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abril 3, 2011 21:00 , por Desconocido - | No one following this article yet.

Eduardo Cunha é condenado a 15 anos de prisão na Lava Jato

marzo 30, 2017 13:20, por Terra Sem Males

Ex-presidente da Câmara dos Deputados que abriu o caminho para o impeachment de Dilma está preso em Curitiba

O Juiz Federal Sergio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, especializada em crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, condenou nesta quinta-feira, 30 de março, o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) a 15 anos e 4 meses de prisão em regime fechado. Cunha foi presidente da Câmara Federal quando tramitou o processo de impeachment contra a presidente eleita Dilma Rousseff.

Cunha foi condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro por movimentação e ocultação de dinheiro de corrupção, evasão de divisas e manutenção de depósitos não declarados no exterior. Além da pena de prisão, Cunha foi condenado a pagar multa equivalente ao valor da propina recebida, de US$ 1,5 milhão.

A síntese da denúncia do MPF tem 25 itens com acusações de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, não comunicação de contas no exterior ao Banco Central e à Receita Federal, corrupção, intermediação financeira para beneficiar políticos, de verba com origem vinculada a contratos da Petrobrás, no âmbito da Operação Lava Jato.

A defesa de Eduardo Cunha informou que vai recorrer da sentença no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre. O político está preso no Complexo Médico Penal, em Piraquara, Paraná, desde outubro de 2016. O local é onde são direcionados todos os presos com envolvimento na operação.

Clique aqui para ler a sentença completa.

Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males



Vereadores de Curitiba já rejeitam pacote de Greca

marzo 30, 2017 11:44, por Terra Sem Males

Servidores têm criado listas de e-mail e grupos nas redes sociais para cobrar posição do legislativo          

O prefeito de Curitiba Rafael Greca não terá vida fácil para aprovar o Pacote de Maldades que enviou à Câmara Municipal no último dia 28 de março. Os vereadores já começam a se declarar contra os Projetos de Lei que congelam os salários e adiam a data-base para novembro, travam planos de carreira e progressões e ainda alteram o financiamento do Instituto de Previdência Municipal de Curitiba (IPMC), até sacando R$ 600 milhões. O pacotaço de Greca, inclusive, toma o vale alimentação mensal de servidor que tenha faltado a um dia de trabalho.

Os vereadores têm manifestado rejeição ao pacotaço. Eles têm sido pressionados por servidores e pela população. O contato tem sido feito por listas de e-mail, Facebook e até por grupos de Whatsapp. Em um desses grupos, a vereadora Fabiane Rosa disse ser contra o ajuste fiscal que retire direitos e que ainda afogue o diálogo. Para ela, o país atravessa um momento econômico delicado, contudo, as medidas não podem ser direcionadas apenas aos servidores públicos, categoria que integra.

“Nesse sentido, somo-me à esperança de milhares de servidores da educação municipal em ver seus direitos garantidos, em ver o Plano de Carreira dos Professores ser integralmente implantado, em ter a certeza de que novos professores serão contratados e que, por fim, a última parcela do Plano de Cargos seja paga”, se comprometeu Fabiane.

Caso os projetos sejam aprovados, os salários dos servidores públicos serão sucateados. De acordo com o Departamento Intersindical de Estudos Econômicos e Sociais (DIEESE), a transferência da data-base para novembro traz um prejuízo de 39% nos vencimentos dos trabalhadores. O economista Sandro Silva ainda diz que após 20 meses, o índice a ser reajustado é ainda maior.

“A inflação acumulada do período está em 4,69%. Agora Greca pretende postergar em oito meses. Somando isso ao terço de férias, isso significa uma perda equivalente a 39%. Lá na frente, a prefeitura terá que discutir vinte meses. Nesse sentido, a inflação será maior. De acordo as projeções do Banco Central, a inflação a mais pode ser de 2,86%, chegando em 7,58%”, alerta o economista Sandro Silva, do DIEESE.

Portanto, o risco de agravar a crise e as contas da Prefeitura de Curitiba só aumenta ao postergar o reajuste. Para a vereadora professora Josete, os “projetos de lei ferem de morte direitos conquistados a partir de muita luta”. A vereadora comenta que estão sendo suspensos planos de carreira aprovados pelos próprios vereadores.

“São ações autoritárias. Além de debater o reajuste, os sindicatos estão apresentando suas pautas. O mínimo que se esperava é que ocorresse o diálogo entre as comissões e o executivo para que se pudesse analisar cada proposta e tivesse dados concretos sobre a real situação financeira de Curitiba. Infelizmente, isso não aconteceu”, lamenta Josete.

A opinião de Josete também faz coro com outros vereadores. O novato Goura disse que já manifestou “pessoalmente meu apoio aos professores e professoras e coloquei o mandato à disposição para ajudar no que for possível”. Já o vereador Felipe Braga Cortes informou que defende o plano de carreira. “Votei nesse plano. Contem comigo’, assumiu o compromisso em um grupo.

Vereadores contra o projeto

Vereadora Noemia Rocha
Vereadora Josete
Vereadora Fabiane Rosa
Vereador Professor Euler
Felipe Braga Cortes
Goura
Prof Silberto
Mestre Pop

Em cima do muro

O vereador Cristiano Santos também está sendo cobrado a tomar posição contra os projetos do prefeito Rafael Greca. No entanto, ele não assumiu posição totalmente contrária. De acordo com o vereador, “todos os projetos serão estudados e tentarei fazer o possível para não ser a favor da retirada de nenhum benefício conquistado”.

Carta aos vereadores

O Sismuc divulga pelo seu Facebook uma carta padrão para ser encaminhada aos vereadores. O texto – que pode ser acessado aqui – questiona a iniciativa do prefeito Rafael Greca de apenas fazer ajustes que penalizam os servidores e a população mais pobre. Além disso, o sindicato se reuniu com os vereadores na tarde do dia 29 de março.

Ao legislativo, o coordenador de Estrutura do Sismuc, o professor de educação infantil Jonathan Faria Ramos lamentou que os sindicatos e os servidores não tenham sido ouvidos pela Prefeitura de Curitiba antes do protocolo das matérias. “A gente entende o momento [de crise], mas não é em cima do trabalhador que vai resolver o problema.” Para ele, as mudanças propostas no Instituto de Previdência do Município de Curitiba (IPMC), se aprovadas, gerarão um “problema maior” no futuro. “Foi a mesma coisa com o parcelamento aprovado no ano passado, que não foi cumprido”, lembrou o dirigente.

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Manoel Ramires
Terra Sem Males
Informações da CMC
Foto: Chico Camargo/CMC



Locais dos atos do 31 de março de 2017 contra os retrocessos de Temer

marzo 29, 2017 14:13, por Terra Sem Males

Se vai acontecer ato na sua cidade e não está aqui relacionada, deixe nos comentários para atualizarmos. Com link de eventos ou site da entidade que está programando.

Os protestos são liderados pela Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo. O objetivo é a “defesa das conquistas históricas dos trabalhadores que estão sendo atacadas pelo presidente ilegítimo Michel Temer e seus comparsas.”

Este post é atualizado frequentemente de forma colaborativa.

Confira os atos por estados em ordem alfabética:

Acre
 
Alagoas
Maceió: na Praça Deodoro, às 08h30.
 
Amapá
Macapá: na Praça Veiga Cabral, às 16 horas.
 
Amazonas
 
Bahia
 
Ceará
Fortaleza: na Praça da Bandeira, às 15 horas.
 
Distrito Federal
 
Espírito Santo
 
Goiás
 
Maranhão
 
Mato Grosso
 
Mato Grosso do Sul
 
Minas Gerais
Ouro Preto: na Praça Tiradentes, às 17 horas.
Juiz de Fora: na Praça da Estação, às 16 horas.
 
Pará
Belém: Concentração em São Brás, às 08h30.
 
Paraíba
Pernambuco
 
Piauí
 
 
Rio Grande do Norte
 
Rio Grande do Sul
 
Rondônia
 
Roraima
 
Santa Catarina
 
São Paulo
 
Sergipe
 
Tocantins
 

 



Familiar de vice-prefeito de Curitiba na lista suja do trabalho escravo

marzo 28, 2017 16:18, por Terra Sem Males

A ONG Repórter Brasil divulgou no último dia 14 a lista suja do trabalho escravo no Brasil. O documento foi tornado público após uma solicitação feita via Lei de Acesso à Informação e contém 250 estabelecimentos que sujeitaram pessoas ao trabalho em condição análoga à escravidão. Entre os nomes está o de Nelson Luís Slaviero, familiar do vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel Slaviero. 

A Fazenda Planalto, em Guaraniaçu, região Oeste do Paraná, tem o empresário como responsável e, segundo a lista, colocou 19 trabalhadores nesta situação. Slaviero foi preso em maio do ano passado após o flagrante e segundo reportagens da época pagou R$ 400 mil em fiança para ser liberado. Ele também aparece em publicações como diretor de uma rede de concessionárias de automóveis que tem o pai do vice-prefeito como um dos sócios. Ele também aparece como um dos doadores da campanha que elegeu Eduardo na chapa encabeçada pelo prefeito Rafael Greca. 

O professor de ciência política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Oliveira, autor do livros “O Silêncio dos Vencedores”, que aponta como as oligarquias políticas no Estado estão perpetuando-se no poder ao longo de gerações e “Na Teia do Nepotismo”, que explica o funcionamento das nomeações em cargos públicos, vê ligações entre o trabalho análogo à escravidão e constituição do poder por intermédio das famílias tradicionais. 

“Muitas destas famílias, hoje ricas e poderosas, têm raízes nas questões agrárias do passado. A família Slaviero ainda é ligada a imigiração italiana, mas muitas famílias do Paraná tem origem nas antigas sesmarias do período escravocrata do século XIX. Muitas vezes as origens da riqueza e do poder também partem de formas de exclusão social no passado, seja em relação aos índios, africanos ou trabalhadores. Depois, nas últimas décadas, a camponeses ou trabalhadores sub-remunerados e sem direitos sociais. Há conexão direta em muitos casos”, explica o professor que estuda o tema há mais de 20 anos. 

De acordo com ele, são mais de 60 famílias oligárquicas no Paraná que detém o controle do Estado, sempre utilizando-o como mecanismo poder e influência. “Elas representam a elite política do poder no Paraná. Com essa conexão, para um família empresarial se destacar tem que ter um vínculo no Estado, por isso o conceito sociológico de classe dominante. A história da grande mídia no Brasil e no Paraná, por exemplo, é uma história de apoio político para construção destas grandes empresas midiáticas”, avalia Oliveira. 

O professor cita como exemplo o governador, Beto Richa, o atual ministro da Saúde, Ricardo Barros, e até o atual prefeito de Curitiba, Rafael Greca de Macedo. “Ele pertence a uma das mais antigas oligarquias do Paraná, antes mesmo da emancipação do Estado. Você vai encontrar indivíduos deste grande clã desde o período da erva-mate. O primeiro prefeito do século XIX era Borges de Macedo, parente dele. O vice-prefeito é neto do ex-governador Paulo Pimentel e parte dessa família empresarial (Slaviero)”, comentou. 

Lista Suja – Além da fazenda do familiar do vice-prefeito, outras sete fazendas do Paraná aparecem na lista suja do trabalho escravo. A campeã local foi a Sabarálcool, de Engenheiro Beltrão, flagrada com 92 trabalhadores em condições análogas à escravidão. Na sequência a Fazenda Planalto, de Nelson Luís Slaviero, com 19 trabalhadores, e a Fazenda Ribeirão, em Campina Grande do Sul, com 14.

A lista não estava disponível para o grande o público devido a uma série de disputas judiciais. O último capítulo da novela foi a suspensão de uma decisão do presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra Filho, que proibiu sua divulgação ao atender um pedido do Governo Federal. 

A reviravolta, contudo, aconteceu dentro da própria corte trabalhista após pedido do Ministério Público do Trabalho. A decisão foi do ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, que no dia 14 de março decidiu pela divulgação do documento. “Defiro, parcialmente, a liminar requerida pelo Ministério Público do Trabalho para tornar sem efeito, no momento, a decisão proferida pelo Exmo. Sr. Ministro Presidente do Tribunal Superior do Trabalho”, diz trecho da decisão de Pereira.

Entre outras coisas, o índice serve como base para que empresas e bancos públicos possam negar empréstimos e outros tipos de negócios com empresários que usem mão de obra análoga à escravidão; além, é claro, de tornar públicas ações que ferem a dignidade humana.

Silêncio  – A reportagem procurou a Secretaria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Curitiba para tentar ouvir o vice-prefeito Eduardo Pimentel Slaviero. O órgão solicitou que as perguntas fossem enviadas por e-mail. A mensagem foi enviada ainda no mesmo dia do contato (16) e questionou qual era o grau de parentesco do vice com Nelson Luís Slaviero, bem como se existia algum tipo de constrangimento por parte de Eduardo em ter um parente na lista suja do trabalho escravo ou por ter recebido doações de campanha de alguém que está nessa lista. Embora tenha sido acusada a chegada do e-mail com os questionamentos, até esta terça-feira (28) nenhuma resposta chegou à reportagem.

O artigo científico “Família Slaviero: uma história de grandes conquistas”, publicado na Revista do Núcleo de Estudos Paranaenses, na edição de maio de 2016, pela professora adjunta da UTFPR Mônica Helena Harrich Silva Goulart, aponta relação familiar entre o vice-prefeito e o empresário.

A reportagem também tentou ouvir a posição de Nelson Luís Slaviero. Também no dia 16 de março foi realizado contato com a assessoria de comunicação do Grupo Slaviero. As perguntas que foram encaminhadas questionavam a posição do empresário com relação à lista suja e se a presença dele era correta ou não. Outras perguntas diziam respeito a quais medidas foram ou poderiam ser tomadas para melhorar as condições de trabalho das pessoas na Fazenda Planalto.

A empresa informou que prestava serviços ao Grupo Slaviero e não particularmente ao empresário, mas que encaminharia as perguntas e pediu prazo até o dia 20 de março para dar uma posição oficial. Contudo, até o fechamento da reportagem nenhuma resposta foi encaminhada.

Por David Macedo e Gibran Mendes, de Curitiba
Na foto o vice-prefeito Eduardo Pimentel Slaviero ao lado do prefeito Rafael Greca e do governador Beto Richa. Foto: Pedro Ribas/SMCS



Sismuc: Greca compra briga com municipais e assembleia deve votar indicativo de greve

marzo 27, 2017 13:33, por Terra Sem Males

Em nota, Sindicato dos Municipais questiona posição do prefeito de Curitiba e define indicativo de greve. Confira:         

O prefeito Rafael Greca elegeu os servidores municipais como inimigos de sua gestão. Ele tenta expor os trabalhadores como principais responsáveis pela crise financeira que atravessa o município, jogando-os contra a população. O discurso é o mesmo de sempre: a Prefeitura de Curitiba está quebrada por causa da folha de pagamento do funcionalismo. Nessa escolha política de desprestigiar os servidores que atendem a população de Curitiba, inclusive reconhecido internacionalmente com prêmios na área de saúde e educação, Greca sonega propositalmente que a cidade está abaixo das despesas determinadas pela Lei de Responsabilidade Fiscal (47% contra os 51% do limite prudencial e 54% do limite máximo).

Greca também esconde dos curitibanos sua predileção pelos donos da cidade quando prefere cortar em setores que retornam serviços ao povo do que aumentar sua arrecadação cobrando a dívida de R$ 5 bilhões que as empresas têm com a e sonegação fiscal. Por isso, não surpreende que ele receba todos os dias empresários de diversas áreas enquanto se nega a receber os sindicatos e os servidores municipais. Rafael Greca pensa que pode governar a cidade sem dialogar com os trabalhadores. Ledo engano. A história já mostrou diversas vezes e irá mostrar novamente que os municipais são de luta e que o curitibano sabe reconhecer àqueles que estão na ponta do atendimento público.

Mal assessorado ou sem noção do que fazer no período de crise, Greca acha que pode alterar a data-base dos servidores de março para novembro sem dialogo. Devia ser informado que a data de 31 de março foi definida em 1995, após muita luta. Já em 2009, os servidores curitibanos realizam uma das maiores paralisações da categoria. A atividade conjunta promovida pelo Sismuc e pelo Sismmac levou cerca de 5 mil trabalhadores para o centro da cidade. A mobilização pressionava pela abertura das negociações com a PMC e pela garantia da data-base, na gestão Beto Richa, atual aliado do prefeito. Nesse sentido, os municipais, que conquistaram o direito na luta e não como bondade de gestores, como o atual prefeito tenta atribuir a si próprio.

Outro assunto que o prefeito tenta mudar sem debate é a previdência dos servidores. Ele quer impor uma alíquota de 14% e instituir previdência complementar antes mesmo do assunto ter uma definição nacional. Greca deveria saber – ou omite propositalmente – que o servidor, independente do salário, já contribui com 11% de seu salário, que é o teto do INSS. Ele quer que os servidores paguem mais e ainda recebam menos quando se aposentarem. Essa perversidade não será permitida.

Mas o Pacote de Maldades não para por aí. Ao jornal Gazeta do Povo do dia 27 de março, Greca tenta atribuir o desajuste das contas aos servidores. Nesse sentido, quer suspender o plano de carreiras e sustar as licenças prêmios, entre outros. Greca, inclusive, mente quando diz que não há previsão orçamentária para tais pagamentos. Em 7 de dezembro de 2016, a Câmara Municipal votou orçamento de “R$ 8,65 bilhões, com R$ 1,56 bilhão para a educação e R$ 1,66 bilhão para a saúde”. Das receitas totais, cerca de 62% representam recursos próprios do Município (R$ 5,33 bilhões); enquanto os repasses da União somam 18,5% (R$ 1,6 bilhão), os do governo do Estado 12,5% (R$ 1,08 bilhão) e outras fontes 7% (R$ 631 milhões). De todos esses valores, à Câmara Municipal já previu pelo menos a reposição da inflação para o mês de março e o pagamento dos planos de carreira. O que acontece agora, se a grande maioria dos vereadores da base de Greca aprovaram esses recursos?

Por outro lado, o pagamento dos planos de carreira e licenças prêmio não é nenhuma bondade do prefeito de plantão. É lei. É um direito adquirido e uma norma não poderá retroagir em prejuízo dos beneficiados. Logo, não pode atingir os planos de carreira que foram aprovados para serem implementados a partir de fevereiro de 2017. Quanto à licença prêmio, é necessário trazer ao conhecimento de todos que os servidores fazem gozo devido a não terem FGTS. Agora, ao acabar com esse direito, Greca tenta instituir uma nova categoria de trabalhador para além do servidor público e do privado: é o servidor público com regras privadas. Um absurdo.

Agora, se o prefeito Rafael Waldomiro Greca de Macedo crê que todas essas medidas serão aprovadas sem luta e sem expor as contradições de sua gestão, ele está muito enganado. Os municipais vão se mobilizar e impedir esses retrocessos em nossa cidade que mantém privilégios de poucos e comprometem a qualidade de vida da população. O Sismuc reforça a necessidade da paralisação de 50 minutos no próximo dia 31 de março e o comparecimento em peso na assembleia que já está definida como indicativa de greve. A resposta aos desmandos será na luta e na mobilização.

__________

Sismuc
Foto: Léo Silva



Saiba como será a vida dos trabalhadores com a reforma trabalhista

marzo 27, 2017 11:54, por Terra Sem Males

O projeto da terceirização foi aprovado na Câmara e seguiu para a sanção presidencial, que tem todo o interesse na sua aprovação.

Por Guilherme Silva
Terra Sem Males, direto de Brasília-DF.

Por 241 votos a favor e 188 contra, a Câmara dos Deputados aprovou, na noite da quarta-feira (22), o PL 4302/1988. O projeto prevê, entre outras precarizações às custas da classe trabalhadora, a terceirização da mão de obra das atividades fim das empresas e instituições públicas; amplia o prazo do trabalho temporário, de três para nove meses, substitui a responsabilização solidária pela subsidiária.

A modalidade de contratação terceirizada era permitida, segundo a Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), apenas para as atividades meio, como serviços de limpeza, portaria, vigilância, entre outras poucas áreas.

Dentro de um escopo limitado, o profissional da atividade fim de uma escola é o professor. Portanto, é rara, senão inexistente, a oferta de concurso público para serviços de portaria, ou de manutenção predial. Estado e prefeitura estabelecem contratos com empresas que oferecem os serviços.

O projeto permite que escolas não contratem diretamente os profissionais que respondem, em última análise, pela atividade fim desse tipo de prestação de serviços. As periódicas e permanentes relações profissionais dos professores são as condições para fazer funcionar, ininterruptamente, o processo da interdisciplinaridade. O resultado do produto será proporcional à qualidade das condições acima, encontradas nas escolas.

A lucrativa privatização do Serviço Público

Mais grave, o projeto admite o estado terceirizar a contratação de técnicos do serviço público. As consequências são de sério prejuízo para toda a sociedade, na medida em que se desconstrói uma secular presença do estado como indutor do desenvolvimento com vistas ao bem do bem-estar social geral.

É sabido, por exemplo, que o ainda público Sistema Único de Saúde (SUS) cobre mais de 90% de todos os procedimentos médicos observados no Brasil. A construção da estrutura do serviço público brasileiro, que permite avançar em pesquisa, tecnologia, justiça social é fruto, também, da permanência e oportunidade de planejamento de uma mui digna carreira.

Os candidatos serão selecionados por uma empresa terceirizadora de mão de obra e admitidos sem uma série de direitos e de oportunidades de aprofundar suas competências técnicas. Por outro lado, o PL amplia as condições para a criação exponencial de empresas terceirizadoras de mão de obra. A partir de agora, o capital social mínimo para se constituir uma empresa de terceirização de trabalho temporal foi reduzido de R$ 500 mil para R$100 mil.

Em relação ao serviço público, não são raras as notícias de corrupção em concursos aferidos por instâncias de órgãos de fiscalização e controle, como a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF).

Sem o controle oficial das formas e dos procedimentos de ingresso em empresa privada ou órgão público, abre-se um vasto campo onde a corrupção pode grassar livremente. Será muito mais difícil saber se alguém foi contratado por suas competências técnicas ou por compadrio político.

É uma maneira muito lucrativa de se apropriar do público. As empresas pegarão uma muito bem assentada estrutura de serviços, com vastos capitais, humano, predial, tecnológico, de graça, e lucrarão com o dinheiro do contribuinte.

Eterno trabalho temporário

O PL amplia o prazo da contratação temporária. Passou de 90 para 120 dias, podendo eventualmente se estender por 240 dias. Ou seja, a mão de obra pode ser explorada por nove meses e substituída sem alguma segurança para passar o período em que estiver procurando outra vaga de um outro trabalho temporário, por quase um ano.

Representação sindical

O PL esgarça o tecido solidário entre os trabalhadores, articulado pela instituição dos sindicatos, centro de organização e politização dos operários, desde antes da 1ª Revolução Industrial. Os 241 parlamentares entenderam ser melhor para as negociações das condições de trabalho, que o empregado não tenha qualquer vínculo sindical.

No atual período de crise econômica, os trabalhadores são conduzidos a dar seu quinhão de sacrifício, com supressão de direitos seculares, para o bem do País. Já para os empresários terceirizadores, os 288 parlamentares da base do governo facilitaram bastante os seus negócios.

Segundo a Súmula 331, quando o estado estabelece um contrato com uma empresa terceirizadora, ele assume solidariamente a ela as responsabilidades trabalhistas com os empregados. Isso significa dizer que, caso a empresa seja obrigada a responder na justiça, a empresa onde o serviço foi prestado, pública ou privada, responde com a empresa e é, quando o caso, obrigado a reconhecer os débitos com os operários.

A partir da aprovação do PL, a responsabilização de quem contrata a empresa terceirizadora passa a ser subsidiária. Caso a segunda seja processada, somente depois que vender o seu último patrimônio é quem a contratou pode ser chamado a responder.

A medida criará a seguinte situação: de um lado, a instituição contratante, que nada tem a ver com a questão; do outro, a empresa de terceirização, que tem um corpo jurídico organizado. No meio, sozinho, sem apoio sindical, está o trabalhador, que fará sua própria via sacra pelos infinitos corredores do Judiciário.

Dados da terceirização

Hoje, o contingente de mão de obra terceirizada, no Brasil, é de aproximadamente 13 milhões de trabalhadores, enquanto os contratados diretamente são em cerca de 40 milhões. Durante audiência pública, na Câmara dos Deputados, na segunda-feira (20), o presidente da Associação Latino-Americana de Juízes do Trabalho (ALJT), Hugo Melo Filho, afirmou que o número de terceirizados saltará para 52 milhões.

Há o temor de que a generalização provoque demissão em massa. Se uma empresa pode contratar a mesma mão de obra pela metade, ou menos, do seu valor, por que não o fará? Num momento de crise econômica, no qual o desemprego atemoriza 13 milhões de lares brasileiros, os empresários o usam para precarizar as condições de trabalho e diminuir os vencimentos dos empregados.

Dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) informam que o valor do salário do terceirizado é cerca de 25% inferior aos dos efetivos e trabalham três horas semanais a mais. São também o grupo de trabalhadores com a maior rotatividade no emprego. Enquanto os contratos efetivos permanecem cerca de seis anos em seus postos de trabalho, a média de permanência dos terceirizados é de 2,6 anos.

Triste chaga do Brasil é encontrar trabalho escravo em seu território. Recentemente, o Ministério do Trabalho e Emprego foi instado pela justiça, primeiro a não divulgar e, em seguida, a informar uma lista com 250 CPF e CNJP ligados à prática do trabalho escravo. Um estudo do Dieese e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) aponta que o setor da terceirização responde por 90% dos trabalhadores resgatados em situação análoga à da escravidão.

Dos cerca dos 700 mil acidentes anuais de trabalho, 80% são dos terceirizados. Ainda segundo o Dieese, em 2013, os setores elétricos e da construção civil responderam pela morte de 61 e 75 empregados, respectivamente. Segundo a CUT, os trabalhadores terceirizados correspondem a quatro em cinco vítimas de acidentes de trabalho. Segundo a Federação Única dos Petroleiros, de 2003 a 2012, foram registrados 110 óbitos de terceiros contra 20 mortes de trabalhadores efetivos da Petrobras.

O projeto seguiu para a sanção presidencial, que tem todo o interesse na sua aprovação. Forma e conteúdo favorecem apenas ao capital financeiro, o setor econômico mais beneficiado. Os terceirizados são aproximadamente 800 mil do 1,5 milhão de trabalhadores do setor, cujo valor do salário é 70% menor que o dos efetivos.

 



Jornaldo* | Libertadoras e libertadores: quem paga a conta?

marzo 25, 2017 15:13, por Terra Sem Males

“O telefone que tocaaaáá… eu digo alô sem respostaaaaáá”….

Espero que seja o Lídio… deixei recado na sua secretária eletrônica.

“Alô, Lídio?”…

A última vez que falei com o doutor foi na final da Copa da França, em 1998. Tivemos uma briga feia. Ele me culpou por ter levado o Ronaldo pra noitada. Mas como eu iria saber que o Fatnômeno teria uma ressaca convulsionante?

“Fala Lídio, tudo bem?” – a voz está diferente!!!

“Cara, vou direto ao assunto. Tem como dar um pulo na Stark, aqui em Curitiba, amanhã? O dia todo. Pago seu voo de ida e volta”.

“Po Lídio, não fode. Vai ter uma enfermeira pra te ajudar. O pessoal é muito gente fina. A organização do Sindijorzão dispensa comentários, os caras são ponta firme. Levo até um scott pra depois do expediente”.

“Não está entendendo? Como assim? Não sabe o que é o Sindijorzão?”.

“Hã?”.

“Pare! Vou te explicar o que está acontecendo:

Semana passada, numa partida espetacular entre Espetaculosas x As Sensacionalistas, algumas atletas saíram contundidas. Sabe aquele jogo estilo ‘libertadoras da américa’? Então…

Mas já vou adiantando que essa rivalidade é só dentro de quadra. Ok, Lídio?

Agora preste atenção, pra você entender onde eu quero chegar com essa história:

No último domingo, acabou a fase de classificação. Agora é mata mata. Os jogos serão ainda mais pegados.

O futebol feminino, por exemplo, é pressão o tempo todo. As meninas treinam durante a semana, se preparam, se dedicam, é um grande espetáculo. Semana passada, numa só partida, vi chapéu, caneta, golaço!”.

“Hã? Jogo de homem? Hmmmm… confesso que não vejo todos os jogos do masculino, é muito mimimi. Ainda bem que a organização bolou uma partida mista, pra elevar o nível. O resultado foi bacana. Muito bam bam bam que se achava craque das quadras entendeu que com as meninas do Sindijorzão não tem pra ninguém…

Porém… depois da partida que eu me referi, aquela estilo “libertadoras”, com algumas lesões… surgiu a discussão sobre a presença de algum responsável pela integridade física de tod@s @s participantes.

Teve até textão no facebook, debate em programa esportivo, briga em grupo de zapzap, essas coisas… sabe como é, né? Até porque, apesar do torneio ser de um Sindicato, não é todo mundo que é filiado, o que dificulta um pouco…

Esses dias, fiz um breve cálculo: se todo mundo estivesse em dia com suas obrigações sindicais, a organização poderia concluir a Arena Sindijorzão, com CT, departamento regenerativo, trabalho de inteligência tecnológica futebolística e uma piscina olímpica.

Lógico, uma ambulância, por exemplo, seria facilmente disponibilizada durante as partidas.

Mas retomando: o mais importante é que as meninas que se contundiram estão bem.

Agora, pra finalizar e acertar sua participação amanhã: uma garrafa de scott é o suficiente?”.

Esse filha da puta não fala nada com nada…

“Lídio, eu não estou te ouvindo. Tem algum outro número que eu possa te ligar?”.

MERDA. MERDA. DESLIGOU NA MINHA CARAAAAA.

– O que foi vô? Que gritaria é essa?  – acaba de chegar meu neto, jornalista. Sabe de tudo!

– Eu tava falando com o Lídio, não conseguia escutar o que ele falava. Uma merda. Aí o cara não fala nada com nada e desliga na minha cara. Escroto.

– Vô, que Lídio?

– O Toledo.

– Vô, o Lídio Toledo morreu em 2011!

– O quê?

– Sim. Em 2011.

– Puta que pariu.

 

*Jornaldo: é jornalista esportivo renomado internacionalmente. Sempre disputado pelas mídias convencionais, optou por fazer a crônica do Sindijorzão, o torneio de Futsal do Sindicato dos Jornalistas do Paraná. Os valores nunca foram divulgados.

Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males

 



A que custo a PCE-UP, em Piraquara, virou exemplo de unidade penal?

marzo 24, 2017 18:26, por Terra Sem Males

OEA elogia PCE-UP, mas será que faria o mesmo se visitasse as outras unidades do Paraná?

A Secretaria de Segurança e o Departamento Penitenciário do Paraná exibiram orgulhosos, nesta quinta-feira (23), para a Organização dos Estados Americanos (OEA) uma unidade prisional considerada modelo em tratamento penal no país. A Penitenciária Central do Estado – Unidade de Progressão (PCE-UP) integra o Complexo Penitenciário de Piraquara e está preparada para oferecer a 100% dos presos atividades educacionais e de trabalho durante todo o dia. Atualmente está com 175 detentos e todos foram selecionados de acordo com o comportamento carcerário, segundo o DEPEN.

Mas será que foi dito às autoridades internacionais a que custo o governo do Paraná conseguiu implantar tal unidade modelo?

Naquele prédio, funcionava precariamente a Penitenciária Central do Estado Feminina (PCEF), que foi desativada em novembro passado. Na ocasião, parte das presas foi liberada após um mutirão carcerário e 150 que não tinham direito à progressão foram transferidas para a Penitenciária Feminina de Piraquara (PFP), onde já havia 280 detentas. O problema é que essa transferência aconteceu sem que o DEPEN fizesse qualquer adequação na PFP para receber mais essas presas.

As consequências desse improviso para ter uma unidade modelo foram vistas há duas semanas, quando uma agente de cadeia ficou por 22 horas em poder de presas rebeladas, tendo a sua vida ameaçada. Outras seis presas foram feridas durante a ação. A rebelião tinha como motivo a exigência do cumprimento do tratamento penal. Um direito garantido em lei, que não vem sendo cumprido na PFP por causa da falta de agentes para movimentar as presas e da falta de assistências médica, social e jurídica, colocando em risco a vida de quem trabalha na unidade.

Modelo masculino requer sacrifício feminino

Com a desativação da PCEF nem mesmo o efetivo foi reforçado na PFP. Inicialmente, junto com as presas foram transferidas 30 agentes que estavam na unidade feminina que foi fechada. Porém, todas já foram realocadas para outras unidades. O DEPEN também retirou os 20 agentes masculinos que trabalhavam na PFP, auxiliando na portaria e em outros postos externos. “Com a saída desses colegas, a coisa ficou ainda pior nas galerias porque as agentes que ficavam no fundo da cadeia estão tendo de cobrir esses postos”, relata uma servidora que prefere não se identificar.

Neste ano, o Centro de Regime Semiaberto Feminino (CRAF), que ficava no Atuba, em Curitiba, também foi fechado pelo DEPEN. Todas as presas da unidade progrediram para o regime aberto, com o uso de tornozeleiras eletrônicas. Nenhuma das agentes que estavam no CRAF foi remanejada para a PFP. E, caso alguma dessas mulheres volte a cometer algum delito ou descumpra as determinações do regime aberto, voltará para o regime fechado e só há agora uma unidade para recebê-las, a PFP. “Não é querer ser pessimista, mas a gente sabe que muitas dessas mulheres voltam a cair até pela condição de vida que têm. E aí, o DEPEN não estrutura a única unidade pode recebê-las de volta”, reclama uma agente.

A solução não está apenas em um modelo

Enquanto o DEPEN e a SESP comemoram uma unidade padrão masculina para atender 175 presos e ganham visibilidade na imprensa, todas as outras 32 unidades sob a responsabilidade do DEPEN (onde estão cerca de 19 mil presos) clamam por mais agentes, mais segurança e pelo adequado cumprimento da Lei de Execução Penal.

O governo do estado disse que a ideia é ampliar o projeto da PCE-UP para outras regiões. Os agentes penitenciários do Paraná esperam ansiosos que esse plano dê certo e que esse projeto deixe de ser apenas um modelo e passe a ser uma realidade em todo o estado.

Por Waleiska Fernandes
Sindarspen

Foto: Joka Madruga


Site Terra Sem Males sai do ar após ultrapassar limite de acessos no mês

marzo 23, 2017 15:04, por Terra Sem Males

O site Terra Sem Males esteve fora do ar entre os dias 17 e 20 de março, permaneceu online no dia 21 e passou outros dois dias com a mensagem em inglês correspondente a: “excedido o limite de acesso”. Para contornar essa situação, Joka Madruga, idealizador do projeto e editor do Terra Sem Males, teve que contratar um limite maior para dar conta da demanda de acessos no período de um mês.

A partir de agora, uma taxa anual irrisória será substituída por um investimento mensal no site, para que possamos atender aos leitores sem interrupções.

Não temos meios de subsistência para o projeto, as despesas são por conta de receitas pessoais e o trabalho dos colegas jornalistas que publicam no Terra Sem Males é voluntário.

O Terra Sem Males possui diversos “botões” que podem ser substituídos por anúncios em troca de contribuições que possam ajudar esse projeto de jornalismo independente permanecer no ar. Nenhum desses espaços está ocupado no momento. Se sua entidade quiser ajudar anunciando em nosso site, entre em contato.

 



CONTO | Vazio urbano

marzo 23, 2017 13:05, por Terra Sem Males

– Desculpa a demora.

– Tudo bem.

– Não apareceu o seu endereço aqui no programa.

– Pois é. Estou usando há pouco tempo, aprendendo ainda.

– Uber black é mais caro, tá?

– Não sabia.

– O senhor está com pressa?

– Não, só crise de ansiedade.

– Oi?

– Nada, não. Há muito tempo nessa do Uber?

– Duas semanas.

– Conheci vários que estão há menos de um mês.

– Já está cheio de gente. Uma bosta.

– Achei que o Uber era a saída mágica.

– Pois é. E 25% fode a gente, mas dá pra viver. A situação tá uma merda né?

– Uma merda.

– Desemprego foda.

– Governo de merda.

– O que você fazia antes?

– Ainda sou motorista do Samu, em Araucária.

– Conheço o sindicato de lá.

– Massa.

– E você leva os dois trabalhos?

– Trabalho doze por trinta e seis lá. E aqui na hora vaga.

(silêncio)

– Largo da Ordem? Vai sair um pouco?

– Um pouco.

– Está tendo batida do Greca lá.

– Eu vi. Foda.

– Foda.

– Eu nem preciso disso.

– Não precisa o quê?

– Sair. Não saio mais.

– Ah, é?

– Uso o tinder se eu quero transar.

– E rola?

– Fácil.

– E você não tem medo não?

– Do quê?

– De trabalhar à noite?

– De trabalhar à noite?

– Sim. Eu teria.

– Ainda mais eu sendo mulher, né? muita violência. Mas é isso.

– É isso.

– Tem filho?

– Tenho, dois. Ficam na minha mãe o tempo todo.

– E você?

– Uma. Está na mãe também.

– Sim.

– Sim.

– É aqui mesmo, obrigado.

– De nada.

– Esqueci seu nome.

– Nem precisa, está lá no programa.

(risos)

– Se possível dá uma avaliação boa, por favor.

– Pode deixar, eu marco lá as cinco estrelas.

 

Por Pedro Carrano
Mate, café e letras, crônicas latoinoamericanas