM), Katia Dittrich (SD) e Osias Moraes (PRB). Contra, nessa comissão, foram apenas Noemia Rocha (PMDB) e Felipe Braga Cortes (PSD).

O monitoramento também é feito pelas redes sociais. O vereador Tico Kuzma, por exemplo, tem se manifestado favorável aos projetos, mas não descarta a hipótese de emendas. “O diálogo só pode existir se os servidores apresentarem propostas de emenda para reduzir impacto nos seus direitos”, registra o twitter da Câmara Municipal.

Atualizado em 05/06/2017

A FAVOR
BRUNO PESSUTI  – PSD
MAURO BOBATO  – PTN
COLPANI  – PSB
CRISTIANO SANTOS  – PV
WOLMIR – PSC
JULIETA REIS  – DEM
KATIA DITTRICH  – SD
OSIAS MORAES  – PRB
PIER PETRUZZIELLO  – PTB
TICO KUZMA  – PROS
SABINO PICOLO  – DEM
THIAGO FERRO  – PSDB

CONTRA
CACÁ PEREIRA  – PSDC
FELIPE BRAGA CÔRTES  – PSD
GOURA  – PDT
MESTRE POP  – PSC
NOEMIA ROCHA  – PMDB
PROFESSORA JOSETE  – PT
PROFESSOR EULER  – PSD
PROFESSOR SILBERTO  – PMDB
FABIANE ROSA  – PSDC

SEM POSIÇÃO DEFINIDA

BETO MORAES  – PSDB
DONA LOURDES  – PSB
EZEQUIAS BARROS  – PRP
GEOVANE FERNANDES – PTB
HELIO WIRBISKI   – PPS
JAIRO MARCELINO  – PSD
MARCOS VIEIRA  – PDT
MARIA LETICIA FAGUNDES  – PV
MARIA MANFRON  – PP
MAURO IGNÁCIO  – PSB
OSCALINO DO POVO  – PTN
PAULO RINK  – PR
ROGERIO CAMPOS  – PSC
SÉRGIO R. B. BALAGUER (SERGINHO DO POSTO)  – PSDB
TITO ZEGLIN  – PDT
TONINHO DA FARMÁCIA  – PDT
ZEZINHO SABARÁ  – PDT
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Manoel Ramires
Pinga Fogo
Terra Sem Males
Foto: Rodrigo Fonseca/CMC



Iêmen: vulnerabilidade da população agrava epidemia de cólera

junio 2, 2017 18:34, por Terra Sem Males

Conflito torna acesso à água potável e a cuidados médicos cada vez mais difícil

O número de casos de cólera no Iêmen chegou a 50 mil no dia 29 de maio, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Se a morbidade se mantém baixa (1,1%), o número de casos é muito maior se comparado ao surto anterior da doença – 23.506 casos entre outubro de 2016 e março de 2017 –, assim como sua disseminação pelo país. No atual surto, foram reportados casos em 19 das 22 províncias do país (o surto anterior atingiu o máximo de 15 províncias).

O baixo nível de saneamento, a falta de água potável e a vulnerabilidade cada vez maior da população devido ao atual conflito significam que ela está mais suscetível à cólera, particularmente se sofre de desnutrição crônica ou aguda. A população também tem cada vez mais dificuldade de chegar a unidades de saúde a tempo. O surto está chegando a comunidades mais remotas e pobres, onde as pessoas têm que se deslocar para centros de tratamento mais distantes e dispõem de menos dinheiro para transporte.

Desde 30 de março, a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) tratou mais de 5 mil pacientes em 8 centros de tratamento de cólera, 6 unidades de tratamento de cólera e 2 unidades de estabilização em 7 províncias (Amran, Hajja, Al-Dhale, Hodeidah, Ibb, Taiz e Saná). MSF também presta suporte ao Ministério da Saúde em outras regiões, com doações e treinamento de profissionais.

Os primeiros casos de cólera tratados por MSF foram identificados no hospital rural de Abs, na província de Haija, em 30 de março. Desde então, MSF vem aumentando a capacidade de alguns dos seus centros de tratamento da doença e abrindo novos, além de apoiar estruturas de saúde por meio de doações. Além do tratamento de pacientes, o próximo passo é chegar a áreas de difícil acesso. No Iêmen, muitos domicílios usam poços individuais em que a contaminação da fonte de água é mais difícil de verificar.  MSF vai trabalhar na promoção de medidas de higiene e de purificação da água. Em Saná, a cloração da água transportada em caminhões-pipa pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) contribuiu para a estabilização do surto. Atores humanitários devem multiplicar esforços similares nas demais províncias afetadas.

Assessoria de Imprensa dos Médicos Sem Fronteiras

Foto: PMA/Ammar Bamatraf



Governo do Paraná retira recursos de apresentação para negar a Data Base dos servidores

junio 2, 2017 14:58, por Terra Sem Males

Secretário da Fazenda provocou servidores: “já estão bem atendidos”

Por Gustavo Henrique Vidal, com informações do economista Cid Cordeiro

 

“Pague a data base!” essa foi à palavra de ordem entoada pelos Servidores na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) ontem (31), durante audiência pública de apresentação do relatório fiscal do 1º. Quadrimestre de 2017 do governo do Estado. No entanto, a audiência foi encerrada de forma autoritária pelo presidente Ademar Traiano, que não é afeito aos tratos de trabalhar com a democracia. Os servidores manifestaram sua indignação com a provocação final que o secretário da Fazenda (Sefa), Mauro Ricardo Costa, que afirmou que não concederia reajuste para os servidores “porque já estavam bem atendidos”.

A audiência é pública e obrigatória, como determina o Artigo 8º §4º da Lei de Responsabilidade Fiscal. Ao interromper a audiência, Traiano cometeu abuso e desrespeitou a legislação. O FES reivindica que nova apresentação seja realizada e que seja permitida a participação de qualquer cidadão na formulação das perguntas, já que a audiência é pública.

A Receita Corrente teve no quadrimestre excelente desempenho apresentando variação acumulada de 14%. Esse resultado em parte está impactado com a arrecadação extra de ICMS no mês de janeiro de 2017, totalizando R$ 1,7 bilhão. Mesmo desconsiderando essa arrecadação extra, a variação está acima do patamar da inflação, com alta de 5,8% de crescimento em relação a 2016. Para efeito fiscal, financeiro e orçamentário, o indicado é considerar o impacto da receita extra de ICMS em 1/12 avos, considerando essa situação o aumento da receita no quadrimestre foi de 9,3%.

 

 

Para o economista e assessor do FES Cid Cordeiro avaliando a variação mensal, além do 1/12 avos do ICMS vincendo, a variação da receita corrente foi de 11,3% em janeiro, 8,4% em fevereiro, 5,5% em março e 11,89% em abril. “Fevereiro e março refletem os efeitos da recessão e esperamos que o resultado a partir de abril regularize o início dos efeitos do crescimento da economia na arrecadação do Estado”, explica.

Cid acredita que, com esses resultados do quadrimestre, “fica cada vez mais distante a previsão realizada pelo Governo, para a Lei Orçamentária Anual de 2017, que estimou receita de R$ 50,8 bilhões representando crescimento de apenas 3,67% sobre o resultado do ano de 2016”. O economista emenda que o resultado também se distancia se considerar a perda de receita que o Governo estimou em R$ 2,4 bilhões. Nesse caso a receita cairia para R$ 48,4 bilhões e implicaria em uma queda de receita de 0,5% sobre o ano passado.

 

O RELATÓRIO OFICIAL E O OFICIOSO

A apresentação do governo na audiência pública surpreendeu. “Pela primeira vez temos uma apresentação quadrimestral que não traz os números oficiais, o relatório apresentado difere do publicado ontem (30/05) no diário oficial”, destaca Cid. Segundo ele, a diferença se dá porque a Sefa retirou a receita com ICMS extra de janeiro (1,725 bilhões). Assim, todos os números apresentados de receita e de comprometimento fiscal ou constitucional não são oficiais, o indicado seria serem apresentados os números oficiais e ressalvando a exclusão do ICMS.

 

 

A questão que fica é: o ICMS extra é receita ou não é? Para o economista são recursos que precisam ser considerados. “Mesmo que seja extraordinária, ela tem que constar nos relatórios fiscais, nos repasses, no comprometimento. O que podemos discutir é como o Governo vai usar essa receita. Por exemplo, pode usar para liquidar já os atrasados de promoções e progressões no valor aproximado de R$ 700 milhões e que foi parcelado de junho a dezembro, pode pagar o 1% do reajuste de janeiro de 2017 que foi acordado com os servidores como indenização perda de massa do período maio a setembro de 2015 e tantos outros usos, mas não poderia ser omitido nessa apresentação”.

 

INVESTIMENTO COM PESSOAL

O investimento com pessoal aumentou 6,38%, na comparação dos doze meses (maio de 2016 até abril de 2017), comparada com o mesmo período de abril de 2016. No entanto quando se compara os dados dos primeiros quatro meses de 2017 com igual período de 2016, o crescimento do investimento com pessoal é de 2,27%. “Isso revela a tendência de queda no investimento com pessoal resultado do forte ajuste realizado nesse início do ano”, afirma Cid.

O comprometimento da receita corrente líquida com pessoal caiu do patamar de 45,39% registrado em dezembro de 2016 para 43,73%, no encerramento de abril de 2017. Para Cid, mesmo desconsiderando o ICMS extra de janeiro, a tendência é de queda, em uma clara demonstração que não era necessário o governo suspender o reajuste dos meses de janeiro e maio desse ano.

 

 

O PESSIMISMO DA SEFA

A Sefa, na insistência de uma receita com variação de 0%, está promovendo distorções na execução orçamentária. O orçamento disponível da saúde e da educação, por exemplo, são um dos menores dos últimos ano.

Na saúde os recursos disponíveis de 2017 são menores que o valor executado de 2014, isso compromete a qualidade das políticas públicas. O orçamento inicial da Secretaria de Saúde, que era de R$ 4.728.893.760, já menor -0,07% em relação à 2016, reduziu ainda mais para R$ 4.022.165.909,00. Com o novo valor disponível, o orçamento é 14,70% inferior à disponibilidade orçamentária de 2016 e 13,71% menor que o valor empenhado de 2016.

 

 

“Com os resultados que estamos observando de receita crescendo em vez de cair como prevê a Fazenda, e mantido o contingenciamento e a visão pessimista em relação às receitas, o Governo terá muita dificuldade em cumprir com o gasto mínimo constitucional de 12%”, afirma Cid. Ele aponta que para cumprir o mínimo será liberado orçamento no final do ano para realizar despesas adicionais, o que reduz a qualidade do gasto e a qualidade das políticas públicas de saúde.

Segue abaixo exemplos de investimento com pessoal, saúde e educação que foram apresentados dois números, um pelo diário oficial outro na apresentação da audiência pública.

 

 

 

 

 



Massacre de Pau D’Arco será investigado pela Polícia Federal, determina ministro da justiça

junio 2, 2017 12:46, por Terra Sem Males

A solicitação foi formalizada pelo CNDH na última segunda-feira (29), após missão ao local onde dez trabalhadores rurais foram assassinados durante operação das Polícias Civil e Militar

O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) foi notificado, nesta quinta-feira (1), pelo gabinete do Ministro da Justiça, Torquato Jardim, que determina a atuação da Polícia Federal na investigação do massacre de Pau D’Arco, município do Sudeste do Pará onde dez trabalhadores rurais foram assassinados na quarta-feira (24) da semana passada, durante operação das Polícias Civil e Militar. A solicitação havia sido formalizada pelo CNDH na última segunda-feira (29), após missão emergencial do colegiado ao local.

A autorização permite que a Polícia Federal atue na investigação “sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos de segurança pública arrolados no art. 144 da Constituição Federal, em especial das Polícias Militares e Civis dos Estados”. A atuação se dá nos termos da Lei 10.446, de 8 de maio de 2002, que prevê atuação da Polícia federal em casos de graves violações de direitos humanos.

O presidente do Conselho Nacional dos Direitos Humanos, Darci Frigo, explica que não se trata da federalização do caso (Incidente de Deslocamento de Competência – IDC), mas de uma autorização para que a Policia Federal faça um inquérito à parte e encaminhe suas conclusões ao Ministério Público Estadual (MPE). “A investigação pela Polícia Federal certamente provocará grande impacto nas perícias e numa possível reconstituição dos fatos”, declara Frigo, acrescentando que essa autorização pode servir, posteriormente, de base para a federalização do caso.

Segundo Frigo, com o surgimento de relatos de que há testemunhas sendo ameaçadas, a entrada da Polícia Federal na investigação se faz ainda mais necessária. “No caso, há uma flagrante violação do direito à vida. Por isso, desde o início vimos que era necessário que a Polícia Federal procedesse à investigação. Agora, mais ainda”, diz Frigo.

Missão do CNDH

Na madrugada da quinta-feira (25), a procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat e o presidente do CNDH, Darci Frigo, se deslocaram até a área em missão emergencial do Conselho Nacional dos Direitos Humanos para acompanhar a perícia, exigir celeridade na investigação e a responsabilização dos culpados pelo massacre.

A realização da missão foi aprovada pelo Plenário do colegiado na tarde do dia 24. O procurador-geral de Justiça do Estado do Pará, Gilberto Martins, e a Defensora Pública, Ingrid Noronha, também se juntaram à missão.

O grupo apurou que teria havido tentativa por parte das Polícias Civil e Militar de registrar as mortes como autos de resistência – resistência à ação policial seguida de morte – e simplesmente arquivar o caso.

De acordo com o presidente do CNDH, que coordenou a missão, os relatos das testemunhas levam à tese de que não teria havido confronto, e sim execução. Segundo as testemunhas, a Polícia não foi recebida com tiros, até porque eles foram surpreendidos com a ação. “Por conta do barulho da chuva, a Polícia conseguiu se aproximar sem ser ouvida e obtiveram informações de pessoas que conheciam o local e o acampamento, para que pudessem chegar àquelas pessoas mais precisamente”, detalha o presidente do CNDH.

Números

Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) apontam que 2016 teve registro recorde no número de conflitos no campo: foram 61 assassinatos de trabalhadores rurais (o dobro em relação à média dos últimos dez anos) e 1.536 conflitos, envolvendo 909.843 famílias.

O ano de 2017 já revela a intensificação dos conflitos. Com as mortes em Pau D’Arco, já são 36 assassinatos em decorrência dos conflitos agrários no Brasil. Outros seis casos também estão sob investigação e ainda não foram inseridos no banco de dados da Pastoral. Com estes dados, violência no campo em 2017 já pode ser apontada como a maior do período em todo o registro histórico já feito pela CPT ao longo dos últimos 25 anos.

Fonte: Assessoria de Imprensa CNDH