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Análise de filme: A onda

12 de Abril de 2014, 12:01 , por Rafael Pisani Ribeiro - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Licenciado sob CC (by-nc-sa)

 

Sem ficar muito atento aos detalhes do filme o enredo é o seguinte: (link para assistir ao filme http://megafilmeshd.net/a-onda/  abaixo o filme será descrito, portanto é aconselhável vê-lo antes.) Em uma escola existem cursos fora do currículo de temas específicos a cada ano. No ano em que se passa o filme existem dois temas: autocracia e anarquia. O professor designado a dar anarquia tem que trocar com a turma de autocracia. No início da primeira aula de autocracia ocorre um debate interno entre os alunos sobre se era possível fazer outra ditadura no país, isto é, Alemanha. Isso dá ao professor a ideia de um experimento onde uma autocracia é instalada naquela turma e o professor é escolhido como líder e a história trata desse experimento e seus efeitos.

O experimento vai do início ao fim com regras que visam o controle e uniformidade no grupo, isto é, só fala um de cada vez e para falar tem que se levantar, uso obrigatório de frases curtas e objetivas, exercícios de marcha, uso de uniformes, cumprimento uniforme e um nome para o grupo, e este foi escolhido: “A onda”. A turma de forma geral aceitou imediata e totalmente o grupo, mas cada um a sua forma e intensidade, e alguns não aceitaram. Um dos membros não aceitou inicialmente, mas por pressão social aderiu. Outro tomou o grupo como objetivo de vida a ponto de tirar a sua própria.

Quando o grupo chega em seu declínio, outro participante apesar da pressão social percebeu o perigo do grupo e luta contra ele, mesmo perdendo seus antigos amigos. Enquanto outro trai o grupo  quando percebe a grandeza de seus malefícios. Ao fim os jovens levam “A onda” pela internet e seu símbolo por toda a cidade, fazendo dela seu território de domínio na qual para adentrar a escola, tem de seguir suas regras. O professor que tem sua sede de poder saciada continuamente só percebe em uma hora trágica até onde o experimento foi. Quando decide dar fim a ele, mostra como é possível outra revolução na Alemanha. 

Existem elementos óbvios de identidade, representações sociais e ideologias dos sujeitos presentes no grupo, tudo isso como parte de uma estrutura social.  Os sujeitos presentes no grupo viram de alguma forma uma “identidade” algo que os definia, unia e identificava e por isso tanta adesão, além do fato de serem adolescentes. Havia também várias representações sociais micro e uma macro. Micro se refere à função de cada um no grupo e a significação que o sujeito dá para si no grupo, variando a cada sujeito. Macro a representação de fazer parte de “A onda”. Enfim, o filme trata da necessidade de poder e identidade no sujeito, as várias representações sociais dentro de um grupo, mas principalmente de poder e ideologia.

Existe o quadrante ideológico, isto é, ideologia positiva material e dinâmica e ideologia negativa concreta e prática. A positiva se refere a explicações de mundo de forma geral e a negativa como críticas de mundo de alguma forma. O grupo “A onda” defende uma ideologia positiva e o filme trata da maneira como ocorrem as tentativas de imposição sobre as pessoas e o perigo de uma ideia absoluta.

Baseando-se em Michel Foulcault é possível perceber uma forma mais discreta de imposição social, e o meio social reproduzindo à seus menores sistemas os costumes/regras da sociedade, mantendo assim a sociedade como é. Isso pode ser chamado de violência estrutural, isto é, repressão e punição como forma de reproduzir a sociedade. Cada sujeito, grupo, sociedade e cultura tem diferentes ideias e nada há de errado inicialmente com elas, exceto quando estão de encontro com uma diferente e a única solução encontrada é:

Essa idéia é absoluta, mesmo que enquanto apoiada em certos argumentos é cega a erros e por isso não há o porque de outros não a aderirem. De níveis familiares a níveis caóticos a ponto de gerar guerras parece impossível dois pontos de vista diferentes gerarem um novo, a nível de que a existência de um significa o fim de outro. A partir disso o filme mostra ser possível produzir uma nova ditadura trazendo a seguinte pergunta: até quando vamos reproduzir essa estrutura em nossa família e países?

 Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

 Escrito por: Rafael Pisani

Referencias bibliográficas:

 Vigiar e punir:nascimento da prisão; tradução de Raquel Ramalhete. 38.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

 

 


Tags deste artigo: análises de filme- sociológicos

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