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Terra Sem Males

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April 3, 2011 21:00 , par Inconnu - | No one following this article yet.

Na Vila o Paraná Clube não vacila!

April 6, 2017 20:29, par Terra Sem Males

Mais que os um milhão de reais pagos como premiação pela classificação à quarta fase da Copa do Brasil, a vitória sobre o Asa de Arapiraca, comandado pelo lendário Maurílio, deu ao tricolor um gás e tanto para encarar os próximos desafios. Uma caminhada na qual a Vila Capanema tem tudo para ser o fator determinante.

Em 2017 já são dez jogos, oito vitórias, dois empates, nenhuma derrota e apenas um gol sofrido. Embora a média de público tenha começado acanhada, nos últimos dez dias o tricolor conseguiu superar a marca dos oito mil duas vezes: 8.011 contra o Atlético e 8.041 contra o Asa. Ainda é pouco para um time que pretende subir, mas é um passo à frente.

Antes da Série B temos, no mínimo, mais duas grandes decisões em casa. Uma com o Atlético no próximo domingo, 9/4, outra no dia 19/4 contra o Vitória pelo jogo de volta da Copa do Brasil. Mais duas oportunidades para que a gente possa juntar os trocados, as energias e tudo o que for preciso pra voltar a respirar na elite do futebol.

Os jogadores sentiram que mais que uma torcida carente de conquistas, somos uma torcida apaixonada, insana, que não desiste nunca. O talento e a entrega deles somado à nossa vibração e comprometimento formam a receita do sucesso. Esse ano vai ser difícil tirar ponto da gente aqui. Que venha o Clássico!

Por Marcio Mittelbach
Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males
Terra Sem Males, Curitiba-PR



CONAQ e Terra de Direitos protocolam denúncia contra Bolsonaro por racismo

April 6, 2017 17:07, par Terra Sem Males

A Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e a organização Terra de Direitos protocolaram na tarde desta quinta-feira (6) uma representação contra o deputado federal Jair Bolsonaro (PMDB-RJ) na Procuradoria Geral da República (PGR). O documento aponta a prática do delito de racismo, previsto no artigo 20, § 2° da Lei Federal 7.716/1989, e pede que a PGR inicie uma ação penal contra o deputado.

A acusação resulta da manifestação do deputado na última segunda-feira (3), durante palestra na sede do Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, onde Bolsonaro declarou que o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais”, referindo-se às comunidades quilombolas.

Com essa declaração, o ex capitão do Exército compara as pessoas pertencentes à comunidades quilombolas a um animal, que tem sua massa corporal medida através de arrobas. A representação contra Bolsonaro aponta que a manifestação, nesse sentido, “tem como efeito a desqualificação racista de indivíduos quilombolas em geral, ao comparar um de seus representantes a um animal”.

Como de costume, o deputado foi ainda mais longe em e afirmou que os quilombolas não fazem nada, nem para procriador ele serve mais. Ou seja, Bolsonaro se referiu à condição da escravidão vivida por negros e negras no Brasil por quase quatro séculos para inferiorizar, ridicularizar e discriminar quilombolas.

Segundo a representação, ao se manifestar publicamente desta forma, o deputado corrobora o discurso racista de ódio onde quilombolas não teriam lugar ou função na sociedade brasileira, sem nem mesmo terem condições de perpetuar suas famílias. Ainda, o parlamentar desvirtua as políticas públicas destinadas às comunidades quilombolas, sugerindo que seriam um gasto desnecessário do orçamento público. “Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles”, afirmou.

Denúncias

A Constituição da República Federativa do Brasil estabelece que compete ao Supremo Tribunal Federal (STF) processar e julgar, originariamente, nas infrações penais comuns, os membros do Congresso Nacional. Como Jair Bolsonaro tem foro privilegiado, somente a Procuradoria Geral da República (PGR) pode abrir processo contra ele para que, assim, o STF julgue.

O documento apresentado pela CONAQ, com assessoria da Terra de Direitos, destaca a atribuição da PGR em instaurar procedimento administrativo para apurar a conduta de Bolsonaro e, ao final, denunciá-lo criminalmente por racismo.

A integrante da CONAQ, Givânia Maria da Silva, destaca que “o parlamento brasileiro e o MPF não podem deixar que Bolsonaro use o espaço do parlamento para propagar racismo, machismo e violências de todas as naturezas”. Segundo a quilombola, se os órgãos não operarem desta forma, ou seja, não aplicarem a lei, estarão desmoralizados e, “consequentemente, a sociedade não tem mais em quem confiar”. Determinada a obter justiça, Givânia é categórica em seu apelo, “Exigimos justiça: condenação por crime de racismo e perca do mandato por falta de decoro parlamentar”.

Segundo o assessor jurídico da Terra de Direitos, Fernando Prioste, “Bolsonaro faz política através do ódio e da opressão. O racismo explicito que dirigiu aos quilombolas é expressão latente do que há de pior em nossa sociedade. Esse tipo de agressão de origem escravocrata perpetua opressões racistas seculares e precisa ser combatido”, afirmou. Ainda, o advogado destaca a importância da atuação do sistema de justiça nesses casos, “O sistema de justiça tem a missão institucional de combater o racismo repreendendo essa violência”.

Ainda nesta quinta-feira (6), o partido Frente Favela Brasil dará entrada em petição no Ministério Público Federal do Rio de Janeiro contra o parlamentar. Ontem (5), a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), manifestou em nota “repúdio ao discurso racista e xenófobo” do deputado.

Conduta recorrente

Reincidente em declarações preconceituosas, que ferem o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, fundamentado no artigo 1º da Constituição Federal, além de outros direitos humanos, o deputado já foi alvo de outras denúncias e representações de organizações e movimentos sociais.

No último ano, Bolsonaro foi condenado em primeira instância a indenizar em R$ 10 mil por danos morais a Maria do Rosário (PT-RS) após afirmar que “só não a estupraria porque ela não merece” em 2014. Nesse caso a denúncia criminal da Procuradoria da República e a Queixa-Crime da deputada ofendida já foram recebidas em junho de 2016 pelo STF, que agora irá ouvir testemunhas, produzir outras provas e julgará Bolsonaro.

Ainda em 2016, o deputado também foi condenado a indenizar em R$ 150 mil o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDDD) por danos morais, após fazer declarações homofóbicas no programa CQC, da TV Bandeirantes, em 2013. Em toda sua trajetória política constam declarações que fazem apologia à violência infantil e homofobia, defesa da tortura e preconceito com povos indígenas e a população negra.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Terra de Direitos

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil



Decisão da ANEEL precariza a vida de atingidos por barragens

April 6, 2017 15:49, par Terra Sem Males

Uma decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) tende a tornar ainda mais difícil a vida das famílias desalojadas por instalação de barragens e áreas inundadas em decorrência destas. A ANEEL reduziu o valor no repasse de Compensação Financeira pelo Uso dos Recursos Hídricos (CFURH), também conhecido como Royalties da Hidrelétricas.

A cobrança da CFURH foi instituída pela lei 9.648, de 1998. A decisão impactará diretamente na Tarifa Atualizada de Referência (TAR), medida de referência para o cálculo da CFURH. A TAR foi reduzida em 22,66%, passando de R$ 93,35/MWh para R$ 72,20 WM/h. O valor é próximo ao praticado em 2012, R$ 72,87/MWh.

O prejuízo para a arrecadação dos municípios atingidos por barragens será superior a R$ 500 milhões por ano. Em 2016, as hidrelétricas pagaram aos municípios, a título de royalties, cerca de 1,8 bilhão. Aplicando a correção pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), sobre a manutenção da produção de energia elétrica, a expectativa do valor, para 2017, seria superior R$ 2 bilhões. A decisão fará o valor cair para cerca de R$ 1,4 bilhão.

Enfim, o que já era difícil para mais de um milhão de brasileiros tangidos de seus lares, de suas pequenas propriedades e produção, por força de alterações na natureza, ficará ainda mais precário. A redução do valor dos royalties será dramática para municípios já estão condenados pela PEC 55, que congela investimentos, por 20 anos, ao nível do índice da inflação do ano anterior.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) articulou, junto a deputados federais da oposição ao governo do golpista Fora Temer uma audiência pública para debater com a ANEEL, prefeitos de municípios atingidos por barragens, técnicos e sindicatos os motivos e as consequências da referida decisão.

Nesse sentido, a mobilização da população se faz necessária para, não apenas reverter a decisão, mas identificar porque, em mais de 24 anos, pouco ou nada se avançou no atendimento às demandas de um contingente populacional superior à maioria dos municípios brasileiros.

Por Guilherme Silva
Foto: Joka Madruga
Terra Sem Males, Brasília-DF



Leonardo Boff: “Tem que ocupar as ruas”

April 5, 2017 23:47, par Terra Sem Males

Para um dos maiores pensadores brasileiros, é preciso pressionar os políticos, usar as “mídias sociais para atacá-los diretamente, desmascará-los; e mostrar que eles estão fazendo política anti-nação, anti-povo”

Você se lembra daqueles filmes em que um jovem aprendiz encontra um sábio guru e começa a lhe perguntar sobre “o que é a vida?” ou “o que eu estou fazendo aqui?”, pois então, mesmo não estando tão jovem, ultimamente procuro algumas respostas. Já as perguntas, bom, essas não são tão filosóficas, na verdade, são bem simples e remetem a atualidade; que se apresenta com um grau de complexidade jamais visto, pelo menos por mim. Isso acontece, talvez, porque foi criada uma disputa confusa e polarizada na política, em que os lados têm a necessidade de criar líderes simbólicos e absolutos que representam uma verdade incontestável.

Foi com essas maluquices contemporâneas que cheguei ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná, na Praça Santos Andrade, em Curitiba; queria resolver essa salada reflexiva e para isso tentava selecionar algumas interrogações para Leonardo Boff. Quando soube que esse senhor estava na capital paranaense, não tive dúvidas: “vou bombardear o pilar da Teologia da Libertação com minhas indagações!”.

Leonardo Boff (78) é doutor em teologia pela Universidade de Munique, também professor de ética, filosofia da religião e de ecologia filosófica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Militante das causas ecológicas, é reconhecido mundialmente por ser porta voz de muitos movimentos sociais. Entre um número extenso de obras premiadas, o pensador brasileiro escreveu a “The Tao of Liberation: Exploring the Ecogoy of Transformation” (O Tao da Libertação: Explorando a Ecologia da Transformação), em parceria com o canadense Mark Hathaway e com prefácio de ninguém menos que Fritjof Capra.

Por isso, com tanto ‘honoris causa’ no currículo, reconhecimento em diversas partes do mundo, Boff tornou-se o alvo ideal para desvendar minhas dúvidas em relação ao nosso dia a dia. Pode ser que vários militantes já disseram algo do tipo: “tem que ocupar as ruas, as praças, discutir, em grupos, o Brasil que nós queremos. Convocar esses políticos para se envolver nas discussões de base, usar, especialmente, as mídias sociais para atacá-los diretamente, desmascará-los; e mostrar que eles estão fazendo política anti-nação, anti-povo, porque quase todas as medidas afetam os mais pobres, os trabalhadores, as mulheres, etc”, mas Leonardo Boff faz dessa declaração uma injeção de ânimo.

E essa energia foi aplicada em nosso papo, pois fomos da militância política a geopolítica, da religião ao pequeno agricultor; com informações variadas, quase que em fragmentos; e não é esse o mundo sem fronteiras que alguns pedem? Ou será que fomos longe demais? Vai saber…

Quando sentei ao lado de Leonardo Boff lá no salão nobre de Ciência Jurídicas da UFPR e liguei meu gravador, a primeira pergunta que me veio a cabeça foi sobre militância:

Leonardo, você concorda que essa palavra nunca carregou tanta esperança quanto agora? Qual a importância, nesse atual contexto, para o termo militância?

Leonardo Boff: Olha, nós estamos num contexto grave no Brasil. Se não houver militância (que venha das bases, dos movimentos sociais, daqueles que estão sendo atingidos pela nova legislação trabalhista e pela questão da previdência social, porque em tudo isso há um regresso muito grande), articulada, muito forte, que pressione os poderes de Brasília, não vamos sair muito bem dessa crise.

Então, é fundamental que os movimentos sociais, Movimento dos Trabalhadores Sem Terras (MST), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), grupos de mulheres, de negros, todos esses movimentos que marcam o Brasil (que é o país que mais movimentos sociais tem no mundo), façam pressão. Eu acho que essa pressão obrigará deputados e senadores a fazer reformas que não sejam tão maléficas para os trabalhadores e para os pobres.

Já que você citou a reforma da previdência e trabalhista, o que se vê nesses projetos é um verdadeiro ´tratoraço´, por parte do governo federal, contra os trabalhadores. Acredita que é possível uma grande unidade de trabalhadores pressionar e barrar essa agenda exclusivamente benéfica ao capital?

LB: Eu acho que é uma questão de articulação. Porque são muitos movimentos e eles não renunciam a sua identidade. Mas tem que fazer uma frente ampla entre eles, junto com setores de partidos que são progressistas, que apoiam as mudanças. Esses poderão impor uma agenda e obrigar (os políticos) a fazer uma reforma política e tributária. Resgatar, novamente, a centralidade da escola, da educação, e recuperar aquilo que foi abolido, que é o direito dos negros, das mulheres e daqueles que tinham representatividade junto ao governo. Tudo isso foi praticamente abolido.

Em termos econômicos, segundo vários analistas, especialmente Pochmann, que é um grande especialista na questão do trabalho, nós chegamos ao nível de 1910! Economicamente é um regresso terrível. O que mostra que aqueles que deram o golpe, querem levar a agenda deles até o fim e de forma irreparável.

Esse regresso econômico que você comentou, vem no mesmo momento em que uma onda conservadora ganha voz. Como combater isso?

LB: Acho que é mais ou menos como uma panela de pressão, sabe? Eles só mudam se houver grande pressão, que vem de baixo, que os deslegitima. Porque grande parte deles ou são réus ou são acusados ou são corruptos. Então, primeiro é derrubar a lista única, porque é atrás da lista única que eles se escondem; podem se reeleger e com isso ganham o foro privilegiado.

Também combater essas medidas políticas que acabam privilegiando a eles. Reforçar a continuidade da Lava-Jato, pois, apesar dos abusos e da seletividade em termos de atacar muito o PT, ela está chegando a todos os partidos. Está mostrando que essa forma de organizar a economia e a política, a base de negociatas, não é mais possível. Isso tem que vir de baixo, como grito do oprimido, a nação não aceita mais isso.

Tem que ocupar as ruas, as praças, discutir, em grupos, o Brasil que nós queremos. Convocar esses políticos para se envolver nas discussões de base, usar, especialmente, as mídias sociais para atacá-los diretamente, desmascará-los; e mostrar que eles estão fazendo política anti-nação, anti-povo, porque quase todas as medidas afetam os mais pobres, os trabalhadores, as mulheres, etc. E aqueles avanços sociais que foram alcançados no governo Lula não podem ser perdidos. Foi a única revolução pacífica que se fez nesse país e ela não pode ser anulada.

Você acabou de falar das mídias sociais e isso nos remete a nova geração. Gostaria de saber se nas suas andanças, tem identificado novos líderes?

LB: Estou ficando surpreso. Porque em função do meu trabalho dando palestra em vários lugares do Brasil, sempre encontro grupos de jovens politizados e que discutem sobre o Brasil que nós queremos, a partir de baixo. Especialmente jovens do PT, com lideranças que me surpreendem pelo nível de consciência, de discurso e de enfrentamento. É por aí que eu acho que vai surgir uma nova geração de políticos, porque essa atual geração está velha e desmoralizada. O próprio PT tem que fazer uma autocrítica, porque ainda não foi o suficiente. Possivelmente no próximo congresso do partido será feito isso, para recuperar a credibilidade.

Um candidato só ganha se ele tem carisma e inspira confiança. Se o povo desconfia, não vota. Se não tem carisma, entusiasmo, paixão pela mudança, também não ganha. Eu estou vendo que essa crise tem um lado positivo, que é o de estar despertando a população que sente na pele os efeitos nefastos dessas medidas (do atual governo). Quem era pobre está ficando miserável, quem tinha saído da fome, está voltando. Eles aguentam enquanto são adultos, mas quando veem os filhos, as crianças, passando fome, aí não, aí eles saem às ruas. Aí podem vir a fazer grandes protestos.

Aproveitando que você falou da questão da condição social, podemos pegar uma voz mais simbólica e que vem representando, através de uma fala progressista, os menos favorecidos. Falo especificamente do Papa Francisco. Ele, hoje, é uma voz muito forte e até reformista dentro da igreja católica. Você acha que esse discurso ajuda os movimentos sociais tanto no Brasil quanto na América Latina?

LB: Olha, o Papa Francisco, hoje, talvez seja o maior líder em dois campos: religioso e político. No religioso ele vem favorecendo o diálogo, o encontro das igrejas e religiões; não discrimina ninguém, nem tem o conceito de exclusão, como se só a igreja tivesse a verdade, pois todo mundo é portador da verdade. E em termos políticos, tem uma liderança fantástica, porque denuncia diretamente o capitalismo como antivida. Chegou a dizer que o verdadeiro terrorismo não é muçulmano, é o capitalismo, pois ele pune grande parte da humanidade, idolatra o dinheiro e sacrifica a terra.

Sua liderança é coisa única na história do papado. Ele organizou quatro encontros com lideranças populares e sociais mundiais, três em Roma e um em Santa Cruz de la Sierra, com três temas fundamentais, os três T’s: Terra, Teto e Trabalho. E ele conclamou os trabalhadores: “não esperem nada de cima, vocês tem que ser os protagonistas, trabalhem criando cooperativas, produzam de uma forma diferente, tenham um consumo mais humanitário e solidário, renove a política com participação e não só com representação”. Ele estimula, favorece e apoia esses movimentos sociais no mundo inteiro.

Inclusive, de forma indireta, ele tomou partido aqui no Brasil. E eu vi, eu vi, ele escreveu uma carta a presidenta Dilma, com quem se entendia muito, apoiando ela. Dizendo a ela que se mantivesse firme, agisse sempre na justiça e na retidão. Então, é alguém que tem parte, não é neutro, ele tem um lado, que é o lado dos pobres e dos vulneráveis.

Ainda no campo dos nomes que geram grande repercussão, temos, por outro lado, alguém que simboliza o fenômeno da chamada pós-verdade, que é o Donald Trump, presidente dos EUA, que segue uma agenda oposta aos discursos do Papa. Como é possível pensar numa contrainformação diante dessa figura?

LB: Trump é o maior risco para a humanidade. O grande prêmio Nobel de economia, Paul Krugman, disse: “não é impossível que ele use armas nucleares”. E o atual presidente dos EUA já disse por duas vezes que nos últimos tempos seu país perdeu todas as guerras: a Guerra no Vietnã, no Afeganistão e no Iraque. Ele quer ganhar uma guerra e possivelmente vai ser contra a Coreia do Norte, que também tem armas nucleares. Um secretario de estado norte-americano foi a Coreia do Sul e disse que se a Coreia do Norte continuar lançando foguetes, os EUA vão pulverizar aquele país.

Então é um homem perigoso para a humanidade, porque não é do mundo da política, vem do mundo dos negócios. É extremamente auto centrado e tem um ego maior que o próprio país, não segue as diretrizes do partido (tal ponto que está criando um problema com os republicanos), segue o caminho dele. Só que as instituições americanas são sólidas, a oposição é sensata e ele, em muitos pontos, tem recuado. Mas é um homem extremamente vaidoso, showman. Esse “American First” (Primeiro a América) significa, na verdade, “Só a América”.

E os EUA não podem retirar-se das grandes alianças do mundo, porque senão pode haver guerras locais, países como o Irã, por exemplo, querem se estender, Israel quer atacar e destruir o Irã, a Ucrânia quer levar a guerra a frente. Há 40 frentes de guerra pelo mundo e os EUA é um ponto de equilíbrio; ele se retirando deixa um campo aberto para a violência, que pode ser cada vez mais mortífera, com armas cada vez mais letais.

Para finalizar, não poderia deixar de perguntar como você tem visto a luta no campo hoje? Já que essa é uma das suas bandeiras históricas como militante.

LB: Vocês (pequenos agricultores) têm que ter a consciência de que alimentam o povo brasileiro, 70% do que está na nossa mesa são vocês que produzem, não é o agronegócio; esse exporta e não produz nada pra comer. Então, o pequeno agricultor tem que ter essa consciência. Se puder criar uma agricultura solidária, com cooperativas, trabalhar de forma mais articulada, usar os conhecimentos novos da ciência (não as questões de transgênicos, agroquímicos e agrotóxicos, que o Brasil é o maior utilizador deles), utilizar as forças da natureza, os adubos naturais, respeitar os ciclos da natureza, deixar que ela se recupere, tudo isso eu acho que tem futuro no mundo inteiro.

Há duas semanas eu estive no Rio Grande do Sul, apoiando um grupo do MST que vai produzir 55 mil toneladas de arroz orgânico! Movimentos como esse existem por todas as partes e isso nós devemos apoiar, estar ao lado de vocês e cobrar a reforma agrária, para garantir o chão. Cobrar também assistência técnica, silos e preços. Isso é questão de se organizar, pressionar e se unir a outros grupos, que os apoiam, fazendo ainda mais força.

Por Regis Luís Cardoso
Foto: Joka Madruga
Terra Sem Males, de Curitiba



Síria: vítimas de Khan Sheikhoun apresentam sintomas compatíveis com a exposição a substâncias químicas

April 5, 2017 14:17, par Terra Sem Males

Uma equipe da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) que oferece suporte ao departamento de emergência do hospital Bab Al Hawa, na província de Idlib, na Síria, confirmou que os sintomas dos pacientes foram compatíveis com a exposição a agentes neurotóxicos, como o gás sarin.

Algumas das vítimas do ataque à cidade de Khan Sheikhoun foram levadas ao hospital Bab Al Hawa, localizado 100 km ao norte, próximo à fronteira turca. Oito pacientes apresentaram sintomas, incluindo constrição das pupilas, espasmos musculares e evacuação involuntária, que são compatíveis com a exposição a agentes neurotóxicos, como o gás sarin ou componentes similares.

A equipe forneceu medicamentos e antídotos para tratar os pacientes, e providenciou roupas de proteção para as equipes médicas da sala de emergência do hospital.

Os médicos também conseguiram visitar outros hospitais onde vítimas do ataque estavam sendo tratadas, e reportaram que as pessoas cheiravam a alvejante, o que aponta para uma possível exposição a cloro.

Esses relatos sugerem fortemente que as vítimas do ataque a Khan Sheikhoun tenham sido expostas a, ao menos, dois agentes químicos diferentes.

Fonte: Assessoria de Imprensa dos Médicos Sem Fronteiras



Eu, jornalista terceirizado

April 3, 2017 16:57, par Terra Sem Males

Costumo dizer que entre as questões menos nobres que regem o setor midiático – o jabá, a promiscuidade entre as famílias que detém o oligopólio da informação e a esfera pública –, a que mais me entristece, é a incapacidade que nós, jornalistas, temos de nos revoltar contra o sistema que há séculos atrasa nossas condições de civilização. Sob a falácia de nos acharmos ‘coleguinhas’ dos patrões nos submetemos a inúmeros desmandos, a pautas levianas, ao medo de nos insurgirmos contra as injustiças e sem refletirmos sobre os impactos sociais da profissão.

Chamo-me Fagner Torres e trabalho com Comunicação desde 2008. Ao longo da minha trajetória, acumulei experiências em redações, coordenações de projetos voltados para programas de cunho social e popular, além de assessorias de imprensa.

Minha última experiência ocorreu entre os anos de 2014 e 2016 como trabalhador terceirizado. A Átrio Rio Service, prestadora de serviços do Governo do Estado do Rio de Janeiro, com atuação em áreas fim e meio de diversos órgãos da Administração Estadual, me contratou para a equipe da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), uma das maiores – senão a maior – entidades de Educação e Qualificação Profissional do país.

Na Faetec comecei a sentir os efeitos da terceirização já na contratação. Embora minha atribuição fosse Assessor de Imprensa, em minha Carteira de Trabalho fui identificado como Analista Júnior, independente do que as duas palavras signifiquem. Era apenas o início.

Nos 34 meses em que permaneci contratado recebi Remuneração (Salário + Vale Transporte + Alimentação) corretamente apenas nos primeiros 24 meses de contrato – entre fevereiro de 2014 e fevereiro de 2016.

A partir daí uma sucessão de abusos e assédios morais começaram a ocorrer comigo e com os cerca de 400 profissionais sob o mesmo modelo contratual, lotados nas mais variadas áreas dentro do organograma da Fundação. A principal delas foi a falta de pagamento, inicialmente entre março e junho de 2016. Quatro meses trabalhados sem salários e sem nenhuma justificativa. Apenas um infame ‘não temos previsão’.

Sobre isso é preciso ressaltar: numa relação terceirizada, geralmente, seu contratante não ‘aparece’. No meu caso, a chefia, um profissional nomeado pelo Estado, logo, em regime de contrato diferente dos subordinados, me coordenava apenas para as atribuições cotidianas. As questões empregatícias eram negociadas diretamente entre a empresa e eu, e ela, na maioria das vezes, não tinha resposta para as minhas demandas. A relação entre empregado e chefe importa para a qualidade do ambiente, mas entre contratado e contratante, há um imenso limbo.

Posteriormente, após o pagamento dos quatro meses atrasados, nova ‘volta’ da empresa. De julho a dezembro, foram outros seis meses trabalhados sem pagamento, recebendo, inclusive, ameaças para o caso da equipe organizar um rodízio entre os funcionários.

Sobre isso, antes que o leitor pense ‘você tinha que ter saído de lá’, adianto que infelizmente, me submeti ao escárnio e me agarrei à esperança de permanecer até receber o que me deviam. No mercado, como bem sabemos, a maré não anda boa para jornalistas. Sobretudo para os que nadam contra a corrente, o que modéstia à parte, é o meu caso. Pesei a situação e achei que afastar-me completamente do olho do furacão, abandonar o trabalho, poderia ser pior.

Em dezembro fui finalmente demitido junto com centenas de outros terceirizados precarizados, alguns com filhos para sustentar, aluguel para pagar, em situação financeira, moral e psicológica dramática, o que, felizmente, não é o meu caso. Embora, claro, também tenha as minhas obrigações.

Na demissão, um detalhe: a Átrio Rio Service, a empresa responsável pela terceirização citada no começo deste artigo, pagou apenas o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o FGTS, de todos os demitidos. Os 40% referentes ao desligamento, as férias vencidas, o 13º salário e os seis meses atrasados estão sendo postulados na Justiça. O caso está rolando. A primeira audiência está marcada para setembro deste ano.

Atualmente ainda estou desempregado, como dezenas de bons jornalistas que conheço. Todavia, o que mais me impressiona no meio dessa história após a aprovação da lei que escancara a terceirização irrestrita, é que existiam três letras que me davam um pouco de segurança de receber meus direitos, nem que fosse no tribunal. A tal CLT.

Agora, desde a última sexta, 31, ela não existe mais. Com a decisão deste governo federal ilegítimo, que aplica sem pudor a agenda da chapa derrotada na eleição majoritária de 2014, os direitos dos trabalhadores estão sendo reduzidos a pó, juntamente com os Tribunais do Trabalho, que tendem a virar latifúndios improdutivos.

E ainda há quem acredite que as reformas que vêm a galope serão importantes para elevar o estado de bem-estar social do brasileiro. Esses acham que, trabalhadores desprotegidos geram a compaixão do patrão. Sei… Como disse Leonardo Boff certa vez: ‘se os pobres desse país soubessem o que estão preparando para eles, não haveria ruas que coubessem tanta gente para protestar’.

Fagner Torres (à direita na imagem) entrevista o ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro, Gustavo Tutuca. Foto: Gabriel Salles dos Santos

Fagner Torres 34 anos, é jornalista. Atualmente escreve uma coluna no portal ESPN FC e apresenta o Lado B do Rio, podcast quinzenal sobre política e variedades da Cidade Maravilhosa



Síria: cirurgião e paciente são mortos em ataque a hospital

April 3, 2017 10:51, par Terra Sem Males

Instalação apoiada por MSF na província de Hama foi atacada no dia 25 de março; relatos sugerem uso de armas químicas

Um hospital do norte da Síria foi atingido por um ataque aéreo, de acordo com a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), que apoia a instalação de saúde.

Por volta de seis da tarde do dia 25 de março, o hospital de Latamneh, na província de Hama, foi alvejado por uma bomba lançada de um helicóptero, que atingiu a entrada do prédio. Informações coletadas pela equipe médica do hospital sugerem que armas químicas foram usadas.

Imediatamente após o impacto inicial, pacientes e profissionais relatam ter sofrido dificuldades respiratórias graves e queimaduras nas membranas mucosas – sintomas compatíveis com ataques químicos.

Duas pessoas morreram em decorrência do ataque, entre elas o dr. Dawish, cirurgião ortopédico do hospital. Além disso, 13 pessoas foram transferidas para outras unidades de saúde para receber tratamento.

 “A perda do dr. Darwish deixa apenas dois cirurgiões para tratar uma população de cerca de 120 mil pessoas”, diz Massimiliano Rebaudengo, coordenador-geral de MSF no norte da Síria.

Depois do ataque, o hospital ficou fora de serviço durante três dias, após os quais a sala de emergência foi reaberta.

O hospital de Latamneh fica localizado a poucos quilômetros da frente de batalha entre o governo e as forças de oposição, e oferece cuidados de saúde a uma população de aproximadamente 8 mil pessoas. Antes dos ataques, o hospital contava com uma sala de emergência e uma ala de internação, e oferecia cuidados cirúrgicos gerais e de ortopedia.

“Os bombardeios a hospitais, ainda que proibidos pelo direito humanitário internacional, continuam sendo uma prática comum na Síria, e os serviços de saúde estão sendo gravemente afetados por esses ataques”, diz Rebaudengo.

Apesar de uma nova rodada de negociações de paz entre as partes em conflito na Síria ter começado em janeiro, confrontos continuam acontecendo em diversas frentes. No norte da província de Hama, cerca de 40 mil pessoas fugiram de suas casas recentemente em decorrência dos confrontos.

No ano passado, MSF recebeu denúncias de pelo menos 71 ataques a 32 instalações de saúde apoiadas ou administradas pela organização na Síria. No dia 22 de fevereiro deste ano, uma instalação de saúde apoiada por MSF na província de Idlib foi atingida por foguetes, que mataram seis pessoas e deixaram 33 feridas.

MSF administra diretamente quatro hospitais no norte da Síria, e apoia mais de 150 instalações de saúde em todo o país.

Fonte: Assessoria de Imprensa dos Médicos Sem Fronteiras



O Sindijorzão e a pós verdade, por Jornaldo*

April 1, 2017 17:36, par Terra Sem Males

Tem dia que eu fico meio que de péssimo humor. Puto, mesmo. E é óbvio que sempre tem alguém pra colaborar com isso.

Por exemplo: por que diabos alguém quer fazer a escolha d@s melhores jogadores do Sindijorzão agora? 

É muito cedo! 

De todas as eleições d@ Bola de Ouro Fifa, que insistiram pra eu participar, nunca se queimou a largada dessa forma.  

Vocês vão concordar comigo: certas ideias precisam virar um tijolão, aí é só colocar o idealizador de quatro, pegar esse objeto robusto e enfiá-lo bem no meio do olho do… piiiiiiiiiiiiiiiii. 

Calma gente, hoje é primeiro de abril, brincadeirinha… he he he. 

É engraçado escrever no dia da mentira. Até porque se eu falasse pra vocês que o Che Garotos desclassificou o RelevO, você acreditaria? Pois então, é verdade. 

Se eu falasse que o Tranqueiras desclassificou o Sensacionalistas, você acreditaria? Pois então, é verdade. 

Não é por acaso que vivemos o momento histórico da pós verdade. 

Por isso, falo sem nenhum medo de errar: o Sindijorzão não é ‘apenas’ o maior campeonato de jornalistas do Brasil, ele é o mais hipermoderno. 

E em tempos sombrios para a coletividade, numa era líquida e solitária (como já disse por aí meu saudoso amigo Zyg), ver Manolo Guevara dar exemplo de honestidade, não tem preço. 

Zyg Bauman acenderia seu cachimbo com fumo cubano só pra celebrar a atitude mais simbólica da história dos Sindijorzões. 

Pra quem não sabe, o Manolo usou de um recurso tecnológico pra legalizar um gol de pênalti do Renan Careca. Detalhe: era numa disputa da morte, numa partida decisiva, nas penalidades máximas. O resultado poderia levar o time do Che, como já era de costume, a derrota. 

Por isso, sugiro deixar uma costela inteira pro Manolo, como Prêmio Fair Play 2017, lá no churras dos jornalistas, dia 08 de abril. 

Também nessa partida, Relevo e Che Garotos, aconteceu algo interessante (não só pelo fato do time cubano não levar fumo), que parece mentira, mas não é. 

Os jogadores do Relevo levaram o troféu do título de 2016 pro jogo! Deixaram ele exposto no banco de reservas. Pra mim, foi a grande cagada da rodada. Um combustível motivacional pro Soroca Eterno ressurgir das cinzas. Ele fez uma grande partida e, com todo mérito, é um dos candidatos a craque do torneio. 

Véio! Levar troféu pra uma partida mata mata e expor pro adversário é a mesma coisa que ir pra guerra com aquelas medalhinhas de condecoração penduradas na testa. Aí você chega no front, levanta uma bandeirinha branca e chama os amiguinhos com metralhadora pra mostrar o objeto. 

Quem vai parar pra olhar? Amigo, na guerra, é dedo no gatilho e tiro bem no meio da testa. O Relevo mereceu perder, só por essa atitude. 

Não é a toa que vou sempre lembrar do dia que Manolo Guevara chegou pra mim, com um charuto cubano na boca, soltando fumaça pra tudo quanto é lado, com uma dose de rum na mão, e disse: “hay que endurecer, pero si perder la ternura jamás”. 

Por fim, seria injusto, já que eu falei da eleição pra craque do Sindijorzão, não colocar a minha torcida e meu voto. 

Declaro que a melhor jogadora do Sindijorzão chama-se Halanna. Ela é ridiculamente superior aos outr@s atletas do torneio. Joga muito e não é de hoje que sabemos disso. 

Ninguém… ninguém… joga com tanta categoria quanto ela. Talvez o Stringa, lá por 1800 e alguma coisa…

Mas é isso meus amigos, que venha as semifinais. Só gostaria de avisar que essa será minha última crônica. 

Calma, calma! 

Hoje é primeiro da abril, dia da pós verdade. 

*Jornaldo: é jornalista esportivo renomado internacionalmente. Sempre disputado pelas mídias convencionais, optou por fazer a crônica do Sindijorzão, o torneio de Futsal do Sindicato dos Jornalistas do Paraná. Os valores nunca foram divulgados.

Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males



Municipais de Curitiba aprovam greve para dia 18

March 31, 2017 22:00, par Terra Sem Males

Ideia também é fazer atividades com outros sindicatos contra o Pacote de Maldades.              

Os servidores municipais de Curitiba aprovaram greve a partir do dia 18 de abril. A paralisação é contra o Pacote de Maldades do prefeito Rafael Greca (PMN), que enviou projetos de lei à Câmara Municipal de Curitiba. Os textos congelam os salários dos municipais até novembro e sem determinar o valor de reajuste, suspende planos de carreira, aumenta a contribuição do Instituto de Previdência Municipal de Curitiba (IPMC), além de tentar sacar R$ 600 milhões.

Os protestos também são contra o aumento de impostos sugeridos pelo governo municipal. Greca quer aumentar a tarifa do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) nos valores de 2,4% para 2,7% em imóveis no valor entre R$ 140 mil a R$ 300 mil. A medida poupa os mais ricos do aumento de impostos. O prefeito também quer cobrar dos mais pobres, aumentando o IPTU e cobrando a taxa do lixo de famílias isentas.

Durante a assembleia, também ficou definida a necessidade de construir uma greve geral com os demais sindicatos municipais de Curitiba. As outras entidades devem realizar suas assembleias para confirmar a mobilização em conjunto. No encontro de hoje (31), em frente à Câmara Municipal, os municipais definiram um encontro no dia 17 para reafirmar a paralisação por tempo indeterminado.

A coordenadora geral do Sismuc Irene Rodrigues destacou a necessidade de “abrir a conversa com todos os segmentos que trabalham na prefeitura. A ideia é fazer um movimento geral. Não temos a intenção de prejudicar a população. Só vamos mostrar nossa diante de uma gestão que fechou todos os espaços de diálogo”.

A reunião ficou marcada por severas críticas ao prefeito Rafael Greca. Ele tem sido acusado de ser autoritário, uma vez que não recebeu os sindicatos antes de encaminhar os projetos ao legislativo municipal.  A postura de Greca é questionada pela coordenadora geral:

“Ele não pode ficar colocando adjetivos nos servidores. Greca diz que as pessoas inteligentes iam concordar com o pacotaço. Nós somos inteligentes, por isso estamos reclamando”, alfinetou.

Poupando Donos da Cidade

Por outro lado, o prefeito Rafael Greca não apresentou, nos doze projetos, nenhum tipo de moratória para os credores da Prefeitura de Curitiba. A ideia de Greca é “premiar” – pagamento primeiro – quem dá desconto para o município. “O interessado que propuser melhor desconto à dívida do Município terá seu crédito satisfeito à vista”, resume a mensagem enviada por Greca ao Legislativo.

O gestor, que se reuniu com empresário ontem para pedir apoio às medidas que punem servidores e população, também não apresentou nenhum projeto que faça os mais ricos aumentarem sua contribuição. Propostas como IPTU progressivo não foram incluídas no pacotaço. Curitiba, por exemplo, tem atualmente R$ 5 bilhões para ser recebido de empresas e pessoas físicas.

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Manoel Ramires
Terra Sem Males
Foto Joka Madruga



“Essa reforma bandida é coisa de criminoso”, afirma senador Paulo Paim

March 31, 2017 18:19, par Terra Sem Males

Em audiência pública promovida pelas centrais, o fim da aposentadoria foi rechaçado

Em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Paraná, em Curitiba, na manhã desta sexta-feira (31) o senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou que a tentativa de fim da aposentadoria do governo Michel Temer é uma “reforma bandida” e que “isso é coisa de criminoso”.  Paim participou do evento, promovido pelas centrais sindicais, ao lado de Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Roberto Requião (PMDB-PR).

Com as galerias lotadas e referências ao movimento “Todos contra o fim da aposentadoria” a audiência reuniu centenas de pessoas. Paim, que tem percorrido o Brasil participando de eventos como o da manhã desta sexta-feira (31), afirmou que os parlamentares não podem trair o povo brasileiro. “Eu tenho convicção que sim (é possível alterar a proposta). O parlamentar não é bobo. Ele sabem que o povo disse não a esta reforma. Ele precisa ter um olho no parlamento e outro na rua. Nós somos empregados do povo. Ele (parlamentar) vai trair o povo que te coloca lá com um belo salário?  Mais de R$ 30 mil líquidos?”, questionou.

De acordo com Paim, a proposta significa o fim da aposentadoria. “Os dados da previdência mostram o seguinte: o índice de número de meses que tu trabalha, em média, durante 12 meses não chega a 10 ao longo da tua carreira laboral. Então qual o cálculo que é preciso fazer para essa média? Pega tua carteira profissional e some 64.6. Você começou a trabalhar com 16? Vai se aposentar com 80”, alertou o senador. Para ele, é preciso frisar que a idade mínima de 65 anos será para “raras exceções”.

A senadora Gleisi Hoffmann destacou que a previdência tem um financiamento solidário ao lado da assistência social e da saúde dentro do orçamento da seguridade social. “Esse foi o propósito da Constituição de 1988. Ela não é sustentada apenas pela contribuição de patrões e empregados, mas também pela contribuição social sobre o lucro líquido e pela contribuição de faturamento das empresas e PIS/PASEP”, assegurou.

Nesta conta, o orçamento da seguridade é superavitário ao longo dos últimos anos. A exceção foi 2016 em virtude da crise econômica pela qual o País a travessa, uma vez, que as receitas também despencaram. “O que o governo está computando para dizer que tem déficit, além da desvinculação de recursos orçamentários, é a previdência própria dos servidores públicos. Você não pode colocar nesta conta, afinal, são quase R$ 90 bilhões. Aí é óbvio que você terá resultado negativo. O governo está manipulando números para tentar justificar uma reforma que vai fazer mal às pessoas e ao Brasil”, alertou.  No último dia 15 de março a 1ª Vara Federal de Porto Alegre determinou a suspensão de publicidade do Governo Federal que trazia falsas informações sobre a reforma da previdência.

Mas qual seria o interesse então por trás da tentativa de colocar fim na aposentadoria? Segundo o senador Roberto Requião (PMDB-PR) o objetivo está dentro do conceito de estado mínimo, entregando um grande volume de recursos financeiros na mão de bancos nacionais e internacionais. “Mas essa proposta já deu com os burros na água. No Congresso Nacional não passa mais. Na bancada do PMDB, que teoricamente seria uma bancada de apoio ao governo, há praticamente uma unanimidade contra a deformação da previdência. O governo vai ter que recuar”, avisou Requião.

“Eles querem entregar a previdência brasileira aos bancos nacionais e internacionais. Veja o que aconteceu no Chile, onde o prêmio médio de um aposentado é de R$ 440 e uma grande parte da população não tem mais acesso à previdência”, comparou o senador paranaense. Segundo ele, esta proposta está na contramão de tudo que acontece no mundo. “Estamos em recessão e a hora é de estimular a criação de trabalho. No mundo inteiro as crises foram enfrentadas como grandes investimentos. No caso dos Estados Unidos, por exemplo, no New Deal, foi redução de carga horária, investimento público e aumento de salário. Estamos na contramão de tudo”, sentenciou.

A presidenta da CUT Paraná, Regina Cruz, enfatizou o fato de que há uma grande massa de recursos que deveriam ter sido aplicadas na previdência social, mas não foram por conta da sonegação. “Até janeiro de 2017 são R$ 443 bilhões, ou seja, quase meio trilhão de reais enquanto o suposto déficit é de R$ 165 bilhões. São três vezes o valor alegado de um déficit, que sabemos, não existe”, afirmou.

Para Regina, a saída para garantir que o fim da aposentadoria não seja aprovado no Congresso Nacional, é a continuidade da mobilização dos trabalhadores. “Todos os senadores falaram aqui e eu reitero: precisamos dizer que os parlamentares que votarem a forma desta e de outras reformas não voltam em 2018. Vamos continuar nas ruas lutando pela manutenção dos nossos direitos. Seja a aposentadoria ou os direitos trabalhistas”, completou.

A audiência pública foi articuladas pelas principais centrais sindicais no Paraná e proposta na Assembleia Legislativa pelos deputados Requião Filho (PMDB) e Tadeu Veneri (PT). Deputados federais, como Aliel Machado (REDE) e representantes de diversas entidades de classe também participaram do evento.

Por Gibran Mendes
CUT-Paraná
Foto: Pedro de Oliveira/ALEP