Prefeitura de Curitiba promete interferir junto à URBS sobre demissão de presidente do Sindiurbano
September 29, 2016 13:23Por Vanda Moraes
Sindiurbano
A Prefeitura Municipal de Curitiba assumiu o compromisso de se posicionar junto à diretoria da URBS para que seja cancelada a suspensão do presidente do SINDIUBANO-PR, Valdir Aparecido Mestriner. Além disso, deve ser restabelecido o pagamento do salário e dos benefícios do dirigente sindical, que foram cortados a partir do dia 20 de setembro de 2016.
Uma comissão formada por dirigentes de sindicatos e centrais sindicais foi recebida pelo secretário de governo da Prefeitura Municipal de Curitiba, Ricardo Macdonald Ghisi, na manhã de quarta (28).
A reunião ocorreu após os representantes de sindicatos, centrais sindicais e trabalhadores terem realizado uma manifestação em frente à Prefeitura Municipal denunciando a prática antissindical que a diretoria da URBS vem cometendo contra o SINDIURBANO-PR.
Ficou definida, na reunião, a criação de uma comissão formada por representantes da URBS e do sindicato que irão avaliar as alegações da diretoria da empresa usadas como motivação para a suspensão do dirigente sindical. Até que sejam finalizados os trabalhos desta comissão, deve ser suspenso o inquérito aberto pela URBS contra o presidente do SINDIURBANO-PR.
A prefeitura tem até esta quinta, 29, para dar uma resposta definitiva sobre os itens debatidos na reunião.
Defesa na Justiça
Além do ato e de cobrar um posicionamento do prefeito municipal, Gustavo Fruet, o sindicato adotará medidas legais no sentido de defender a entidade sindical e os trabalhadores representados.
Assim, a assessoria jurídica do sindicato ajuizará, na tarde de hoje, uma medida cautelar exigindo a manutenção da remuneração e dos benefícios do presidente do SINDIURBANO-PR.
Além disso, o sindicato denunciará à Justiça do Trabalho o rompimento, por parte da diretoria da URBS, do acordo judicial assinado entre a empresa e o Ministério Público do Trabalho, no dia 16 de setembro, o qual define que a URBS deve se abster de assediar seus trabalhadores.
A denúncia sobre as ações da URBS que configuram perseguição e prática antissindical contra o presidente do sindicato será feita também ao Ministério Público do Trabalho e no processo do dissídio coletivo.
Manifesto
Cerca de 50 sindicatos, centrais sindicais e federações já assinaram o manifesto contra as práticas antissindicais da diretoria da URBS, em apoio ao SINDIURBANO-PR e os trabalhadores em urbanização do Estado do Paraná.
“A prática antissindical do prefeito Gustavo Fruet, da URBS contra o presidente do SINDIURBANO-PR é um assédio moral contra os trabalhadores e contra a entidade sindical. Porque a partir do momento que se demite o presidente do sindicato isso é contra os sindicatos e contra a categoria, contra a classe trabalhadora também”, disse a presidenta da CUT-PR, Regina Cruz.
De acordo com a coordenadora geral do SISMUC, Irene Rodrigues dos Santos, os sindicatos, centrais sindicais e federações não irão tolerar qualquer prática antissindical. “A classe trabalhadora não admite prática antissindical e assédio moral em nenhum espaço público, em nenhum espaço privado. Nós queremos o melhor ambiente de trabalho, as melhores relações de trabalho para toda a classe trabalhadora “, afirmou.
No aniversário da Torcida Fúria Independente, do Paraná Clube, só os três pontos podem amenizar a dor
September 29, 2016 10:43por Marcio Mittelbach
Guerreiro Valente, Terra Sem Males
Se existe algo no presente que podemos nos orgulhar é a evolução da nossa Torcida Organizada. Se o Clube perdeu o embalo e respira por aparelhos, a Torcida Fúria Independente cresceu e é hoje referência nacional. Com organização, padronização e apoio incondicional ao Paraná Clube, a Fúria tem provado ao país que é possível, sim, uma torcida organizada ser íntegra e fazer a diferença no futebol.
Uma relação de amor que teve um de seus momentos mais simbólicos em 2013, quando a Torcida pagou para estampar a Camisa do Tricolor. Na época com salários atrasados, o patrocínio deu uma dose extra de esperança à luta daquele ano. E de onde veio o dinheiro? Dos uniformes vendidos, das rifas, de milhares de cervejas vendidas no boteco da TFI, local sagrado para o nosso torcedor.
Desde 1993, muita água passou por debaixo dessa ponte. Fomos Penta, representamos de forma honrosa o Estado na primeira divisão por mais de uma década e chegamos à Libertadores. Vivemos hoje dias difíceis, mas é por saber que temos o alicerce, uma torcida apaixonada e comprometida, é que não desistiremos.
Por respeito a essa história é que os nossos atletas terão hoje, 29/9, às 21h, que se multiplicar no gramado do Serra Dourada e buscar os três pontos. Não mudará em nada nossa realidade, mas será um regalo mais que merecido aos guerreiros valentes que, há exatos vinte e três anos, fazem o coração da TFI pulsar.
PS.: Neste sábado, dia 1º/10, tem festa na TFI e restam poucos ingressos.
Confira aqui o texto sobre Cinco jogos inesquecíveis no Serra Dourada
Caoticamente hilário
September 28, 2016 17:15Por Regis Luís Cardoso
LP – Crônicas musicais
Terra Sem Males
Nunca subestime o caos. Ele pode nos confundir.
Caos mental. Caos na informação. Caos nas ruas. Caos no campo. Caos na política.
Além, óbvio, do caos no sistema; um caos útil, que faz com que se perdure o reinado dos nobres.
…
Morte ao rei e a todos os seus nobres
Feliz é a vitória de quem tem união
A nossa liberdade
Foi difícil conseguir
Sujamos nossas mãos
Com o nobre sangue azul
Morte ao rei!
Majestade
Meu Senhor
Não há igualdade
Eu sou plebeu
Desobedeço
Cuspo nas leis
Sangue Real
É igual ao meu
Você foi julgado: culpado!
É a vontade do povo que pague com a morte
Os crimes que cometeu
Déspota!
Assassino!
*’Morte ao Rei’, música da banda Ratos de Porão, do álbum ‘Anarkophobia’, de 1991.
…
Esse fim de semana, por exemplo, o caos me invadiu as ideias. Aquela coisa nostálgica e adolescente.
Era mais ou menos uma da manhã. Eu e minha companheira chegávamos em casa.
A surpresa!
Ao lado da porta principal, nos deparamos com um moleque mijando na parede.
Eu, tranquilo, disse: “pô irmão, de novo? Mija ali nas árvores da praça, do outro lado da rua, sacou? Amanhã, fica um cheiro de carniça fodido. Aí complica pra nós… hehehehe”.
Ele, ainda com o bilau em mãos, de costas, consentiu e terminou o que fazia.
…
Fim de semana o cheiro de urina nos visita. No ‘predinho’ onde moro, tem umas marquises e a noite a molecada fica lá embaixo queimando um baseado e bebendo.
Quando eles têm vontade de mijar, o alvo é ao lado da porta de entrada da minha casa.
É só dobrar a esquina…
Quero deixar bem claro que não há qualquer problema em mijar na rua, beber e, muito menos, fumar um baseado.
…
Já havia entrado em casa. O engraçado é que aquela situação me lembrou algo hilário:
Era uma noite curitibana de 2006. Lá estava eu no biarticulado, Capão Raso/Santa Cândida. Minha parada era no tubo do Passeio Público. Com muito esforço, consegui descer sem mijar nas calças.
Quando saí do busão, com a bexiga explodindo, parei na primeira árvore que vi e mijei. Lembro de ouvir uma voz: “que nojo, seu sem educação”.
Pô… pensei comigo, “a urina ajuda as árvores, as plantas!”.
Fazia aquele trajeto, pois havia visto numa ‘comunidade’ do falecido Orkut que teria uma show do Ratos de Porão em Curitiba.
O local: Ópera 1. Hoje em ruínas, era uma casa de show bacana na capital paranaense.
Recordo da caminhada em direção ao Largo da Ordem. Aquele trajeto clássico. A Trajano Reis. A garoa curitibana. Aqueles pingos finos que não apagam o cigarro.
O olhar atento que avistou um maluco queimando um “cabralzinho” no canto escuro. Os botecos cheios. A galera bebendo. Eu com a grana contada.
Foram uns dez minutos de passadas atentas e livres até uma breve parada pra pegar uma cerveja, no Largo. A pernada continuou, até as ruínas do São Francisco. O Ópera 1 era do outro lado da praça.
Quando cheguei, cansado, sentei no chão e me encostei num muro preto. Perto de mim, vi uns malucos e perguntei: “Dae! Sabe se tem ingresso por 15, ainda?” – “Estamos esperando pra ver isso também, cara”, disse um punk, olhando pra baixo, me procurando, após ouvir uma voz que surgiu do chão.
Aquele foi o primeiro papo, depois me ofereceram um gole amarelo, uma mistura de maracujá com vodka.
Os cara eram de Pinhais. Um deles estava apavorado pra comprar ingresso. Ele achava que na hora era R$ 25,00; pior que eu também. Vi ele voltar da bilheteria e dizer que comprou por vintão. Eu fui no embalo e também garanti o meu.
Porra! Dez minutos depois aparece um japonês vendendo dois por 20. Sem comentários.
O jeito foi tomar aquele goró estranho.
…
Portas abertas! Logo de cara, nos alto falantes, Brujeria… “bom começo!”…
“Ratos!Ratos!Ratos!Ratos!” – todo mundo gritava.
Foi aí que Juninho, no baixo, Boca, na batera, João Gordo, no vocal, e o lendário Jão, na guitarra, começaram a paulada sonora.
Pogo generalizado. Caos!
O setlist foi lindo!
O ‘Ratos’ não desaponta.
…
É preciso mudar o sistema policial
Porque eles estão matando a pau
Gente decente
Em vez de proteger a população
Vivem agredindo algum cidadão
Sem nenhuma razão
Agressão/Repressão
Agressão/Repressão
É preciso mudar o sistema policial
Porque já estamos cansados de agressão
*Essa música tem mais de 30 anos. A primeira versão dé de 1984, do álbum ‘Crucificados Pelo Sistema’.
…
Você vê, né?
Uma mijada na porta da minha casa me lembrou um show do Ratos de Porão!
De 2006 pra 2016 são 10 anos. Em 2016 faz 25 anos que o Anarkophobia foi lançado. Faz 25 anos que o ‘Nevermind’, do Nirvana, mudou o rock; que o Metallica, com o black álbum, e o Sepultura, com o Arise, conquistaram o mundo.
…
No outro dia, quando saí de casa, vi, ao lado da porta uma garrafinha pet de coca cola cheia de mijo. “E não é que o cara deixou aquilo em minha homenagem?” – pensei comigo.
Na verdade, eu acredito que tudo isso foi uma mensagem pra eu ir na comemoração do Anarkophobia, em Curitiba, em dezembro de 2016.
Veremos! Pois até lá, muita urina vai rolar.
Caos, democracia
Medo, exploração
Cresce dia após dia
O ódio pelo poder
São faces marcadas
Que temem a revolução
Cresce a Tirania
Medo, alienação
Morte e Anarquia
Aos porcos desse poder
Promessa sem valor
Falta de razão
Sua moral é fraca
É fácil corromper
Seu olhar de terror/
Não causa compaixão
A sua paranoia
Me causa só prazer
Anarkophobia!!!
Doença do poder
Anarkophobia!!!
A cura é só a morte!
*Anarkophobia – música lançada em 1991, está no álbum que leva o mesmo nome.
Greca nega ter furtado obras de arte da Prefeitura de Curitiba e diz que crime já prescreveu
September 28, 2016 16:07Candidato nega abrir as portas de sua chácara para perícia de técnicos
por Manoel Ramires
Terra Sem Males
O candidato a prefeito de Curitiba, Rafael Greca recorreu a justiça para suspender a sindicância 181/2016 aberta pela gestão de Gustavo Fruet, que busca investigar o desaparecimento de obras de arte do acervo da Casa Klemtz. A
Dentre as 12 obras de arte desaparecidas, três móveis expostos na rede social coincidem, em descrição e imagens, com os objetos desaparecidos em 1995: uma cristaleira (“étagère”) e dois lavatórios, sendo um deles do século 19, o que fez com que a Prefeitura de Curitiba suspeitasse que estejam na chácara do ex-prefeito.
Em sua defesa, no entanto, o ex-prefeito Rafael Greca pede que seja negado o acesso de técnicos da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) para que eles possam inspecionar e periciar os objetos. “Da mesma forma, o perigo eminente de dano está presente na medida em que o Requerente está em vias de ser intimado para depor e ainda ter que autorizar que os técnicos da Fundação Cultural vão até a sua propriedade, sob pena de ser massacrado pela imprensa e redes sociais às vésperas da eleição”, registra na página 33 de sua argumentação.
A defesa do candidato alega ainda que se tivesse ocorrido o furto, ele já estaria prescrito, uma vez que o crime teria ocorrido no ano de 2001, não podendo ser utilizado na sindicância contra si. “Há que se ressaltar também que a suposta infração administrativa, tratada na sindicância como FURTO, está flagrantemente prescrita. A Administração Pública tinha conhecimento do suposto desaparecimento dos objetos, razão pela qual a prescrição de 5 anos já teria se operado, na forma estabelecida pelo artigo 142 da Lei 8.112/90″, se defende.
Em sua ação, Greca também acusa a campanha de Gustavo Fruet de abuso de poder. “A Administração Pública teve o conhecimento do suposto desaparecimento dos bens, seja em decorrência da prescrição, seja em decorrência do flagrante desvio de finalidade e de poder, na medida em que comprovado que a sindicância tem nítidos propósitos eleitorais,”, enfatiza a defesa.
Pedido indeferido
O Juiz Fernando Andreoni Vasconcellos, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, indeferiu a liminar pleiteada por Greca. Em sua decisão, o juiz alega “prevalência do interesse público sobre o privado, e ante o eventual dano ao erário, mostra-se juridicamente possível a sindicância para a apuração”.
Sobre a prescrição do furto, o magistrado afirma que “não se afigura plausível a alegação de prescrição da apuração de furto de bens, em virtude da imprescritibilidade do ressarcimento
de eventual dano ao erário, nos termos do §5ºdo art. 37 da Constituição Federal”, define.
Confira a íntegra do documento da defesa de Greca aqui.
Protesto aponta irregularidades na empresa de transporte público de Curitiba
September 28, 2016 13:31Presidente do sindicato foi suspenso após denúncias contra a gestão Fruet.
por Manoel Ramires
Terra Sem Males
Um protesto em frente à Prefeitura de Curitiba apontou irregularidades na gestão da URBS, empresa que administra o transporte público da capital paranaense, na gestão Gustavo Fruet. Entre os problemas apontados está a suspensão do presidente do Sindiurbano/PR e o não pagamento de salário e benefícios. Valdir Aparecido Mestriner denunciou a direção da URBS por irregularidades no contrato do ônibus, além de práticas de assédio moral e sexual.
O ato contou com a presença de diversos sindicatos e da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PR). Eles apontam prática antissindical com a suspensão do presidente em um manifesto. “As entidades sindicais afirmam que a decisão inédita e arbitrária da direção da URBANIZAÇÃO CURITIBA – URBS é um gravíssimo ato antissindical que visa enfraquecer o sindicalismo, a negociação coletiva e os direitos dos trabalhadores da URBS. As entidades sindicais exigem que o prefeito municipal Gustavo Fruet, responsável pela nomeação da atual direção, restabeleça todos os direitos individuais e coletivos do dirigente sindical Valdir Aparecido Mestriner, em especial o seu salário e benefícios como o plano de saúde e vale alimentação e encerre o processo de inquérito judicial”, defende a nota conjunta.
O presidente Valdir Mestriner listou diversos conflitos. Recentemente ocorreu uma greve, duas paralisações e três passeatas devido a atrasos salariais e de benefícios da categoria. Isso desde maio de 2015. Neste ano, em julho, foi realizada nova greve contra 0% de reajuste da categoria em uma inflação de 10%. Sem acordo, a campanha salarial está em dissídio coletivo no Tribunal Regional do Trabalho.
“Eu ousei desafiar e criticar duramente a gestão Gustavo Fruet. Em virtude disso, o prefeito e a direção da URBS, de forma arbitrária, querem a minha demissão por justa causa na justiça do trabalho. Eles confundem o Valdir trabalhador com o Valdir presidente que fez denúncias de irregularidades comprovadas com testemunhas e provas”, expõe Maestriner.
Solidariedade
No ato, dirigentes sindicais e de movimentos sociais prestaram solidariedade ao SindiurbanoPR e cobraram transparência da gestão municipal com relação ao transporte público. “Qual é a falta grave que Valdir cometeu? Ele denunciou a máfia do transporte coletivo de Curitiba, que Gustavo Fruet nada fez. O que eles querem é acabar com a URBS para colocar uma empresa privada para controlar o transporte. Fruet prefere atacar o movimento sindical a arrumar os problemas”, alerta André Machado, da Plenária Popular do Transporte.
Irene Rodrigues, coordenadora-geral do Sismuc, enfatizou a autonomia e liberdade sindical e o papel fiscalizador que as entidades fazem aos governantes. “Maestriner ousou enfrentar um dos donos da cidade e participar de processo de investigação sobre o transporte público, entrando com ação civil pública. Ele cobrou transparência e está pagando o preço com seu pedido de demissão”, se indigna.
Escândalo moral e sexual
A URBS já fez três acordos judiciais com relação a assédio moral e sexual. Dois deles envolvendo trabalhadores com pagamento de indenização. Um acordo custou R$ 5 mil e foi de uma diretora da URBS contra uma trabalhadora demitida. O outro atingiu valor de R$ 110 mil e foi contra o ex-procurador jurídico da URBS. Esse acordo está relacionado à comissão do transporte coletivo formada por Gustavo Fruet. Essas ações estão em segredo de justiça.
A terceira ação foi movida pelo Ministério Público do Trabalho. A URBS fez acordo na justiça do trabalho. Esse acordo contém 15 itens para inibir assédio moral e sexual. Também assumiu compromisso de fazer campanha publicitária no valor de R$ 1 milhão. A decisão foi tomada em 16 de setembro.
“Contudo a atual direção da URBS não fez nenhuma apuração interna dos atos denunciados pelo sindicato e Ministério Público, mas sim decidiu afastar e perseguir o dirigente sindical que organizou a luta para acabar com o assedio na empresa”, denuncia a nota dos sindicatos.
Processo contra Joice Hasselmann é remetido para distribuição em Vara Criminal de Curitiba
September 27, 2016 14:18Joice é processada por utilizar o termo “cadelada do PT” em vídeo ao vivo disponibilizado no Dia Internacional da Mulher
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
O juízo da 2ª Vara do Juizado Especial Criminal de Curitiba declinou competência do processo contra Joice Hasselmann para ser redistribuído a uma das Varas Criminais de Curitiba por entender que as penas para as acusações contra ela ultrapassam a punição limite de dois anos, que caracteriza a tramitação de processo no Juizado Especial.
O registro de injúria constatada foi originado por um vídeo ao vivo disponibilizado no perfil do facebook de Joice no Dia Internacional da Mulher. Joice usou o termo “cadelada do PT” para referir-se às mulheres petistas de maneira generalizada. O BO também cita “diversas incitações ao ódio” e “situações de ameaças”.
De acordo com o magistrado Marcel Luis Hoffmann, a queixa crime contra Joice Hasselmann preenche todos os requisitos legais. A acusação é de dois crimes de difamação e dois crimes de injúria, “em concurso formal, todos majorados pelo artigo 141, inciso III, do CP”, diz o despacho do juiz.
“Consta na queixa que a imputação que recai sobre a querelada é como incursa nas sanções dos artigos
139 (por duas vezes) e 139 (por duas vezes) todos do Código Penal, em concurso formal, cuja exasperação das penas ultrapassa o limite de dois anos previsto no art. 61 da Lei 9.099/95″, justificou o magistrado ao remeter o processo 0013184-82.2016.8.16.0182 para redistribuição.
Saiba mais: Ofensa de Joice Hasselmann contra militantes do PT vira processo no Juizado Especial Criminal
Mídia não vota
September 27, 2016 10:41Por Manolo Ramires
Terra Sem Males
Televisão, rádio. Esses veículos de comunicação são concessões públicas. Como tal, é papel deles promover o desenvolvimento do país sendo democrático e imparcial. Deve priorizar o público em detrimento do privado.
Não se engane. Esse é o discurso que ouvimos na boca de âncoras e apresentadores. Essa é a tese que lemos nos editoriais dos jornais, embora eles sejam atividades econômicas privadas que conjugam do mesmo princípio dos outros veículos e também de gordos anúncios estatais. Na prática, a mídia brasileira filtra a realidade conforme seu interesse. Ela diz para que time você torcer, quem é do bem ou do mal, que religião seguir, que partido é corrupto, que partido votar, que modelo de economia seguir. A mídia brasileira só não é mais autoritária porque ainda depende da audiência e de assinaturas. Mas não se engane, ela joga o jogo de se perpetuar no poder sem um voto sequer. Porque o poder e seu controle estão muito além do parlamento.
Xênia de peito aberto
Em Curitiba, a candidata do PSOL tem sofrido com o exercício do autoritarismo democrático dos donos do poder. Já a tiraram de dois debates. A justificativa sequer foi a pequena intenção de votos nas pesquisas. O argumento é de que o partido não possui representatividade no congresso e pode ser barrado nos debates. No Rio de Janeiro e em São Paulo, Freixo e Erundina já derrubaram esse argumento. Mas na “República de Curitiba”, Grupo Positivo e RIC/Record se basearam em lei aprovada por Eduardo Cunha para censurar o livre debate de ideias. Isso eu chamo de corrupção intelectual ou sonegação de ideais. Xênia Mello conseguiu o cancelamento do debate na faculdade, mas ficou do lado de fora da TV. Detalhe, candidato milionário de escola particular que anuncia em jornais e mídias eletrônicas, embora estando em partido nanico, foi convidado para ambos os eventos.
Cassando a democracia
A RPC/Globo adora Tadeu Veneri como voz ativa na assembleia legislativa contra o governo Beto Richa (PSDB). É aquela coisa de “mostrar o outro lado”, ser isento. Mas essa imparcialidade não se repete no momento em que o petista é candidato a prefeito e discute “os donos da cidade”, entre eles o grupo RPC. A TV já mudou de discurso três vezes para negar entrevistá-lo. O primeiro critério para barrar a conversa foi o limite dos cinco primeiros candidatos na disputa. Em seguida, alegou que o critério era ter 5% nas pesquisas. No entanto, em épocas de tanto descrédito dos ibopes da vida, como a emissora confia cegamente nesses levantamentos?
RPC recorre para excluir
Aliás, algumas posturas revelam quais são os pensamentos e as identidades por trás do discurso. Coisas como vomitar com pobre (Rafael Greca), combater invasão enquanto “rouba” terreno público (João Dória) e bater em professor dizendo posteriormente que foi o mais ferido (Beto Richa). A RPC se junta a esse time quando agenda entrevista com Tadeu Veneri para o dia 28 de setembro, mas cassa no dia 26 liminar obtida pelo candidato para ter direito a expor seu pensamento aos eleitores. Sejamos repetitivos: a RPC foi obrigada a entrevistar Veneri, agendou o encontro, mas foi à justiça para não entrevistá-lo. Parece até os juízes do Paraná que perseguem jornalistas apenas por dar publicidade de seus salários. Ou seja, tomam atitudes que não pegam bem. Por outro lado, não se surpreendam se Tadeu Veneri conquistar o direito de ser entrevistado e o âncora saudar a sua “democracia e a participação”.

RPC/Globo agendou a entrevista de um lado e recorreu a justiça de outro
Filha de ministro pode
A RPC mudou a regra para as entrevistas, mas manteve quem a interessava. É o caso de Maria Victoria, filha da vice-governadora Cida Borguetti e do ministro da saúde Ricardo Barros. No critério de cinco primeiros, ela ficava dentro. Mas a regra mudou para os 5%. Aí ela ficava de fora. Neste caso, ela ficou dentro. Sabe como é: “os candidatos não foram consultados sobre a alteração”.
Aperta e solta
Já repararam que entrevistas contra a esquerda são mais duras e contra a direita são mais lights, do tipo “cara, ficou excelente”?
Isso se chama Morismo, quando você seleciona quem você quer apertar e quem você quer deixar livre solto sem prisão para voar.
CONTO | Memorial do velho Jonas (ou última carta a Nínive)
September 26, 2016 14:28Por Pedro Carrano
Mate, café e letras
Terra Sem Males
Fui visitá-lo talvez num mau momento. Só que não contive o impulso, afinal fazia muito tempo que não encontrava o seu Jonas. Quando me dei conta, eu já estava vivendo há pelo menos um ano no mesmo bairro que ele. Como vivemos muito mais no trabalho do que com os pés no território, era natural que a correria jogasse esse compromisso pra frente. Ou então era eu que evitava encontrá-lo? Pode ser, até porque não ordenamos bem essas coisas. Mas quando percebi, caminhando pela vila e revendo velhos integrantes da associação de moradores, eu já estava em frente à casa de Jonas.
Mentira, não houve casualidade, eu já estava programando e adiando, há muito tempo, esse encontro. A sua casa de madeira verde trazia logo no portão da entrada o cartaz de um candidato a vereador, mostrando que o velho ainda era referência na política do bairro. Foi a esposa, dona Josefa, quem veio à porta, distraidamente abrindo alas pra mais um sujeito que visitaria o Jonas, o seu Jonas, o velho. Os cães e os gatos não se deram ao trabalho de me receber e em pouco tempo os cômodos minúsculos foram atravessados. Cheguei ao quarto onde ele estava na cama.
A imagem, filme que corre rápido na cabeça e não se encaixa no momento. Era ele mesmo, com quem participei da ocupação de vários terrenos, em 1991. Vinte cinco anos depois. Uma vida. Meus filhos. Os netos dele. Tudo cabia dentro daquele período. O tempo pesou. Sobretudo pra Jonas, com 89 anos, a respiração frágil, aquela mão direita carregada de dedos decepados, o corpo magro agora quase sumindo debaixo das cobertas. A luminosidade do cinza de Curitiba entrando pela janela e iluminando as rugas morenas.
Seu Jonas não me reconheceu. Ele estava quase cego. Meu envelhecimento e mudança também foram gritantes. A meu lado, eu trazia comigo um estudante de jornalismo que desejava narrar em livro a história das ocupações daquele período. Jonas, a principal referência. Ele sabia disso e recebia ainda o pedido de apoio de vários candidatos à prefeitura e à câmara de Curitiba. Cartas, panfletos, cartazes. A TV, das poucas conexões permanentes de Jonas com o mundo exterior, ficava girando rostos de candidatos a cada comercial. Alguns haviam abandonado Jonas com promessas. Nunca mais apareceram pra visitá-lo a não ser na telinha. Havia certo rancor e lágrima com isso, expresso num silêncio e numa tosse prolongada.
Apresentados como dois jornalistas a ele, o velho agradeceu a visita, tossiu um pouco, e logo engatou uma narrativa de memória falando subitamente sobre mim, ou a pessoa que eu era e que ele achava que estivesse longe daquele quarto. O estudante me olhou e, com a cabeça, sinalizei que ele continuasse dando corda pra narrativa de Jonas. O velho que hoje estava dentro do quarto com o seu nome trazia o mito do homem no estômago da baleia, incrustado dessa vez na sua última viagem, numa viagem mesmo que imóvel, numa viagem mesmo que sem ida ou mesmo que sem volta.
Que importa. Ele descreveu com detalhes coisas que vivemos juntos naquela série de ocupações, na condição de principais líderes: ameaças e madrugadas em claro, articulação com vereadores, todo o tipo de desventuras – lágrimas que escorreram de nós três e até de dona Josefa, que da cozinha preparava chimarrão e escutava todo aquele memorial.
Ao final, o velho Jonas ainda sugeriu uma imensa mágoa que carregava comigo, estendia a mim o rancor que guardava com outras pessoas que o abandonaram. Mas não era só o eclipse político. Ele ainda narrou a seu modo um episódio que, na minha memória de sexagenário, eu simplesmente não ordenava, e que na época foi passível de um processo judicial: um terreno em disputa e que eu teria roubado de Jonas. Mas não pude dizer nada. Fiquei triste também com nova opinião de Jonas de que eu havia abandonado tudo em troca de conforto e aceitado ser realocado pela prefeitura pra uma casa bem longe dali, onde ele estava agora, onde não teria recebido nada, e onde o chão fora conquistado pelo povo dali mesmo, com esgotos a céu aberto e nenhum papel de garantia.
Na hora, aproveitei e disse que me conhecia, o tal do seu José – falei com distância de mim mesmo – e aproveitei pra também revelar algumas mágoas profundas que eu guardava com aquele período, com algumas decisões de Jonas, seu modo autoritário, falei sobre coisas que eu nunca havia lhe dito na vida. Ele negou, disse que o José estava errado. O estudante ainda perguntou se ele não gostaria de me reencontrar, ao que ele respondeu que não. Nunca mais.
Mesmo assim, apesar das desavenças entre Jonas e aquele personagem distante que eu era agora, de todo modo aquela memória, aquele ponto em comum entre duas pessoas que já nem podiam se ver direito, aquele respeito por essa memória, eram o nosso único ponto de conexão, meu e de Jonas, tábua na qual Jonas se agarrava na esperança de mensagem de Deus nenhum. “Eu não vou converter ou mudar aquele cabeça dura do José e nem ninguém”, exclamou Jonas.
Encobertos por uma pessoa que eu não era, conseguimos ao menos dizer o quanto fomos amigos. Jonas cansou-se e cochilou de súbito. O estudante, enquanto ganhávamos as ruas e nos despedimos de dona Josefa, um tanto confuso, ainda quis conferir: “E o que eu faço com aquele processo que ele te responsabiliza? As pessoas perceberiam no vídeo se você der a sua versão. Não é certo com a dona Josefa se souber que a gente mentiu”.
De fato. Não havia espaço pro método comum na narrativa jornalística de expor os dois lados. A versão absurda de Jonas estava gravada. Eu decidi então:
– “Deixa como está. Não vou editar no vídeo o que a vida não apagou.”
“E por que você não pediu o apoio dele pra sua candidatura?”, me perguntou ainda o jovem.
Eu ia responder, mas percebi que o jovem na real estava tirando sarro. Fechei o assunto: “A real é que Jonas não vai pedir apoio nenhum e muito menos voltar a fazer política em Nínive”.
Censurem Aquarius
September 26, 2016 11:58por Manoel Ramires
Terra Sem Males
Avanti Palestrinos | Palmeiras é dez
September 25, 2016 10:39Por Manoel Ramires
Terra Sem Males
Seis vitórias, quatro empates. O Palmeiras conseguiu mais um êxito contra o Coritiba, jogando a responsabilidade para o Flamengo, que o persegue na busca pelo título. A vitória ocorreu após o palestra passar pela “prova de fogo”, que incluía dois clássicos estaduais e três nacionais. Cinco jogos duros em que não perdeu pontos para seus adversários. Por outro lado, a vitória sobre o Coritiba – apático – inicia a fase em que o Palmeiras se consolidou na liderança no primeiro turno.
Se a sequência de grandes choques foi dura, o jogo contra o coxa demonstrou que os próximos confrontos contra as equipes bem abaixo da tabela não serão nada fáceis. Essas equipes jogam com a clara proposta do “antijogo”. Ficam fechadinhas, abusam das faltas e da catimba e torcem por um vacilo ou momento de desatenção do líder do campeonato.
A estratégia do Coritiba funcionou bem no primeiro tempo de jogo. O time paranaense conseguiu segurar o ataque veloz palestrino, mesmo estando bem desfalcado.
Contudo, o líder mostrou porque tem elenco forte e mais esquemas de jogo do que seus adversários. Na segunda etapa, Cuca colocou Leandro Pereira, centro avante de ofício, para segurar a zaga, abrindo Gabriel Jesus e Dudu, que por sinal foi o melhor jogador em campo. E o gol saiu de uma falta, em que Banana disputou e ganhou jogada com o goleiro Wilson, que vacilou no lance.
Já o segundo lance também nasceu de uma falta. Mas sem chuveirinho na área. A jogada ensaiada teve troca de passes e gol – o quarto – do zagueiro Mina. Dessa vez com o pé.
O Coritiba até conseguiu marcar o seu gol na falha da zaga palmeirense. Foi praticamente o único chute a gol. Mas a equipe do Alto da Glória foi incapaz de buscar o empate.
Já o Palmeiras das “bolas aéreas” desperdiçou inúmeras chances de ganhar o jogo com “bola rolando”. Só Gabriel Jesus perdeu uns quatro gols. Dudu também. Até Tchê Tchê, que recebe com frequência bolas na meia lua, mas não tem o pé calibrado para o arremate final.
Nada, contudo, que abale a equipe. O Palmeiras vai pra cima dos adversários em busca das vitórias. Venham elas de arremessos laterais ou da troca de passes.