FOTOS | MTST e MST protestam por direitos em Curitiba
Giugno 9, 2016 10:53Ontem dois dos maiores movimentos sociais da América Latina realizaram atos país afora. Em Curitiba não foi diferente. O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O MTST protestou em frente à Prefeitura de Curitiba, contra o despejo de 800 famílias na ocupação Tiradentes, no CIC, para a construção de um aterro sanitário, conhecido como lixão.
Já o MST veio à capital paranaense protestar montar acampamento em frente ao Incra, em Curitiba (PR), para protestar contra o presidente em interino e golpista do Michel Temer, a retirada de direitos e em defesa de políticas sociais.
Confira um ensaio do repórter fotográfico Joka Madruga exclusivo para o Terra Sem Males:

Protesto na prefeitura contra o despejo de 800 famílias na ocupação Triadentes, no CIC em Curitiba, para colocar um lixão no lugar. Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males

Protesto na prefeitura contra o despejo de 800 famílias na ocupação Triadentes, no CIC em Curitiba, para colocar um lixão no lugar. Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males

Protesto na prefeitura contra o despejo de 800 famílias na ocupação Triadentes, no CIC em Curitiba, para colocar um lixão no lugar. Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males

Protesto na prefeitura contra o despejo de 800 famílias na ocupação Triadentes, no CIC em Curitiba, para colocar um lixão no lugar. Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males

MST acampa na frente do Incra contra o governo golpista do presidente interino Michel Temer. Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males

MST acampa na frente do Incra contra o governo golpista do presidente interino Michel Temer. Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males

MST acampa na frente do Incra contra o governo golpista do presidente interino Michel Temer. Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males

MST acampa na frente do Incra contra o governo golpista do presidente interino Michel Temer. Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males
Nos dê um time e te daremos 40 mil sócios
Giugno 7, 2016 13:35Roger Pereira
Terra Sem Males
Coluna GV Inferior – Atlético Paranaense
Nosso presidente Mário Celso Petráglia voltou a causar polêmica ao chamar, de novo, a torcida atleticana de falácia e a culpar o baixo número de sócios do clube pela fragilidade de nosso elenco. No twitter, na semana passada, ele disse que se o clube tivesse 40 mil sócios, poderia contratar reforços de primeira linha e montar um time com capacidade para disputar títulos nacionais.
Pois eu te digo, Mário Celso Petraglia, que a ordem dos fatores deveria ser exatamente o inverso: nos dê um time decente, e, naturalmente, terás os 40 mil sócios.
Hoje, o Atlético conta com pouco mais de 20 mil sócios. São 20 mil heróis, que fazem a sua parte para ajudar o Furacão, e toleram, há anos, espetáculos medíocres na Arena da Baixada (e também na Vila Capanema, Janguito Malucelli, Carangueijão, Arena Joiville e outros estádios que tivemos que visitar no período de obras da Baixada e de perdas de mando de campo por confusões em nosso e em outros estádios). Vinte mil pessoas que, no meio da crise econômica, com dificuldades financeiras, esforçam-se para manterem-se em dia com os, no mínimo, R$ 150 por mês para assistir Cléos, Badis, Kadus, Dellatores e companhia (para não citar os jogadores limitados do atual elenco, que não são culpados de terem sido contratados e não precisam ser expostos).
Muitos outros gostariam de estar entre os sócios do clube, garantindo seu lugar em todos os jogos, tendo sua cadeira reservada e podendo, também participar da política do clube, mas o valor mensal e a atual qualidade do espetáculo que lhes é oferecida, está longe de valer a pena. Nos últimos anos (situação que deixou de existir em 2016), por exemplo, o sócio pagava o ano inteiro para assistir seus ídolos, mas só os via a partir de maio, já que no Campeonato Paranaense, o Atlético era representado pelo sub-23. Quando chegava o Campeonato Brasileiro, não faltava emoção, mas numa disputa, na maioria das vezes, contra o rebaixamento e não pelas primeiras posições da tabela.
Se, neste ano tivemos a chance de ver o time principal desde o início da temporada, as primeiras três partidas em casa no Campeonato Brasileiro mostram que o atleticano precisa ser realmente apaixonado em pagar mensalmente para ir a todos os jogos do clube e sofrer em partidas tecnicamente fraquíssimas como as que o time fez contra Atletico-MG, Figueirense e Santa Cruz.
Além da qualidade do time, outra questão que afasta o sócio é o preço. No Brasil, hoje, quatro times superaram os 100 mil sócios: Corinthians, Palmeiras, Internacional e São Paulo. Em comum, esses clubes adotaram modalidades mais baratas de associação (O Inter, por exemplo, tem plano a partir de R$ 30,00), e, antes de atingir a marca que os colocam entre os clubes com mais sócios no mundo, conquistaram títulos importantes no cenário nacional e internacional, despertando o interesse do torcedor de acompanhar de perto novas conquistas. Se a comparação com os times do eixo e, até, do Rio Grande do Sul é injusta, tomemos o exemplo das equipes do Nordeste: como o Santa Cruz conseguia lotar seu estádio mesmo na série D? Certamente não era cobrando R$ 150,00. E como, hoje, na série A, consegue bancar um jogador do nível do Grafite? E o Sport com o Diego Souza? Na série B, o Bahia segue lotando estádios e tem mais sócios que o Atlético, cerca de 25 mil.
O programa de sócio torcedor do “Tricolor de Aço” tem categorias a partir de R$ 20,00. Para ver todos os jogos do clube em casa, modalidade que caracteriza o Sócio Furacão, investe-se a partir de R$ 59,00 por mês. E o estádio deles também é de Copa do Mundo. Não precisamos, de início, de oito ou 10 atletas de R$ 300 mil, como promete o presidente caso atinjamos os 40 mil sócios, mas precisamos de um elenco de qualidade, não de apostas ou jogadores de empresários, que passam 6 meses pelo clube para ter uma vitrine visando uma equipe maior.
Quanto custava o elenco de 2001? Tinha oito super estrelas?? E o de 2013, o último a dar esperanças em nível nacional ao Furacão? Ederson, Everton, Marcelo, Manoel, custavam tudo isso? Com um time disputando as primeiras posições dos torneios que participa, o torcedor certamente fará questão de ser sócio, para ajudar o clube e garantir presença nas partidas decisivas e nas competições internacionais, cujos ingressos costumam esgotar. Antes disso, só se o preço cobrado for compatível com o espetáculo apresentado.
Avanti Palestrinos! Time caseiro
Giugno 3, 2016 15:06Por Manoel Ramires
Avanti Palestrinos!
Terra Sem Males
Três jogos em casa. Três vitórias. Duas delas de goleada. Nenhuma delas jogando mal. O saldo do palestra é de 100% em seus domínios. Seja jogando no Allianz Parque, seja jogando no antigo e querido Pacaembu. O certo é o Palmeiras, envolto de sua torcida, tem feito o seu papel, tem servido bem sua massa caseira.
E a qualidade do material aumenta quando o freguês é mais qualificado. No caso, o tricolo gaúcho. Desde de 2008 não ganhava em São Paulo. E não foi dessa vez que mudou o cardápio. A turma do churrasco e chimarrão até ensaiou servir porco no fogo de chão quando virou o clássico. Contudo, a massa palmeirense foi a pedida da noite fria e de garoa paulistana.
Destaque para o ataque e para a defesa, apesar dos três gols lá atrás. Jesus e Roger representaram os ponteiros palestrinos, apontando um tento cada um. E de lá de trás vieram, com suas cabeças iluminadas, Vitor Hugo e Thiago Ramos. Ambos servidos pelo pequeno Dudu, que havia se apequenado contra o tricolor paulista.
O Palestra, dos chutões óbvios do santo Prass para a direita, em direção ao menino Jesus, e do toque envolvente, vem se aprimorando a cada jogo. Agora, para ganhar a competição, precisa mostrar que sabe jogar fora de casa com requinte e garra. Porque até agora tem dado apenas vexame.
Os primeiros dias do governo golpista
Giugno 3, 2016 14:14Por Marcio Kieller
Secretário Geral da CUT/PR e Mestre em Sociologia Política pela UFPR
Terra Sem Males
Foram menos dias do que pensei esperar para escrever esse artigo. Infelizmente estava equivocado e as mudanças anunciadas não são as melhores, principalmente para nós trabalhadoras e os trabalhadores.
Objetivo central que se buscava com o impeachment da Presidenta da República Dilma Rousseff não era o seu afastamento em si. Mas sim o afastamento de todo um programa político que ela representava. E também por ela não estar fazendo nada. Sim, Dilma foi retirada do poder e podemos confirmar pelos últimos acontecimentos por que não estava fazendo nada para impedir que a operação Lava Jato continuasse o curso que estava tomando de atingir não somente o PT, como queriam alguns, mas também abranger outros partidos políticos e as pessoas que se locupletam através das as artimanhas da corrupção. A desculpa econômica, outra peça de ficção combinada com o grande empresariado nacional e com a grande mídia, para que se retirasse o pé dos investimentos na produção e desenvolvimento, apoiando assim o braço político do golpe institucional e jurídico que estava sendo arquitetado pelos golpistas já publicamente conhecidos de todos.
Respaldado tudo isso pela grande mídia, esse novo governo ilegítimo e golpista tentou já nas primeiras horas de governo destruir tudo o quanto se pudesse, e que lembrasse os tempos de Lula e Dilma no poder e os avanços que as classes menos favorecidas alcançaram. A começar pela implementação da agenda paralela e conservadora que estava na pauta e que pode ser aprofundada nos próximos dias, após a brusca retirada de Dilma, nas duas casas de lei. A quantidade de leis que afetam diretamente os trabalhadores e os movimentos sociais organizados são exatamente 55 projetos de leis que retiraram ou alteram direitos sociais das trabalhadoras e trabalhadores, e que estão em processamento nas duas casas de lei, o senado federal e a câmara federal.
Agora sim é que a coisa vai ficar pior! Porque pela frente temos um cenário sombrio de conservadorismo e de retrocessos. E o governo interino e ilegítimo já nos seus primeiros dias começou a mostrar a que veio. Ou seja, veio para retomar o seu lado neoliberal com todos esses projetos que não nos deram trégua no recente embate politico em que vivemos. Enquanto organizávamos as trabalhadoras e os trabalhadores para resistir ao golpe de estado institucional, ao mesmo tempo tivemos que resistir aos ataques aos nossos direitos, como foram os casos da PL- 4330 que passou Câmara Federal e agora tramita como PLS 30 no senado que também a PLS 555, que tramita no Senado Federal agora tramita na câmara.
Toda essa pauta política chamada de pauta bomba é a grande insistência nesses dois últimos anos por parte de grupos políticos ligados as elites mais conservadores em colocar na pauta esses não assuntos que não interessam a classe trabalhadora, isso sem falar na contraofensiva que acompanhamos diariamente nos jornais escritos, falados e televisados, construíram a essência do golpe institucional que estamos vivendo.
E agora começamos a compreender como foi arquitetado, pois começaram a aparecer os artificies do golpe. Que organizaram para tentar fazer com que se interrompam afinal as investigações da operação Lava Jato para todos, pois o objetivo central está praticamente cumprido, ou seja, tentar desmoronar o partido dos trabalhadores e penalizar o seu líder maior o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, na mais simples lógica de dar os anéis para não perder os dedos, se dispõem inclusive a entregar alguns dos seus, poucos, mas se dispõem entrega-los para consolidar o golpe Institucional.
Mas como o funcionamento da sociedade e da política não é tão simples como imaginavam, o golpe institucional que planejavam com o afastamento da presidenta Dilma começou a deixar os rastros dos seus artífices expostos. E logo toda a sociedade vai saber que estava sendo usada por golpistas de plantão. Pois não se pode enganar a todos o tempo todo. E as ruas já começam a ouvir o ressentimento de muitos que se sentiram usados e que hoje já ganham novamente as ruas ligados a alguma reivindicação que não esperavam que o governo golpista retirasse. Pelo menos não a tão curto prazo.
E isso fez com que aqueles que inicialmente, por um processo de alienação programada, fizeram coro para que o teatro de sombras armado no congresso nacional fosse efetivado, mudassem de opinião e comecem a se juntar aos movimentos de rua denunciando o golpe e o desmonte da antiga estrutura de governo, num período em que ainda o afastamento é provisório, pois a Presidenta Dilma, afastada ainda é a presidenta do País. Como foi caso das mobilizações que cruzaram o país nas ocupações dos Institutos do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, exigindo que se recriasse o Ministério da Cultura, que havia sido extinto nos primeiros dias do o Governo Interino e golpista de Michel Temer. Pois muitos que concordaram com a saída da presidenta Dilma, não concordaram com a extinção de muitos dos ministérios que foram cortados e as mobilizações acontecem no Brasil desde o primeiro dia governo interino e golpista.
Resistência tem sido a palavra chave em todos os movimentos sociais e sindical. Mesmo aquelas centrais que apoiam o golpe, estão rachadas, como vimos o caso da Força Sindical do Paraná que desde o primeiro momento esteve perfilada na denúncia e na resistência ao golpe. Os movimentos sociais renasceram, o movimento estudantil se reinventou como temos visto em diversas atividades de ocupação de escolas pelo Brasil a fora. Isso agravado como vimos pelos últimos acontecimentos que já levaram alguns dos golpistas a serem afastados do staff de golpistas do primeiro escalão, como o golpista confesso, pego em ligação telefônica, Romero Jucá.
Gerando instabilidade política e demonstrando que a hora é de resistir e convocar a todos para que resistam, mesmo aqueles que se colocaram num primeiro momento a favor do golpe, por entender que não se tratava disso, por influência dos grandes meios de comunicação que estavam a serviços das elites políticas que arquitetaram o do golpe. Deixando o governo interino com diversos problemas iniciais, tanto internamente quanto externamente. Pois temos observado centenas de manifestações pelo Brasil e pelo mundo afora.
Outros países também fizeram protestos e foram muitos e que se espalharam onde existem brasileiras e brasileiros. Ou mesmo pessoas de outros países com consciência democrática realizaram manifestações. E isso tem ajudado de sobremaneira a resistência interna ao golpe político e institucional. Uma das mais chamativas delas foram os artistas em um dos maiores festivais de cinema do mundo, o Festival de Cannes onde os artistas na hora de receber o prêmio do festival, subiram ao palco levando as placas de protesto contra o governo golpista de Temer e defendendo a Democracia.
Logo que a denúncia ecoou mundialmente começou um debate importantíssimo no mundo inteiro o de não se reconhecer o governo golpista e interino, pois observou o desmonte de toda a estrutura que havia anteriormente sido a duras penas construídas e o golpe, em mesmo e tratando de um governo interino, que não tinha legitimidade e muito menos votos para realizar tal desmonte e mudanças. E isso fez com que se multiplicassem a solidariedade com todas as mensagens chegavam até os movimentos sociais, sindical e todos os partidos políticos progressista que era necessário organizar a resistência e não se dobrar ao golpe institucional em curso.
Podemos a partir dessas mensagens de solidariedade e mesmo das manifestações oficiais, que também acontecem pelo mundo a fora, como o caso da posição oficial emitida pelo presidente da Organização dos Estados Americanos – OEA, uma das maiores e mais alta corte dos países das Américas que através de um pronunciamento de seu presidente condenou publicamente o golpe institucional. Internacionalmente ecoa o que houve no Brasil em maio de 2016. E isso nada tem a ver com processo democrático. E para entender isso não precisa ser um intelectual, basta um mínimo de informação e espirito democrático.
Isso nos coloca um cenário de possibilidades de organização e resistências ao golpe institucional em andamento e derrubá-lo, para que tenhamos o restabelecimento da democracia em nosso país. E possamos de uma forma civilizada tocar a nossos problemas com o respeito as regras democráticas e com o bom convívio com todas as forças políticas, independente de coloração política e partidária. Mas com o respeito aos processos eleitorais. Pois não se pode aceitar passivamente que pessoas e grupos políticos descontentes com o cenário político, que a que pese vinha nesses últimos dezesseis anos trazendo benefícios e inclusão para a maioria do povo brasileiro. E uma pequena elite política, que estava desprovida do poder central, viu nas artimanhas da política a possibilidade de derrubar do governo central uma mulher eleita democraticamente, que contra ela não existe um crime sequer que se comprove.
Somos um país de pessoas cordiais, mas não aceitaremos que nos empurrem um golpe institucional goela abaixo. Golpe instrumentalizado por diversas setores e pelas elites mais conservadoras e reacionárias, que não querem democracia, que não querem a democratização e a inclusão das pessoas, por que acham que estão perdendo alguns privilégios históricos. O que não é verdade, por que nenhum desses setores que nada perdeu durante esses anos de governos democráticos e populares, somente tiveram que dividir, de aceitar que as boas coisas da vida podem e devem ser para todos.
Toda vez que acontece um processo de rompimento democrático vemos ecoar a voz da resistência. As pessoas ligadas aos partidos progressistas, não aceitam que se faça rompimentos institucionais sem que sejam extremamente justiçados pelas leis. Em nenhum momento nós que estamos indo as ruas dissemos que impeachment, é golpe. Pelo contrário reconhecemos o instrumento constitucional do Impeachment. O que bradamos alto e bom tom para que todos pudessem ouvir é que não se pode banalizar esse instrumento, que impeachment sem crime é golpe! Isso que temos dito e repito aos quatro cantos do Brasil, impeachment sem crime, não aceitaremos, por que estamos há mais de duas décadas construindo nossa jovem e frágil democracia, já arranhada, estuprada outras vezes, pelos mesmos frágeis e estapafúrdios argumentos de medo que os comunistas chegassem ao poder, e no caso agora que os petistas planejavam um plano de se manter eternamente no poder.
Atentos e organizados lutaremos pela consolidação democrática em nosso país, e esperamos assim como temos visto a solidariedade internacional contra isso que aconteceu no Brasil, onde a presidência foi usurpada por uma pessoa sem a legitimidade para estar lá. O que vimos nesses primeiros dias do governo golpista de Temer é que se não estivermos vigilantes e constantemente nas ruas iremos sofrer novamente com um longo período de perdas de nossas conquistas e avanços sociais.
Comissão do Senado quer esclarecimentos sobre monitoramento do MST pelas Forças Armadas
Giugno 1, 2016 21:09Ministro da Defesa Raul Jungmann deverá explicar informação que constava nos mesmos áudios que causaram exoneração de Romero Jucá do Ministério do Planejamento
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
A Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal quer ouvir Raul Jungmann, Ministro da Defesa do governo interino, sobre suposta participação de generais e comandantes militares em ações de monitoramento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O monitoramento do MST e de outros movimentos sociais pelas Forças Armadas, sob a justificativa de que não criassem perturbações, ficou subentendido em áudios do então Ministro do Planejamento Romero Jucá. Ele foi exonerado após divulgação do conteúdo dos áudios em que ele falou de um pacto para deter o avanço da Operação Lava Jato como consequência do afastamento da presidente eleita Dilma Rousseff.
O senadores João Capiberibe e Paulo Paim pediram as explicações por não ser parte das atribuições das Forças Armadas participação na vida política nacional nem no monitoramento de movimentos sociais.
As informações são da Agência Senado
Crônica de um ato em Curitiba
Giugno 1, 2016 13:51Por Pedro Carrano
Crônicas latinoamericanas
Terra Sem Males
Noite de véspera de um feriado gelado em Curitiba.
Uma a uma, pessoas se aproximam da batucada e do megafone.
Parecia, de início, que ninguém compareceria, apesar das confirmações no evento. Estudantes e velhos formaram uma roda. Ficavam um pouco em silêncio e logo alguém se encorajava a dizer algumas palavras no megafone.
Os mais velhos falavam do período da ditadura. Que a luta agora não podia esmorecer. Que a importância de defender a cultura e a arte, uma pauta um tanto sumida de cena nos últimos anos. Que o ministro da educação havia acabado de se reunir com Alexandre Frota.
Jovens que entram na luta, indignados e se sentem à vontade neste momento para protestar contra um governo caricato. Porto Alegre e São Paulo reuniram centenas poucos dias antes. Belo Horizonte e Brasília também.
A marcha em Curitiba deu a largada, com gritos maiores que a pequena caixa de som, ganhando um corpo que não parecia ter ainda na praça.
Atravessou a Osório na direção da rua Comendador Araújo. Passou em frente ao Hard Rock Café, bares e tabacarias onde velhos e jovens velhos vestiam suéteres e fumavam charutos tranquilos. Muitos assistiam impassíveis àquela batucada toda. Não conseguiam reagir, mesmo nas terras da Lava Jato, talvez depois de tantas trapalhadas em tão pouco tempo e do rápido desencanto com o governo golpista.
A marcha já reunia umas 200 pessoas e seguia rumo ao diretório do PMDB para fazer o escracho. Na descida da rua Coronel Dulcídio, alguns poucos ovos se chocavam contra o asfalto, vindos do alto dos prédios.
A juventude então encarava, não se dava por vencida, ia para baixo das marquises dos prédios, exibia cartazes com as carinhas do Temer, Jucá e do Cunha.
“- Abaixo, golpista, capacho imperialista!”.
Lá em cima, indiferença. Nalgumas janelas, tremulava uma ou outra bandeira vermelha, tentando mostrar ânimo. Em frente ao diretório pmdbista, orações do pai nosso adaptadas para o governo: “Temer que estás no governo e não seja por muito tempo”. O boneco do Cunha queimado, jograis e grafites no prédio.
A juventude exorcizando uma política que não pode ser a sua, que deve ser de outra forma. A mulher, o negro, o índio, o jovem, a terceirizada, o operário, o artista seguem do lado de fora.
A batucada do Levante não se cansava:
– “Michel Temer
Decorativo e golpista
Armou o golpe, escondido e na surdina
É assim que tá o Brasil
Veja a situação
Temer tá rasgando a nossa Constituição”.
O retorno foi unificado – até para evitar qualquer possível problema –, pela Vicente Machado, numa estranha procissão que foi silenciando bar a bar. Pequeno ou não. No frio ou não. A sensação de que para todos ali ainda era só o começo.
Da série “Vintão”
Maggio 31, 2016 10:47Por Pedro Carrano
Crônicas latinoamericanas
Terra Sem Males
- Bolso
Não naquele dia.
Escolheram o assento preferencial para idosos, mesmo com bastante gente naquela noite. Os dois amigos se olharam quando o guarda municipal, uniforme azul, entrou logo em seguida.
– É o cara daquela vez do jogo.
– Nada.
– É sim.
– Se liga.
– Estou te falando.
– Teu cu.
– Vamos?
– Vai se fodê.
– Hein?
– Fala merda, cara. Ele está armado.
– Cuzão, vamos.
– Recebi aquele troco hoje.
– Vintão de bosta.
– Quero ir pra casa.
– Para.
– Cansado.
– Eu vou. Tu me ajuda.
– Só porque ele parou a gente aquela vez.
– E ele só fez isso, né?
– É, mais…
– Aham.
O guarda nem viu por onde entraram os socos. Chutes. Protestos vãos dos passageiros. Silêncios gritantes de quem continuava olhando no celular. O motorista não partiu e o cobrador enfim ergueu as mãos.
Depois veio a revolta. Uns vinte soldados perto do centro correram atrás dos dois. O idealizador morreu na primeira troca de tiros. Desarmado, o amigo cúmplice contou com a péssima mira da guarda. Sem saída, deitou-se no asfalto. Misericórdia – pediu – um tanto incrédulo. Sabia que a vingança.
Ensaiou, mas não completou a explicação. A vingança não quer morte, quer tortura.
Não naquele dia. Não naquele dia. Não justo naquele dia. Apertou a mão no bolso. Com uma última firmeza, não largou as moedas nem um minuto. Enquanto as moedas balançavam no bolso, e o resto do seu corpo era destruído.
Da sala de emergência, com o filho nos braços
Maggio 30, 2016 16:39Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
Na madrugada de sábado para domingo senti um pouco (bem pouco, imaginei muito) das dificuldades de se morar numa cidade pequena quando seu filho fica doente, no meio da noite, durante um temporal. Eu tinha transporte, tinha ajuda, tinha dinheiro, e uma filha nos braços aos prantos. Ela dizia “tá doendo muito mãe, me leva no médico”.
Quando passou um pouco a chuva, colocamos ela no carro, atravessamos a cidade para ir ao único hospital de lá. Estava escrito na parede do pronto socorro que só havia um médico de plantão e que quem decidia a prioridade entre crianças, idosos e emergência era a enfermeira que fazia a triagem inicial.
Ao contrário do que sempre acontece numa emergência hospitalar em Curitiba, que está sempre lotada de crianças, lá estava vazio. Chegamos e não havia ninguém. Senti 5 minutos de esperança e alívio. “A dor vai passar logo”. Mas descobri logo que nem o médico estava lá.
Registrado na ficha de entrada o horário de 6h12. Não sei quanto tempo fiquei chorando com a minha filha nos braços na sala de espera, mas quando o médico finalmente atendeu, deu o diagnóstico e receitou medicação imediata no hospital, não havia em estoque o IBUPROFENO receitado. Saímos de lá com o endereço da farmácia de plantão (sim, cidade pequena, domingo, sabe como é).
Chegamos em frente à farmácia 7h30. Estava escrito na parede que o plantão começava às 7h45. Carolina alternava entre dormir com a carinha de dor e se contorcer entre choros. 8h ela foi medicada e dormiu até 12h, acordou sorridente dizendo que a “orelha” não doía mais. Vida normal a partir desse momento.
E eu só pensava no meu azar com essa sequência de fatos. Mas não é azar meu. É o que deve acontecer a todo momento em todo lugar que não é capital. Eu estava no interior, mas numa cidade nem tão pequena assim. UM HOSPITAL. UMA FARMÁCIA NO PLANTÃO. Não há transporte público, somente táxi, mototáxi, bicicleta, carro particular.
Na recepção do hospital havia um vômito. Na sala de espera o chão estava molhado com algo parecido. Logo que chegamos, ou bem depois, perdi a noção do tempo, uma senhora com pressão alta queria conversar comigo mas ela estava em situação talvez mais delicada que minha filha e parecia que a qualquer momento ela cairia ali ao meu lado.
Amanheceu e começou a movimentação, a troca de plantão, as pessoas doentes a aparecerem. Normalidade?
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“Andirá aplicou 21,22% do orçamento em Saúde Pública neste quadrimestre; mais do que os 15% exigidos em Lei”
“Ao todo, foram R$ 3.103.721,56 de receita e R$ 3.619.123,44 de despesas.”
“o cumprimento obrigatório é de 15% do orçamento a ser direcionado à Saúde. Mas, o índice apontado neste quadrimestre já é de 21,22%.”
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A população estimada de Andirá pelo IBGE é de 20.876 habitantes (2015)
De acordo com levantamento do Ipardes, o município possui 43 unidades de atendimento de saúde, mas somente 1 hospital e 1 emergência.
PERFIL | Sem Terra do Paraná vai concorrer no Miss América em julho
Maggio 30, 2016 16:30Jaires Santos Gomes é a garota da foto do pôster do jornal Terra Sem Males, feita por Joka Madruga. Ela conta sua história de luta pela vida e pela reforma agrária
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
Em fevereiro de 2016, o Terra Sem Males foi ao acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu-PR, para contar a história das famílias que vivem por lá. A foto escolhida para o pôster do jornal traz a mensagem que, para o Terra Sem Males, resume a luta e as dificuldades de vida dessas pessoas: “Em busca de um sonho”.
Jaires Santos Gomes tem 20 anos. Ela é a garota da foto. Quando viu a imagem circulando pelas redes sociais, entrou em contato com o Terra Sem Males.
Jaires é conhecida como “Baiana” e mora no acampamento Dom Tomás Balduíno com seu irmão mais novo, que tem 16 anos. Seus pais estão acampados no Herdeiros da Terra, no município vizinho de Rio Bonito do Iguaçu.
“Meus pais me chamaram pra vir, falaram sobre a reforma agrária popular e as vivências do acampamento que eles se somavam. Então, decidi vir”. Jaires nasceu e cresceu em Valença, na Bahia e foi criada numa comunidade rural com pai, mãe, mais seis irmãs e irmãos mais velhos e um irmão mais novo.
Jaires está inserida na escala de atividades do acampamento. Seja na “produção”, que são roçadas, plantio, colheita; na “Infra”, que são atividades da parte estrutural do acampamento, como alguma reforma na escola, limpeza de nascente; ou nos serviços gerais, como lavar o barracão coletivo. “No fim da tarde eu vou para a cidade, para trabalhar como babá”. Jaires também cuida de atividades domésticas de sua casa e de seu “lotinho”.

Jaires nas atividades do acampamento.
Nas horas vagas, Baiana é miss.
“Eu sempre tive vontade de ser modelo, cheguei até fazer uma seleção quando morava no Espírito Santo, mas não deu em nada”. Foi abordada por seu padrinho de carreira quando participava de um encontro de jovens no acampamento. “O professor Fabiano Zanatta sugeriu que eu tinha um perfil pra ser Miss Paraná. Ele me orientou sobre as etapas desse processo e me apoiou pra que eu me inscrevesse no concurso municipal. A partir daí eu pensei ‘É isso que eu quero pra mim, me encontrei!’”, conta.
Se inscreveu no concurso Miss Paraná e recebeu o título de Miss Paraná ExpoWorld 2016. Em julho, vai participar do concurso Miss América.
“Eu tenho total apoio da minha família, dos meus amigos e companheiros de luta. Pra eles, é um orgulho muito grande ter “uma de nós” representando as bandeiras de lutas sociais mundo afora. Já no mundo do glamour das passarelas, eu sou a mesma Baiana, acampada, só que num vestido chique e maquiada”.

Miss Quedas do Iguaçu.
Trabalho na cidade financia concursos
“De forma geral, lido bem com as diferenças de status e com a transição de tirar as botas cheias de barro, pra colocar um salto alto. Minha única dificuldade real acaba sendo financeira, para transporte, estadia, inscrições. Se não fosse meu trabalho na cidade, eu não teria condições de seguir carreira”, explica a miss e sem terra.
“Os títulos que eu conquistei e os que pretendo conquistar representam todo o conjunto de valores que carrego comigo. Sou, primeiramente sem terra e a partir disso tenho como missão mostrar às pessoas que não há o que impeça um sonho de ser realizado quando se tem força de vontade”.
Jaires destaca sua participação em reuniões de formação política do MST como fundamentais no dia a dia no acampamento e que trazem como consequência sua evolução como pessoa. “Não entendo como contraditório, mas como direito de qualquer pessoa, trabalhar para estar onde se deseja estar. Historicamente, negros, principalmente pobres, são excluídos de muitas partes da sociedade. Eu luto pelo meu pedaço de chão, mas também pra que toda pessoa tenha seus direitos garantidos, inclusive, de acabar com a ideia de que pobre não é limpo, não é bonito. Eu sou sem terra, sou negra, pobre, mas por que não, participar desse mundo glamouroso que quase toda menina sonha desde pequena? Acho que eu estaria sendo contraditória se, levantando a bandeira das causas sociais, acreditasse que só algumas pessoas nasceram pra conquistar sonhos”.
Baiana conta que é normal ser questionada por outras pessoas sobre ser sem terra. “O preconceito está presente no cotidiano de uma pessoa como eu, em todos os aspectos. O principal prêmio que eu recebi como Miss foram as portas que se abriram”, finaliza.
Acesse aqui o jornal Terra Sem Males sobre a luta dos acampados em Quedas do Iguaçu
Acesse mais matérias do Terra Sem Males sobre Reforma Agrária
PINGA-FOGO | É golpe, sim senhor!
Maggio 27, 2016 13:06Por Manoel Ramires
Terra Sem Males
1- A semana foi agitada e negativa para os golpistas no poder. Desde a queda parcial de Romero Jucá, as reportagens e áudios revelados pelo repórter Rubens Valente, da Folha de S Paulo, mostram como foi tramado o golpe contra a presidente Dilma Rousseff para encurralar a Operação Lava Jato. Se alguém perdeu a semana ou se escondeu debaixo do cobertor, vamos apresentar os melhores momentos e comentar um pouco a tática do time conspirador de Michel Temer.
2 – Além dos escândalos das gravações de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, muitas pessoas perguntam porque só após o afastamento da presidente que os áudios vieram à tona. Na linha do tempo, que se registre, as conversas foram gravadas em março. Ou seja, um mês antes da votação na Câmara dos Deputados. A explicação seria (porque é uma hipótese) que elas só se tornaram públicas após Machado ter sido abandonado pelos caciques do PMDB e do PSDB, recorrendo, dessa sorte, a delação premiada e tentando salvar a própria pele. Sérgio Machado, o homem bomba do governo ilegítimo.
3 -E o que as conversas de Romero Jucá, Machado, Renan Calheiros e José Sarney revelam? Em primeiro, até que enfim, o Aécio Neves está envolvido em diversas falcatruas. “O negócio do Aécio todo mundo conhece”, afirma Machado. Quase todo mundo, pois o povo ainda vaga na blindagem ao qual o tucano se beneficia.
4 – É golpe, sim, senhor. Senão um golpe nacional, um golpe político, com certeza. Essa constatação fica clara nas conversas. O PMDB, acuado pela Lava Jato, pelo juiz Sérgio Moro e pelo procurador Rodrigo Janot, “abandonou” o governo Dilma, uma vez que ela deixava a investigação ocorrer. Restou a trairagem, que se consumou naquela foto patética do PMDB com Romero Jucá, Eduardo Cunha, Marta ex-Suplicy e outros deixando o governo no fim de março. Ali, o golpe estava se consumando.
5 – Também desenhada está a chantagem feita PSDB. Machado, Renan e cia deixaram claro ao tucanato de que eles também poderiam ser investigados e presos. Mais do que isto, mostraram que o impedimento via TSE que deveria ocorrer no segundo semestre não ungiria Aécio Neves ao poder. Portanto, também embarcaram no pacto contra os patos de verde amarelo.
6 – Por falar em pato, pacto e verdes e amarelos. Com que cara estão os brasileiros pró-impeachment depois de todas essas revelações? Como bem definiu a jornalista francesa Chanta Reyes para o “Libération”, “a revolta popular foi instrumentalizada por políticos corrompidos para depor a presidente Dilma Rousseff”. Soma-se a essa revelação a notícia de que o MBL (Movimento Brasil Livre), que se dizia “apartidário” e sem partido, assumiu que foi financiado pelo PSDB, DEM, Solidariedade e PMDB, que acabara de embarcar na agenda golpista para se livrar das investigações.
7 – O golpe está escancarado no governo interino Michel Temer. Ninguém conseguirá tirar essa marca de seu DNA. O Brasil não tem outra opção a não ser prender os golpistas por seus crimes na Lava Jato e devolver o mandato a presidente Dilma. Agora, se após isso ela deve ficar ou convocar novas eleições, é debate a ser aprofundado.