Imaginemos um estacionamento no centro na qual o preço é 2 reais, mas, de repente sobe para 6. Umas das consequências é o trabalho se tornar mais cansativo. Analisemos as relações econômicas nesse caso.
Os donos do estacionamento disponibilizam o local. Para seu uso são necessários empregados contratados ao menor salário possível nas medidas de qualidade exigida. Por sua vez os empregados precisam de um emprego, pois necessitam de dinheiro. Os usuários do estacionamento precisam de um local seguro para deixar o veículo. Devido a isso, mesmo reclamando do aumento não mudam nada sobre seu comportamento para utilizar o espaço. Por sua vez o dono precisa do dinheiro que se origina de seu negócio para viver e pagar suas contas, ou seja, precisa dos funcionários e dos clientes. Não há ninguém realmente independente nessa relação, no mínimo existem relações de dependência indiretas.
Enquanto nenhum dos personagens dessa história mudar sua posição a relação fica a mesma. É pouco provável que o dono do local mude, porque se ainda há usuários isso significa maior lucro. Assim, existe maior possibilidade de mudança com os funcionários ou clientes. Através dos funcionários e clientes a dificuldade é que pessoas para serem substitutos existem, portanto, abdicações individuais de nada valem.
Caso os funcionários façam greve ou se juntem para melhorar as condições de trabalho, até mesmo o salário, o dono seria prejudicado por haver uma retirada momentânea de seu lucro no sentido de deixar de ganhá-lo. Talvez a situação ficasse melhor para eles. Se os usuários deixassem de usar o estacionamento pelo alto preço o dono ficaria diretamente prejudicado, o que talvez prejudicaria os empregados, mas as chances de redução do preço seriam maiores. A problemática dessas mudanças? A dependência dessas relações é forte a ponto de ser muito difícil algum deles tomar outra posição. Portanto, mesmo com reclamações o preço continuaria o mesmo.
O exemplo usado foi simples, mas a lógica é válida para várias situações de nossa vida, basta analisar do que dependemos e quem depende de nós para entender algumas relações capitalistas. Vejamos o trabalhador assalariado. Ele é como o funcionário do estacionamento, mesmo estando ruim a situação, precisa disso para alimentar a família. Outros parecem mais como usuários, afinal todos temos nosso "estacionamento", isto é, algo que necessitamos mesmo sabendo que se o uso cessasse um pouco a situação iria melhorar, isto é, o preço iria baixar. É possível que ocupemos papéis diferentes em momentos diferentes. Poucos conseguem ser como o dono do estacionamento. Em um mundo capitalista ele pode e deve ser exceção, caso contrário o capital não se concentraria em ninguém, em outras palavras, não haveriam ricos nem pobres.
Essas relações existem como cerne do capitalismo, isto é, se elas se mantém como estão o sistema se mantem, mas se passam a existir de outra forma o mesmo ocorre ao sistema. Por fim, enquanto todos forem dependentes dessas relações, seja qual for, não há revolução que derrube o capitalismo.
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Escrito por: Rafael Pisani
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