MINHA CASA MINHA VIDA ENTIDADES NÃO CHEGA ÀS POPULAÇÕES QUE PRECISAM DE MORADIA EM CURITIBA
2 de Outubro de 2015, 16:38Famílias do Movimento Popular por Moradia vivem em ocupações da capital com futuro incerto
Na última semana de setembro, o Governo Federal e a Caixa Econômica divulgaram uma boa notícia para centenas de famílias do Rio de Janeiro e de São Paulo: o avançado estágio de obras do programa Minha Casa Minha Vida Entidades, com a reforma de dois prédios abandonados – e ocupados por famílias sem moradia – nas capitais fluminense e paulista.
Anunciado em fevereiro de 2015, um prédio abandonado que abrigava uma repartição pública na Avenida Ipiranga, próximo ao cruzamento com a avenida São João, no centro de São Paulo, começou a ser reformado para abrigar 120 famílias, com verba do MCMV Entidades.
Já no Rio de Janeiro, em junho passado a Caixa anunciou as obras em um prédio abandonado na Cinelândia, para abrigar 42 famílias de baixa renda pelo mesmo programa.
O balanço atual da Caixa é que o Minha Casa Minha Vida Entidades já ultrapassou a marca de 60 mil casas e apartamentos contratados, beneficiando quase 250 mil pessoas em todas as regiões do país.
Os contratos com as entidades organizadoras são de autogestão em regime de mutirão ou de administração direta, no qual uma construtora é contratada pela organização para a execução da obra. Todos os critérios de seleção dos moradores seguem rigorosamente as regras estabelecidas pelo Ministério das Cidades.
Já em Curitiba, os moradores das ocupações Nova Primavera, 29 de Março e Tiradentes ainda não tiveram a mesma sorte. O Movimento Popular por Moradia (MPM) está na luta para regularizar a situação de aproximadamente 1.600 famílias, mas tudo indica que não será pelo programa Minha Casa Minha Vida Entidades.
“As ocupações Nova Primavera e a 29 de março têm mais chances. A primeira porque o terreno já foi negociado e o segundo porque o terreno é da Prefeitura. No final do mês (outubro) vai ter a primeira reunião para tratar da ocupação 29 de março, vamos ver. Estes processos são muito complexos, cheio de detalhes e burocracia”, explica Fernando Marcelino, um dos coordenadores do MPM e morador da ocupação Nova Primavera.
“Já a ocupação Tiradentes não tem qualquer perspectiva porque o terreno está em disputa judicial e será difícil pelas questões ambientais. Estamos tentando encontrar um terreno alternativo e fazer pelo (MCMV) entidades. Hoje o maior obstáculo é ter o dinheiro do MCMV3 e a aprovação de projetos, que sempre tem resistências absurdas”, relata Marcelino. A ocupação Tiradentes é a mais recente e maior, com 800 famílias cadastradas. Elas estão lá desde 21 de abril de 2015.
MCMV Entidades não chega a Curitiba

Fernando Marcelino durante assembleia na Ocupação Nova Primavera. Foto: Joka Madruga.
O coordenador do MPM conta em entrevista ao Terra Sem Males que havia dinheiro para construir mais de 5 mil unidades somente em Curitiba e nenhuma foi feita nem aqui e nem região metropolitana, mas que há 4 ou 5 projetos feitos no interior do Paraná pela fase 2 do MCMV. Ele cita obras nas cidades de Marilândia e Apucarana, por exemplo.
“O dinheiro não foi usado na ocupação Nova Primavera, por exemplo, porque não tiveram projetos para serem executados. Demorou um ano e meio para o proprietário do terreno sentar para negociar. Depois seis meses para acertar um projeto pelo Minha Casa Minha Vida. A subdivisão cartorial do terreno está correndo desde então e ainda não terminou. Tem que passar por todas as secretarias. E ainda tem a parte do projeto, que deve ser aprovado pela Caixa Econômica. Temos que procurar construtoras que tenham interesse. A maioria não tem porque os riscos são maiores, o que dificulta a viabilidade”, resume Marcelino.
Para MPM, situação continua indeterminada
Marcelino explica que pelo orçamento federal divulgado para 2016 com os recursos previstos para o Minha Casa Minha Vida 3, de onde sairia a verba para o Entidades, não dá para contratar o número de moradias previstas em todo o país. “Existem municípios com 15.000 unidades em projetos prontos, milhares de unidades pelo entidades com projeto aprovado, apenas esperando recursos. Por isso existem riscos sérios que o projeto não saia do papel por falta de recursos”, lamenta o militante.
“O determinante agora é ter o recurso federal. Tendo ele é possível superar os eventuais obstáculos. Sem isso é inviável. Atualmente não existe orçamento e nem metas para o Entidades, então continua indeterminada a situação”, avalia Fernando Marcelino, um dos coordenadores do MPM.
Na última terça-feira, 29 de setembro, as famílias das ocupações se reuniram em um protesto, no Centro Cívico, em Curitiba, para pressionar a Prefeitura por melhoria nas condições de moradia. Nas ocupações, o acesso a serviços básicos é precário. As famílias aguardam que o Aluguel Social, já votado, aprovado e sancionado saia, de fato, do papel e se transforme em acesso à moradia digna. Também por prazo indeterminado.
Saiba mais: Retratos da luta pela moradia em Curitiba
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
PROPOSTA ABAIXO DA INFLAÇÃO REVOLTA CATEGORIA BANCÁRIA
2 de Outubro de 2015, 14:53Na noite da última quinta-feira, 01 de outubro, durante assembleia dos bancários da base de Curitiba e região, mais de 400 trabalhadores rejeitaram a proposta patronal e aprovaram por unanimidade greve por tempo indeterminado. A paralisação começa na próxima terça-feira, 06 de outubro, com indícios de indignação e forte adesão para enfrentamento aos banqueiros.
As instituições financeiras são as que menos sentem a chamada crise que ronda o país. Ou melhor, bancos até utilizam o fator crise para justificar fechamento de vagas e a proposta de reajuste de 5,5%, muito abaixo da inflação calculada para a data-base da categoria, que fechou 01 de setembro em 9,88%. Mas a realidade é que os lucros dos bancos só aumentam. Divulgados a cada trimestre, crescem assustadoramente enquanto outros setores perdem.
“Alguém aqui aceita reduzir o salário em 5%? Na prática, é isso que os bancos nos oferecem”, questionou um bancário durante a assembleia.
Para “justificar” o reajuste abaixo da inflação, os bancos ofereceram um abono de R$ 2.500. “Aceitar abono é retroceder às negociações dos anos 1990”, declarou um bancário.
Lucros continuam crescendo
De acordo com dados do Dieese, os cinco maiores bancos que operam no País (Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa) lucraram R$36,3 bilhões no primeiro semestre de 2015, um crescimento de 27,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
O líder do ranking há alguns anos é o Itaú, que lucrou R$ 11,9 bilhões no período, valor 25,7% maior que no mesmo período de 2014. E estamos falando de lucro líquido. O ranking dos maiores bancos segue com Banco do Brasil (R$ 8,8 bilhões), Bradesco (R$ 8,7 bilhões), Caixa (R$ 3,5 bilhões) e Santander (R$ 3,3 bilhões). Até mesmo o banco HSBC que apresentou prejuízo em 2014 se recuperou nos primeiros seis meses de 2015 e lucrou R$ 31,8 milhões.
O bancário tem a palavra
“Eu queria pedir aplausos para os bancários do HSBC, que estão passando por esse desgastante processo de venda do banco”, falou outro bancário, fazendo alusão ao medo de demissões em massa, que mesmo negadas pelas diretorias do Bradesco (comprador) e do HSBC, ronda a cabeça de quem está lá dentro.
“Eu não sou pelego, não vou trabalhar com acesso remoto durante a greve”, falou muito emocionado um trabalhador do HSBC, denunciando práticas dos bancos privados, ano a ano relatadas pelos sindicatos, como a contingência em outros locais, trabalho de madrugada, trabalho em casa. Bancário que não é de banco público tem medo de retaliações, de perder o emprego, e geralmente segue orientações desse tipo durante os movimentos grevistas.
“Greve está na cabeça e consciência de cada um”.
“Pode ser uma campanha cansativa, mas temos que ir motivados”.
“Temos sexta, sábado, domingo e segunda para conversar com colegas para fazer a greve por adesão”
Os participantes da assembleia fizeram uso da palavra para mobilizar, para fazer a greve além da representação sindical. Para demonstrar a indignação com uma proposta de remuneração aquém da capacidade dos banqueiros. Para mostrar a tentativa de achatamento de salários no setor que mais cresce na crise. Para demonstrar a preocupação dos trabalhadores dos bancos públicos com diversos projetos de lei que escancaram perda de direitos.
“Vocês do Banco do Brasil que trabalham em shoppings, não adianta se esconder. Quando vier a terceirização, nós estaremos incluídos nela, não adianta fugir”, alertou um dos diretores do sindicato.
“Dia 6 não é dia de colocar serviço em dia na agência, não é dia de marcar viagem, de dormir até mais tarde. Temos que ir lá na praça Carlos Gomes em frente à Caixa fazer a greve”, convocou um dirigente sindical.
Sobre a categoria bancária
Curitiba e região metropolitana têm 18.525 bancários atuando em 539 agências e centros administrativos. Além do reajuste de salários e benefícios, os bancários lutam por melhoria nas condições de trabalho, com mais contratações e menos rotatividade, que permitam atendimento adequado à população.
A categoria tem como principais problemas a cobrança de metas relacionada à venda de produtos, ação que adoece os bancários e causa afastamentos por doenças psíquicas. Além disso, as condições de segurança não são as melhores. Os bancários têm estudos sobre como melhorar a segurança nas agências bancárias para trabalhadores e clientes, mas os bancos insistem em apenas consertar estragos ao invés de investir em soluções.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Elias Jordão, disse que a categoria está mobilizada e pronta para a luta. “Nós ficamos insatisfeitos com essa provocação disfarçada de proposta. Acredito que os trabalhadores e trabalhadoras vão aderir em massa nesta greve”.
Saiba mais: BANCÁRIOS DECIDEM HOJE EM ASSEMBLEIA GREVE A PARTIR DO DIA 06
Bancários do Paraná rejeitam proposta e vão para greve
Bancários de Curitiba e região aprovam greve a partir do dia 06
Acesse aqui o álbum de fotos da assembleia
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
PONTO FINAL
2 de Outubro de 2015, 13:32(ou: A impossível crônica; ou: Metal contra as nuvens)
“O poeta é um fingidor”, Fernando Pessoa.
O mês pela metade e eu já carregava somente um macinho de cinquenta reais comigo, enquanto vendia no sebo uma coleção de clássicos que foi avaliada por menos de cincão.
O vendedor estava mal humorado, chegou a questionar se eu buscava dinheiro para drogas. Ele também já não aguentava mais o tanto de gente que se livrava de algum CD para encurtar um pouco aquela régua interminável de trinta dias.
Havia em mim naquele momento uma revolta de João Antônio, um abraço em alguma forma de rancor, que podia desaguar entre os bandoleiros da Rua Riachuelo e de lá arriscar uma narrativa urbana ou policial, Marçal Aquino. Não fui por ali. Nem tracei um enredo entre a venda do livro e o drama do vício.
Mas era sexta. Bom, não sei direito. Ao menos a tarde trazia uma sensação incrível de sexta-feira. E bastava que eu esperasse a escuridão lá pelas 18h, sentasse nalgum boteco, desses que não ligam se a gente não consome nada, e terminasse de ler com ansiedade um romance do momento de Paul Auster, pra então me dirigir até o Ponto Final, o meu bar preferido de Curitiba.
O certo era eu me recolher e só assistir esse mês passar na avenida. Só que o carnaval das coisas novamente me arrastou pra mandar pelos ares qualquer planejamento.
A lição do jovem Walter Benjamin sempre atormentara e era necessário preencher a vida de experiências, o mais que eu conseguisse. E aquele bar do velho turco Riad, naquela noite, de verdade acenava a vontade de vivenciar uma experiência simples, uma experiência irônica, como um cronista à moda antiga. Ou então, seguindo esta nova geração: extremamente poética e totalmente descomprometida com a realidade.
Eu me forçava a recusar naquele momento as minhas histórias cíclicas, com tempero dramático. Eu refutava os meus próprios oroboros, meus venenos mordendo a própria cauda, meus labirintos de Borges, meu sofrimento de Kafka, onde sempre me invento, nos quais ao fim o narrador sempre descobre que a trama se tratava apenas de um engano seu e dos outros personagens, surpreendidos com as ilusões que a vida apronta. Eu estava numa crônica urbana e poética, não podia me esquecer disso.
No Riad eu estava ali, estava inteiro, à vontade, naquele lugar que dá a impressão de que já não se preocupa em expandir a clientela. No Riad prevalece o bom e velho foda-se. E a verdade das coisas que são feitas com desprendimento e com distração.
O músico dono da casa dá a mesma ênfase tanto a uma música do Chico Buarque como a uma interpretação de um grupo brega. O vozeirão dele estoura como um virtuose, só que largado como um desses músicos de estrada, gerando uma atmosfera que inebriava. Quando eu entrei no Ponto Final, Riad estava no meio de uma canção do Toquinho, o que não o impediu de fazer um aceno pra Melissa e pra mim, deixando a música em suspense de dois segundos.
Que importava naquele momento o valor da entrada, o mundo existia apenas ali. O contraste entre aquele lugar vazio e de gente nada curitibana e fria, num palco improvisado onde subimos, cantamos, choramos, tomamos um pouco daquele uísque que o músico devora pela madrugada afora. Um clima de Belchior, de Bob Dylan, de Kerouac. Melissa sugeriu que a gente descesse pra praia naquela madrugada mesmo, só pra ver o sol nascer feliz. Eu podia traçar um texto apenas a partir dos seus olhos escuros de Frida Kahlo.
Estava aéreo, estava e não estava naquele lugar, preocupado com a nova cerveja e com o Riad dar ouvidos ao nosso próximo pedido de música. E ele vinha e desconcertava com um clássico do grupo Roupa Nova ou até mesmo do velho Balão Mágico, só pra acrescentar nostalgia naquele caldeirão de condimentos inventados. Eu não estava sentindo porra nenhuma. Apenas provava de tudo.
Na saída, pagamos a senhora guardadora que confirmou: em vinte anos guardando os carros da marquise, ela nunca havia arriscado escutar um pouquinho o som que protegia todas as noites. Nem uma única vez ela entrou na casa pra escutar um pouco.
Partimos na direção do Largo da Ordem, já com o tanque de combustível piscando pra nós.
Aqui, como sempre, a narrativa cobra o seu preço. Brecht refletindo sobre o cobertor curto daquela senhora. Don Delillo apontando os dedos para o gigante do Leviatã e Auster pra falta de controle sobre nossas próprias vidas. O macinho de 50 pila, a velha atmosfera curitibana, as ruas chatas e vazias de Trevisan, os PMs armados circundando o centro da cidade, a boemia e o desleixo de Leminski, a luxúria do prédio giratório onde o governador Beto Richa habita. Na realidade eu precisava de um manifesto contra tudo aquilo. Eu precisava fazer uma síntese entre o realismo mágico e as narrativas de violência de Plínio Marcos. Mas nunca se confessa uma coisa dessas. Dizem também que o cronista, na falta de assunto, não pode nunca escrever sobre a falta de assunto.
Não consigo resolver o final da noite sem pensar que deveríamos vivenciar talvez um roubo, talvez uma tragédia, talvez uma mudança brutal de rumos. Talvez ao menos um lance do acaso que mudasse a nossa vida e fizesse com que, dois dias depois, na segunda-feira, tivéssemos dinheiro pra chegar ao fim do mês, à melhor maneira do que aconteceria com um personagem de Auster.
Mas apenas voltamos pra casa na noite sem chuva.
Mastigamos a distância e o tédio de cada curva da rápida do Centro para o bairro Capão Raso.
“Vou percorrer todos os países em busca da tua língua”, estava inscrito no muro próximo a um estádio.
Não. Não chegamos a esse ponto. O carro na realidade havia parado antes, sem combustível no caminho de casa.
Mas, falando sério agora: é que mesmo sem recordar direito o trecho, eu e Melissa despertamos na praia, com o carro imbicado em frente ao mar carregado de nuvens.
Que nada.
Pego o livro na estante ao lado da cama, antes de dormir. É a vez de Hemingway e seu inevitável tédio.
Por Pedro Carrano
Crônicas de Sexta
Terra Sem Males
UM DIA DE FÚRIA COM MEU AMIGO LARROY
1 de Outubro de 2015, 16:17Esse mundo moderno é cheio de armadilhas. E meio amigo Larroy acabou caindo em uma delas. Por isso estava mais estressado do que o habitual. Ainda mais depois de trabalhar anos numa multinacional e ser demitido sem explicação.
Após o desligamento, ele me ligou. Explicou a situação e disse que foi pra casa naquele dia num inédito estado de nervos.
Já eu, como colega de Larroy, fiquei muito preocupado. Então resolvi preparar uma diversão pra amenizar seu sofrimento. E após desligarmos os telefones, pensei bem e resolvi resgatar algumas travessuras que fazia quando adolescente.
Meu objetivo era preparar um dia diferente pro meu nobre amigo.
…
“Ora Larroy, você me liga enchendo o saco, choramingando e tudo mais… e agora está regulando o carro? Vamos lá… você vai se divertir”, expliquei ao pedir o carro emprestado.
Eu realmente estava com a missão de proporcionar um dia inusitado na vida de Larroy. Afinal, ele dedicou tanto tempo em prol do desenvolvimento tecnológico de nossas terras produtoras de alimento que realmente esqueceu o que era uma diversão inconsequente.
“Tá bom tá bom… passa aqui e pega a chave, mas vê se não demora!”, disse meio contrariado Larroy.
Fui lá e peguei seu carro. Precisava fazer umas visitas a outros nobres amigos para esquematizar tudo.
Quando voltei à casa de Larroy era só embarcar e sair por aí.
“Bom Larroy, hoje você está a bordo, não diga nada, apenas se prepare pra descarregar seu sofrimento, vamos fazer barulho!”, e arranquei rumo à liberdade.
…
Uma pessoa demitida muitas vezes está aberta a novas experiências. Aproveitei-me desta situação pra fazer uma boa ação. Afinal, nos dias de hoje como viveríamos sem algumas fugas da realidade, não?
…
Larroy me explicou que essa crise mundial afetara toda a cadeia produtiva da empresa em que trabalhava, que as coisas não estavam bem. Por isso começaram os cortes dos trabalhadores.
Porém eu sabia que o buraco era mais embaixo. Após eu questionar meu amigo, ele revelou que perdeu seu emprego depois da chegada de outro trabalhador indicado pela cúpula da empresa.
…
“Se prepare meu nobre amigo, as coisas serão divertidas a partir de agora” e acelerei seu carro em direção ao campo de lavouras e belos sítios.
Peguei um cd, inicialmente do Circles Jerks, e botei no volume máximo. Era a trilha do momento pra Larroy. Em meio à raiva nada melhor que aguçá-la. “Desliga isso pelo amor de deus!”, gritava Larroy. “Cala a boca e escuta… isso é ópera parceiro… ópera pra introduzirmos o holocausto”, gargalhei com o desespero de Larroy.
…
Na estrada de chão o carro do meu amigo voava. Longas retas e pista livre. O som estava rasgando nossos ouvidos, meu amigo olhava pra mim e pra estrada, esbugalhava os olhos. Vendo a cena, pergunto: “Hoje é o dia certo pra morrer?”. Larroy disse: “Nãoooooooo!”.
Empolgado com o som, acelerei pra 160 km/h.
Larroy, nervoso, já estava a fumar meus cigarros. “Grande Larroy, fuma aí parceiro!”, ele não respondia, apenas aflorava seus tiques nervosos. Muito engraçado olhar pra ele e ver que quando piscava, mexia também o canto da boca.
…
Avistei o sítio que queria, parei o carro num ponto estratégico. Dei mais um gole de cerveja. “Você está bebendo demais”, disse Larroy pra mim. “E você de menos!”, retruquei. Fui ao porta malas, o abri e peguei dois estilingues. Passei um pra Larroy. “Vem comigo”… e saí embrenhando um pequeno bosque que tinha nos arredores do sítio.
– O que estamos fazendo aqui? De quem é esse sítio?
– Calma Larroy, vem comigo parceiro.
– Você está completamente descontrolado seu retardado.
– Larroy… vamos lá cara… deixa de ser chato.
Meu amigo calou-se. “Melhor assim”, pensei comigo.
Eu queria o silêncio. Queria fazer isso novamente e dessa vez além de ser uma simples atividade regional, estaria proporcionando algo inédito pro nobre Larroy.
…
Paramos em frente ao chiqueiro do sítio. Nos deparamos com um monte de cachaços e aqueles sacos gigantes. Entreguei a Larroy umas bolitas… “vamos começar a diversão”, disse.
A segunda trilha sonora!
Peguei meu estilingue, carreguei e disparei à primeira. Tiro certeiro, bem nas bolas do cachaço. Ele soltou aquele grito… “mentaliza Larroy, veja no saco do cachaço as bolas do seu patrão… manda ver meu chapa”.
Larroy nunca havia atirado de estilingue, sempre esteve ligado ao computador e não ao regionalismo, vamos assim dizer. Preparou a primeira, me olhava contrariado, ajeitou seus óculos e mandou ver. Me surpreendi, realmente Larroy tinha talento pra coisa. Tiro certeiro e o cachaço soltou mais um berro.
“Esse patrão de merda vai ver só o que é bom”, disse Larroy. Depois colocou mais uma “bala na agulha” e mandou ver.
Eu também mandei ver.
“Vamos lá! Vamos lá!”, gritava meu nobre amigo. Os cachaços gritavam enquanto disparávamos.
Os olhos de Larroy brilhavam, ele não parava mais, parecia uma metralhadora. Cada grito do cachaço era como se meu amigo enfiasse uma faca no seu ex-patrão, realmente minha missão estava sendo bem sucedida.
…
Uma movimentação estranha. Escutei latidos de cachorro. “Vamos Larroy, temos que ir!”… “Espera… só mais uma!”… “Vamos!”… puxei meu amigo, pois alguém se aproximava.
Voltamos pro bosque correndo o que podíamos. Tropeçávamos em troncos, galhos, espinhos, mas nada podia nos parar. Chegamos ao carro, no porta malas joguei nossos estilingues.
Agora nossa trilha é Dead Kennedys, são eles que nos levarão ao próximo destino.
“Nossa… estou cansado… me dá uma cerveja”, disse Larroy. Mostrei a ele a bolsa térmica no banco traseiro. Ele pegou, abriu, deu um grande gole e acendeu um cigarro. “Esse não é o Larroy que conheço”, pensei com meus botões.
“Anda mais rápido!”, pediu Larroy. Por um momento fiquei em estado de choque, mas já que tocava “Drug me” e Jello Biafra berrava mais que um cachaço, tive que pisar fundo.
…
Numa encruzilhada reduzi, dei uns três zerinhos, levantei poeira, Larroy gritava e erguia sua lata de cerveja como se fosse um troféu. Parei o carro. “Ei… vamos lá… o que foi?”… “Calma aí cara, o segundo ato da nossa peregrinação vai começar”.
Do porta malas tirei duas doze cano serrado.
– Meu deus! Eu nunca tinha visto um negócio desse.
– Calma Larroy, agora sim que o bicho vai pegar.
– O que vamos fazer?
– Vai vendo…
Preparei as armas, entreguei uma pra Larroy. “Chega aqui”, disse pra ele. Caminhei até o meio da estrada, deitei no chão em posição de soldado no front, o alvo na mira. “Deita”, disse pra Larroy. Ele sem contrariar foi pro chão.
“Bummmmmm”… fiz o primeiro disparo contra uma plantação que nos cercava. Abriu um clarão! “Agora é sua vez, manda ver Larroy!”.
“Bummmmm”… outro clarão… a gargalhada de Larroy era empolgante… eu disparei outro e ele também… abriu mais ainda a lavoura. “Imagine que essa propriedade é do seu patrão Larroy!”.
“Carrega mais, carrega mais”, os olhos de Larroy brilhavam igual uma criancinha ganhando presente de natal. “Calma… vamos pra outro ponto estratégico” e só viramos o lado, ainda no meio da estrada. “Agora você vai ver o que é bom”, disse Larroy e mandou mais chumbo. O tiro do meu amigo levava toda a revolta da injustiça, estava com toda raiva acumulada e precisava liberar.
Armei mais vezes pra ele. Atiramos umas quatro vezes cada um, até que acabaram os cartuchos.
– Por que você não trouxe mais?
– Se liga Larroy, está bom… vamos nessa. Já abrimos um clarão. Temos que pisar fundo agora.
– Vamos lá!
– Vamos lá! – a sugestão foi aceita. Hey ho… vamos lá. E ao som do Ramones voltamos, depois do nosso ataque relâmpago regional, para nossas casas.
…
Parei em frente a minha casa, havia guardado nossas armas numa bolsa, então saí, com meus cd’s; me despedi de Larroy e subi as escadas. Meu amigo estava com os olhos brilhando, um momento eufórico. Nunca havia visto uma pessoa se divertir tanto fazendo algo tão sem noção.
No caminho de volta, quando escutávamos Ramones, o silêncio de nossas conversas, a velocidade, a paisagem, tudo isso se juntou e deixou que nossa mente trabalhasse enquanto tomávamos cerveja e fumávamos.
Olhava Larroy e via seu sorriso. Ele mexia seus óculos e arrumava sua camiseta, como se fosse resolver o problema de estarmos sujos de terra e machucados da corrida no bosque. Realmente aquele momento foi legal.
Larroy é bem sucedido, não precisa de favores, muito menos de pessoas como eu ao seu lado. Sempre foi a responsabilidade em pessoa, com grana e o mundo aos seus pés. E hoje ele me surpreendeu!
Não pelo fato de ter feito algo sem noção ou por ter aceitado me deixar dirigir seu carro, botar a trilha sonora, beber e fumar no seu recinto.
A grande surpresa disso tudo foi na hora que entrava no prédio onde moro, Larroy me chamou e disse:
– Ei amigo! Obrigado.
Por Regis Luís Cardoso
LP – Crônicas musicais
Terra Sem Males
BANCÁRIOS DECIDEM HOJE EM ASSEMBLEIA GREVE A PARTIR DO DIA 06
1 de Outubro de 2015, 16:00Nesta quinta-feira, 01 de outubro, serão realizadas assembleias de deflagração de greve por trabalhadores bancários de todo o país. Em Curitiba, a assembleia acontece a partir das 18h30 (primeira convocação), no Espaço Cultural dos Bancários (Rua Piquiri, 380). O indicativo é que a proposta dos banqueiros seja rejeitada e a greve seja deflagrada a partir da próxima terça-feira, 06 de outubro.
Banqueiros oferecem proposta rebaixada
A data-base dos bancários é 01 de setembro e a proposta dos trabalhadores, construída nacionalmente desde maio com debates regionalizados, foi apresentada aos bancos dia 11 de agosto. As negociações temáticas foram iniciadas dia 19 de agosto, mas somente dia 25 de setembro a Fenaban apresentou a proposta dos banqueiros: reajuste de 5,5% sobre salários, piso, benefícios e participação nos lucros.
O índice está muito abaixo da inflação e a reivindicação dos bancários para remuneração é de 16%, para contemplar 5,7% de aumento real. A proposta patronal é resumida em questões econômicas, mesmo com uma extensa pauta dos trabalhadores sobre saúde, segurança, igualdade de oportunidades e condições de trabalho e emprego, os bancos não ofereceram nada.
Na avaliação do presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, Elias Jordão, que é membro do Comando Nacional dos Bancários e participa das negociações, pelo clima das negociações já era esperada uma proposta rebaixada. “Os bancos, mais uma vez, tratam os bancários com descaso e empurram a categoria para a greve. A proposta foi decepcionante e frustrante!”, lamentou o dirigente em comunicado divulgado pela entidade.
Campanha Unificada com Convenção Coletiva de Trabalho nacional
As negociações da categoria bancária são em âmbito nacional. Representantes de sindicatos de diversas regiões do país formam o Comando Nacional dos Bancários, presidido pela Contraf-CUT, a confederação nacional da categoria filiada à CUT. Paralelamente, há também a negociação com os sindicatos filiados à Contec, confederação filiada à CSP-Conlutas, mas a proposta é válida para ambos. A mesa de negociação é formada também pela Fenaban, a Federação Nacional dos Bancos, entidade patronal. Bancos públicos têm negociação separada para acordos aditivos específicos, mas seguem as decisões da Fenaban.
Há mais de 20 anos a campanha salarial dos bancários é unificada e há 11 anos os acordos contemplam aumento real nos salários (com reajuste acima da inflação) e direitos conquistados após greves históricas. Os bancários contam com benefícios como auxílio-refeição e alimentação, 13º cesta alimentação; participação nos lucros mais adicional fixo com distribuição linear do lucro do banco entre todos os funcionários; ampliação da licença-maternidade para 180 dias; vale-cultura.
Por outro lado, a categoria sofre com cobrança de metas, excesso de trabalho, alta rotatividade, fatores que geram adoecimento dos trabalhadores. E as instituições financeiras continuam, ano a ano, batendo recordes de lucratividade. De acordo com dados do Dieese, os cinco maiores bancos que operam no País (Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa) lucraram R$36,3 bilhões no primeiro semestre de 2015, um crescimento de 27,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
Assembleia dos bancários em Curitiba
Data: quinta-feira, 01 de outubro
Horário: 18h30 (primeira convocação)
19h00 (segunda convocação)
Local: Espaço Cultural dos Bancários
(Rua Piquiri, 380)
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males
LUCAS PELISSARI, ARTICULISTA DO BRASIL DE FATO, ANALISA CONJUNTURA E MEDIDAS DE PRIVATIZAÇÃO
1 de Outubro de 2015, 14:14Nos próximos dias, o Brasil inteiro está se organizando contra a privatização da Petrobrás. No Paraná a luta ainda se estrutura na defesa das empresas estatais, como a Copel e Sanepar, depois de apresentado, no dia 16 de setembro, o último artigo do novo pacotaço do governo do estado que revoga um inciso da Lei Estadual 15.608/2007. A medida abre espaço para que o Executivo não precise de autorização dos deputados estaduais para vender ações de empresas públicas e de economia mista.
Em entrevista ao Sindijor PR, Lucas Pelissari, articulista do Brasil de Fato, militante do Levante Popular da Juventude e do Fórum 29 de Abril, que compõe a Frente Brasil Popular, avalia a conjuntura nacional e estadual, reflete sobre as privatizações, analisa escândalos de corrupção e o papel da imprensa. Veja abaixo:
Em meio a uma das piores crises financeiras de sua história, o governo do Paraná volta a falar em vender fatias de suas principais empresas estatais, Copel e Sanepar. Quais são os argumentos que posicionam os movimentos e organizações sociais e sindicais contra essas privatizações? Por quê?
A Frente Brasil Popular é uma iniciativa de diversas entidades, movimentos sociais, centrais sindicais, militantes, personalidades, artistas, que se unificam em torno de duas questões gerais: a defesa da democracia e a defesa dos direitos do povo brasileiro. O tema das privatizações sempre esteve presente na realidade brasileira e se relaciona com os dois aspectos.
Atualmente, vivemos no país uma conjuntura de ofensiva de setores conservadores da sociedade que desejam, simplesmente, se aproveitar do momento de crise que passa o Brasil para se apropriar de nossas riquezas. Passamos por um momento delicado, que, na verdade, é o resultado da conjugação de três crises: uma política, uma econômica e outra social. Para saída da crise econômica, esses setores propõem, dentre outras coisas, a privatização de empresas estatais. Para legitimar seu discurso pró-privatização, se apoiam na crise política e na crise social, com os argumentos mais esdrúxulos possíveis.
O caso do Paraná é ainda pior porque, aqui, o governo Beto Richa é, ele próprio, quem propõe a privatização, enviando à ALEP um projeto de lei que prevê, como consta em sua pergunta, a venda de fatias das duas maiores estatais paranaenses.
A questão é simples: a saída da crise, tanto em nível nacional quanto em nível estadual, não pode privilegiar grandes interesses econômicos e prejudicar o povo trabalhador. Isso significaria dar mais àqueles que geraram a própria crise, com sua busca desenfreada e irresponsável do lucro, e prejudicar o trabalhador que acorda cedo todos os dias e, ao contrário, precisa é do fortalecimento das empresas estatais para satisfazer seus direitos básicos, como os serviços de água, luz e saneamento.
Imagina se grandes grupos econômicos passam a controlar mais ainda partes da Copel ou da Sanepar? Já está mais do que provado que a tese segundo a qual mais mercado e a “mão invisível” da “competição” não aumentam a qualidade dos serviços para a população. O péssimo serviço ofertado pelas empresas que compraram telefônicas na década de 90, como a Telepar, o altíssimo preço do pedágio nas estradas paranaenses e a própria crise que vivemos hoje são prova disso. Tirando o fato de que cerca de 20.000 trabalhadores passam, com a privatização, a ter seus empregos ameaçados.
Copel e Telepar já são empresas de economia mista e já tiveram fatias vendidas por governos, que, na verdade, eram inimigos dos trabalhadores em diversos aspectos. O povo paranaense não permitirá que isso aconteça mais uma vez.
Por Laís Melo
Sindijor PR
MAIS DE MIL PESSOAS PARTICIPARAM DE MANIFESTAÇÃO POR MORADIA NO CENTRO DE CURITIBA
30 de Setembro de 2015, 13:56Era cedo na manhã que começou nublada e fria. Os gritos de uma multidão ecoavam transformando a rotina do centro de Curitiba na terça-feira (29), provocando a atenção das pessoas que, cotidianamente, passam atrás de seus sonhos. Naquele aglomerado, mais de mil trabalhadores, aposentados, jovens e crianças estavam reunidos justamente por isso, tornar real o sonho de uma moradia própria.
As famílias que constroem o Movimento Popular por Moradia (MPM) ocupam terrenos localizados na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), organizados em três comunidades: Nova Primavera, 29 de Março e Tiradentes. Na luta por melhores condições de habitação, a multidão veio até o centro da capital para lutar pela regulamentação da lei que institui o Programa de Aluguel Social (PAS), a construção de condomínios já negociados com a prefeitura por meio do Programa Minha Casa Minha Vida Entidades e a mediação de conflito fundiário que envolve um dos terrenos ocupados.
Prefeitura Municipal
Os manifestantes se reuniram na Praça 19 de Dezembro. Ao passo que caminhavam pela Av. Cândido de Abreu, o céu se abria, o sol aparecia e esquentava os que ainda não tinham tirados suas blusas de tanto pular e gritar.
A Prefeitura Municipal da capital foi o primeiro ponto de parada. No fim de julho, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) sancionou a lei do aluguel social, que consiste em um pagamento para famílias de baixa renda que não têm casa própria e que vivem em situação habitacional considerada de emergência. A lei tem 120 dias, desde a sanção, para ser regulamentada.
Por Laís Melo
Sindijor PR
ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2016 JÁ ESTÃO NA PAUTA DOS JORNAIS EM CURITIBA
29 de Setembro de 2015, 18:38Nomes de pré-candidatos à Prefeitura de Curitiba começaram a pipocar nas redes sociais e ganharam as páginas dos jornais, sites e blogs da capital paranaense. Especulam nomes de quem têm intenção de concorrer nas próximas eleições, entre eles o atual prefeito, Gustavo Fruet, o deputado Tadeu Veneri, os candidatos derrotados nas últimas eleições Rafael Greca, Ratinho Junior e Luciano Ducci; o ex-secretário de segurança pública que comandou o massacre dos professores, Fernando Francischini; e a nova geração com Requião Filho e Maria Vitória.
Os petistas parecem estar mais entusiasmados. Nessa semana, apareceram nas redes sociais diversas fotos de militantes segurando cartazes com os dizeres: “Eu apoio Tadeu Veneri Prefeito de Curitiba”. De acordo com postagens, “a militância vermelha não vai sossegar” enquanto não tiver candidatura própria do Partido dos Trabalhadores na capital paranaense. A iniciativa desta ação partiu de artistas populares, advogados, bancários e outras categorias.
Terra Sem Males
JOSÉ E O AGORA
29 de Setembro de 2015, 14:14José serviu o exército por mais tempo do que havia programado.
A realidade e as circunstâncias o empurraram para uma guerra.
Foram vários os combates. E a vida de José escapou por centímetros de munições com capacidade de separar a cabeça do seu corpo.
José matou, escapou ileso, resgatou companheiros, colocou a pele a prêmio, em plenos dias de comida e de sono nenhuns.
O que veio depois: ele retornou a dormir numa cama e a repousar num sofá, enquanto as crianças imploravam segundos de atenção sonegada.
Nunca mais conviveu com bombas. José assumiu e enfrentou o que sequer o exército havia lhe ensinado.
Depois veio a aceitação, pouco a pouco, do inimigo tédio.
E o pior é que, pela segunda vez, ele conseguiu sobreviver até o fim.
Por Pedro Carrano
Crônicas de Sexta
Terra Sem Males
A DIFERENÇA ENTRE A REVOLUÇÃO NA VENEZUELA E O QUE VOCÊ VÊ POR AQUI
25 de Setembro de 2015, 13:57Encerramento do 3º Seminário de Imprensa Sindical, em Florianópolis-SC, aborda mudanças na Venezuela de Chávez e Maduro
Na manhã desta sexta-feira, 25 de setembro, a jornalista venezuelana Esther Tamar Quiaro e a jornalista brasileira Elaine Tavares falaram sobre a comunicação na Venezuela num cenário que elas descreveram como processo de revolução que ainda está em andamento.
“Na Venezuela, as pessoas assumem seu lado, contra ou a favor do governo, e convivem diariamente nos mesmos ambientes. A Esther pega elevador com colegas que pensam diferente dela”, exemplifica Elaine.
Esther é radialista de uma emissora que não é estatal e defensora do governo Maduro. Na Venezuela há pluralidade e quantidade de veículos de comunicação que atuam livremente. Em seus relatos percebe-se a devoção do povo venezuelano pelas ações promovidas por Hugo Chávez.
Durante os debates, o Terra Sem Males fez duas intervenções: Joka Madruga falou sobre sua viagem à Venezuela em 2012 e 2013 e sobre a enorme quantidade de jornais que encontrou circulando livremente pelo país em plena campanha presidencial. Ele relatou que se impressionou também com a politização das pessoas em quaisquer ambientes.
Eu pedi para Esther solidarizar com a plenária mais informações sobre o funcionamento das comunas e pedi para que Elaine explicasse o porquê a mídia brasileira se restringe a publicar fotos de prateleiras de mercados vazias naquele país, qual seria esse interesse em retratar a Venezuela dessa forma.
Esther explicou que de maneira nenhuma o povo passa fome. Que alimentos são subsidiados e de fácil acesso, principalmente para a população mais pobre. Ela explicou, inclusive, que os mais pobres têm acesso mais facilitado à carne, por exemplo, do que as pessoas de classe média. Ou seja, luta de classes. E que a falta de produtos industrializados no país é principalmente de limpeza, são produtos importados e que são retidos por distribuidoras do país numa forma de boicote de grandes empresários ao governo bolivariano.
Sobre as comunas, Esther explicou que são organizações comunitárias que beneficiam não só os mais pobres, mas que existem em todos os bairros, e que dessa forma o governo facilita o acesso ao crédito, de maneira justa, para ações de melhoria da qualidade de vida.
Finalizando, Elaine Tavares classificou as ações da mídia para divulgar a Venezuela como reação ao processo de revolução que está em curso. E que o Brasil ainda vai demorar muito tempo pra chegar lá.
Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males