Introdução
O filme aborda aspectos da vida do deficiente quanto ao seu interior e a visão da sociedade sobre ele. Incluindo nisso os preconceitos, a dependência do outro, o ato sexual como forma de terapia, a influência da religião na vida das pessoas e o pensamento religioso com suas limitações. São aspectos que vão se transparecendo aos poucos em cada cena com grande riqueza de detalhes. Mostrando como é deturpada a visão sobre a sexualidade dos deficientes. Também fala sobre o limite do “amor” dos pais a seus filhos, trazendo também uma questão política, afinal o pólio já é uma doença rara. O filme conta a história de Mark, um homem que vive em um pulmão de ferro por ter póliomielite, doença a qual pegou aos 6 anos. “(link para assistir ao filme http://www.assistirfilmes3d.com.br/2013/02/filme-as-sessoes-legendado.html abaixo o filme será descrito, portanto é aconselhável vê-lo antes.)[1]
Desenvolvimento do filme
Sua rotina é ficar no pulmão de ferro durante 20 horas, podendo sair por 4 horas junto a um respirador. O círculo social inicial de Mark são o padre e sua cuidadora. Na realidade, a única pessoa a de fato conversar com ele, e vê-lo além do pólio é o Padre Brendan. A visão predominante da vida de Mark era de lado ao ver sua janela de dentro do pulmão de ferro, além de ser poeta. Aos poucos, em suas sessões para confessar os dois vão ficando mais íntimos e vão criando uma relação pessoal.
Em uma das conversas Mark diz a ele que quer mostrar a sua cuidadora que ele não depende mais dela que ela dele, e por isso ele a despede. A outra contratada é uma moça jovem e bonita, a qual dava muito carinho a ele e o fez se apaixonar por ela, no entanto quando ele declara isso ela prontamente o abandona e o fato dele declarar seu amor para ela lhe causou sentimento de culpa religioso. Por fim contrata uma terceira cuidadora a qual consegue ficar com ele até o fim de sua vida, junto a um outro aonde cada um cuida de Mark O´Brien em turnos diferentes.
Chega uma hora em que um dilema moral aparece- Mark quer fazer sexo. Ele tem 38 anos e nunca chegou perto, mas antes mesmo de correr atrás do ato tem de enfrentar seu pudor religioso e isso afeta o padre Bendran. Ele é colocado diante de um dilema entre seguir o que sua formação afirma, isto é, sexo só para reprodução e ver a necessidade de um homem deficiente, acima de tudo um ser humano. O padre decide ajudá-lo a fazer sexo e por fim aprova seu ato, quando então Mark vai procurar um médico que o indica uma “terapeuta sexual”, mas ainda resta muito sentimento de culpa.
Para tentar compreender um pouco a sexualidade em deficientes, Mark decide fazer um artigo sobre o tema e nesse sentido conhece vários deficientes com uma vida sexual normal. Quando Mark leva isso ao padre ele questiona qual a diferença entre uma “terapeuta sexual” e uma prostituta, e a resposta vem quando a primeira sessão é iniciada. Cheryl Cohen, a terapeuta explica por telefone que faria exercícios de consciência corporal, e isso deixa Mark um pouco nervoso. Na primeira sessão ela explica ser diferente de uma prostituta porque a primeira sempre quer que o cliente volte, ela quer fazê-lo ter consciência da própria sexualidade. A partir daí a religião começa a mostrar seu papel ambíguo.
Ao mesmo tempo em que Mark sustentou toda sua vida com crenças, agora a religião se mostra como algo limitador fazendo-o se culpar todo o tempo por algo natural, a sexualidade, e no fim no fator sexual talvez a religião tenha sido um maior aprisionador que a própria doença. Na primeira sessão Cheryl tenta descobrir os pontos sensíveis em seu corpo e ele fica maravilhado por pela primeira vez na vida estar nu ao lado de uma mulher. Durante as sessões os fantasmas de Mark vão aparecendo, como o fato de se culpar desde os 6 anos por ter pego poliomielite e de seus pais terem largado a própria vida para dá-lo uma.
No fim os dois alcançam o objetivo final da terapia, a penetração total, sendo Cheryl a responsável por libertá-lo de seus fantasmas. Incrível é que esse caso foi o primeiro a fazê-la se envolver na vida pessoal afetando inclusive sua família. Ao fim do filme Mark e Brendan se tornam mais amigos que padre e fiel e Cheryl se sente emocionalmente marcada por ele, inclusive indo a seu funeral.
Conclusão
Percebe-se grande ênfase na sexualidade dos deficientes, sendo o resto detalhes importantes, mas ainda assim detalhes. O filme explora o conflito sexualidade, religião e preconceito relativo aos deficientes. Sabe-se atualmente que a poliomielite ou paralisia infantil é uma doença rara, afinal foi erradicada das Américas em 1994, região ocidental do pacifico em 2000 e na Europa em 2002, persistindo focos na África e sudeste Asiático segundo a OMG (Organização Mundial de Saúde).[2]
Ainda assim, o filme poderia tratar de outras deficiências e o tema poderia ser o mesmo. O preconceito nesse sentido é relativo a suposta falta ou excesso de sexualidade e/ou atraência de quem possui deficiência, dificultando o prazer no sexo e reprodução- entre outros.[3] É quase absurdo pensar isso só porque o sujeito nasceu ou se tornou deficiente em algum momento da vida.
Há uma possibilidade de ocorrer uma perda no ato sexual em si, mas o sujeito perder a sexualidade é algo que não ocorre, pois ela vai além do ato sexual. No entanto, vários são os fatores que podem fazer o sujeito “perder” ou exceder a própria sexualidade, e a deficiência, não por si só, e sim junto as relações é só um dos elementos capazes de fazer isso. O mesmo pode ocorrer com um emprego, vestimenta, classe ou casta, família etc... enfim. Não é por ter se tornado ou nascido deficiente que o sujeito vai ter a sexualidade alterada, apenas será diferente das pessoas ditas normais.
Pelo preconceito em vista da comparação com pessoas normais o sujeito acaba se tornando não atraente, mas não por perder seus atributos, e sim as pessoas deixam de enxergá-los. Tudo isso pode ter consequências no aproveitamento da pessoa quanto ao sexo, talvez por torná-lo aversivo e imoral. Agora quanto ao fator reprodução nada impede o sujeito para tal, a não ser que a deficiência se relacione a isso.
Um dos mitos existentes é o de que a síndrome de down aflora a sexualidade, e é parcialmente falso. Não é que seja aflorada, na verdade pessoas com essa síndrome tem a sexualidade como a de qualquer um, só não possuem a autocensura.[4] O filme mostra que devemos tratar o deficiente além da própria deficiência inclusive no fator sexualidade, afinal o que existe ali é uma sexualidade diferente, nem pior nem melhor. Por fim vale deixar a pergunta: quantos de nós, pessoas ditas normais tratam a sexualidade dos deficientes, e o próprio deficiente alem de sua deficiência ?
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Escrito por: Rafael Pisani
Referencias bibliográficas:
Isabela Benseñor. "HowStuffWorks - Como funciona a poliomielite". Publicado em 30 de julho de 2008 (atualizado em 04 de agosto de 2008) http://saude.hsw.uol.com.br/poliomielite5.htm (24 de novembro de 2013)
Disponível em: http://saudedown.blogspot.com.br/2009/11/entrevista-para-conhecermos-melhor-o.html
. Gorete / http://saudedown.blogspot.com.br . Data de acesso: 24 de novembro de 2013
Disponível em: http://www.bengalalegal.com/desfazendo-mitos
. Ana Cláudia Bortolozzi Maia e Paulo Rennes Marçal Ribeiro / www.bengalalegal.com . Data de acesso: 24 de novembro de 2013
[1] Esse trecho entre parenteses e o : no titulo foi uma atualização feita no dia da postagem as 21:57
[2] Fonte dos dados: http://saude.hsw.uol.com.br/poliomielite5.htm
[3] Fonte desde “Basicamente” até esse ponto: http://www.bengalalegal.com/desfazendo-mitos
[4] Fonte da sexualidade em Syndrome de Down: http://saudedown.blogspot.com.br/2009/1
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