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A primeira das cinco lições de Psicanálise de Freud

31 de Março de 2014, 20:26 , por Rafael Pisani Ribeiro - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Licenciado sob CC (by-nc-sa)

 

 

                      A primeira lição se trata de uma visão sintética da psicanálise e Freud explica ter sido Breuer seu pioneiro, aplicando seus métodos em uma jovem histérica. Afirma que não se deve ser necessariamente médico para compreender a psicanálise porque ela parte a um caminho absolutamente original. Sobre o caso de Breuer, Ana ó tinha 21 anos e perturbações físicas e psíquicas mais ou menos graves. Como paralisação do lado direito, alterações na visão, dificuldade de manter a cabeça erguida , tosse nervosa intensa, repugnância por alimentos e impossibilidade de tomar água apesar da necessidade biológica. Também apresentava dificuldade de executar a fala e sua compreensão, alem de confusão, delírio e alterações da personalidade.

Do ponto de vista biológico é fácil concluir se tratar de um caso sem cura por estar tudo em ordem em seus órgãos vitais. Quando tal caso ocorre em um indivíduo com grandes abalos emocionais os médicos o chamam de Histeria, ou seja, algo que pode simular um conjunto de graves perturbações e pensam ser possível o restabelecimento total sem mesmo considerar risco de vida. É difícil distinguir entre grave doença orgânica e histeria, mas não cabe ao caso como se faz isso e qualquer médico daria a Ana ó o diagnóstico de Histeria acrescentando que, quando adoeceu cuidava do pai próximo da morte e, por ter adoecido teve de abandoná-lo.

A partir desse ponto começa a separação da medicina já que, os médicos não sabem o que fazer perante lesões cerebrais orgânicas, muito menos frente à histeria. Assim, o médico dá menor importância ao histérico do que ao sofredor de doença orgânica devido ao fato de considerar um mal muito menos grave, além de ter pouco ou nenhum conhecimento sobre o histérico. Por isso vive privando-o de sua simpatia e considerando-o como transgressor das leis da ciência punindo-o com sua falta de interesse. Assim, no princípio Dr. Breuer não pretendia curá-la, mas lhe prestou auxilio.

Notou pensamentos estranhos aparentemente relacionados ao seu problema nos momentos de alteração de personalidade acompanhada de confusão. Os anotou e a colocou em hipnose para a ocorrência da associação das ideias, passando nesse momento a reproduzir as criações psíquicas fugitivas nos estados de alteração de consciência. Quando relatadas as fantasias a jovem logo melhorava, mas passado algum tempo apareciam os mesmos sintomas de outras formas. A própria paciente deu o nome do método de talking cure (cura de conversação) por só falar e compreender inglês.

Com essa “limpeza mental” viu-se ser possível conseguir mais que o afastamento passageiro das repetidas perturbações psíquicas. Isso ocorreu exatamente com o sintoma de não tomar água, onde lembrou de ter visto seu cãozinho bebendo água, e logo após estava bebendo água, desaparecendo definitivamente a perturbação. A natureza dos outros sintomas apresentados era a mesma segundo as pesquisas e conclusões de Breuer.

Eram determinados por cenas que se tornavam resíduos mentais e as cenas traumáticas que o causaram, sendo denominado trauma psíquico e, em alguns contextos para se firmar ocorriam análogos e repetidamente. Era difícil, senão impossível chegar ao evento original, mas vinha-se de frente para trás cronologicamente falando para encontrá-lo.  De forma geral, os sintomas patogênicos vinham do tempo em que se dedicava ao pai doente, inclusive a paralisia espástica do braço direito e com sua cura veio o fim do tratamento.

Quando Freud empregou esses mesmos métodos a seus pacientes percebeu ser de fato funcional e afirma com certeza na primeira lição que os histéricos sofrem de reminiscências, ou seja, resíduos e símbolos na memória de experiências traumáticas. Ele compara essas memórias aos símbolos da cidade de Londres, isto é, estatuas ou monumentos representantes do passado. Nenhum Londrino deveria viver deles ou para eles e negar tratar dos negócios ou a pressa exigida pelas modernas condições de trabalho, seria esse um sintoma de um neurótico, fixação da vida psíquica aos traumas patogênicos. Essas lembranças podem durar muito ou pouco tempo, e esse teria sido o caso da paciente de Breuer caso não tivesse sido tratada rapidamente. No entanto, dois aspectos tratados pelo Dr Breuer são importantes: subjugação de emoção e os estados de consciência.

No primeiro uma emoção foi reprimida no evento traumático e por essa razão fica procurando vazão de formas variadas, a qual podem se configurar como uma neurose, chamado esse mecanismo de conversão histérica, isto é, a expressão mais intensa dessas emoções por uma nova via. Nesse sentido a hipnose perde seu valor por retirar da lembrança do fato a liberação dessa emoção. No segundo, através da hipnose Breuer teve os primeiros acessos aos conteúdos escondidos que nada sabiam um do outro e se alternavam para aparecer na consciência.

Ele chamou esses estados mentais de hipnóides e as excitações durante esse estado se tornam patogênicas porque não possuem formas de descarga normal. Ou seja, o sintoma mostra uma lacuna na memória onde o sintoma preenche o espaço. Freud afirma que a teoria dos hipnóides de Breuer tornou-se embaraçante e supérflua, sendo abandonada pela psicanálise moderna, mas foi um início para o aprofundamento da psicanálise, afinal teorias completas só podem ser frutos de especulação e não de pesquisa imparcial desprevenida da realidade.

 Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

 Escrito por: Rafael Pisani

 Referencias bibliográficas

 Disponível em: http://www.cefetsp.br/edu/eso/filosofia/cincolicoespsicanalise.html . Sigmundo Freud / http://www.cefetsp.br  . Data de acesso: 29 de setembro de 2013

 


Tags deste artigo: psicanálise

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