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 Não ande na minha frente, talvez eu não queira segui-lo.

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Burgos Cãogrino

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

O muro do apartheid na Palestina ocupada pelos sionistas de Israel e o Relato de uma Brasileira voluntária nos Campos de Refugiados da Palestina

18 de Junho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Por Jacob David Blinder

O apartheid foi um dos regimes de discriminação mais cruéis de que se tem notícia no mundo. Ele vigorou na África do Sul de 1948 até 1990 e durante todo esse tempo esteve ligado à política do país. A antiga Constituição sul-africana incluía artigos onde era clara a discriminação racial entre os cidadãos, mesmo os negros sendo maioria na população.

O apartheid atingia a habitação, o emprego, a educação e os serviços públicos, pois os negros não podiam ser proprietários de terras, não tinham direito de participação na política e eram obrigados a viver em zonas residenciais separadas das dos brancos.. Mais recentemente surge um apartheid tão discriminatório quanto foi o existente na África do Sul – é o famigerado apartheid realizado pelos sionistas de Israel.

A Construção por parte de Israel do denominado Muro do Apartheid na Palestina ocupada (que está planejado para possuir 700 km de extensão) constitui uma grave violação dos Direitos Humanos e do Direito Internacional . O muro está construído dentro de um contexto de ocupação ilegal que Israel pratica na Cisjordânia e em Gaza desde 1967 e seu trajeto incorpora assentamentos sionistas ilegais e simultaneamente divide aldeias e pequenas cidades palestinas provocando um gigantesco apartheid na região, separando pais de filhos, alunos de escolas e pessoas que necessitam o apoio de médicos e hospitais.

Tudo isso acontece porque Israel não cumpre os acordos internacionais celebrados sob auspicio da ONU já que é protegido abertamente e vergonhosamente por Estados Unidos e alguns países da Europa Ocidental gerando assim a impunidade, a opressão e a colonização dos palestinos.

Quando é que terminará a criminosa limpeza étnica pratica pelos sionistas de Israel? Quando terminará as demolições/expropriações ilegais praticadas na Palestina ocupada? Até quando Israel afrontará a humanidade construindo humilhantes muros de Apartheid?

O vídeo abaixo mostra como está implantado o vergonhoso muro do Apartheid na Palestina ocupada por Israel.





Fonte: IrãNews

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 Coloco aqui partes de um post do Blog Papa Capim

12/03/2012 


Por Sandra Guimarães



 Meu trabalho no campo de refugiados


... quebrei uma promessa que fiz a mim mesma: manter o Papacapim apolítico e não misturar ocupação militar e comida pra evitar indigestão. Mas quem eu estava tentando enganar? Comer é um ato político. A maneira como me alimento e as receitas desse blog são motivada por razões políticas (e éticas). Faz quatro anos que sou ativista pelos direitos humanos e animais em tempo integral e política ocupa a minha mente na maior parte do meu tempo acordada (dormindo também). O conteúdo desse blog é fortemente influenciado pelas minhas opiniões e princípios, logo o Papacapim é fundamentalmente político. Por isso decidi mostrar hoje uma parte da minha vida que até então ficou de fora do blog. 
Escola da ONU dentro do campo de Aida e o muro de separação (construído por Israel) ao fundo.

Comecei a trabalhar nos campos de refugiados assim que cheguei na Palestina. Pra quem não sabe, esses campos foram criados pela ONU pra acolher os palestinos que tinham sido expulsos de suas terras durante a criação do estado de Israel, entre 1946 e 1948. São refugiados em seu próprio país, ou melhor, no que restou do seu país. Simplificando muito, é como se a população do Norte e Nordeste do Brasil tivesse sido expulsa por colonizadores e fosse obrigada hoje a se refugiar na outra metade do Brasil, pois suas terras viraram outro país e eles já não são mais benvindos por lá.
Campo de refugiados de Aida, em Belém.

No início os campos eram imensas aglomerações de barracas, sem luz nem água encanada. Todos, inclusive a ONU, achavam que aquela situação era provisória e que os palestinos voltariam pras suas cidades e vilarejos de origem em pouco tempo, afinal não era possível expulsar 700 mil pessoas de suas terras e ficar por isso mesmo. As barracas se transformaram em casas de alvenaria e 64 anos depois eles estão no mesmo lugar, esperando que a resolução 194 da ONU, que garante o direito dos refugiados ao retorno, seja executada. Hoje eles são 5 milhões (fonte relatório da ONU, 2010), o maior grupo de refugiados do mundo, e vivem em campos espalhados pela Cisjordânia e Faixa de Gaza (os territórios palestinos) e pelos países árabes vizinhos. Embora alguns refugiados tenham conseguido se instalar em cidades, a grande maioria ainda vive nos campos. (Mais informações sobre os refugiados palestinos no site da UNRWA – Agência da ONU de ajuda aos refugiados palestinos).
No campo os habitantes pintaram os vilarejos de onde vieram, exatamente como eles eram no dia em que foram expulsos, mais de 60 anos atrás. A população de Aida vem de cidades que ficavam nos arredores de Jerusalem e Hebron, alguns a poucos quilômetros do campo. Embora tão próximos, eles nunca puderam voltar lá.

Aqui em Belém tem três campos, Deheisha, Aida e Aza. Embora eu já tenha feito projetos em outros campos, hoje só trabalho em Aida, onde morei durante a maior parte do meu primeiro ano aqui.  A população desse campo é de 5 mil habitantes, espremidos em uma área de 710m² (sim, menos de 1km²). 60% da população tem menos de 15 anos e a taxa de desemprego é de quase 70%. A vida nos campos é extremamente difícil e o meu projeto tentar melhorar um pouco a situação econômica de algumas famílias, criando uma fonte de renda alternativa. Noor (que significa “luz” em Árabe) é um projeto independente criado por e para mulheres refugiadas que tem um filho deficiente. Por que somente mulheres que tem filhos deficientes? Porque depois de conversar com o diretor do campo, um bom amigo meu, ele explicou como a vida dessas mulheres era difícil, mais ainda do que as outras. Como o projeto é independente, todos trabalham de maneira voluntária (sem remuneração) e organizo aulas de culinária palestina pra patrocinar nossas atividades. Também organizo hospedagem no campo, na casa das famílias, pra estrangeiros que queiram fazer uma imersão total na cultura palestina e aprender Árabe.
O muro de separação construído por Israel, aqui bem longe da linha verde (a fronteira reconhecida pela comunidade internacional). O campo de oliveiras do outro lado do muro pertence à uma igreja de Belém, mas foi anexado ao território israelense e os habitantes de Aida, que costumavam fazer piqueniques e jogar bola entre as árvores, ficaram sem nenhum espaço verde.
O muro foi construído a poucos metros das casas. A construção começou em 2002 e continua até hoje. Quando terminado, o muro terá 760 km, o dobro da linha verde.

Criei esse projeto dois anos atrás com a ajuda de uma voluntária belga. Já faz um ano que ela voltou pra Bélgica, mais ainda nos ajuda muito e graças a ela quatro crianças do projeto vão à escola. No campo tem duas escolas da ONU, uma pra meninos e outra pra meninas, mas eles não aceitam crianças deficientes (por não terem capacidade de atender às suas necessidades). Em Belém e Beit Jala (a cidade colada à Belém) tem escolas pra crianças deficientes, mas são particulares e as famílias do projeto não têm condições de pagar a mensalidade (equivalente a 150 reais). Graças à minha amiga, um pequeno grupo de belgas (conhecidos dela) patrocina a educação dessas quatro crianças...  (Veja o post completo aqui)




Fonte: Blog Papa Capim



Ahmadinejad visita Bolívia, Brasil e Venezuela

18 de Junho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda





O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, iniciou na noite de segunda (18) uma viagem rumo à América Latina, na qual visita Bolívia, Brasil e Venezuela. Em La Paz, o líder se reuniria com o colega boliviano, Evo Morales. Em seguida, embarca nesta terça (19) para o Rio de Janeiro, onde participa da Rio+20. Ele solicitou uma audiência com presidenta Dilma Rousseff, mas o encontro não está confirmado. Por fim, se reunirá com o venezuelano, Hugo Chávez.

"Em primeiro lugar viajamos para Bolívia, país com o qual atualmente temos uma relação amistosa e que está crescendo rapidamente", disse o presidente iraniano antes de iniciar sua viagem, segundo a agência Isna.

Ahmadinejad destacou que sua visita à Bolívia responde à que Morales fez ao Irã em 2010, quando os países chegaram a "acordos muito valiosos", a fim de revisar a situação da cooperação bilateral e definir as estratégias de desenvolvimento de suas relações.

Na conversa com Morales, seria definida a parceria para a construção de quatro fábricas de produtos lácteos, além de um hospital e da diversificação no setor agrícola.

Ahmadinejad convidaria Morales para participar da Cúpula dos Países Não Alinhados, que ocorrerá em agosto em Teerã, capital iraniana. O movimento dos países não alinhados reúne mais de 100 países em desenvolvimento que pretendem construir um caminho próprio e independente em relação às nações desenvolvidas.

Após deixar a Bolívia, Ahmadinejad deverá participar ainda nesta terça da Rio+20, na qual, disse, será criada uma nova organização mundial para coordenar e organizar as relações comerciais e ambientais entre os países. "Segundo os estudos e as análises feitas, estão tentando que esta organização seja unilateral em detrimento dos povos e a favor do sistema capitalista", denunciou.

Ahmadinejad explicou que seu país estará representado na Rio+20 por uma delegação de 20 destacados especialistas, liderados pelo chefe da organização iraniana de proteção do meio ambiente.

"Acreditamos que o progresso deve basear-se no respeito à humanidade, à dignidade e aos valores divinos e humanos e durante nossa participação nesta conferência tentaremos que não se aprove nenhuma decisão em detrimento das nações e a favor do sistema capitalista", comentou o líder iraniano.

O presidente pediu uma audiência com Dilma Rousseff para tratar de uma agenda bilateral, mas o encontro ainda não foi confirmado pela Presidência da República do Brasil.

Ahmadinejad acrescentou que para concluir a viagem seguirá para Venezuela, onde se reunirá com Hugo Chávez, com o qual revisará "a estratégia para promover e desenvolver as relações e a colaboração".

"Teerã e Caracas atualmente têm uma relação amistosa, profunda e de irmandade", assegurou. Em janeiro, Ahmadinejad fez sua primeira viagem pela América Latina na qual, em cinco dias, visitou Venezuela, Nicarágua, Cuba e Equador, também a fim de fortalecer as relações bilaterais e desenvolver a cooperação política e econômica.



Fonte: Vermelho
Imagem: Google



Poderá Venezuela assumir a liderança no mercado petrolífero?

17 de Junho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Foto: EPA
A Venezuela se tornou líder mundial quanto às reservas de petróleo, tendo suplantado a Arábia Saudita, constata a Resenha Anual de Estatísticas do Mercado Energético Mundial, publicada pela petrolífera BP. Que ressonância terá este fato no panorama global do setor do petróleo? Até que ponto poderá afetar as posições ocupadas até hoje pelos maiores produtores, incluindo a Rússia?

A questão-chave no mercado de hidrocarbonetos reside nos lucros obtidos pelas companhias do setor e não na quantidade de reservas desta matéria-prima. A Venezuela é capaz de aumentar a extração mas não de forma radical, consideram peritos. O clima de investimentos não permite que o país demonstre resultados melhores e, por conseguinte, não pode exercer uma influência séria à escala global. A Arábia Saudita, que ficou atrás da Venezuela, tem vindo a incrementar as capacidades produtivas, ao contrário do país dirigido por Hugo Chavez. Mais do que isso, a Venezuela não dispõe de um programa de larga escala que preveja o aumento de produção de petróleo, afirma o perito russo Denis Borissov.

"O interesse manifestado em relação à Venezuela, apesar de elevado, continua a ser contido pela instabilidade geopolítica regional. Por isso, não se pode esperar, em breve, mudanças essenciais na produção desta matéria-prima. A longo prazo, se deve levar em linha de conta que uma parte considerável das reservas de petróleo venezuelano tem sido obtida, nos últimos cinco anos, à custa do petróleo pesado e mais complicado em termos geológicos, extraído na zona do rio
Orenoco. Por isso, nos próximos anos não haverá alterações radicais nessa área, o que quer dizer que a Rússia e a Arábia Saudita manterão as posições de liderança."

Enquanto isso, os peritos supõem que a correlação de forças no mercado de petróleo possa sofrer mudanças em caso do retorno do Iraque, ou seja, se este último voltar a entrar no mercado petrolífero. Claro que então muita coisa dependerá da situação política no país. Mesmo assim, os atores-chave, entre os quais a Rússia, não devem ter motivos de receio, diz o analista russo em matéria, Grigori Brig.

"As avaliações efetuadas pela BP indicam que, em princípio, a Rússia não possui as maiores reservas de petróleo. Isto se deve à existência de grandes reservas não prospetadas. 
Por exemplo, 700 mil milhões de barris do equivalente petrolífero se localizam na plataforma do Ártico, no Extremo Oriente e no sul da Rússia. A prospeção naquelas regiões se encontra em fase embrionária, havendo, sem dúvida, enormes potencialidades para aumentar a extração e aproveitar ao máximo as reservas existentes."

Entrementes, as reservas globais de petróleo registraram, no ano passado, um aumento de 1,9%, sendo a liderança mantida pelo Oriente Médio (48%), o que equivale a 795 bilhões de barris.

No que concerne à questão fundamental, que preocupa todos sem olhar para as posições ocupadas hoje em dia pela Venezuela, Rússia ou Arábia Saudita, - haverá ou não uma brusca quebra dos preços de petróleo – os peritos apontam ser pouco provável tal hipótese. Nesta fase, os preços se situam abaixo do patamar admissível para os membros da OPEP, constituindo 100 dólares por barril.




Fonte: Defesa Net



Cacique de cocar, terno e iPhone comercializa carbono

16 de Junho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Se o “esforço” da ONU e do IPCC é tão bom para a humanidade porquê os Estados Unidos e a China não assinaram o Protocolo de Kyoto para a redução das emissões dos gases de efeito estufa?
Para que serve os créditos de carbono, se os países do primeiro mundo vão continuar poluindo em detrimento dos países emergentes? E estes sem poderem competir, ficarão verdes e pobres?
E não podemos esquecer da outra fraude que é a compra de créditos de carbono em dólar (papel pintado), isto é, entregamos o nosso desenvolvimento a troco de nada.
E as ONGs ambientalistas vão fazendo seu barulho na mídia comum, e vão muito bem obrigado, já que defendem a causa dos seus patrocinadores, as grandes  empresas poluidoras.
Menos mal que a Advocacia Geral da União a tempo deu parecer contrário quanto à legalidade dos tais contratos de venda de créditos de carbono entre empresas estrangeiras e os “inocentes índios”.
E agora vem o melhor, não é só os créditos de carbono que servem de cortina de fumaça, mas o que mais interessa são as riquezas minerais  que está no subsolo das “terras dos índios” e não podemos esquecer que essas terras “ainda”  fazem parte do Brasil. 


(Burgos Cãogrino)

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Cacique de cocar, terno e iPhone comercializa carbono

Almir está em dia com as novas mídias e viaja o Brasil e o mundo dando visibilidade à causa indígena e à necessidade de preservar a floresta em pé. (Foto: Divulgação Metareilá/Povo Paiter-Surui)

Fabíola Ortiz
28 de Maio de 2012 

 
Almir Suruí é cacique do povo Suruí, que habita a terra indígena Sete de Setembro, de 248 mil hectares, uma região fronteiriça ao norte do município de Cacoal, no estado de Rondônia, que vai até o município de Aripuanã, em Mato Grosso. Ele anda com o corpo pintado de tinta de jenipapo, colares de sementes nativas e, quando fala em público, usa sempre o seu cocar de penas de arara e de pássaros de sua região. Esta é a imagem do figurino já conhecido de um indígena da Amazônia que cultua suas tradições. Mas quando vai à cidade, usa calça social e paletó, trajes que não escondem suas pinturas nem o impedem de revelar suas raízes. 

Nos seus compromissos urbanos, Almir carrega o laptop e o iPhone, ferramentas indispensáveis para estar conectado no século 21. O cacique está sempre online e antenado às discussões de desenvolvimento econômico, social e ambiental. Bem informado e munido da melhor tecnologia, ele viaja o Brasil e o mundo para dar visibilidade à causa indígena e à necessidade de preservar a floresta em pé. Seu grande trunfo é um projeto de créditos de carbono que pode gerar milhões de dólares para os Suruí.

Região fronteiriça ao norte do município de Cacoal, no estado de Rondônia, até o município de Aripuanã, em Mato Grosso. A reserva de 248 mil hectares é banhada pela bacia do rio Branco, afluente do rio Roosevelt e que se forma a partir da junção dos rios Sete de Setembro e Fortuninha. Os surui falam a língua do grupo Tupi e da família linguística Mondé. O primeiro contato com o homem branco foi em 1968.

A ideia é reinvestir os lucros da comercialização de créditos em projetos e práticas sustentáveis de conservação da floresta amazônica. Almir explica: “Nós pensamos na coletividade e como fazer isso acontecer. Em 2000, criamos um plano de 50 anos para o nosso povo e as práticas sustentáveis estão dentro do plano”, contou a ((o))eco durante um evento no Rio de Janeiro, promovido pela revista inglesa The Economist.

Os Suruí falam uma língua do grupo Tupi e da família linguística Mondé. O primeiro contato com o homem branco foi em 1968. O nome Suruí foi dado a esses indígenas por antropólogos, mas eles se autodenominam Paiter que significa ‘gente de verdade, nós mesmos’. Nas cerca de quatro décadas em que saíram do isolamento, os Paiter-Suruí viram sua população cair drasticamente de 5 mil para cerca de mil pessoas. Também mudaram de hábitos. O arco e a flecha, armas que garantem o sustento e o alimento do povo, estão abrindo espaço para celulares e gadgets eletrônicos.

As novas ferramentas lhes permitem ousadia na preservação da floresta onde moram. Em 2011, liderados por Almir, firmaram uma parceria inédita com o Google em que os índios tiram fotos e revelam ao mundo, através da internet, a devastação de suas terras. Parte do território Suruí já pode ser acessado em 3D no Google Earth. Eles criaram na rede um mapa cultural com a história e a tradição do povo, além de um mapa geográfico montado com a ajuda aparelhos de GPS.

Esses movimentos os antagonizaram aos madeireiros ilegais. Na luta contra o corte de madeira, Almir e outros membros da tribo recebem ameaças de morte desde 2003. Na semana que passou, elas se intensificaram e motivaram a “Carta do povo Paiter Suruí às autoridades públicas e à sociedade brasileira”, já apoiada por mais de 30 ONGs que atuam na defesa ao meio ambiente. Há uma semana, Almir Suruí contava com a proteção da Polícia Militar do estado de Rondônia, mas desde então essa segurança cessou.

Mapa do Google da tribo Suruí


Surui  encontra businessmen

No último dia 10 de maio, o cacique Almir foi um dos destaques do seminário “Brazil Innovation: A revolution for the 21st century” (Brasil Inovação: Uma revolução para o século 21), promovido pela The Economist, que reuniu executivos de diferentes setores empresariais para discutir novos modelos de negócios, inovação e empreendedorismo. O custo do evento de um dia foi salgado: mil reais.

O que faz um índio oriundo de terras na fronteira com a Bolívia ser convidado para falar a uma plateia selecionada de 250 executivos na capital fluminense? Em 2011, Almir Suruí foi escolhido como 53º homem entre os 100 homens mais criativos do mundo dos negócios pelo ranking da revista americana ‘Fast Company’.  Não foi o smartphone nem o terno que chamaram atenção, mas a sua visão inovadora de manter a floresta em pé através de projetos sustentáveis.

Almir já recebeu outras distinções de peso. Em 2008, foi premiado pela Sociedade Internacional de Direitos Humanos, que conta com 30 mil membros, em 26 países. Em 2000, essa mesma honraria foi concedida ao Dalai Lama.  Ele também é reconhecido internacionalmente por as denúncias à Organização dos Estados Americanos (OEA) de exploração ilegal de madeira nas suas terras indígenas e por defender os direitos e a integridade dos índios que vivem isolados, além de lutar contra a construção das hidrelétricas do rio Madeira. Em setembro de 2011, Almir Suruí discursou para chefes de Estado e de Governo dos 193 países-membros das Nações Unidas na sede da organização, em Nova York, durante a Assembleia Geral da ONU.

Aposta na venda de créditos de carbono

Índios suruis usam computadores e câmeras para registrar a realidade de seu povo e as práticas sustentáveis que realizam em suas aldeias. (Foto: Divulgação Metareilá/Povo Paiter-Surui)
Desde 2005, os Suruís replantaram 140 mil mudas de 17 espécies diferentes. Por ano, entre 25 a 30 mil árvores são reflorestadas. A iniciativa faz parte do projeto Carbono Suruí,  que utiliza formas de compensação de carbono como o desmatamento evitado e conservação por estoques de carbono. O projeto é enquadrado como REDD+ (Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal), além de sequestro de carbono a partir de ações de reflorestamento.

O principal parceiro na empreitada é o FUNBIO (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade). Um de seus coordenadores, Ângelo Augusto dos Santos, conta que trabalha em parceria com os Suruís para criar mecanismos financeiros e ferramentas que garantam renda aos cerca de 1.300 índios, espalhados em 25 aldeias. “Todos os anos, os Suruís têm uma ‘safra’ de carbono não desmatado que é oferecido ao mercado. Nos próximos 30 anos, a quantidade de carbono que deixarão de gerar por evitar o desmatamento será de 8 milhões de toneladas”. Considerando-se um preço conservador de 5 dólares para a tonelada de carbono, a estimativa é de que os índios arrecadarão pelo menos 40 milhões de dólares. O projeto Carbono Suruí está previsto para durar três décadas e conservar uma área de 12 mil hectares. “Há maneiras de comercializar esses créditos de carbono”, destacou Ângelo, como por exemplo, oferecê-los a empresas que querem neutralizar suas emissões “Isso é uma grande inovação”, enfatizou.

Único projeto de REDD validado no Brasil

O cacique Almir também é conselheiro da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB). Ele defende o REDD como uma alternativa econômica para viabilizar a conservação da floresta e da biodiversidade, assim como ser uma fonte de recursos para os habitantes da terra. Criado há três anos, o Carbono Suruí foi validado pelo Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) e pela Rainforest Alliance e, assim, se tornou o primeiro a cumprir um processo de validação independente para garantir o cumprimento de normas internacionais referentes aos cálculos de redução de emissões de acordo com os sistemas VCS (Verified Carbon Standard) e CCBA (Clima, Comunidade e Biodiversidade).

Suruís são reconhecidos internacionalmente por criar mecanismos financeiros de REDD e vender créditos de carbono. (Foto: Divulgação Metareilá/Povo Paiter-Surui)
Os recursos obtidos pela comercialização dos créditos de carbono serão revertidos para o Fundo de Gestão Paiter-Suruí, oficializado há cerca de duas semanas, que ajudará a desenvolver atividades que já são fonte de renda do grupo, como a produção de castanha e café. Por ano, são 10 mil toneladas de castanha e mais de 4 mil toneladas de café orgânico. “Nós ajudamos a criar ferramentas financeiras para que o dinheiro chegue a estas comunidades. O Fundo Paiter-Suruí vai arrecadar recursos de doações de bancos multilaterais ou empresas e do dinheiro da venda de carbono”, explicou Ângelo Santos.

O Fundo está na fase de captação de recursos. A meta é captar nos próximos três anos o mínimo de 6 milhões de dólares. “Queremos desenvolver em cima da necessidade do povo da região e começar a valorizar produtos florestais. Política econômica verde é ter um planejamento de uso sustentável”, afirmou Almir. Em um prazo de 6 anos, este fundo será completamente gerido pelos Suruís, que já estão recebendo qualificação para tocarem a vida financeira por si próprios.

Povo Suruí é reconhecido internacionalmente por criar mecanismos financeiros de REDD e vender créditos de carbono.
Índios Suruís se utilizam das novas tecnologias


Em 2011, o povo firmou uma parceria inédita com o Google em que os índios tiram fotos e revelam ao mundo através da internet
Índios Suruís fazem oficina com a representante da Google para realizar um mapeamento em 3D de suas terras.
Almir Suruí: Eleito pela revista americana "Fast Company" como um dos líderes mais criativos do mundo dos negócios, o índio receita a tecnologia para preservar as tradições

Trechos da entrevista de Almir Suruí dada a revista Época em 16/02/2012
 
ÉPOCA – O que seu povo está fazendo para explorar a floresta de forma responsável?
 Suruí – Quando preservamos a floresta em nossas terras indígenas, geramos créditos. Isso porque evitar o desmatamento reduz a emissão de carbono na atmosfera, a principal causa das mudanças climáticas. Faz parte do plano Carbono Suruí, a primeira iniciativa brasileira de REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) feita por índios. Estamos em processo de verificação pelo Imaflora, empresa de auditoria e certificação ambiental. Em breve, teremos a oportunidade de oferecer aos nossos clientes o produto do que conservamos hoje. Já evitamos jogar na atmosfera 360.000 toneladas de carbono entre 2009 e 2011. Também estamos trabalhando com reflorestamento. E num plano de negócios para vender produtos florestais, como castanha-do-brasil e copaíba. Tudo isso faz parte do nosso plano de 50 anos.

ÉPOCA – Vocês já ganharam dinheiro com esses créditos?
 Suruí – Ainda não. Queremos certificar primeiro para dar uma garantia isenta ao comprador. Estamos trabalhando baseados nas políticas públicas. Como nosso projeto é um dos primeiros do mundo, precisamos trabalhar com cautela para mostrar que é possível desenvolver respeitando a floresta.

ÉPOCA – O mercado de carbono não avançou nos últimos anos por causa da crise econômica e pela falta de um acordo que obrigue os países a reduzir suas emissões. Vocês estão desanimados?
 Suruí – Sim, às vezes ficamos frustrados. Mas ainda temos esperança. Até porque existem várias empresas procurando os suruís para comprar o projeto de carbono. Não posso dizer o nome das companhias, mas são cinco interessados entre empresas e governos. O que falta, no nosso entender, é incentivo político. Os países que vão para as negociações do acordo do clima estão lá defendendo interesses próprios. Eles não querem construir políticas públicas de responsabilidade, para melhorar o meio ambiente e a vida das pessoas.

ÉPOCA – É a segunda vez que o senhor ficou entre os 100 mais criativos da Fast Company, ao lado de nomes como o empresário Eike Batista. Por quê?
 Suruí – Sou péssimo para falar de mim mesmo. Só sei que não cheguei aqui sozinho, mas com o apoio da minha família, do meu povo. A gente ficou feliz em ter chegado entre os 100. Até porque nunca aconteceu na história do Brasil de um indígena conseguir uma homenagem assim. A revista Fast Company, acima de tudo, tem um pensamento econômico tradicional. No passado, ela nunca reconheceria esse tipo de ação. E isso é um avanço. Mais uma responsabilidade para a gente.

ÉPOCA – O que o senhor diria ao Eike Batista se o encontrasse?
 Suruí – Tenho muito orgulho de empresários que conseguem se tornar milionários. Eu só o cumprimentaria. Somos iguais como seres humanos. Não acho que ele seja superior a mim, nem eu a ele. Temos nossos potenciais diferentes. Eu me refiro do mesmo jeito a qualquer pessoa, com respeito. Independentemente de ser um milionário, empresário ou presidente da República. Mas, pensando bem, eu o chamaria para apoiar o desenvolvimento do meu Estado, Rondônia.
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Em janeiro de 2012

Visita da Sra. Adriana Hayes (USAID Washington) aos Suruí

No dia 24 de janeiro de 2012, a Sra. Adriana Hayes (Oficial de Programa da USAID Washington), na companhia da Sra. Magaly Pagotto (USAID Brasil), visitaram em Cacoal-RO a Coordenação Regional da FUNAI, chefiada pelo indígena Urariwé Suruí, a sede da Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí, no Distrito de Riozinho, e a aldeia Lapetanha, na TI Sete de Setembro.

O grupo se dirigiu para a sede da Metareilá no Riozinho, onde as oficiais da USAID foram apresentadas a toda a equipe técnica da associação e ouviram do Labiway Esaga Almir Suruí um breve relato sobre a história dos Surui, da associação Metareilá e dos projetos desenvolvidos pelo povo Suruí e suas associações, com especial destaque para o projeto Pamine (de reflorestamento), para as experiências do etnozoneamento e do plano de gestão, e para o projeto Carbono Suruí (de pagamento por serviços ambientais). Almir explicou o contexto dos Suruí e do seu território, o vínculo dos projetos tocados pelos Suruí com as políticas públicas e ao final presenteou a Sra. Adriana Hayes com um colar tradicional Suruí.

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Como começou a farsa do aquecimento global antropogênico:

Veja o texto retirado da página da ONU

A ONU está na vanguarda do esforço para salvar nosso planeta. Em 1992, a “Cúpula da Terra” criou a Conferência Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) como um primeiro passo no combate ao problema. Em 1998, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP) criaram o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para fornecer uma fonte objetiva de informação científica (Leia aqui). E o Protocolo de Kyoto da Convenção de 1997, que estabeleceu metas de redução de emissões para países industrializados, já ajudou a estabilizar e, em alguns casos, reduzir as emissões em vários países.

A ONU tem assumido a liderança no enfrentamento às mudanças climáticas. Em 2007, o Prêmio Nobel da Paz foi atribuído conjuntamente ao ex-Vice-Presidente dos Estados Unidos, Al Gore, e ao IPCC (estão sendo processados por 30.000 cientistas)“por seus esforços para construir e divulgar maior conhecimento sobre as mudanças climáticas causadas pelo homem e lançar as bases para as medidas que são necessárias para neutralizar tais mudanças.”

O Protocolo de Kyoto estabelece normas para determinados países industrializados. Essas metas expiram em 2012. Entretanto, as emissões de gases de efeito estufa em países desenvolvidos e em países em desenvolvimento vem aumentando rapidamente.

O Acordo de Copenhague foi acordado pelos Chefes de Estado, Chefes de Governo, Ministros e outros chefes de delegação na Conferência de Mudança Climática da ONU em Copenhague em dezembro de 2009.

No século XIX, começou a surgir a consciência de que o dióxido de carbono acumulado na atmosfera da Terra poderia criar um “efeito estufa” e aumentar a temperatura do planeta. Um processo perceptível nessa direção já tinha começado – um efeito colateral da era industrial era a produção de dióxido de carbono e outros “gases de efeito estufa”.

Em meados do século XX, tornou-se evidente que a ação humana influenciou um aumento significativo na produção desses gases e o processo de “aquecimento global” estava se acelerando. Hoje, quase todos os cientistas concordam que devemos parar e inverter este processo agora – ou enfrentar uma devastadora onda de catástrofes naturais que vai mudar a vida na Terra como a conhecemos.

Conferência sobre Mudança Climática em Cancun leva a acordos

Em dezembro de 2010, negociações sobre as mudanças climáticas em Cancúnforam concluídas com um celebrado pacote de decisões para ajudar o avanço dos países no sentido de um futuro com baixas emissões. Apelidadas de “Acordos de Cancún”, as decisões incluem formalizar compromissos de redução e assegurar maior responsabilização, bem como tomar medidas concretas para proteger as florestas do mundo.

O Acordo de Copenhague foi firmado pelos Chefes de Estado, Chefes de Governo, Ministros e outros chefes de delegação na Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU em Copenhague, em dezembro de 2009.
 
Muitas das provas já parecem claras para os leigos também. A maior parte dos anos mais quentes já registrados ocorreram nas últimas duas décadas. Na Europa, a onda de calor do verão de 2003 resultou em mais de 30 mil mortes. Na Índia, as temperaturas chegaram a 48,1 graus Celsius.

Quase dois anos depois, a ferocidade do furacão Katrina nos Estados Unidos foi atribuída, em grande parte, à elevada temperatura das águas no Golfo do México. E, em relação a terrenos em mutação, 160 quilômetros quadrados de território se separaram da Costa Antártica em 2008 – suas ligações à Antártida literalmente derreteram.

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Césare Battisti. Um terrorista?

16 de Junho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



“Boicotar minha imagem de escritor é uma maneira de me impedir de voltar à vida normal. É quase querer me empurrar a cometer o que eles venderam para o público: ‘esse cara é criminoso então vamos encorajar ele a cometer uma besteira’. Mas isso não vai acontecer”. Césare Battisti

Por Vanessa Silva

Em uma sexta-feira chuvosa, na zona sul de São Paulo, encontrei o ativista italiano Césare Battisti para realizarmos a entrevista agendada por e-mail alguns dias antes. O local escolhido foi uma lanchonete árabe: 10 da manhã. Mais ou menos pontualmente ele passou em frente ao local, mas não entrou. Engoli rapidamente os últimos pedaços da esfiha e esperei. Ele volta. Para. Olha para dentro por entre as mesas e sai novamente. Apresso-me a pagar o que consumi e saio. Avisto-o parado, na esquina, com ar perdido.

Não tive outra opção senão abordá-lo e me apresentar: “Césare, olá! Sou a Vanessa”. “Oi. Oi! Vamos lá!” Como que para justificar-se pela estranha reação, esclarece: “é que não fui eu que marquei, foi um amigo. Eu não conheço a região aqui”. Após trocarmos duas vezes de lugar, eu é que fiquei deslocada: também não conhecia a região. Por fim, achamos um restaurante apropriado e iniciamos a conversa.

“Não posso falar sobre política, nem sobre o meu processo na Itália. Isso já me rendeu muita complicação”, justificou-se. Feita a ressalva, iniciamos a entrevista.

O escritor

Battisti é escritor. Tem 20 obras publicadas, entre livros e histórias incluídas em coletâneas. A maior parte delas foi escrita em italiano, mas apenas quatro conseguiram circular em seu país natal. A maior receptividade aos seus escritos é observada na França, onde viveu 14 anos. Todos os seus livros foram traduzidos para o francês. Seus últimos três trabalhos foram publicados em português pela editora Martins Fontes: “Minha Fuga sem Fim”, “Ser Bambu” e o recém lançado “Ao pé do Muro”.

No prefácio de seu último livro, o professor titular da Unicamp e membro de Anistia Internacional, Carlos Alberto Lungarzo, esclarece que “a obra de Battisti é, também, uma luta contra o fetichismo. A nação é toda a Humanidade, e nenhuma pátria, mesmo ‘socialista’, pode substituí-la. Não existem anjos nem demônios, heróis nem bandidos, vítimas sagradas ou caçadores abençoados.

A repercussão do lançamento do seu livro no Brasil, no entanto, desagradou o italiano: “de repente, era como se tivessem concordado, ninguém [dos grandes jornais] apareceu. A gente sabia [que isso aconteceria] e por isso estamos fazendo um trabalho por canais alternativos, por uma imprensa mais militante e com apresentações em todos os Estados”.

Dois dias antes do lançamento, realizado na USP no dia 26 de abril, o jornal Folha de S. Paulo informou que o próprio autor havia cancelado o evento na Livraria da Vila. “Não é por acaso que é a Folha que faz isso. É um jornal cooptado pela Itália que me persegue há cinco anos, mentindo de maneira descarada, fazendo intoxicação, criando notícias falsas, como por exemplo, essa dizendo que a apresentação foi anulada em uma livraria onde nunca foi anunciada”.

Ainda assim o lançamento foi um sucesso: “estava cheio de gente, foi muito bom. [Tinha] estudantes, funcionários da USP, acadêmicos”.

“Ao Pé do Muro” foi lançado primeiramente na França, no dia 5 de março e “a Itália fez de tudo para boicotar este lançamento, de maneira histérica, querendo queimar livros”, conta Battisti.

O que ganha com o direito autoral a partir da venda dos livros no Brasil não é suficiente para que ele se mantenha, mas a divulgação de seus escritos tem outro objetivo: “não é através das vendas no Brasil que vou poder pagar meu aluguel. Mas é muito importante dar a conhecer a verdadeira cara de Césare Battisti. Que ele não é esse monstro que a mídia inventou, vendeu. Então é muito importante fazer esta turnê para combater esta imagem. Não é tanto pelas vendas do livro”.

E ressalta ainda que, “através disso [dos livros] eu vou poder desenvolver minhas ideias, minha maneira de pensar. [Lutar por] justiça e liberdade, pela igualdade e educação para todo mundo”.

Ativismo e militância na Itália

“Os anos 1970 foram um período de luta armada em quase todo o mundo. (...) Teve [luta armada] no Chile, Brasil, França, Itália, na Espanha, nos Estados Unidos com os Panteras Negras. Depois de 1968, se organizaram grupos no mundo inteiro, [até na] China”. Mas a Itália quer negar que existiu uma guerra, o que é “um absurdo porque nós temos [no país] dezenas de milhares de pessoas denunciadas, milhares presas. Ainda temos presos políticos na Itália. Hoje, 30, 40 anos depois ainda estão presos. Então, negar isso é um absurdo”.

De família comunista, Battisti entrou na militância ainda criança e aos 17 anos saiu de casa para participar de um grupo de jovens que vivia em uma “comunidade” de militantes não armados.

Ele classifica como o maior erro da sua vida ter entrado para o Proletários Armados Comunistas (PAC): “neste período, todo mundo achava que a via era a das armas. Claro que hoje eu acho que foi um erro, que tentar uma revolução armada em um país como a Itália é um absurdo. Acho que caímos em uma armadilha”.

Ele explica que a Itália tinha um forte movimento cultural “talvez o mais forte em quantidade e qualidade da Europa inteira depois da 2ª Guerra Mundial”. Então, para destruir esse movimento, os jovens foram “atraídos” para as armas, para o “enfrentamento direto com a polícia e com a repressão do Estado e claro que não tínhamos a menor possibilidade de ganhar deles. Foi uma armadilha”.

Tratava-se de uma “democracia de fachada. Na verdade, tínhamos a máfia no poder. Então acho que um jovem com 20 anos podia facilmente cair em uma armadilha dessas e recorrer à via das armas, ainda que eu ache que foi um erro político e estratégico”.

Proletários armados e a morte dos quatro

Battisti garante que não tem nenhum envolvimento nas mortes que foi acusado de ter cometido. Os fundamentos iniciais do Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) era de não matar. Mas a organização teve uma reviravolta quando, em junho de 1978, um grupo dentro dos PAC matou o guarda penitenciário Antonio Santoro. Neste momento, ele se decidiu definitivamente por sair, assim como boa parte dos fundadores da organização, conta.

“Esse homicídio foi executado quando eu ainda fazia parte dos PAC. Os outros três foram realizados quando eu já tinha saído. Isso não quer dizer que eu não fazia parte da luta armada, só que tinha saído desse agrupamento. Eu continuava em armas, mas em células de bairro, não nos PAC”.

“Eu assumo a responsabilidade política por esses anos todos coletivamente. Isso é história e a história não se julga nos tribunais”. Ele conta ainda que ninguém nunca o interrogou na Itália sobre esses crimes “nem um policial, nem um juiz, sobre esses assassinatos. Nada. Isso aconteceu depois. Depois da minha fuga da cadeia. Que foi uma fuga cinematográfica que a Itália não suportou uma coisa dessas. Então foi pura vingança”.

“Se queremos falar de vias jurídicas, de tribunais, então tem que respeitar também as leis. Eles não têm prova nenhuma de que eu participei disso. Nenhuma prova técnica. Pelo contrário. Têm provas de que eu não participei. As armas que foram usadas para matar essas pessoas foram encontradas com outras pessoas, que confessaram os crimes. É um absurdo! Tudo foi montado e fabricado de uma maneira imunda.

Por que então a perseguição?

O italiano de fala mansa não tem exatamente a imagem do que pensamos ser um terrorista. Tem semblante sereno, a barba feita, cabelo bem cortado. As lutas, perseguições, fugas e prisões, no entanto, deixaram sinais em seu semblante. Aos 57 anos, são visíveis as marcas da idade.

Mas, se é inocente como afirma, por que essa perseguição tão pessoal?, questiono. Battisti rebate prontamente elevando o até então tom calmo de sua fala: “essa é uma pergunta que eu faço aos jornalistas que me acusam publicamente. Por que eles mesmos não vão buscar a resposta para essas perguntas? (...) A grande imprensa que tem tantos recursos, deveria falar de ética profissional, colocar esta questão eles mesmos”.

Ele esclarece que o interesse por sua pessoa aflorou em 2002 quando passa a ter acesso à imprensa e a questionar o governo italiano. “Infelizmente eu virei uma personalidade pública, que tinha acesso à grande mídia e comecei a denunciar o que acontecia, o que tinha acontecido e ainda estava acontecendo na Itália. Por exemplo, eu queria saber onde estão os presos políticos, o que está acontecendo com eles. Essa foi a razão pela qual eu tive que fugir da França depois de 14 anos de asilo e vim para o Brasil. Se eu ficasse calado, se fosse qualquer um, que não tinha esse acesso à grande mídia para falar, denunciar essas coisas, estaria tudo bem, tranquilamente”.

Durante o tempo em que fui escritor, “que não vendia nada, ninguém se interessava por mim. Ninguém se ocupava de Césare Battisti. Eu estava a algumas centenas de quilômetros da Itália, estava em Paris. Por que nunca se ocuparam de mim? Por que começa isso em 2002? Porque é quando eu tenho acesso à grande mídia e começo a falar”.

Quando questionado sobre o porquê deste exato momento, ele esclarece: “porque teve um governo de direita na Itália, governo de direita na França... e eu fui vendido. Eu fui vendido em troca de um contrato. Isso saiu na imprensa. (...) A maior preocupação não era de que se estava vendendo a justiça, fazendo mercado com a Justiça”, mas se era conveniente para a Itália essa troca: “por que nós temos que aceitar o contrato com a França se podemos fazer nós mesmos? A preocupação do jornal [Corriere della Sera] não era que se estava vendendo a Justiça. Era a conveniência econômica, denuncia.

Battisti e o povo

“É mentira quando se fala que o povo italiano quer a minha cabeça. O povo italiano nem liga pra isso. Quem quer minha cabeça é a grande mídia e os políticos que estão no governo. O povo (...) tem outros problemas. A Itália está de joelhos, está em falência. (...) Sempre a máfia esteve no governo depois da guerra, mas nesses 16 anos eles tomaram todos os poderes. Desde a mídia, até o executivo. (...) Imagina então se o povo está preocupado comigo quando estão sendo fechadas milhares de empresas na Itália?”

No Brasil, em sua opinião, acontece a mesma coisa. “O povo não está contra mim nada. O povo brasileiro tem essa sabedoria [de saber] que a imprensa é poder e o povo brasileiro desconfia do poder, então nem liga. Eu nunca tive problema de relacionamento com as pessoas na rua”.

A receptividade é tamanha que “eu não consigo sequer pagar um café no lugar onde moro. Às vezes tenho até que passar longe porque sempre tenho que tomar uma cerveja, coisa e tal. (...) São muito receptivos. (...) Nunca tive problema de hostilidade. Tenho adversários políticos, claro. Sou honrado por ter adversários políticos, se [uma pessoa] não tem adversários políticos é porque não tem opinião.


Pior momento


Depois de 14 anos “deixar a França, minhas filhas, foi muito duro, muito difícil”, diz ao referir-se ao momento em que teve que fugir da França após o presidente Jacques Chirac ter concedido a extradição de Battisti à Itália em 2004. Neste momento, o italiano já era um escritor conhecido e a atitude de Chirac provocou reação da opinião pública francesa. Com a ajuda, supostamente, do serviço secreto francês, o ativista foge para o Brasil.

Ele conta, no entanto, que o pior momento desde que deixou a Itália foi o tempo decorrido entre a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro 2010, de não conceder sua extradição e a decisão final do Supremo Tribunal Federal (STF), em junho de 2011, que decidiu por sua libertação imediata:

“Quando o presidente Lula assinou a não extradição e eu fiquei um ano mais [preso] porque tinha uma vontade forte da direita daqui, (...) neste momento eu pensei que não tinha jeito. Se nem o presidente da República consegue fazer respeitar a Constituição, quem vai fazer respeitar? Então neste momento foi muito difícil para mim. (...) Quando se está sozinho em uma cela, tem momentos de desespero forte. Acho que este foi o momento mais duro, neste ano entre a assinatura de Lula e a última audiência do STF em que deliberaram a minha liberdade”.

“Ao Pé do Muro”

Battisti diz ter conhecido o Brasil por meio do relato dos presos com os quais conviveu durante o tempo em que esteve preso na carceragem federal de Brasília.

“Sem pieguice, o texto mostra a simpatia do autor pela humanidade daquelas pessoas empurradas a um mundo infernal onde, apesar de tudo, tentam manter sua dignidade. (...) Eles tratam o gringo com afeto, mas se apavoram com seus hábitos esquisitos: não gosta de baralho, novela ou futebol, usa caneta e óculos, e lê algo que não é a Bíblia. (...) Battisti se afina com a ingenuidade dos populares: eles não entendem como esse ‘gringo’ de olhar brincalhão e sorriso permanente, possa ser o Bin Laden italiano, o superterrorista difamado ad nausem (...). Seus colegas, que se consideram simples ‘bandidos’, não compreendem como um sujeito tão perigoso, que inspira tortuosas vinganças em tiras de três países, pode ser custodiado por apenas um policial”, escreve Lungarzo no prefácio do livro “Ao Pé do Muro”.

Battisti conta que o tema recorrente de sua “escrita é a identidade e as circunstâncias”, porque segundo ele, “ao contrário do que querem que a gente acredite, não é o homem que cria as circunstâncias, mas as circunstâncias que criam o homem. Você coloca a mesma pessoa em um bairro rico e em uma favela, essa pessoa não terá o mesmo destino. Não vai agir da mesma maneira. Então essas pessoas que estão presas são julgadas por alguns instantes da vida delas. Ninguém sabe de onde vêm o que são. Essas pessoas têm sentimentos, emoções, pensamentos e sonhos como qualquer um. Mas ninguém se pergunta isso aí. O tribunal não tem nem tempo, nem estrutura e tampouco se importa de saber quem são essas pessoas. E elas são seres humanos como qualquer um”.

No Brasil, Battisti foi colocado em contato com presos comuns e tratado como tal, não como preso político. Sobre a experiência, ele pontua que já ficou na “cadeia na Itália também, então eu sei o que quer dizer isso aí. Então eu não tive nenhuma dificuldade de lidar com esses presos. (...) Essas pessoas quando te falam, te falam de uma maneira... porque não têm nada mais a perder. E na cadeia, o cinismo, essa estrutura de defesa que precisamos na rua, lá não existe. Porque você está submetido a uma pressão tal que isso tudo aí não tem o menor sentido. Essa proteção que precisamos na rua não tem sentido nenhum, é outro tipo de proteção que se precisa lá. Então quando fala com alguém, fala de verdade. É por isso que eu aprendi a conhecer o Brasil sob a palavra dos presos.

Ele ainda ressalta que “a Europa deveria estar olhando muito mais para a alma da América Latina. A América Latina ainda tem um povo com alma, que não tem nada a ver com essa coisa de primeiro ou terceiro mundo! É outra coisa. Vai em outra direção. Tem outra maneira de pensar, de enxergar a vida. Então foi isso que aprendi nas prisões brasileiras e nas ruas estou constatando que é isso mesmo”.

Novos fronts

Sobre o espírito libertário do nosso tempo, Battisti considera que “tem gerações novas que estão surgindo, que estão lutando, querem lutar e enxergam as coisas de outro ângulo. Então é só a maneira de enxergar que mudou. Mas o espírito de luta para a conquista de liberdade, justiça e igualdade existe ainda. Só que hoje tem-se muito mais consciência sobre o fato de que não pode existir igualdade sem liberdade, que era uma coisa que nos nossos anos não estava muito claro”.

Hoje, Battisti faz oficinas de escrita pelo Brasil. Seu método é: “de um lado, onde tem dinheiro eu cobro, e devolvo [dá aula de graça] quando ninguém pode pagar. Na verdade, eu faço isso desde 1986, no México. Eu não preciso de muito dinheiro para viver. Não sou uma pessoa que vive no luxo. Preciso de poucas coisas. Não tenho e não quero carro. Então isso para mim é suficiente. Ter uma renda para ter uma vida digna. Nada mais”.




Fonte: Vermelho
Imagem: Google



Sarkozy: da cadeira presidencial para a cela

15 de Junho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda







Alexandra Dibizheva, Polina Tchernitsa





O ex-chefe de Estado de França, Nicolas Sarkozy, corre o risco de ser alvo de vários processos judiciais, podendo ser declarado culpado de receber muitos milhões de euros em subornos para contratos militares e de a sua campanha eleitoral ter sido financiada ilegalmente. Sarkozy pode ser condenado até 5 anos de prisão. 

O próprio Sarkozy nega todas as acusações e, entretanto, a sua imunidade presidencial expira hoje, dia 15 de junho.

Liliane Bettencourt
O principal processo que o ex-presidente terá de enfrentar será o financiamento ilegal da sua campanha eleitoral por Liliane Bettencourt. Alegadamente, em 2007, a herdeira do gigante cosmético L’Oréal e a mulher mais rica de França mandou transferir para a Suíça somas avultadas para fugir aos impostos, das quais parte, segundo a versão da acusação, ficaram nas contas bancárias da campanha de Sarkozy.

Outro processo é o chamado carachigate. Em meados dos anos 90, a França forneceu ao Paquistão submarinos Agosta e por isso, segundo a prática então em vigor, funcionários paquistaneses receberam comissões.


Nicolas Sarkozy e Edouard Balladur
A seguir, no entanto, aconteceu outro pagamento, este ilegal, segundo a acusação. Alegadamente, parte dessa contribuição foi para o financiamento da campanha eleitoral do então primeiro-ministro Edouard Balladur. A campanha era chefiada por Nicolas Sarkozy, que na altura ocupava o posto de ministro do Orçamento. Balladur perdeu para Chirac, que depois da chegada ao poder proibiu a prática de pagamento de comissões nos contratos militares. Depois disso, em Carachi, em uma explosão morreram 11 engenheiros franceses que trabalhavam na construção dos ditos submarinos. Assim, Sarkozy pode vir a ser acusado não só de participação em esquemas de corrupção, mas também de envolvimento na morte de 11 cidadãos franceses.

As probabilidades de isso ocorrer são bastante grandes, apesar de não haver quase indícios diretos contra Sarkozy, esclarece Iuri Rubinski, diretor do Centro de Estudos Franceses do Instituto da Europa da Academia das Ciências da Rússia:

"Tal como no primeiro caso, não há provas substanciais. Por enquanto, o ex-presidente é chamado a depôr como testemunha e não como acusado, mas se encontrarem alguma coisa, então haverá processo. O exemplo de Chirac, que foi condenado a dois anos, já diz muito. Um chefe de Estado está na mira da Justiça e, se depois de terminado o mandato, a sua imunidade termina, ele torna-se num cidadão comum. Quanto a Sarkozy, aqui não haverá lugar a vinganças ou a tentativas de impedir o seu regresso à vida política, eu acho que as acusações terão em vista apenas o esclarecimento dos fatos."

O exemplo de Chirac, que o tribunal reconheceu como culpado da prática de corrupção, não foi totalmente correto, na opinião de outros peritos. Ele acabou por ter a pena suspensa. A prática política em França demonstra que Sarkozy, provavelmente, conseguirá evitar os processos judiciais, na opinião de Kira Zueva, especialista senior do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais:

"A prática desse tipo de acusações resume-se principalmente à acusação. É pouco provável que Sarkozy seja condenado a uma pena de prisão, apesar da gravidade das acusações. Trata-se de um político bastante astuto que conseguirá de alguma maneira justificar-se nesta situação. Parece-me que o caso não irá para além de conversas e críticas."





Fonte: Voz da Rússia
Imagem: Google



História do grupo Mujahedin e Khalq (MEK) do Irã

15 de Junho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda




Owen Bennett-Jones, London Review of Books, vol. 34, n. 11, p. 10-12

http://www.lrb.co.uk/v34/n11/owen-bennett-jones/terrorists-us


Tradução: Vila Vudu


“Mas a verdade é outra. Os apoiadores norte-americanos dos MEKs creem que a organização ainda tenha potencial ‘de combate’, precisamente por sua longa história de violência e terrorismo. Por isso creem que esses terroristas sejam úteis para arrancar do poder os mulás iranianos. Por isso a secretária Clinton acabará por excluir os MEKs, da lista de organizações terroristas.”

Essa história dos ‘Mujahedin do Povo’ (Mujahedin e Khalq, MEK), também conhecidos como ‘Mujahedin do Irã’, é o relato de como gerenciamento competente e insistente de marketing & imagem pode fazer, de um inimigo mortal, um muito prezado aliado.

Os MEKs estão hoje em campanha massiva para serem excluídos da lista dos EUA de organizações terroristas. Tão logo sejam tirados da lista, estarão livres para usar o apoio que sempre deram aos EUA, e tornarem-se o grupo mais bem amado, mais favorecido e, sem dúvida, o que mais fundos receberá, dentre outros grupos da oposição iraniana.

Outro artifício, também usado para conseguir resultado bem semelhante a esse, foi o Congresso Nacional Iraquiano (CNIq) – grupo de lobby liderado por Ahmed Chalabi que falou de democracia e pavimentou o caminho para a invasão do Iraque, presenteando Washington com ‘provas’ altamente questionáveis da existência de inexistentes armas de destruição em massa e de laços entre Saddam Hussein e a al-Qaeda. Em seguida, quando George Bush levou os EUA à guerra, o CNIq e seus líderes só tiveram de descansar um pouco e preparar-se para governar.

Muitos em Washington acreditam que, para o bem ou para o mal, os EUA irão à guerra contra o Irã, e que os MEK terão papel a desempenhar. Mas, antes, eles terão de convencer Hillary Clinton a retirar o grupo de sua lista oficial de terroristas. Alguns funcionários de Clinton têm insistido para que ela deixe os MEK exatamente na lista onde estão; mas há cachorros grandes em Washington que exigem furiosamente que ela converta os MEK em organização oficialmente declarada não terrorista. Depois de exaustiva caminhada entre várias agências, o processo dos MEK está agora sobre a mesa de Clinton. Declarações recentes do Departamento de Estado indicam que a ‘desterrorificação’ dos militantes MEK já é agora bem provável.

Organizados nos anos 1960s como grupo islamista anti-imperialista, com tendências socialistas e dedicado à luta para derrubar o xá, os MEK originalmente defenderam não só a revolução islâmica, mas, também, muitos direitos para as mulheres – combinação que atraiu muitas simpatias nos campi das universidades iranianas. Conseguiram construir genuína base popular e tiveram papel destacado na derrubada do Xá em 1979. Tornaram-se tão populares, que o Aiatolá Khomeini sentiu que precisava destruí-los; ao longo dos anos 1980s, Khomeini fomentou julgamentos e execuções públicas de membros do grupo. Os MEK retaliaram, com atentados contra clérigos influentes no Irã.

Temendo pela vida, membros dos MEK fugiram, primeiro para Paris, depois para o Iraque, onde Saddam Hussein, desesperado para encontrar aliados para a guerra contra o Irã, ofereceu-lhes milhões de dólares, além de tanques, peças de artilharia e armas de vários tipos. Também deu-lhes terras. Camp Ashraf tornou-se lar dos MEK, uma fortaleza no deserto, 80 km ao norte de Bagdá, a uma hora de viagem por terra até a fronteira do Irã.

A partir dos anos 1970s, a retórica dos MEK mudou, de islamista para secular; de socialista para capitalista; de pró-revolução para anti-revolução.

E desde a queda de Saddam o grupo apresenta-se como pró-EUA, ‘da paz’, dedicado a promover a democracia e os direitos humanos. Mas essa incansável ‘reinvenção’ pode ser perigosa, e o novo governo iraquiano, favorável ao Irã, está sendo pressionado por Teerã para fechar definitivamente a fortaleza de Camp Ashraf, que cresceu ao longo das décadas e abriga hoje população equivalente à de qualquer das pequenas cidades da região. E não só o Irã. Muitos iraquianos também não veem com bons olhos os MEK, não só por terem-se aliado a Saddam Hussein, mas porque os MEK também participaram da violenta supressão de curdos e xiitas.

Forças de segurança do Iraque já, por duas vezes, atacaram Camp Ashraf, em 2009 e 2011, ataques que deixaram mais de 40 mortos. Vídeos de tanques blindados lançados contra moradores desarmados de Ashraf podem ser vistos em YouTube. Agora, o Iraque decidiu que Camp Ashraf tem de ser fechado; e os moradores, relutantemente, começaram a mudar-se para Camp Liberty, ex-base do exército dos EUA próxima do aeroporto de Bagdá, atualmente sob supervisão da ONU e protegida por forças da segurança iraquiana. O Alto Comissariado da ONU para Refugiados [orig. UNHCR] está cadastrando os residentes, com vistas a distribuí-los por outros países, como refugiados; mas poucos países deram sinais de interesse em receber pessoas que, do ponto de vista oficial dos EUA, são terroristas, e que, segundo outros, não passariam de fiéis adoradores de uma espécie de culto satânico.
Os MEK passaram a viver sob regras típicas de grupos de fanáticos religiosos – os fiéis foram separados das respectivas famílias e amigos; e toda a informação que chegava até eles era controlada – depois de 1989, ano em que o casal que lidera o movimento, Massoud e Maryam Rajavi, lançou a Operação Luz Eterna [orig. Operation Eternal Light]. Depois que Saddan fracassou no golpe para ‘mudar o regime’ no Irã, a Operação Luz Eterna foi a alavanca escolhida para, afinal, levar o grupo a controlar o país. O sucesso, disse Rajavi aos seus guerreiros-fiéis, era garantido, porque o povo iraniano, civis e militares, desertaria em massa e seguiria os MEK na marcha sobre Teerã. Seria fácil, disse ele. Mas, à parte ninguém ter desertado, as forças iranianas resistiram ferozmente e contra-atacaram. Morreram mais de mil seguidores dos MEK de Massoud e Maryam Rajavi, e muitos outros foram feridos. Os MEK perderam cerca de 1/3 de seus quadros.

Rajavi tinha de encontrar alguma explicação para a derrota. A ideia ortodoxa que lhe ocorreu foi dizer aos seus seguidores, que haviam perdido a guerra porque se deixaram distrair por amor&sexo. Ordenou que os seguidores se divorciassem, abraçassem o celibato e passassem a viver numa habitação comunitária, só de homens, como soldados de exércitos regulares. Tomados de ideias de autossacrifício e martírio, os combatentes MEK obedeceram. (Até hoje a regra do celibato é tão rígida que há turnos no posto de combustível de Camp Ashraf, para que mulheres e homens abasteçam os carros sem se encontrarem.) Os combatentes MEK foram treinados para transferir a paixão pelas antigas esposas, para os líderes. Conscientes de que a frustração sexual já gerava novas dificuldades, os Rajavis passaram a organizar reuniões nas quais os MEK deveriam confessar, em público, suas fantasias sexuais. E os que confessavam eram espancados por outros fiéis. Não se estimulavam nem amizades, nem filhos em Camp Ashraf.

A partir de meados dos anos 1980s, sob alegação de que a segurança ali seria precária, os líderes ordenaram que várias crianças que viviam em Camp Ashraf fossem entregues para adoção a famílias pró-MEK na Europa e no Canadá. Alguns pais passaram mais de 20 anos sem ver os filhos.

Essas práticas, e as frequentes sessões de doutrinação, além do bloqueio total de qualquer informação vinda do mundo exterior (os MEK são proibidos também de usar telefones), ajudaram a firmar o controle sobre os membros. Mas os MEK que viviam fora do Iraque também manifestaram extraordinária devoção à causa. Em 2003, quando autoridades francesas prenderam Maryam Rajavi e a acusaram de terrorismo (adiante, ela foi libertada), 10 militantes dos MEK, em diferentes pontos do mundo, puseram fogo ao corpo, em sinal de protesto: dois deles morreram.

O grupo MEK nega, evidentemente, que tenha organização de culto religioso. Mas vários observadores externos – militares norte-americanos de alto escalão, agentes do FBI, jornalistas e a Rand Corporation (financiada pelo Pentágono) – que estiveram em Camp Ashraf insistem em repetir que, sim, são organizados como seita. Um alto funcionário do Departamento de Estado (hoje aposentado), que foi enviado ao Iraque para entrevistar milhares de membros dos MEK, concluiu que, sim, se tratava de seita e culto religiosos; que a fortaleza de Camp Ashraf, praticamente uma cidade, mas não qual não se via uma única criança, era “completa tragédia, em termos humanos”; que os membros eram “mal atendidos e mal dirigidos” pelos líderes; e que muitos haviam sido subornados ou, no geral, “enganados”, para que se unissem ao grupo.

Os MEK usavam vários métodos de recrutamento. A elite do grupo reuniu-se no Irã, antes da revolução popular islâmica. Outros eram prisioneiros iranianos, capturados durante a guerra Irã-Iraque. A esses, Saddam ofereceu uma barganha: se se alistassem no grupo dos MEK, poderiam trocar os campos de prisioneiros de guerra e mudar-se para o complexo de Camp Ashraf, muito mais confortável. Outros membros foram recrutados em campi de universidades dos EUA, com promessas de emprego, dinheiro, novos passaporte e a oportunidade de lutar contra os exércitos dos mulás. Outros, mais simplesmente, foram enganados.

A um ativista dos MEK que vivia no Irã e que estava em visita a Camp Ashraf contaram que sua mulher e filho haviam sido mortos; e que ele, se quisesse poderia ficar vivendo ali. Só depois de dez anos, afinal, o homem voltou a encontrar um telefone; ligou para o número de sua casa no Irã e, afinal, soube que estavam todos vivos. Outros ex-membros dos MEK contam que, na chegada ao Iraque, eram passados clandestinamente pelos controles de imigração, de modo que seus passaportes não registravam qualquer carimbo de entrada. Depois, quando decidiam deixar o país, eram informados que corriam o risco de ser presos por ter entrado ilegalmente no país.

Ouvi horas de depoimentos desse tipo, de ex-membros. O grupo insiste que todos os que contam essas histórias são agentes iranianos; que não separou famílias nem expulsou crianças. Mas as lágrimas de pais, mães, esposas e filhos me pareceram mais convincentes.

Mas, apesar de tudo isso, alguns oficiais militares norte-americanos que trabalharam em Camp Ashraf depois da invasão do Iraque saíram de lá convencidos de que os MEK poderiam ser aliados muito úteis.

O general David Phillips, policial-militar que serviu lá em 2004, argumenta que, se os MEK são organizados como culto e facção religiosa, o mesmo se pode(ria) dizer dos Marines dos EUA: os Marines e os MEK são obrigados a usar uniformes, obedecem ordens e seguem rituais que, para os não iniciados, parecem bizarros.

Esse tipo de simpatia pelos MEK e a avaliação positiva que se ouve de vários militares dos EUA são fáceis de explicar. Em 2003, foram informados de que os EUA encontrariam pesada resistência, de um exército de terroristas uniformizados e pesadamente armados, que combateriam a favor de Saddam e contra as forças dos EUA. Mas aconteceu que, entre o momento em que a informação foi recolhida e a chegada dos americanos, os líderes dos MEK rapidamente entenderam que não havia futuro para Saddam; e, numa pirueta política, trocaram de lado.

Quando os soldados dos EUA chegaram a Camp Ashraf, foram recebidos por anfitriões cordiais, que falavam inglês e logo manifestaram integral apoio à ‘causa’ dos EUA. Para muitos soldados dos EUA, Camp Ashraf tornou-se refúgio e abrigo, onde encontravam segurança, num país massivamente hostil.

Mas nada disso explica a popularidade de que gozam os MEK entre políticos em Londres, Bruxelas e Washington, hoje. Boa parte dessa popularidade é comprada. Cerca de três dúzias de ex-altos comandantes militares e políticos norte-americanos são conferencistas regulares nos eventos dos MEK e de amigos dos MEK: Rudy Giuliani; Howard Dean; o ex-conselheiro para segurança nacional do governo Obama, general James Jones; e o ex-senador Lee Hamilton. O pagamento, por dez minutos de fala, com pose para fotografias, está entre $20 mil e $40 mil dólares. O tema dessas ‘palestras’ pode ser qualquer um: muitos dos palestrantes sequer mencionam a sigla MEK.

Em meses recentes, o governo Obama sinalizou que poderá proibir a realização dessas ‘palestras’ e eventos. O Tesouro investiga denúncias de que os ‘palestrantes’ norte-americanos estariam recebendo dinheiro de organização terrorista ‘listada’. O que querem de fato saber, em outras palavras, é se os exilados iranianos que pagam o ‘soldo’ dos ‘palestrantes’ são membros dos MEK; os que fazem campanha a favor do grupo, sem receber pagamento, não serão afetados. A maioria dos apoiadores apóiam os MEK porque apoiariam qualquer coisa que ajude ou pareça ajudar a derrubar o governo em Teerã. Parecem não se dar conta de que a organização tem sido definida como culto de fanáticos e não tomam conhecimento do que dizem os ex-membros.

Grande número dos mais conhecidos lobbyistas pró-MEK dizem que aceitam fazer as tais ‘palestras’ porque outros intelectuais e políticos que também participam das atividades dos MEK são prova da respeitabilidade do grupo.

Mas os MEK também têm lobbyistas contratados em Washington, que se dedicam a escrever longas respostas às críticas. As 105 páginas do relatório da Rand Corporation sobre os MEK foram escritas por quatro desses lobbyistas, que trabalharam durante 15 meses nos EUA e no Iraque, para produzir a mais aprofundada análise que há, dos aspectos considerados ‘de culto’ do movimento. A resposta veio de um grupo dito “de Ação Executiva”, que se autodescreve como “uma CIA e Departamento de Defesa privados, disponíveis para cuidar dos seus mais complexos problemas e desafios mais difíceis’. O relatório da “Ação Executiva” levava o título de Courting Disaster: How a Biased, Inaccurate Rand Corporation Report Imperils Lives, Flouts International Law and Betrays Its Own Standards.[1] O autor que assina pela “Ação Executiva”, Neil Livingstone, hoje candidato dos Republicanos ao governo do estado de Montana, contou que fora contratado por um ‘cidadão norte-americano’ para avaliar a objetividade do Relatório Rand.

Concluiu que, dentre outros problemas, os autores do Relatório Rand eram demasiadamente inexperientes para tratar de tema tão complexo como os MEK. Até hoje, os que apoiam o trabalho publicado por Neil Livingston, publicado há três anos, desqualificam o relatório Rand como “serviço de alunos calouros”. A Rand diz que a crítica visa aos assistentes do autor principal, que foram apenas coadjuvantes e cujos nomes só foram incluídos como autores para oferecer-lhes algo para engordar-lhes os currículos. Todo esse lobby custa quantias astronômicas de dinheiro.

Parte do dinheiro é reunido pelos militantes encarregados de levantar fundos para os MEK, na Grã-Bretanha e em outros pontos, que trabalham de porta em porta. Funcionários dos EUA também creem que os MEK tenham à sua disposição os ganhos auferidos do (muito) dinheiro que receberam de Saddam Hussein e aplicaram bem.

Muitos dos que militam pró-MEK não respondem diretamente às acusações de que não passariam de grupo dedicado a cultos satânicos: os lobbyistas falam insistentemente da questão de os MEK serem excluídos da lista de grupos terroristas.

Em 1996, resolução da Assembleia Geral da ONU criou comissão encarregada de redigir versão inicial de uma Convenção sobre Terrorismo Internacional. Desde então, funcionários reúnem-se anualmente para discutir a questão. Mas, até o momento, ainda não encontraram definição do que seja “terrorismo” que satisfaça todos. Dois pontos parecem emperrar sempre.

Primeiro, a Organização da Conferência Islâmica insiste que movimentos de resistência contra forças de ocupação e que lutem em nome da libertação nacional – por exemplo, na Caxemira –, não podem ser considerados movimentos terroristas. Segundo, os governos temem que estejam, eles próprios, incluídos em toda e qualquer definição de terrorismo que apareça à discussão naquela comissão.

Assim, com cada um tentando construir definições de “terrorismo” que mais claramente excluam as próprias práticas, não parece haver qualquer resultado à vista, no plano internacional.

Evidentemente, decidir quais grupos são terroristas e quais não são é sempre ato político: o IRA nunca foi considerado grupo terrorista, nas listas norte-americanas; e Nelson Mandela, ainda em 2008, permanecia listado como terrorista aos olhos dos EUA.

O histórico de ataques terroristas organizados pelos MEK remonta aos anos 1970s, quando fizeram oposição ao Xá e lutaram contra os EUA que apoiavam o Xá. Para o Departamento de Estado, os MEK, em 1973, assassinaram um soldado do exército dos EUA que servia em Teerã; e, em 1975, assassinaram dois membros do US Military Assistance Advisory Group. Além de três executivos da Rockwell International e um da Texaco, também assassinados. A hostilidade dos MEK contra os EUA continuou depois da Revolução Popular Iraniana.

Dia 4/11/1979, estudantes iranianos ocuparam a Embaixada dos EUA em Teerã e sequestraram 52 diplomatas norte-americanos, que foram mantidos presos por 444 dias. Um dos diplomatas sequestrados contou que não estaria na embaixada naquele dia, se não tivesse sido atraído para lá por seus contatos com os MEK. Outro relatou que não tinha qualquer dúvida de que os MEK haviam apoiado o sequestro e, de fato, não defendiam qualquer negociação diplomática. Muito tempo depois de Khomeini ter decidido que era mais que hora de acertar aquela questão, os MEK ainda insistiam que seu apoio aos sequestros não passaria de boatos, uma farsa ardilosamente concebida; hoje já negam peremptoriamente qualquer participação. Sobre os assassinatos, dizem que, naquela época, seu principal líder era prisioneiro nas prisões do Xá; e que, com isso, uma facção marxista havia invadido a organização e assumido o comando. Essa facção, de fato, um grupo dissidente, teria sido responsável pelos ataques e assassinatos; e os ataques cessaram quando os líderes legítimos foram libertados e reassumiram o comando. São discussões que, em todos os casos, estão ultrapassadas. Os anos 1970s já vão longe. As organizações mudam.

É possível que os MEK tenham parado de assassinar norte-americanos, mas continuam comprometidos com a luta armada no Iraque e no Irã. Os esforços que empenharam a favor de Saddam Hussein contra os curdos e os xiitas nada são, se comparados às bombas, assassinatos e vastas ofensivas que organizaram e executaram dentro do Irã do final dos anos 1980s aos anos 1990s. A história de violência dos MEK está bem documentada, mas a organização insiste que a violência é coisa do passado.

Essa ideia tem recebido considerável estímulo nas cortes europeias. Em 2007, a Comissão de Apelação para Organizações Proscritas, um organismo britânico especializado oficial, declarou que os MEK teriam renunciado ao uso da força e acolheu recurso impetrado pelo grupo e contra decisão do Foreign Office britânico, que preferia manter o grupo na lista de organizações terroristas. Em 2009, a União Europeia tirou os MEK da lista europeia de organizações terroristas, amparada numa tecnicalidade que beira o absurdo: antes de qualquer outra ação, o grupo deveria ter sido formalmente informado dos motivos pelos quais seria listado como “organização terrorista”.

Para manter os MEK na lista dos EUA, Hillary Clinton terá de demonstrar que o grupo ainda tem capacidade para ou projeto de cometer atos terroristas. Os apoiadores dos MEK lembram que, no processo para convencer a corte britânica de que são grupo pacífico, em julho de 2004, todos os que vivem em Camp Ashraf assinaram documento no qual rejeitam o terrorismo e todos os tipos de violência. Há quem não tenha sido plenamente convencido.

Dado o que se viu acontecer em Guantánamo e na base aérea de Bagram, dizem eles, surpresa seria se alguém se recusasse a assinar o tal documento de renúncia ao terror. Em novembro de 2004, o FBI relatou atividades do grupo em Los Angeles; o relatório fala de telefonemas gravados, nos quais líderes dos MEK na França discutiam “específicos atos de terrorismo, inclusive bombas”. Segundo o FBI, a inteligência francesa e a política em Colônia também têm informações semelhantes e gravações. O relatório FBI-2004 foi divulgado há mais de um ano, mas praticamente todo o material no qual a secretária Clinton fundamentará sua decisão é sigiloso. Em 2010, a Corte de Apelação do Distrito de Columbia julgou acusação contra os MEK, e um dos três juízes, Karen LeCraft Henderson, observou que material sigiloso ao qual a corte teria tido acesso oferecia “apoio substancial” à acusação de que os MEK continuam engajados na prática de ações terroristas ou, no mínimo, que não desmontaram a infraestrutura terrorista básica, não perderam capacidade de ataque e têm planos para empreender novas ações terroristas. Matéria apresentada em fevereiro pelo canal NBC News citava funcionários não identificados do governo dos EUA, que teriam dito que os MEK seriam responsável pelo assassinato, em tempos recentes, de vários cientistas nucleares iranianos. Apesar de alguns apoiadores dos MEK já terem sugerido que essas ações não desmereciam os MEK, a própria organização negou qualquer envolvimento naqueles atentados.

O livro de Raymond Tanter aqui resenhado é parte da campanha de marketing-publicidade-Relações Públicas para mudança de imagem dos MEK – espécie de briefing dos que pregam que o grupo seja excluído da lista norte-americana de organizações terroristas. Tanter, que é apoiador ativo do grupo já há muito tempo, produziu um guia compacto, completo, com fotos e ilustrações em cores do grupo e transcrições de discursos feitos por defensores pagos para defender os MEK. O livro nada diz sobre ataques perpetrados nos anos 1970s ou a ajuda que o grupo deu a Saddam Hussein. Também ignora outros ataques no Irã, nos anos 1990s. Tanter crê que, nos termos da legislação nos EUA, só as leis aprovadas nos EUA nos últimos anos seriam aplicáveis à questão de excluir ou manter o grupo na lista de organizações terroristas; o que nos leva à questão de excluir ou não excluir o grupo, daquela lista; e só considera o período pós- 2001.

O autor diz que os MEK seriam a melhor esperança disponível para a chamada ‘terceira alternativa’: um modo pelo qual os EUA consigam provocar mudança de regime da Síria, sem ter de depender de sanções ou de guerra.

É onde mais claramente se vê o vício que há no argumento dos lobbyistas pro-MEKs: de um lado, dizem que os MEK teriam renunciado à violência, o que lhes daria condições para pleitear que o grupo seja excluído da lista de organizações terroristas. Mas, mesmo que tenham realmente desistido da violência, ainda assim não se entende por que os EUA se aliariam a eles.

Mas a verdade é outra. Os apoiadores norte-americanos dos MEKs creem que a organização ainda tenha potencial ‘de combate’, precisamente por sua longa história de violência e terrorismo. Por isso creem que esses terroristas sejam úteis para arrancar do poder os mulás iranianos. Por isso a secretária Clinton talvez exclua o grupo, da lista de organizações terroristas.

Os apoiadores dos MEKs dizem que ainda são rede poderosa no interior do Irã e que não perderam as bases populares. Os que se opõem ao grupo dizem que o regime usa os terroristas MEKs para divulgar teorias conspiracionais sobre ‘complôs’ armados fora do país. Dizem também que, ao apoiar o Iraque de Saddan, na guerra Irã-Iraque, os MEKs perderam a considerável base de apoio popular que chegaram a ter.

A secretária Clinton não poderá ignorar as considerações políticas. O lobby a favor dos MEKs insiste que seus ativistas correm risco de serem massacrados no Iraque. Se o Iraque decidir lançar novo ataque aos MEKs que vivem em Camp Ashraf, seja porque o grupo provoque demais, seja porque o grupo monte a encenação de algum ataque no qual surjam como vítimas indefesas, a resposta do lobby pró-MEKs será violenta.

Atualmente, a prioridade do Departamento de Defesa é garantir que os que ainda vivem em Camp Ashraf sejam transferidos em segurança para [o campo de refugiados] Liberty. Em fevereiro, Clinton disse que uma “transferência bem-sucedida teria peso decisivo em qualquer posição dos EUA sobre o status da organização terrorista estrangeira dos MEKs”. Em termos legais, nada significa e não faz qualquer sentido.

O que diz o acordo segundo o qual os MEKs aceitam deixar Camp Ashraf, sobre o grupo desejar ou ser capaz de organizar e executar atentados terroristas? Nada. O acordo não toca nesses temas.

De fato, as declarações da secretária Clinton revelam qual é o verdadeiro medo de Clinton e de seu departamento de Estado: temem que, deliberadamente ou como efeito de alguma provocação lançada pelos MEKs, os iraquianos ataquem os MEKs pela terceira vez, e que os EU sejam denunciados por ignorarem os sinais de alerta. Em maio, o Departamento de Estado avançou alguns passos, e chegou a dizer que já considerava a possibilidade de excluir os MEKs da lista de suspeitos de associação, desde que continue a evacuação de Ashraf.

A declaração de Clinton sugere que ela já decidiu tirar os MEKs da lista de grupos terroristas. Sinal de que o lobby pró MEKs nos EUA trabalhou bem. Mas há mais uma coisa que se deve ter em mente.

Como disse recentemente um experiente observador em Washington: “Hillary Clinton é homem-político. Nesse momento, muitos de seus parceiros e associados estão ganhando bom dinheiro com a ajuda dos MEKs e eles absolutamente não apreciariam perder essa galinha de ovos de ouro, o que fatalmente acontecerá se o grupo continuar listado como organização terrorista.” Se, porém, os MEKs forem excluídos da lista de organizações terroristas – como, antes, aconteceu ao INC [Congresso Nacional Iraquiano (CNIq)] de Chalabi –, os MEKs passam a poder receber ‘incentivos’ pagos pelo Congresso dos EUA, e os Rajavis serão automaticamente convertidos a candidatos prováveis à presidência, depois da ‘mudança de regime’ no Irã, com que sonham os EUA.

Há dez anos, Donald Rumsfeld e os neocons estavam de tal modo irmanados com Ahmed Chalabi, do Congresso Nacional Iraquiano (CNIq), que lhe forneceu um helicóptero para que Chalabi e um punhado de apoiadores viajassem até Nasiriya, de modo a aparecerem nas fotografias oficiais da ‘libertação do Iraque’. Mas bastou o helicóptero pousar, para que o mundo soubesse que ninguém, no Iraque, algum dia ouvira falar de Chalabi. E Chalabi foi derrotado nas eleições por outro ex-exilado, Nouri al-Maliki; e teve de contentar-se com o ministério do Petróleo. Até hoje, Al-Maliki lá continua, no Iraque, como sempre foi, dedicado apoiador do governo do Irã. Nada mais distante dos objetivos do golpe dos EUA no Iraque, tão longamente planejado.

Mas os lobbyistas incansáveis que operam em Washington a favor de outros grupos terroristas amigos dos EUA, preferem o lado alegre das histórias. Chalabi, eles concedem, jamais fora o que se supunha que fosse. Mas com os MEKs a coisa agora é diferente. Um coronel aposentado do exército dos EUA, que trabalha em lobbys a favor de grupos terroristas amigos dos EUA, como os MEKs iranianos, costuma escrever que Maryam Rajavi “é um George Washington”.

Os EUA estão a um passo de comprovar, mais uma vez, que não são capazes de aprender com os próprios erros.


 Fonte: IrãNews



Hugo Chávez anuncia reforço nas Forças Armadas

13 de Junho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda





O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou, em rede nacional de TV e rádio, que o país desenvolve um sistema de aviões não tripulados para trabalhos de supervisão e proteção do território. Ele fez questão de destacar que os equipamentos servirão apenas à defesa do país.

O presidente citou o desenvolvimento e reforço das Forças Armadas, mencionando também o progresso da construção da fábrica de montagem de fuzis AK103, com o apoio da Rússia, que deve produzir 25 mil armas e até 70 milhões de balas ao ano.

"Estamos dando passos muito firmes em direção a esse grande objetivo proposto que é converter a Venezuela em um país potência", disse Chávez, da sede do Ministério da Defesa, onde se reuniu com o Alto Comando Militar, membros das Forças Armadas Nacionais (FAN) e representantes da Milícia Nacional Bolivariana.

O mandatário, por meio de um contato com o general Julio César Morales Prieto, presidente da Companhia Anônima Venezuela de Indústrias Militares (Cavim), mostrou a série de armamentos e munições que estão se fabricando na instalação de Fuzis AK-43AK-43, no estado de Aragua, no centro do país.

Chávez também falou sobre os aviões não tripulados e explicou que eles têm apenas câmeras e servirão para "a defesa de nosso país, para a paz". "Não temos planos para atacar ninguém, mas que ninguém se equivoque conosco. Estamos obrigados a defender com nossa vida a independência de nosso país", afirmou.

Segundo ele, os drones servirão ainda para supervisionar a produção petroleira, as estradas, diques e bosques, por exemplo.

A ABC da Espanha informou nesta semana que promotores americanos em Nova York investigavam a construção de aviões teleguiados da Venezuela e a compra dessas aeronaves do Irã, citando fontes familiarizadas com a investigação."É claro que estamos fazendo isso, e temos direito. Somos um país livre e independente", disse Chávez sobre a construção dos drones.

O presidente disse também que é capaz que, agora, os Estados Unidos digam que é preciso vigiar a Venezuela, porque o país está trabalhando nesse projeto. "É possível, é provável, que dentro de pouco seja divulgado [nos Estados Unidos] que esses aviões têm uma bomba atômica na ponta", completou, falando sobre a política belicista norte-americana.

A construção das aeronaves faz parte da cooperação militar com o Irã, China e Rússia.







Fonte: Vermelho



Comandante Che Guevara - Hasta Siempre

13 de Junho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Hugo Chávez e os cinco objetivos históricos

12 de Junho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

 

O discurso do presidente Chávez no ato de inscrição de sua candidatura para as eleições do dia sete de outubro deste ano assinala várias diferenças com seu rival, o candidato da oposição Henrique Capriles Radonski. Há um primeiro conjunto de diferenças, assinaladas pela estrutura discursiva e pela capacidade de reunir um conjunto de ideias em um lapso bastante prolongado (mais de três horas). 

 

 

Por Juan Eduardo Romero*


Nesse conjunto de expressões, observou-se um indivíduo que desmente as versões de uma enfermidade terminal. Fisicamente, é inaudito pensar que uma pessoa que esteja –como divulgam os meios nacionais e internacionais- em uma etapa iminente à sua morte possa não somente manter-se de pé discursando, como também que esse discurso tenha unidade temática, coerência e significado.

Ao comparar as inscrições de candidaturas, observa-se não somente uma diferença –evidente- quanto à extensão do discurso (Capriles, uns 22 minutos, incluindo as longas pausas; e Chávez, 180 minutos, sem pausas), há uma diferença mais profunda: a capacidade de transmitir e de conectar-se com a emotividade das pessoas.

No domingo, 10 de junho, observamos um Capriles duvidando na estrutura sintática e gramatical de seu discurso, além dos evidentes vazios conceituais e a suas infrutíferas tentativas de mostrar emoção (Te quero, Venezuela!). Na segunda, 11 de junho, se viu um Chávez conectado, sensibilizado com os coletivos, com seus seguidores. Assistimos a um discurso que demonstra o que expressou o grande pensador francês Michel Foucault: um discurso que é dito, ou seja, um discurso que se reproduz por aceitação ou por rejeição.

Essa reprodução está relacionada a diversos elementos. Um deles é a capacidade de vincular o mundo pessoal – o do ser humano, não o do presidente - com outros mundos pessoais dos grupos de pessoas que o rodeiam. Corresponde a uma capacidade de leitura de certos temas que são considerados essenciais à própria condição humana. Outro elemento evidenciado é a insistência em colocar no campo da discussão cidadã tópicos (lexias) que se relacionam com a vida cotidiana de todos (segurança, emprego, meio ambiente, prosperidade).

Nesse primeiro conjunto de elementos, o balanço é claro: um candidato que dá mostras de coerência enunciativa, paradigmática, com capacidade para manter atento a um público que marchou, que se mobilizou. Nesse conjunto de elementos, ambos candidatos usaram manifestações de natureza física. Capriles, caminhando cerca de 10 quilômetros com o objetivo de mostrar-se tal como é: jovem e dinâmico. Chávez, mantendo-se parado por mais de 180 minutos contínuos. Essas manifestações físicas têm sentidos simbólicos diferentes: para Capriles, trata-se de mostrar que ele é um candidato dinâmico, que dá demonstrações de força em contraste com um candidato –supostamente- enfermo. Por seu lado, Chávez mostrou uma presença física que ridiculariza os rumores, as especulações tecidas pela agenda midiática. Sua presença física gera um efeito tranquilizador nos bolivarianos, que tinham uma dúvida razoável sobre suas condições de saúde.

Há um segundo conjunto de diferenças próprias da própria significação das ideias apresentadas. O candidato Capriles mostrou-se dinâmico –isso ninguém duvida-, porém, carente de profundidade e convencimento em sua estrutura discursiva. Os constantes vazios na articulação do discurso fazem ver um homem que não é capaz de manter uma lógica de significados e significantes em temas que podem sensibilizar aos cidadãos. Ao abordar áreas como segurança, emprego não conseguiu convencer com uma proposta que fosse sentida como conexão aos profundos sentimentos da população. Observamos um discurso que passava de umas ideias –desconectadas, sem sentido- a outras, sem conseguir defini-las com profundidade. Por seu lado, o discurso de Chávez –além de sua extensão temporal- mostrou manter intactas as vantagens de uma liderança carismática e emotiva. Esses elementos permitiram que se conectasse com coletivos que se mostraram preocupados com seu estado de saúde. No entanto, além disso, nesse segundo conjunto de elementos, vimos uma clara definição ideológica. Capriles, por seu lado, mesmo tentando estabelecer comparações, não o fez sobre a base da construção de um "eles” e um "nós” que os colocasse no espectro direita-esquerda, no qual se situam tradicionalmente os cidadãos.


O discurso de Chávez foi emotivo ao mesmo tempo em que se posicionou como um discurso de esquerda, nacionalista e anti-imperialista. A proposta que esboçou sob a ideia de objetivos históricos nos mostra uma perspectiva –ou melhor, prospectiva, por sua visão de futuro- que coloca o processo venezuelano com um amplo sentido histórico; porém, também como uma resposta ante a crise de acumulação –e depredação do sistema capitalista. 


Quando Chávez assinala como prioridade a independência, ou propõe como uma resposta à articulação em rede sob a ditadura do capital, que leva aos Estados nacionais a adaptar-se e acoplar-se às necessidades de acumulação de riqueza do sistema-mundo e que são a base das diferenças na distribuição da riqueza. Da mesma forma acontece com a ideia de construir um modelo de socialismo que se distancie das perversões do socialismo real soviético ou cubano, e outro tanto com a necessidade de transformar o país em uma potência que canalize –e encabece- iniciativas de articulação de esforços grã-nacionais que construam alternativas às formas de controle e espoliação capitalista. Para isso, a contribuição a elaborar alternativas pluripolares, como Unasul, Celac, Alba e Banco do Sul, são uma necessidade histórica.

Para Chávez, um processo como o venezuelano não pode sobreviver sem conseguir levar além de suas fronteiras a proposta de transubstanciação social e cultural. Finalmente, tudo isso conduz à prioridade de conseguir sobreviver às próprias dinâmicas destrutivas da vida, propiciadas a partir da lógica espoliativa do capitalismo. Como conclusão, fomos testemunhas de uma confrontação de ideias que deixou claro quem é quem no campo ideológico.


 

*Juan Eduardo Romero é professor e pesquisador da Universidade do Zulia, Venezuela. Historiador especialista em processos políticos Contemporâneos

Fonte: Adital, Vermelho

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