Era de devastação do trabalho é de escala global
Novembre 24, 2017 13:21Todos os freios impostos pelos trabalhadores ao capital foram retirados
Para promover uma reflexão sobre a nova configuração da classe trabalhadora no Brasil, o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) convidou a historiadora da Fiocruz Virgínia Fontes, os professores Ricardo Antunes, da Unicamp, e Mauro Iasi, da UFRJ, e o coordenador do MTST, Guilherme Boulos.
Com abordagem marxista da mesa “A classe trabalhadora no século XXI” sobre a história (e conceitos) da classe trabalhadora, Virgínia situou como os trabalhadores se constituíram em classes operárias separadas, pelo capitalismo, em produtivas e improdutivas, em que quem define o trabalho é o capitalismo, a capacidade de gerar mais valia, e não a atividade, o produto do trabalho, mas o lucro. “O trabalhador é movido pela fome, pela necessidade de subsistência, pela condição de depender da força de trabalho para a própria existência. O conceito não se restringe a quem está empregado. Essa é a massa da classe trabalhadora”, explicou.
As relações de trabalho no Brasil atual se caracterizam, com as alterações na CLT, pela retirada de todos os freios impostos ao capital pela luta social, pela luta dos trabalhadores, que são os direitos conquistados e anteriormente estabelecidos, disse Virgínia.
Outra característica explorada pela historiadora é que a homogeneização da classe trabalhadora é produto do capital, pela subordinação, e não pela construção de igualdade via coletividade ou identidade comum. E essa condição promove intensa fragmentação entre os trabalhadores que se separam entre quem tem trabalho e quem não tem, gera conflitos entre quem tem direito e quem não tem (como por exemplo, terceirizados sem acesso aos mesmos direitos). “Temos que perceber onde essas condições aparecem como sofrimento”.
Para o professor Ricardo Antunes acabou a era da conciliação de classes. “Entramos na era da devastação do trabalho em escala global e isso nos obriga a pensar quem é a classe trabalhadora, no que é novo”. O primeiro diferencial que se consolidou no século XXI é o enorme proletariado do setor de serviços. “A tragédia nova do nosso tempo vai da terceirização à intermitência, que é o contrato zero hora”. Antunes apresentou diversas experiências de relações de trabalho existentes no mundo, todas elas precarizadas, como na Índia, na China, em países da Europa, nos Estados Unidos.
Mauro Iasi iniciou sua fala questionando se com essa nova configuração ainda faz sentido pensar em consciência de classe. Ele citou pensadores e alguns recortes teóricos de estudos sobre a classe trabalhadora para situar que a reconfiguração é promovida por processos de movimentos e que no momento temos indivíduos isolados, que não formam coletivos, se relacionam com coisas e essas características são perceptíveis nas redes sociais. “Condição de pluralidade de solidões e coletiviza a vida. São elementos da forma atual do capitalismo. O que junta as pessoas e as coloca em movimento é o capitalismo, a opressão do capital”.
O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, reforçou que a mudança na classe trabalhadora está atrelada à mudança da estrutura produtiva e esse processo teve consequências na organização da classe trabalhadora e ao fenômeno de políticas neoliberais que atuam para fragmentar e dividir.
Boulos explicou que os movimentos sociais populares absorvem trabalhadores a partir da dificuldade de articular identidade coletiva em locais de trabalho fragmentados, formando coletivos de resistência que se organizam em pautas da territorialização, como o MTST, formada “por uma população trabalhadora que não consegue pagar aluguel”. A Ocupação Povo Sem Medo em São Bernardo do Campo, por exemplo, é formada majoritariamente por trabalhadores informais da construção civil e por ex-químicos e ex-metalúrgicos da região do ABC, “uma legião de operários qualificados” (os dados serão apresentados pelo Dieese dia 7 de dezembro).
Ele propõe unidade entre movimentos de esquerda, sociais e sindicais e com o conjunto da base social trabalhadora como articulação necessária para reverter os retrocessos. “Trabalho de base é escutar, acolher as necessidades imediatas de luta e as reivindicações básicas dessas pessoas”, finalizou.
A mesa foi realizada nesta sexta-feira, 24 de novembro, durante o 23º Curso Anual do NPC, que será realizado até domingo (26), no Rio de Janeiro.
Por Paula Zarth Padilha
Foto: Annelize Tozetto/Revista Vírus
Terra Sem Males
Militantes mostram o protagonismo dos moradores na organização popular
Novembre 23, 2017 20:03“O papel da comunicação e da educação na organização popular” foi tema de debate no segundo dia do 23º Curso Anual do NPC
“Não trabalhamos com nada construído pela hegemonia”. Assim nos inspira Mayra Ribeiro, militante feminista, negra, anti-abolicionista, anti-racista e anti hegemônica da Uneafro. “Lutamos pela existência e pela resistência”, declarou Inessa Lopes, do jornal Voz das Comunidades. “O papel da organização popular no Maranhão é resistir. Resistir para não morrer. De fome, de sede, para respirar”, declarou Emílio Azevedo, do jornal Vias de Fato.
“A luta por direitos passa por pessoas como essas, que estão em contato direto com os movimentos sociais, na militância política”, disse Claudia Giannotti, coordenadora do NPC, reiterando que muitas experiências de comunicação popular nas favelas não existem mais, referindo-se à pesquisa que o Núcleo realizou para traçar o resgate histórico no livro “Uma história de resistência nas favelas cariocas”.
E para conservar essa história de resistência, que são as iniciativas de comunicação popular nas diversas comunidades pelo Brasil, os participantes do curso do NPC conheceram essas três iniciativas organizadas dentro das casas, nas ruas, nos locais marginalizados, e que retratam a importância de ações de militância e solidariedade que resultam em empoderamento e luta.
“O menino precisa realizar seus sonhos. E nosso papel é reeducar, criar autonomia, transformar em cidadão. Ele precisa se perceber. Se a gente não saber quem a gente é, a gente não sabe para onde vai”, conta Maysa, psicóloga que atua em São Paulo nas ocupações do MTST, com moradores de rua e no programa Transcidadãs, para transexuais, com educação para que essas pessoas passem no vestibular e acessem as universidades.
“São pessoas marginalizadas, que não são consideradas pessoas, são dados para estatísticas. E explicamos como o mundo funciona, para que server as coisas, o que significa para elas participar desse programa. O que essas pessoas significam”, relatou, afirmando que conseguiram o que parecia impossível, juntar todas essas identidades, no mesmo espaço, e formar forças políticas. “A única maneira de romper o preconceito é convívio, afeto e escuta. Comunicação. E a partir disse elaboramos nosso plano de educação”.
Maysa contou que muitos meninos passaram na USP e que mulheres trans entraram na universidade e algumas delas agora assumiram essa tarefa no cursinho de educadoras de outras pessoas marginalizadas.
Inessa Lopes apresentou o jornal Voz das Comunidades, editado em Feira de Santana (BA), mas com circulação em todos os estados. Ela explica que a iniciativa se originou há 12 anos na comunidade Chico Mendes e que o impresso é feito de forma voluntária ou com ajuda de custo pelos moradores do local e que historicamente teve apoio da igreja católica e do movimento sindical mas se estabeleceu na periferia, onde permanece até hoje, com autonomia econômica (os exemplares são vendidos a R$ 3 e os moradores estabeleceram um banco popular e coletivo).
“O jornal popular tem que servir a uma estratégia e o nosso objetivo é construir poder popular e organizar a luta a partir das necessidades do povo, como instrumento de diálogo”, defendeu Inessa. “Se não construir poder e comunicação na base, não consegue se contrapor ao capitalismo”. Ela explicou que o movimento, uma frente popular, do Voz da Comunidade, considera que a disputa nas eleições partidárias deve ser uma tática e não uma estratégia. “As eleições não têm servido para a libertação do povo. Nossa proposta é construir uma sociedade comunitária em substituição ao sistema capitalista”.
Inessa encerrou contando que o impresso é uma ferramenta de formação, estudo e reflexão coletiva. “Antes de ensinar ao povo, aprender com ele. Quando isso acontece, a democracia participativa é praticada”.
Emílio Azevedo, do jornal popular Vias de Fato, compartilhou histórias que acontecem no Maranhão para resgatar qual seria o papel da comunicação na organização popular. Que começou com o objetivo da revolução, passou, para ele, por um período de convulsão popular em junho de 2013, mas “muita coisa mudou mas continuamos com a luta de classes e desigualdade cada dia pior”.
Ele explicou que no Maranhão, o estado com a maior população rural do país, um estado quilombola, quem mora na capital São Luis não sabe quem são os quilombolas, as quebradeiras de coco. E quando há uma manifestação indígena, é vista com estranhamento. E o papel de resistência, para não morrer, é feito por esses povos tradicionais. “Se organizam, vão para cima e lutam”, afirmando que não há nenhuma conexão dessas lutas com os partidos políticos de esquerda.
O jornal Vias de Fato circula há 8 anos, marginalizado pelo sistema hegemônico e tem o apoio financeiro do Sindicato dos Bancários local. “Temos seis papéis: resistir, ação otimista, ouvir e entender, formar para disputar a sociedade, conservar a memória, entender e participar do processo de luta”, encerrou.
Por Paula Zarth Padilha
Foto: Annelize Tozetto/Revista Vírus
Comunicação sindical deve andar junto com trabalho de base
Novembre 23, 2017 17:35Sindicatos devem priorizar ideia da base se sentir representada na comunicação
O papel da comunicação na organização sindical foi o tema central debatido por Claudia Giannotti, do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), pela jornalista Carla Marins e por Maisa Lima, da CUT Goiás, nesta quinta-feira, 23, durante o 23º Curso Anual do NPC.
Claudia registrou que para o NPC a comunicação sindical deve ser feita por um tripé que inclui a direção sindical, os profissionais jornalistas e de comunicação e a base, todos com importância igual. “E de que forma a base está representada na comunicação do Sindicato? Essa é a reflexão a ser feita. E, entender a importância da comunicação, passa pelo estudo da classe trabalhadora”.
A coordenadora do NPC citou diversos historiadores que estudaram a comunicação e são fundantes nos estudos para a formação sindical sob esse viés, como Gramsci, Lenin, Marx e Engels. “Eu estou falando de comunicação para transformar a realidade. Aqui somos iguais e revolucionários”, lembrando Vito Giannotti.
Ela encerrou sua fala lembrando que a comunicação tem que ser prioridade e que é preciso trazer os trabalhadores para os sindicatos mas que é preciso dizer para eles que os interesses imediatos são importantes mas os históricos são mais.
Maisa Lima, da CUT Goiás, mostrou uma experiência de comunicação que envolve parceria da central com outros nove sindicatos com o objetivo de disseminar informações para o maior número de trabalhadores. Funciona assim: cada notícia produzida por cada uma das entidades é compartilhada por todas as outras, criando uma rede de compartilhamentos.
Outra tática implantada foi abranger os diferentes meios (rádio e TVs comunitárias, jornais impressos, panfletos) em que todas as entidades também atuam na disseminação das informações produzidas e na distribuição dos impressos nas diferentes categorias. O boletim de rádio é semanal e chega a 164 rádios comunitárias do estado.
A jornalista Camila Marins realizou uma abordagem da luta de classes com recorte de gênero e raça, trazendo como desafio aos sindicatos construir laços de solidariedade de classe nesse processo difícil “que deve ser ultrapassado de forma coletiva”, acredita.
Ela provocou uma reflexão: “Qual a cor da classe trabalhadora excluída da organização sindical?” Ela justificou esse questionamento com dados sobre acesso ao emprego formal e à média salarial de trabalhadores homens e mulheres negras e também com dados de 13 milhões de desempregados (IBGE) e 22,6 milhões na informalidade (PNAD).
Camila alertou que da forma como o modo capitalista de produção avança, em breve os trabalhadores brasileiros viverão um período pós-humano, conceito em que o corpo está totalmente disponível para a produtividade, 24 horas por dia, 7 dias por semana. “As pessoas não vão dormir”.
Para ela, os trabalhadores precisam ter pertencimento identitário dentro dos sindicatos, que são vistos pela base pela lógica utilitarista: “o que o sindicato me dá”. Camila indica a cultura do encontro, que gera solidariedade. E lembra: “a comunicação não é salvadora, ela anda junto com o trabalho de base”.
Por Paula Zarth Padilha
Foto: Annelize Tozetto/Revista Vírus
Terra Sem Males
Notícias da mídia hegemônica são mercadorias que moldam as relações sociais
Novembre 23, 2017 13:06Curso do NPC aborda surgimento das agências de notícias e da concentração da informação pelos conglomerados de mídia
Os pesquisadores de comunicação Francisco Fonseca (FGV-SP), Laurindo Leal (USP), Renata Miele (FNDC) e Murilo Ramos (Unb) colocaram em foco o papel mídia (comercial, hegemônica, formada por oligopólios familiares) como operadoras do capitalismo para moldar seu público-alvo como cidadãos-consumidores. “A mídia assume papel especial da reprodução do capitalismo em que a notícia é mercadoria e intermedia as relações sociais”, afirmou Francisco Fonseca.
O professor e pesquisador da FGV delineou sua fala abordando o aspecto das contradições do capitalismo, que ele situou como ultraneoliberal, em que a mídia assume e reproduz discursos liberalistas mas tem prática contraditória em que fica evidente o mito da defesa da meritocracia que se torna concentração, já que a menor regulação torna esses agentes privados das empresas de mídia mais poderosos. “As facções midiáticas atuam em conjunto. São golpistas ao não aceitarem resultado de eleições; são elitistas por não aceitarem a pluralidade e estão voltados à defesa patronal”, disse.
Fonseca também mencionou que o golpe no país foi elitista, midiático, parlamentar e judicial e destacou o uso da alcunha “República de Curitiba” no jornal Folha de S. Paulo. “Como uma operação judiciária pode ser enquadrada como república, estabelecendo essa autonomia judiciária? A mídia funciona como aparelho privado de ideologia que molda corações e mentes”, disse, referindo-se a Gramsci.
Laurindo Leal, pesquisador em comunicação da USP, reforçou que a origem da concentração dos meios de comunicação está intrínseca ao modelo de produção capitalista em que essas meios são uma empresa como qualquer outra.
Ele traçou o contexto histórico da origem mundial das agências de notícia, a partir da nova tecnologia do telégrafo, no século XIX, em que o foco era unificar informações sobre as bolsas de valores europeias de Berlim, Londres e Paris. “Formaram um tratado de Tordesilhas das agências que dividiu o mundo na produção de notícias. As notícias do Brasil eram produzidas pela agência francesa, atualmente da France Press”, explicou.
Esse ciclo foi rompido com a ascensão do capitalismo americano, que teve como ferramenta a criação de duas grandes agências de notícia no início do século XX, em defesa do “fluxo livre de informação”, que permaneceu hegemônico até os anos 1980, quando começou o processo de descolonização dos países. Surgiu a partir daí a bandeira do fluxo livre e equilibrado, com a criação de agências internacionais para a distribuição de informações do sul do mundo para o norte, com iniciativas na América Latina e na União Soviética, que se contrapõem às informações dominantes do mundo.
Com essa ameaça sulista à informação dominante, explicou Laurindo, “A comunicação passou a ser negociada como commodities na Organização Mundial do Comércio sob a lógica da acumulação capitalista”, diz. “A informação é mercadoria que não se esgota no consumo. Ela é vendida, penetra e se instala nos corações e nas mentes através da ideologia política, dos valores e dos hábitos, esse é o caráter peculiar da comunicação”. Alertando sobre o nome “mídia” ter o caráter de mediação, o professor chamou a atenção que a mediação não existe. “A mídia pauta, organiza e orienta a sociedade”.
A jornalista Renata Miele, do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e do Centro de Estudos Barão de Itararé, destacou que ao operar como aparelho hegemônico, os veículos de comunicação se expõem em seus discursos. “As pessoas estão percebendo isso”. Para exemplificar, Renata mostrou uma pesquisa da entidade Repórter Brasil, que pesquisou no período de um mês as inserções em diversas mídias hegemônicas (TV e impresso) sobre a Reforma da Previdência, em que até 90% do conteúdo (do Jornal Nacional, por exemplo), abordava de forma positiva o tema, mas isso não refletiu na opinião do público alvo, em que o índice de apoio às mudanças era menor.
Renata Miele também expos fatores sobre os grandes conglomerados, a concentração da mídia no país e as barreiras de produção de notícias contra hegemônicas, como a distribuição de jornais impressos e o acesso a concessões públicas de rádio e TV, relacionando com as finalidades estabelecidas pela Constituição Federal. Outro assunto abordado foi a opção feita pelo Brasil na transição do analógico para digital, que reafirmou os oligopólios midiáticos.
Ela encerrou sua fala alertando sobre a utilização do facebook pelas pessoas e entidades, um espaço a ser ocupado, mas sem descartar os sites. “Não somos donos do conteúdo que publicamos no facebook e estamos produzindo conteúdos para uso do facebook como empresa, que gera outro tipo de concentração com a coleta de nossos dados, em que nos submetem a controle e vigilância”, encerrou.
O professor Murilo Ramos, da UNB, abordou historicamente a origem da internet, da TV a cabo e expos uma listagem sobre os grandes conglomerados midiáticos que atuam no mundo, em que a Globo está inserida, considerando audiência e lucratividade com renda de anúncios publicitários.
Ele citou como google e facebook subvertem a lógica da comunicação exemplificando com a produção de fake News com a criação de sites por adolescentes da Macedônia que geraram lucros publicitários pelo fluxo de acessos às notícias e que interferiram nas eleições presidenciais dos EUA a favor de Donald Trump.
Para ele, os desafios são o acesso às concessões, a proteção de dados pessoais e o custo alto da mágica da gratuidade do acesso à internet, e a irreversibilidade desse processo.
As mesas de debate da tarde desta quinta-feira, 23 de novembro, irão abordar “O papel da comunicação na organização sindical” e “O papel da comunicação e da educação na organização popular”. O 23º Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação acontece no Rio de Janeiro até domingo (26).
Por Paula Zarth Padilha
Foto: NPC
Terra Sem Males
Guarda Municipal de Curitiba tenta esconder manifestação contra o prefeito Greca durante Auto do Natal
Novembre 23, 2017 7:47Na noite de ontem (22) servidores municipais de Curitiba protestaram durante a Proclamação do Natal, no Centro Histórico da capital paranaense. Eles acompanharam a atividade no Largo da Ordem, de forma pacífica, segurando uma faixa onde se lia: “Natal de Luz, mas Curitiba vive nas sombras”. Em determinado momento a Guarda Municipal foi acionada e ficou na frente da faixa, numa clara tentativa de inibir o direito à manifestação.
Segundo um dos manifestantes, um dos guardas chegou a dizer que a faixa não devia estar ali “por ser um local sagrado”.

“De um lado o glamour das luzes, das operetas. Nada contra ao acesso gratuito do povo a tais espetáculos. Mas em um momento onde o servidor público teve a retirada de direitos com o pacotaço, que teve repressão violenta da PM na Câmara Municipal e Ópera de Arame, 0% de aumento no salário do funcionalismo municipal, aumento da alíquotas do ICS e IPMC em andamento que resultará em mais diminuição de salários, falta de condições de trabalho, aumento de assédio moral pelas chefias, etc. Em um momento em que unidades de acolhimento a moradores de rua tem sido fechados, que tem crescido agressões a homossexuais e moradores de rua. Um espetáculo desse porte chega a ser desrespeito com o servidor e a sociedade”, desabafa Adriana Kalckmann, diretora do Sismuc.
Não houve tumultos e ninguém foi detido. Para ver a programação completa do “Luz dos Pinhais: Natal de Curitiba”, clique aqui.



Guarda Municipal de Curitiba tenta esconder manifestação contra o prefeito Greca durante a Auto do Natal
Novembre 23, 2017 7:47Na noite de ontem (22) servidores municipais de Curitiba protestaram durante a Proclamação do Natal, no Centro Histórico da capital paranaense. Eles acompanharam a atividade no Largo da Ordem, de forma pacífica, segurando uma faixa onde se lia: “Natal de Luz, mas Curitiba vive nas sombras”. Em determinado momento a Guarda Municipal foi acionada e ficou na frente da faixa, numa clara tentativa de inibir o direito à manifestação.
Segundo um dos manifestantes, um dos guardas chegou a dizer que a faixa não devia estar ali “por ser um local sagrado”.

“De um lado o glamour das luzes, das operetas. Nada contra ao acesso gratuito do povo a tais espetáculos. Mas em um momento onde o servidor público teve a retirada de direitos com o pacotaço, que teve repressão violenta da PM na Câmara Municipal e Ópera de Arame, 0% de aumento no salário do funcionalismo municipal, aumento da alíquotas do ICS e IPMC em andamento que resultará em mais diminuição de salários, falta de condições de trabalho, aumento de assédio moral pelas chefias, etc. Em um momento em que unidades de acolhimento a moradores de rua tem sido fechados, que tem crescido agressões a homossexuais e moradores de rua. Um espetáculo desse porte chega a ser desrespeito com o servidor e a sociedade”, desabafa Adriana Kalckmann, diretora do Sismuc.
Não houve tumultos e ninguém foi detido. Para ver a programação completa do “Luz dos Pinhais: Natal de Curitiba”, clique aqui.



Integração latino-americana: “estamos vivos, temos voz e somos muitos”
Novembre 22, 2017 18:44As veias abertas da América Latina foram roteiro da primeira mesa do 23º Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação
Um panorama histórico das lutas dos povos dos países da América Latina delineou o debate sobre os ciclos de resistência e soberania nos países latino-americanos. Para o professor Igor Fuser (UFABC), ao serem colonizados, “nossos países foram criados para abrir as veias desse território. Quem primeiro abriu essas veias foram os estrangeiros, mas não só eles, as elites daqui continuaram”. E para essas ações, historicamente os indígenas, os quilombolas e os povos tradicionais são a resistência nesses ciclos de luta pela soberania e ataques de países estrangeiros.
Para Beto Almeida, da Telesur, a América Latina está com as veias abertas e em constante hemorragia, que exige dos movimentos progressistas de esquerda não permitir que a vontade do povo seja defraudada. “O Brasil caminha para uma espécie de suicídio como nação. O golpe é um programa de anulação de um país nação”, contextualizou o jornalista. “Eu não acredito que seremos derrotados pois a busca de projetos de libertação é constante na América Latina”.
Os participantes da mesa listaram essas diversas experiências de libertação na América Latina: a Revolução Bolivariana da Venezuela, em que Hugo Chavez fez resgate dialético das políticas de Simón Bolívar, em que a riqueza do petróleo foi aplicada em políticas sociais; a Revolução Democrática do Paraguai, quando se estabeleceu um modelo de país com reforma agrária, saúde e educação públicas, monopólio estatal nos tempos de Solano Lopez. “Essa experiência paraguaia foi esmagada, aniquilada. Eles nunca se renderam”, explicou Beto Almeida, dizendo que cada tentativa de levante é seguida de reação implacável.
Outras experiências de resistência e libertação da América Latina enquanto países soberanos ocorreram na Argentina de Perón, com a estatização de empresas privatizadas, as lutas de El Salvador, a revolução sandinista na Nicarágua, a Bolívia de Evo Moralez. “Não há saídas isoladas na América Latina. Sem integração da América Latina não há perspectivas”, disse.
Para Igor Fuser, esse ciclo progressista na América Latina não está encerrado e um exemplo disso é a Bolívia que continua crescendo após a nacionalização do gás por Evo Moralez, atitude repetida por Lula no Brasil. “Fala-se do fim do ciclo progressista como se fosse fatalidade, como se a gente fosse ficar esperando. A história está aberta à nossa intervenção e estamos em luta. Estamos vivos, temos voz e somos muitos”.
O 23º Curso Anual do NPC é realizado no Rio de Janeiro, de 22 a 26 de novembro e tem como tema: “Comunicar com todos os meios e falar para milhões”.
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
Caixa Econômica de Temer redireciona prioridade de acesso a moradia para investidores
Novembre 22, 2017 10:08Banco anuncia dez dias de “black friday” de venda direta de imóveis com valores abaixo do mercado. Mas a maioria está ocupado.
A Caixa Econômica, banco público que subsidiava moradias populares nos governos Lula e Dilma com o programa “Minha Casa, Minha Vida” subverteu na era pós golpe de Temer a função social do acesso à moradia e lançou um “black friday” para se livrar de imóveis ocupados que o banco é proprietário por alguma pendência financeira ou judicialização do primeiro comprador.
O banco publicou 49 editais com uma relação de imóveis de diversas cidades do Brasil, com valores de venda inferiores ao de avaliação. Os imóveis desses editais já passaram por dois leilões e agora entraram na fase de licitação e venda direta, em que é só chegar numa agência e entregar uma proposta. A Caixa também disponibiliza financiamento de até 90% do valor do imóvel e possibilidade de uso do FGTS, sendo que em condições normais o banco financia somente 50% do valor de imóveis usados e 80% dos novos.
Além desses editais da “black friday”, o banco também lançou uma nova aba em seu site denominada “(X)Imóveis”, cuja descrição é imóveis da Caixa para venda, com preços abaixo do mercado, com listagem também disponibilizada em editais. Os imóveis podem ser adquiridos por pessoas físicas e jurídicas, mas o novo perfil do banco faz questão de direcionar sua mídia para “investidores e corretores”, anunciando a compra desses imóveis, com condições especiais de financiamento, são um bom negócio.
A Caixa também orienta sobre o que fazer caso o imóvel esteja ocupado (os editais sinalizam quando está ocupado ou desocupado e a imensa maioria está de fato sendo utilizado como moradia): “Após adquirir um imóvel da Caixa, você deverá comparecer ao Cartório de Registro de Imóveis e fazer o registro de propriedade do bem, que é comprovado pela Escritura ou Contrato de Compra e Venda. A partir desse momento, você passa a ser o titular do Direito Real do imóvel, que possibilita usá-lo diretamente, emprestar, alugar, entre outros, e também solicitar ao juízo competente (foro judicial) o pedido de desocupação, e para isso, você precisará de um advogado”.
Imóveis à venda
Em um dos editais, por exemplo, está disponível para venda um apartamento ocupado no bairro Andaraí, de 59m2. A própria Caixa divulga como valor de avaliação R$ 367 mil. Mas o valor de venda é de R$ 183,5 mil, mediante pagamento de valor caução R$ 9 mil, sendo possível financiamento pelo banco. Essa é a situação da maioria dos imóveis, que possivelmente são de fato utilizados como moradia.
Já os imóveis e terrenos de valores mais altos, como por exemplo uma casa de 700m2 em Curitiba, avaliada em R$ 1,2 milhão, o valor de venda é de R$ 727 mil, mas não pode utilizar FGTS e o banco não financia. O edital exige a disponibilidade de recursos próprios.
Outro edital refere-se a um loteamento em Itaboraí (RJ), no que parece ser área rural, com diversos terrenos de tamanhos variados, entre 750 m2 a 14.800 m2, avaliados entre R$ 78 mil e R$ 280 mil, mas todos eles estão com valor de venda de R$ 1 mil e caução de R$ 50 para adquirir. Somente nesse loteamento são 44 terrenos à venda nestas condições, que, em consulta em ferramente de busca na internet, constam que estão sendo comercializados por imobiliárias diversas como pequenos sítios, com valores reais de mercado (entre R$ 21 mil e R$ 450 mil) e, de posse do banco, ao invés de rifados para investidores, poderiam ser localidades de moradias populares.
O déficit habitacional no Brasil é de seis milhões de domicílios, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-IBGE/2014). Entre as famílias que pagam aluguel e que possuem renda per capita inferior a meio salário mínimo, 11,6% utilizam mais de 30% dessa renda com o custeio da moradia, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2015. O estudo “Estimativa da População em Situação de Rua no Brasil”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de 2016, que estima a existência de 101,8 mil pessoas em situação de rua no Brasil.
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
Nova lei de Temer amplia poderes do Banco Central
Novembre 22, 2017 9:11Temer altera 14 leis e autoriza BC a investigar e punir sem transparência
A Regulamentação do Sistema Financeiro é pauta histórica do movimento sindical bancário, visando que toda a população pudesse construir junto com o governo as melhores opções para acesso ao crédito, aos serviços bancários de uma maneira geral, considerando que instituições financeiras são concessões públicas.
E neste ano de 2017, o governo Temer promoveu mais um retrocesso a toda a população publicando a Lei nº 13.506, de 14 de novembro de 2017, implantando mais um vértice de seu programa de governo neoliberal, dando plenos poderes ao Banco Central e revogando itens de mais de 14 leis constituídas desde a criação do Sistema Financeiro Nacional (Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964).
O Banco Central divulgou a nova legislação como um subsídio para fortalecer a punição de atos ilícitos, contudo, na prática, o governo federal autoriza ingerência da autarquia e liberaliza o mercado financeiro, já que cabe ao BC investigar e punir as variadas formas de intermediação financeira.
Foram revogados itens das leis que estabelecem penalidades, multas, prescrições para as instituições financeiras (Decreto-Lei nº 448, de 3 de fevereiro de 1969), operações de câmbio (Decreto nº 23.258, de 19 de outubro de 1933), consórcio (Lei nº 11.795, de 8 de outubro de 2008), crédito rural (Lei nº 4.829, de 5 de novembro de 1965), capital brasileiro no exterior (Medida Provisória nº 2.224, de 4 de setembro de 2001), capital estrangeiro no país (Lei nº 11.371, de 28 de novembro de 2006 e Lei nº 4.131, de 3 de setembro de 1962), mercado de valores mobiliários (Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976), emissão da moeda real (Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995) e infrações para crédito imobiliário (Lei nº 4.380, de 21 de agosto de 1964).
A nova lei também retira a responsabilidade solidária de gestores e gerentes que atuam no mercado de capitais (Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965) e dos controladores das instituições financeiras (Lei nº 9.447, de 14 de março de 1997), além da prescrição de punição para a administração pública (Lei nº 9.873, de 23 de novembro de 1999).
“Curiosamente, quando Temer anunciou seu retrógrado programa “Ponte Para o Futuro”, que escancara medidas privatistas e neoliberais, ele já questionava a atuação do Banco Central subordinada ao governo federal e agora dá o sistema financeiro inteiro de mão beijada para o Henrique Meirelles, fazendo com que o BC não preste contas para o Estado”, alerta Elias Jordão, presidente do Sindicato.
Quando o Sistema Financeiro foi criado, o Banco Central era uma de suas entidades constituintes, junto com Conselho Monetário Nacional, Banco do Brasil, BNDES e demais bancos públicos e privados.
A partir dessa nova lei, terá autorização para estabelecer processos de investigação sem a transparência pública, sendo dada publicidade somente para o Ministério Público Federal, tendo o poder de decidir e punir, mediante medidas coercitivas, toda e qualquer infração administrativa cometida por instituições do Sistema Financeiro Nacional (SFN), do Sistema Brasileiro de Pagamentos (SPB) e do Sistema de Consórcio (SC).
A lei permite que sejam firmados acordos caso a caso, com critérios subjetivos de apuração, de acordo com nota do BC, dependendo de menor ou maior gravidade. Nesta terça-feira, 21 de novembro, o jornal Folha de S. Paulo denunciou na capa de sua edição impressa que o BC poderá resguardar por até 5 anos os nomes dos envolvidos em infrações e essa divulgação provocou a publicação de nota oficial do banco garantindo transparência.
“A partir de agora, temos mais um mandante no país, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, além do ilegítimo presidente Temer que atua por medidas provisórias e dos deputados federais que aprovam leis absurdas para se beneficiarem”, critica Elias Jordão.
Por Paula Zarth Padilha
Publicada originalmente no site do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região
Foto Marcello Casal Agencia Brasil
Congresso de agricultores familiares debate políticas para o campo no Distrito Federal
Novembre 21, 2017 16:53O evento acontece entre os dias 24 e 26 de novembro com a presença dos agricultores (as) familiares e representantes do Governo ligados a política agrária nacional e regional
Nos próximos dias 24, 25 e 26 a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Distrito Federal e Entorno vão realizar o V Congresso da Agricultura Familiar pautando discussões sobre a política agrária para a região.
Temas como acesso à terra, produção e comercialização dos alimentos da agricultura familiar, oficinas sobre gênero, mulher, juventude, educação no campo, crédito fundiário, meio ambiente e agroecologia, cooperativismo e ainda análise na atual conjuntura política serão abordados no Congresso.
Dentre os objetivos do evento está a organização sindical para fortalecer a agricultura familiar, como ferramenta fundamental para promover um modelo sustentável de agricultura e a soberania alimentar do país.
No Congresso, os delegados e delegadas também vão definir um novo planejamento para os próximos anos e eleger os novos dirigentes para o ano de 2018/2020.
Foram convidados para participar do evento deputados distritais, secretários de governo e representantes de entidades ligadas as políticas de reforma agrária.
Local:
Df 290 saída do Gama Ponte Alta de Cima.
Fazenda Água Doce. Número 86 / Chácara 01.