STF determina a soltura de Dirceu
mayo 2, 2017 20:48Em julgamento realizado na tarde de hoje, ainda que impopular para uma parte da população, o supremo demonstrou que julgamentos devem ser legais e não midiáticos.
A segunda turma votava o habeas corpus que buscava o direito de Dirceu de recorrer em prisão domiciliar à condenação da lava a jato.
Dias Tofoli e Ricardo Lewandovsky votaram pela soltura, ao passo que os ministros Fachin e Celso de Melo pela manutenção da prisão.
Coube ao ministro Gilmar Mendes o desempate, com a afirmação de que os crimes não são recentes e que não haveria necessidade de manutenção da prisão. Os ministros se manifestaram ainda de que Moro deve utilizar de formas alternativas e menos gravosas, tais quais o uso de tornozeleira eletrônica.
Por fim, Gilmar ainda ironizou a nova denúncia apresentada pelo MPF contra Dirceu, como forma de pressionar o STF, que equivaleria ao “rabo abanar o cachorro”.
Por Marcelo Veneri
Terra Sem Males
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil (04/11/2014)
Povo Gamela sofre ataque premeditado de fazendeiros contra suas vidas e lutas
mayo 2, 2017 12:05Confira nota da CPT/MA sobre mais esta violência no campo:
A Comissão Pastoral da Terra Regional Maranhão (CPT-MA) vem a público denunciar mais um ato brutal de violência contra a vida dos povos da terra, que desta vez atinge os indígenas Gamela, organizado em seu território no Povoado de Bahias, município de Viana, Maranhão.
Na tarde deste domingo, 30 de abril, o povo Gamela sofreu um grave ataque contra suas vidas e sua luta em defesa de seu Território. Nesta ação, mais de 10 indígenas foram feridos, entre quais, três estão internados em estado grave em Hospital de São Luís. Aldeli Ribeiro Gamela foi atingido por um tiro na costela e um na coluna, e teve mãos decepadas e joelhos cortados. O irmão dele, José Ribeiro Gamela, levou um tiro no peito. O terceiro foi o indígena e agente da CPT/MA Inaldo Gamela, atingido com tiros na cabeça, no rosto e no ombro.
Essa violenta ação aconteceu quando os indígenas decidiram sair de uma área tradicional retomada, prevendo a violência iminente. Dezenas de pistoleiros armados com facões, armas de fogo, e pedaços de madeira atacaram os Gamela no momento em que deixavam o Território. Para se protegerem, muitas pessoas correram e se esconderam na mata.
Não mais suportando a violenta invasão ao seu Território, os indígenas intensificaram sua luta e decidiram por retomar seu Território sagrado. Todavia, em contrapartida, a empreitada criminosa dos que querem ver os indígenas extintos vem tomando força e ficando cada vez mais explícita. Denunciamos, neste contexto, que a ação criminosa e violenta ocorrida neste domingo foi planejada e articulada por fazendeiros e pistoleiros da região, que, através de um texto no Whatsapp, convocavam pessoas para o ataque contra os indígenas.
O governo do maranhão já havia sido avisado da situação conflituosa na região e do risco de acontecer um massacre, mas, ao que consta até o momento, nem a polícia havia sido deslocada até a área para tomar as medidas cabíveis. Indigna-nos os discursos de incitação ao ódio, racismo e a violência sistemática contra os povos indígenas, o que foi feito pelo deputado federal Aluisio Guimarães Mendes Filho (PTN/MA) ao conceder entrevista em rádio local após a retomada feita pelos Gamela no dia 28.
Preocupa-nos ainda o alto índice de violência contra os povos e comunidade tradicionais do Maranhão. Atualmente, há cerca de 360 conflitos no campo no estado, destes, somente em 2016 foram registradas 196 ocorrências de violência contra os povos do campo. 13 pessoas foram assassinadas e 72 estão ameaçadas de morte.
Fotos da Greve Geral em Curitiba
abril 28, 2017 17:12Nesta sexta-feira, (28), trabalhadores, religiosos e estudantes participaram no Centro Cívico de Curitiba do ato da Greve Geral que denunciou o governo golpista de Michel Temer. A Greve Geral tem como objetivo combater a Reforma da Previdência, a Reforma Trabalhista e a Lei da Terceirização.
Confira abaixo algumas fotos do repórter fotográfico Joka Madruga na capital do Paraná:











Em dia de greve geral, Curitiba mostra que é muito mais que a cidade do Moro
abril 28, 2017 16:39Manifestação uniu categorias de trabalhadores organizados por diversas centrais sindicais e representantes dos movimentos sociais
Por Paula Zarth Padilha
Foto: Joka Madruga
Terra Sem Males
A manhã desta sexta-feira, 28 de abril, milhares de pessoas se reuniram no Centro Cívico, em Curitiba, denunciando os retrocessos promovidos pelo governo ilegítimo de Michel Temer. A Greve Geral foi deflagrada em todo o país contra a Reforma da Previdência, a Reforma Trabalhista, aprovada na noite de quarta-feira pela Câmara Federal, e contra a já em vigor Lei da Terceirização.
Trabalhadores de diversas categorias organizadas por sindicatos, como motoristas e cobradores do transporte coletivo, guardas municipais, bancários, agentes penitenciários, servidores públicos municipais e estaduais, professores e educadores municipais, estaduais e federais, das redes pública e municipal, metalúrgicos, vigilantes, dos correios, frentistas, servidores da saúde pública, funcionários do comércio paralisaram as atividades por 24 horas. Em frente à Prefeitura, servidores públicos municipais de diversas categorias realizavam um ato contra as ações do prefeito Rafael Greca.
Unidos aos trabalhadores, os movimentos sociais do campo e da cidade, como MST (sem terra), MTST (luta por moradia), Levante Popular da Juventude, estudantis, entre outros, mais de 30 mil pessoas, de acordo com a organização, e 10 mil, de acordo com a PM, marcharam pelas ruas do Centro Cívico em direção à sede da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP) para um ato simbólico de devolução dos patos amarelos, considerados o símbolo do golpe. Na fachada do prédio da Fiep, um outdoor informando sobre o prazo de pagamento do imposto sindical, que as entidades patronais também recebem. O prédio estava cercado de Policiais Militares em defesa do patrimônio privado.
A marcha seguiu até a Praça Tiradentes para um ato inter-religioso em frente à Catedral de Curitiba. Diversas igrejas já se posicionaram contra a reforma da previdência e religiosos como padres e frades estavam nas ruas encorpando a manifestação. O ato dos trabalhadores foi simbolicamente encerrado às 14 horas, mas a greve geral continua.
Depois da Greve Geral… “OI OI OI”
abril 28, 2017 9:05Nossa… faz tempo que o LP não é atualizado. Será que eu esperava algo que realmente valesse a pena? Sei lá…
Lembro que quando rolou a votação do impeachment, naquele show de horrores na Câmara Federal, em Brasília, o LP retomou as atividades.
E parece que precisou outro show de horror para que o ‘colunista’ aqui tomar vergonha na cara e escrever algumas linhas. Ainda mais nesta noite, quarta-feira (26), enquanto a reforma trabalhista ganha fôlego, lá na capital federal, entendo como momento propício essa crônica musical.
Tá certo, já troquei de canal, tomei um pouco de vinho e assisti a vitória do Atlético Paranaense contra o Flamengo, isso ajuda, mas, porra, precisamos dessas demonstrações insanas de que nossos representantes são um bando de #@$?
Alguém aguenta isso?
Eu não aguento mais ser frustrado por esses vermes. Acredito que não sou o único. Então, galera, a verdade é a seguinte: precisamos de ajuda.
Sim!!!!
E eu sei onde arrumar! É dia 28 de abril, sexta-feira!
Na Greve Geral? Também… mas não é só ela que vai injetar um gás no meu ânimo. Tenho mais um protagonista, além de nós mesmos; meros crentes revolucionários.
Eu falo é de rock and roll, meu chapa. Foi o que sobrou pra mim…
A coincidência é que bem no dia da paralisação geral, uma banda do subúrbio de Londres vem tocar em Curitiba. Quem desembarca na terrinha curitibana é o grande Cockney Rejects.
“Cockney” é uma designação histórico-cultural que se refere a pessoas nascidas na região conhecida como East End, Leste de Londres. O termo traz uma forte carga pejorativa ao longo da história da cidade, sendo seus habitantes identificados negativamente por sua origem, hábitos e até sotaque. Leia aqui entrevista com os membros da banda e também conheça a história. “Nosso público era, em grande parte, composto de amigos, o West Ham ICF, pugilistas e ladrões. Éramos totalmente diferentes de qualquer outra banda, mas abraçamos todas as raças, culturas e subculturas” – Jeff Geggus.
Ou seja, é uma banda legítima do subúrbio de Londres, oriundos da classe operária, fanáticos por futebol e boxe. São o símbolo dos hooligans românticos. Ainda da fase que não se morriam torcedores, mas se brigava bastante, são fanáticos pelo West Ham! Aliás, até cantaram na despedida do estádio original do time londrino – assista aqui ao vídeo produzido pela ESPN sobre o West Ham com Jeff, vocalista do Cockney. Além de fazer uma homenagem a Chapecoense! Escute aqui.
A importância da banda é gigantesca dentro do punk rock. Foi através de uma música deles que surgiu a expressão “OI OI OI”, que originou a subcultura “OI! Music” – com a união de skinheads, punks, amantes do ska e da música jamaicana; com uma pitada de hard rock.
Eu fico feliz em saber que eles tocarão aqui bem no dia da greve. É a parte operária do punk rock, que canta a realidade dos subúrbios sem recorrer a apelos ideológicos.
Bom… já nem sei muito mais o que dizer. Parece que esses malucos vieram na hora certa. Como disse Mick Geggus, guitarrista da banda: “Somos pessoas da classe trabalhadora e adoramos rock’n’roll e futebol”.
É isso. O jeito então é encher meu caneco de chopp e gritar “OI OI OI”.
Em tempos de total depressão, eis que Curitiba, a mesma república que se mostra conservadora em demasia, me derruba com essa bela armadilha…
Mesmo não tendo muito que comemorar, principalmente em relação aos direitos trabalhistas, esses caras, mesmo sem querer, me trazem um ânimo…
Agende aí, sexta-feira, 28 de abril, depois da Greve Geral, lá no Jokers Pub tem Cockney Rejects. Pra mim, eles fazem canções de liberdade.
O LP está de volta.
Agentes penitenciários do Paraná aderem à greve geral
abril 27, 2017 11:58Cascavel – Praça da Matriz, às 10h
Foz – Bosque Guarani, às 8h
Maringá – Av. XV de Novembro, em frente ao INSS, às 9h
Londrina – No terminal de ônibus da Leste-Oeste, às 9h
A reforma trabalhista em Portugal e no Brasil
abril 27, 2017 10:53Portugal se recupera sem austeridade? Para o trabalhador, reforma foi implacável
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Em recente pauta repercutida no Brasil por diversos sites de notícias internacionais, destaca-se a atual conjuntura econômica em Portugal, tida como modelo de recuperação econômica sem a submissão ao processo de austeridade, palavra difícil e muito citada politicamente no Brasil atual.
O que não se comenta são dois pontos: primeiro, que Portugal tem o Partido Socialista desde 2015 no poder, mas sob um sistema de governo parlamentarista. E segundo, que Portugal passou sim pela chamada austeridade. E mais que isso, o país mudou radicalmente a legislação trabalhista em 2012 e essas alterações promoveram profunda precarização no emprego.
As medidas de austeridade aplicadas em Portugal nos anos de 2011 e 2012 começaram com corte de direitos de funcionários públicos. Foram retirados os subsídios de férias e de Natal, conquistas de 30 anos.
Esse processo de austeridade, precarização no emprego e privatizações em Portugal culminou numa mudança de postura da população, a grande mobilização em junho de 2013, que se internacionalizou em diversos países, sendo que, em Portugal, a motivação foi a crise e a precarização das relações de trabalho após a reforma trabalhista naquele país.
Alguns indicadores do mercado de trabalho de 2010 comprovam a precarização após a reforma trabalhista:
– o emprego precário (parcial, subcontratação, temporário, contratos a prazo) correspondia a 30% do emprego total;
– os contratos a prazo abrangiam 23,2% dos assalariados;
– o desemprego atingiu 11% da população (546,9 mil pessoas) em dezembro de 2010 e atingiu 12,3% em agosto de 2011; e 17,7% no primeiro semestre de 2013.
A austeridade em Portugal ocorreu a partir de março de 2010 com deflação salarial, suspensão radical do investimento público e extensão do programa de privatizações, chamado de “Programa de Estabilidade e Crescimento” pelo governo que o implantou. O pacote foi rejeitado por setores sociais, gerando crise política.
O que ocorreu em Portugal, com as eleições de 2015, foi uma solução possível à esquerda para tirar a direita do poder, mas não houve, com o partido socialista governando no parlamentarismo, uma mudança estrutural. A transformação radical na legislação trabalhista não foi revertida e o país está submetido às regras limitadoras da União Europeia. No curto prazo apareceram efeitos positivos, como o que chegou aqui no brasil sobre sair da crise sem a austeridade, mas no longo prazo não há previsão sobre melhora da vida da população.
Portugal passou pela austeridade, saiu da crise, mas a esquerda não reverteu as mudanças profundas promovidas pela reforma trabalhista.
(Esta abordagem tem como referência os artigos “Trabalho, precariedade e movimentos sociolaborais”, de Elísio Estanque e Hermes Augusto Costa, e “A greve geral de novembro de 2012 e os protestos anti-austeridade – análise a partir do caso português”, de Hugo Dias e Lídia Fernandes)
Conselho Nacional dos Direitos Humanos aprova recomendação contra Reforma Trabalhista
abril 26, 2017 18:17Para o colegiado, a medida fere os direitos humanos dos trabalhadores brasileiros, pois retira e enfraquece direitos fundamentais previstos na Constituição e em tratados internacionais ratificados pelo Brasil
O Plenário do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) aprovou, na manhã desta quarta-feira (26/04), por unanimidade, a Recomendação n° 4, de 26 de abril de 2017, sobre o Projeto de Lei (PL) n° 6787/2026 (Reforma Trabalhista), que promove mais de 100 alterações na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). A discussão se deu na 26ª Reunião Ordinária do colegiado, que acontece hoje e amanhã (26 e 27) em Brasília.
No documento, o CNDH recomenda aoPresidente da República a retirada do PL 6787/2016, e aos Presidentes da Câmara, do Senado, da Comissão Especial da Reforma Trabalhista e ao Relator do PL, que o projeto tramite em rito ordinário, passando pelas diversas comissões relacionadas à temática, garantindo o debate público diante das alterações propostas no âmbito da CLT.
O colegiado também recomenda ao Ministro do Trabalho que sejam apresentados estudos técnicos que “avaliem e dimensionem os impactos e prejuízos aos direitos dos trabalhadores em caso de aprovação da Reforma Trabalhista, bem como demonstrem a efetiva e real possibilidade de aumento do número de empregos, inclusive fazendo cotejo com a experiência de outros países, de modo a não se realizar mera substituição de trabalhos protegidos e de qualidade, por relações de trabalho determinadas, precárias e sem proteção”.
Para o CNDH, o substitutivo recém-apresentado ao PL 6.787/2016 (reforma trabalhista), bem como o PLS 432/2013 (restrição conceitual do trabalho análogo à escravidão), o PLC 30/2015 (terceirização da atividade fim), o PLS 218/2016 (jornada intermitente) e o PL 1.572/2011 (anteprojeto de lei do Código Comercial) “constituem um conjunto de medidas que consubstanciam atroz retrocesso social, pois ferem os direitos humanos dos trabalhadores brasileiros, retirando e/ou enfraquecendo inúmeros direitos fundamentais trabalhistas previstos em nossa Carta Magna e em diversos Tratados e Convenções Internacionais dos quais o Brasil é signatário”.
O documento também traz recomendação às Centrais Sindicais, indicando que levem as propostas aos Sistemas Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos, para análise mais crítica e aprofundada frente as destacadas violações às normas e convenções internacionais, em especial a ativação do sistema de proteção de direitos humanos da Organização Internacional do Trabalho.
Fonte: Assessoria de Comunicação Social do CNDH. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Frente Popular critica vazamento seletivo de alteração de audiência de Lula em Curitiba
abril 26, 2017 15:45Entidades confirmam continuidade das mobilizações da Jornada de Lutas de apoio a Lula readequando programação para 09 e 10 de maio
Na manhã desta quarta-feira, 26 de abril, as Frentes Brasil Popular e de Resistência Democrática, junto a representantes dos movimentos sociais e entidades sindicais, promoveram coletiva de imprensa, em Curitiba, para divulgar a programação da Jornada de Lutas e convidar a população a participar das atividades culturais e debates políticos.
“A militância se organizou em todo o país para esses atos de solidariedade ao presidente Lula”, afirmou Roni Barbosa, secretário de comunicação da CUT Nacional, reafirmando que os atos serão realizados em apoio a Lula na data em que ele vier a Curitiba prestar depoimento ao juiz Moro.
Centenas de caravanas estão se organizando para montar acampamento na cidade, inicialmente prevista para ocorrer entre os dias 01 e 03 de maio. Durante a coletiva de imprensa, circulou a informação ainda não oficial de que o juiz Moro havia divulgado despacho, via assessoria de imprensa da Justiça Federal do Paraná, alterando a data do depoimento de 3 para 10 de maio. O comunicado à imprensa teria sido efetivado via whatsapp às 10h50. O despacho só foi juntado oficialmente na tramitação processual às 12h24.
“Achamos lamentável o que está acontecendo, da forma que está acontecendo, entre a mídia e os setores do judiciário. O normal é que a manifestação seja nos autos, seja pública e todos possam consultar. O que ocorreu hoje com relação à alteração da data da audiência mostra o vazamento seletivo para a imprensa por parte do judiciário”, declarou Roni Barbosa.
Anaterra Vianna, representante da Frente Brasil Popular, afirmou que diversas atividades culturais estão previstas em Curitiba, contando com a solidariedade de artistas locais, nas praças Santos Andrade e Boca Maldita, em que estão previstas as programações da jornada de lutas.
Melina Pugnaloni, representante da Frente de Resistência Democrática, lembrou que a jornada de lutas e a mobilização em solidariedade à Lula é também luta pela democracia e para que a justiça seja para todos. “Essa tentativa de desmobilização não vai funcionar. Diversas caravanas estão se organizando para participar da jornada de lutas”.
A Frente Brasil Popular, que atua na organização da jornada e apoio às caravanas e à militância, informou que na próxima sexta-feira, 28, terá audiência com a Secretaria de Segurança Pública do Paraná para levar ao conhecimento das autoridades áudios com ameaças vindas de representantes da direita reacionária, para que seja garantida a segurança dos manifestantes e também do presidente Lula quando estiver em Curitiba para depor.
“Rechaçamos as ameaças e pediremos investigação para que não se crie o clima de terrorismo, que não haverá. As atividades serão pacíficas”, finalizou Roni.
As possíveis alterações na programação da jornada de lutas e as informações oficiais podem ser acompanhadas pelas fanpages oficiais da Frente Brasil Popular, Fórum de Lutas 29 de abril e Frente de Resistência Democrática.
Por Paula Zarth Padilha, de Curitiba
Foto: Joka Madruga
Terra Sem Males
Reformas: “Estamos matando o paciente com a dose errada da medicação”
abril 26, 2017 14:58De acordo com o advogado trabalhista Sandro Lunard Nicoladeli, as propostas de reforma trabalhista e da previdência mudam o pêndulo: “essas alterações pendem para um lado e nenhuma delas beneficia o empregado”
Turbulência política aliada à crise econômica traz um ar de insegurança ao brasileiro. Se antes a polarização era por conta do posicionamento político entre coxinhas e mortadelas, que promoviam embates públicos que lembravam discussões futebolísticas, agora as diferenças são outras; e elas são expostas em relação as reformas propostas pelo atual governo Temer. Em qual polo você está: favorável ou contrário as alterações na previdência e na legislação trabalhista?
Na verdade, esse debate vai além e pode servir para outra questão ainda maior: a retomada de uma grande unidade da classe trabalhadora. E isso será colocado à prova esta semana, com a Greve Geral (dia 28 de abril) convocada por todas as centrais sindicais. Para o advogado trabalhista Sandro Lunard Nicoladeli, essas ações do movimento sindical e dos movimentos sociais se justificam, “a alteração na previdência social e também na legislação do trabalho vão piorar a vida do trabalhador”.
Sandro, que acaba de lançar o livro “Elementos de Direito Sindical Brasileiro e Internacional: (in)conclusões e estratégias possíveis”, desconstrói, nessa entrevista, muitos argumentos usados pela defesa dos governistas. Para o professor de Prática Jurídica Trabalhista e Direito Sindical na Universidade Federal do Paraná, membro da Comissão de Direito Sindical/OAB-PR, além de Mestre e Doutor em Direito pela UFPR, o discurso hegemônico é enganoso.
Sandro, você considera verdadeiro o discurso de que a Justiça do Trabalho favorece em excesso o trabalhador?
Sandro Lunard Nicoladeli – Respondo objetivamente sua pergunta: a Justiça do Trabalho aplica a lei. Mas tem um detalhe que é muito importante: 80% das reclamatórias trabalhistas distribuídas na Justiça do Trabalho dizem respeito ao pagamento de verbas rescisórias (o popularmente conhecido acerto); são empresas que não pagam sequer isso! Ou seja, as ações trabalhistas buscam, em grande volume, o pagamento de férias, 13º, depósitos do fundo de garantia, saldo de salário, assim por diante. Então, é uma falácia dizer que a Justiça do Trabalho protege o trabalhador; ela aplica a legislação, que, em qualquer país desenvolvido do mundo, protege a parte mais fraca dessa relação. Portanto, é enganoso esse discurso. O que a Justiça do Trabalho faz é aplicar uma legislação protetiva.
Além disso, a Justiça do Trabalho não é nada fantasmagórica ou extraordinária, é só o cumprimento das regras. Limitar a atuação dela significa dizer que o estado não deve se meter na relação patrão e empregado, o que eu acho, como princípio, bom; mas isso num país em que não ocorra trabalho escravo (e isso ainda existe no Brasil), trabalho infantil (e isso também ainda existe no Brasil), além do inadimplemento de verbas básicas, ou seja, se nós estivéssemos em outro estágio de desenvolvimento social e econômico, seria razoável que o estado se afastasse, mas essa não é a realidade brasileira.
Outro argumento usado pelos governistas é que as leis trabalhistas precisam ser modernizadas e que há muitas ações na Justiça do Trabalho. Esse discurso é verdadeiro?
SLN – O Brasil hoje tem cerca de 50 milhões de trabalhadores com carteira assinada, a famosa carteira de trabalho; numa população de 200 milhões de habitantes. Nós somos um país superlativo, com números grandes. Se você pegar toda população economicamente ativa, nós chegamos a 104 milhões de pessoas. Então, desses 50 milhões, nem 3 milhões ajuízam ações trabalhistas, o que desmantela esse argumento, essa falácia. Menos de 10% dos trabalhadores ajuízam ações trabalhistas e, desse contingente, 80% pede verbas básicas. Nós estamos matando o paciente com a dose errada da medicação.
Para corrigir os problemas econômicos e sociais no Brasil não se acaba com direitos dos trabalhadores e com a Justiça do Trabalho. Nosso país é muito diferente de outros países, aliás, não é possível comparar, somos mais desenvolvidos, do ponto de vista de regulação do trabalho, que os EUA, por exemplo. Olhar para lá é nos levar para a precarização, para a flexibilização de direitos, e isso, como pode sugerir esse discurso de modernidade, representa atraso e menos dinheiro no bolso do trabalhador. A modernidade sempre vem como uma palavra bonita e charmosa, mas nesse caso, com as reforma trabalhista e da previdência, não.
Você afirma, então, que a proposta de reforma, seja na previdência ou trabalhista, cumpre uma agenda que busca enfraquecer os direitos do trabalhador?
SLN – Sem dúvida. Só para você ter uma ideia, eu fui ler o Projeto inicial, o que foi encaminhado pelo Michel Temer para o Congresso, com nove páginas, no dia 23 de dezembro de 2016. Agora, em abril de 2017, o mesmo documento foi apresentado e aprovado com 140 páginas. Ou seja, há um apressamento desnecessário para discutir uma alteração tão profunda e significativa na legislação. São mais de 200 artigos na CLT, todos os aspectos, desde jornada, remuneração, funcionamento da Justiça do Trabalho, não são alterações para se discutir em tão pouco tempo. Isso já sinaliza algo estranho e que causa preocupação.
E no ponto de vista da reforma previdenciária, por exemplo, existe maior mobilização e pressão aos parlamentares, mas é fundamental que as duas frentes andem juntas, por isso, dia 28 de abril, é preciso que todo mundo, de alguma forma, auxilie, participe ou demonstre indignação com essas mudanças. Elas farão com que os trabalhadores demorem mais tempo para atingir a aposentadoria, ou nem atinjam, além de fazer com que os trabalhadores tenham seus direitos rebaixados, justamente no momento em que se aumenta o desemprego e a desigualdade social.
O que se pretende com essas alterações drásticas? Você acha que falta de dialogo entre políticos e sociedade?
SLN – O que é fundamental dizer sobre essas alterações legislativas é que se a gente quer um país forte, desenvolvido, sem desigualdade social e econômica, nós precisamos manter esse colchão, que é a seguridade social via previdência e as normas que protegem o trabalhador, que é explorado no dia a dia, ninguém nega isso, e a legislação é um sistema protetor mínimo. O cenário é de extrema dificuldade política e econômica, onde há um derretimento das instituições, em que não se sabe quem manda; sé é o Supremo ou o Executivo, ou se um juiz de primeiro grau manda mais que um ministro. Então a gente vive numa transição muito aguda e não me parece que a correria é a melhor conselheira para encaminhamentos tão profundos.
Outra questão é que esse parlamento, que tem grave problema de legitimidade, não foi ouvir a sociedade, porque está afundado num lamaçal de denúncias. Há uma crise de legitimação. E eles têm que ouvir a dona de casa, o pintor, o operário, o porteiro, o agricultor, todo mundo precisa ser ouvido. A câmara de vereadores é um espaço para o debate, a assembleia legislativa e os sindicatos. Porque, nesse momento, quem se levanta e denuncia as reformas é o movimento sindical.
Por falar em sindicatos, muitos dizem que há muito sindicato no Brasil. O que você acha disso?
SLN – Não acho que é verdade que exista muito sindicato. O Brasil é um país grande e, como eu já disse, os nossos números são superlativos. Dos aproximadamente 15 mil sindicatos existentes, uma parcela significativa representa os trabalhadores rurais e outra parcela significativa representa os autônomos. O que resta, cerca de 8 mil sindicatos, se divide entre sindicatos de trabalhadores e sindicatos de empregadores, além disso, há sindicatos de servidores públicos com uma legislação própria. Dizer que tem muito sindicato no Brasil é meio que chover no molhado.
A questão é: esses sindicatos têm representatividade e têm legitimidade? Para saber, é preciso fazer um ajuste de lentes, aproximando, do ponto de vista microscópico, cada realidade e a partir daí tirar uma conclusão. É uma afirmação muito leviana dizer que tem muito sindicato. Eu posso dizer, por exemplo, que existe muito posto de saúde no Brasil, já que é um país muito grande, mas será que existe o suficiente? Então, é esse o debate mais aproximado que a gente deve fazer.
Na opinião pública existe até um preconceito contra entidades que defendem os trabalhadores. Como fazer para mudar isso?
SLN – Acho que a criação de uma grande agência de informação sindical seria fundamental para construir uma cadeia de informação. Produzir de acordo com os interesses da classe trabalhadora. O que eu vejo hoje é uma imprensa sindical ainda muito pulverizada, que acaba não tendo uma articulação nacional. São importantes e necessárias as iniciativas que vejo no Brasil, mas as centrais sindicais, ou cada central sindical, deveria ter um boletim nacional com informação para rede social, Whatsapp e Facebook; de maneira mais sistemática, acompanhando a agenda nacional, mas também estabelecendo uma contracultura, do ponto de vista da formação jornalística. Porque a grande massa se informa a partir do Jornal Nacional, esse é o grande formador de opinião no Brasil, por isso é importante que aquele que nos lê tenha outras fontes de informação. A nossa opinião vem formatada, então é importante os contrapontos.
Você acha que a crise de representatividade está na Justiça do Trabalho ou na classe política?
SLN – A Justiça do Trabalho, como qualquer outro ramo da justiça, também é um poder que emana do povo. Embora os componentes da justiça façam concurso público para ascender aos seus cargos, eles são financiados pelos impostos da população. Quando pagamos o imposto pra previdência, certamente esse dinheiro circula e é usado para pagar todos os poderes da república, todos os poderes do estado, todos os poderes do município. Então, qualquer pessoa que pague um tributo, que pague um imposto, tem o direito de cobrar, independente se é do judiciário, do legislativo ou do executivo.
Por isso, eu digo o seguinte: há um problema geral de legitimação. Não é pelo fato do judiciário passar via concurso público que eles não devem prestar conta à sociedade, aliás, o judiciário tem muito que prestar conta, porque, em alguns pontos, existe situações que a população brasileira gostaria de obter mais informações. Assim como o legislativo, que está sempre no olho do furacão, precisa ouvir mais a população, já que são eleitos pelo voto popular. O compromisso do parlamentar não termina na urna, ele começa na urna, com a prestação de contas e ouvindo a sociedade.
Por Regis Luís Cardoso, texto e foto
Sindimovec