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 Não ande na minha frente, talvez eu não queira segui-lo.

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Burgos Cãogrino

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

A morte de Hipócrates

28 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda




Do Blog do Octopus


Grande parte dos médicos não têm um conhecimento profundo dos tratamentos farmacológicos que estão a administrar, apenas têm uma vaga ideia formatada pelo que lhes foi tramitido durante o curso.

O curso terminado, a maioria não põe em questão os novos medicamentos que surgem no mercado, confiam na informação transmitida pelos delegados de informação médica ou nos estudos patrocinados pelos laboratórios farmacêuticos que os comercializam.


Delegados de "desinformação" médica.


A principal formação que recebem os delegados de informação médica, após uma formação técnica rápida sobre o medicamento, é a melhor maneira de convencer o médico a prescrever a todo o custo esse medicamento.


Estes delegados são comerciais, como tal, bem poderiam apresentar a mesma convicção ao vender uma caneta, uma marca de detergente ou um político. O método é o mesmo: valorizar o produto, minimizando os efeitos secundários ou simplesmente ignorando a sua ineficácia ou inutilidade.


Esta venda é feita cativando o médico de várias maneiras: saber ouvir, fingir-se muito interessados na vida privada do médico que têm à sua frente (familia, filhos, hobbies), com a finalidade de ganhar a sua confiança.


Os laboratórios recrutam delegadas de informação médica que bem poderiam ser modelos de passarela ou jovens e atraentes delegados de informação médica. Existe muitas vezes, nestes casos, um verdadeiro jogo de sedução, no limite, um verdadeiro jogo de atracção sexual.


Sedutores e bem-falantes, propõem jantares nos restaurantes mais badalados da cidade ou estadias em hotéis cinco estrelas, tudo pago, claro, pelo laboratório farmacêutico que representam. Neste contexto, muitos médicos sentem-se reis e rainhas envoltos pelo glamour efémero das circunstâncias.


Por vezes, e não raras, são viagens de luxo a países distantes que são oferecidas, a pretexto de um qualquer congresso ou simpósio, que a maioria nem sequer frequenta.


Perante tantas mordomias, como não se deixar convencer e recusar prescrever o medicamento promovido, acabado de ser colocado no mercado (os mais rentáveis) fundamentado em estudos apressados, testados em populações miseráveis da Ásia ou de África, cobaias com características corporais e culturais muito diferentes das nossas, cobaias esses que nunca irão ter direito a beneficiar dos medicamentos pelos quais foram testados.





Médicos ao serviço da indústria farmacêutica.


 Existem alguns médicos que trabalham diretamente para benefício da indústria farmacêutica. Os menos perigosos são aquelas que se aproveitam do sistema: os directores clínicos dessa indústria, que abertamente beneficiam das mordomias e salários altíssimos pagos para ocuparem esses postos. Claro que defendem o laboratório para o qual trabalham, mas estão "simplesmente" a cumprir uma função.


Os mais perigosos são os encaputados, escondidos através de um qualquer título ou renome e que definem as "guidelines" nacionais e internacionais que a generalidade dos médicos segue sem questionar, a troco de elevadas compensações monetárias. Constatamos que muitos deles têm assento nos laboratórios produtores dos medicamentos que defendem.


Sem questionarem os numerosos estudos existentes sobre um determinado medicamento, a maioria dos médicos acredita piamente nas conclusões elaboradas por esses gurus. Acreditam estar a prescrever o melhor para os seus doentes.


O grande problema está na maneira como são realizados os famosos estudos clínicos que se tornam os padrões das futuras prescrições.




Como falsear um estudo clínico.


Tudo começa pelo simples facto que 95% dos estudos clínicos, devido em parte ao seu elevado custo, são concebidos e realizados pelos laboratórios que produzem o medicamento que querem vender, logo, ninguém no seu perfeito juízo irá falar mal do que pretende vender.


Os estudos elaborados pelos laboratórios são depois entregues a um conjunto de médicos que, ou porque acreditam genuinamente no medicamento ou porque lhes trás benefícios monetários, têm logo á partida uma tendência natural para encarar os futuros resultados desses estudos, de forma favorável em relação ao medicamento em estudo. Começa aqui uma das partes tendenciosas do estudo.


 Durante a seleção dos doentes, com as caracteristicas necessarias para entrar no estudos, um conjunto deles, apesar de reunirem essas condições é eliminado por directrizes previstas pelos laboratórios que elaboraram o estudo. São doentes que poderiam por em causa os resultados positivos esperados, ficando apenas aqueles "perfeitos" para que tudo corra bem, isto é que tenham a maior probabilidade do medicamento em questão ter bons resultados.


Muitas das vezes, no decorrer do estudo, os doentes que fogem aos padrões esperados são simplesmente eliminados do estudo.


Finalizado o estudo, os dados são entregues a uma empresa de analise de dados contratada e paga pelo laboratório que encomendou o estudo. Essas empresas de analise não querem perder o cliente que a sustenta, por isso rezam para que os resultados sejam favoráveis ao medicamento estudado. E não é que corre tudo bem, e que os resultados são mesmo favoráveis!


De qualquer maneira, os que se revelam desfavoráveis, apesar de esticar os resultados positivos são guardados numa gaveta e nunca serão publicados.


Para aumentar articialmente os resultados favoráveis, várias técnicas são postas em prática. Por exemplo, na analise estatística, as referências mal defenidas são desvalorizadas (por exemplo: não sinto uma grande melhoria da dor, transcrito para: melhor ) ou maximizadas (por exemplo: melhorei um pouco da dor, transcrito para: bastante), numa escala de: pior, igual, melhor, bastante.


Outra técnica é usada na elaboração das curvas e histogramas estatísticos. A representação gráfica é feita de maneira a parecer que um determinado resultado positivo é bastante superior aquele que é na realidade. O efeitos secundários são frequentemente atribuídos a outros medicamentos (geralmente os doentes estão polimedicados).


A próxima fase é contactar um médico "bem cotado" pelo seu estatuto profissional, que seja uma fonte de credibiladade inquestionável para a restante classe médica. A troco de elevadas quantias monetárias vai vender o medicamente em congressos e colóquios. O resto, já vimos, cabe aos delegados de informação médica.



Uma imensa teia de interesses.


 Quando um medicamento começa a causar problemas, são desvalorizados e os seus críticos ostracisados. Quando surgem estudos independentes contrários ao medicamento, pura e simplesmente não são publicados, dado que as revistas médicas estão nas mãos de decisores médicos que justamente também trabalham para a indústria farmacêutica.


Os organismos nacionais que fiscalizam os medicamentos, como o Infarmed em Portugal, estão nas mãos da indústria farmacêutica, e portanto não querem matar a galinha de ovos de ouro. O mesmo se passa com os organismos internacionais, 95% das receitas da OMS provém de subvenções da indústria farmacêutica, muitos delas a coberto de Fundações fictícias dessa indústria. Nestas condições como garantir a independência?


Quando finalmente um determinado medicamento, demasiado prejudicial para a saúde é retirado do mercado, muitas vezes após anos de denúncias e algumas mortes, é somente quando a sua rentabilidade financeira já foi amplamente atingida.



A deriva da medicina.


Não é pois de estranhar que na medicina actual sejam colocados cada vez mais frequentemente medicamentos insuficientemente estudados, alguns posteriormente retirado do mercado, após várias mortes, mas que entretanto já renderam milhões de dólares.


Não é pois de estranhar que sejam colocados no mercado medicamentos que são "mais do mesmo" em que diferem do anterior com uma simples alteração molecular e que não trazem nada de novo, a não ser obter a tão famigerada patente que lhes permite não serem copiados nos anos seguintes. Vendidos como inovação, mais caro que os anteriores, que até funcionavam, permitem aos laboratórios arrecadar milhões de dólares.


O exemplo do colesterol. 


Não é de estranhar, que desde que os laboratórios decidiram tomar contar de uma das mais frequentes causas de morte, as doenças cardiovasculares (não é puro acaso que escolhem as mais frequentes, aquelas que dão mais dinheiro, menosprezando as pouco frequentes), tivessem de escolham uma vítima, neste caso o colesterol.


Hoje em dia, a propaganda está tão bem feita, que não existe praticamente ninguém que não tenha o colesterol demasiado elevado e, claro, que tome a sua estatina. Aliás os valores optimais não para de descer, óbvio, quanto mais gente estiver fora desse valor considerado "normal", mais serão vendidas estatinas.


Este exemplo reflecte bem o poder da indústria farmacêutica que consegue vender o que quer, começando por criar o medo, através de "estudos" promovidos e pagos pelos próprios laboratórios, soburnando médicos de renome, para diabolizar este famoso colesterol junto da população e dos médicos prescritores.


O raciocínio parece lógico, como não poderia deixar de ser, se aceitarmos as premissas: nas doenças cardiovasculares, existe frequentemente uma acumulação de gordurana artérias, o colesterol é uma gordura, logo o colesterol é o grande culpado destas doenças.


Por outro lado, descobriu-se que as estatinas baixavam os níveis de colesterol, o que é verdade, logo conclui-se que baixando os níveis de colesterol estariamos a baixar o risco de doenças cardiovasculares.


Tudo certo, excepto que a correlação directa entre o colesterol elevado e as doença cardiovasculares não está provada, muitos outros factores existem. A mortalidade global nunca baixou nos doente medicados com estatinas, o que poderá ter baixado é a morbilidade para determinadas doenças das quais as cardiovasculares, o que não é a mesma coisa.

O poder da persuasão contra o poder do raciocínio.


Através de estudos falsificados, todos pagos pela indústria farmacêutica, da corrupção de certos médicos e da divulgação em grandes revistas científicas controladas por essa mesma indústria, chaga-se a uma estratégia de comunicação em que se utilizam argumentos lógicos e racionais para se induzir a necessidade de consumir uma determinada substância medicamentosa.


Outro exemplo típico passa-se com a quimioterapia, para a qual os estudos revelam que a mortalidade global não baixa ou de forma pouco significativa com o seu uso, e neste último caso o que poderá melhorar são algumas formas de morbilidade, o que mais uma vez não é a mesma coisa. Aqui confunde-se voluntariamente a correlação inexistente entre a redução tumoral, que se verifica com a quimioterapia, e o maior tempo de sobrevivência, que não se verifica.


Muitos outros exemplos poderiam ser citados, o que importa aqui é salientar que o tempo em que os investigadores estudavam a melhor maneira de curar ou minimizar as consequências de uma determinada doença, isolados nos seus laboratórios de fortuna, acabou.


O que temos é uma poderosa indústria farmacêutica, a terceira a seguir às energéticas e financeiras, que promove fármacos que não se destinam a minorar o sofrimento humano, mas a fazer dinheiro a qualquer custo, ou perpetuar certas doenças rentáveis, tudo feito à custa dos doente, muitas vezes prolongando as próprias doenças, tanto faz, o que interessa é o dinheiro.



Fonte: Octopus



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A "estratégia" de marketing e o Treinamento (manual) do Representante da Indústria Farmacêutica



Processo de Vendas na Indústria Farmacêutica



Num ambiente de alta competitividade, como é o mercado farmacêutico, onde a qualificação profissional está bem acima da média e os investimentos são aportados dia a dia, torna-se importante buscar a melhoria contínua para estar sempre à frente da concorrência. Este modelo dará base de sustentação para o aprimoramento de suas técnicas e habilidades e com certeza sua aplicação irá contribuir significativamente em seus resultados.

PRÉ-VISITA

Um dos momentos mais importantes para o Representante é o instante que antecede a visita. O uso adequado de informações sobre o médico permitirá traçar um plano coerente para alcançar seus objetivos.

VISITA

O representante passa a maior parte do tempo se preparando para obter sucesso nos poucos minutos que tem disponível frente ao médico. Se falhar, neste momento você não terá condições de corrigir sua performance, pois terá que aguardar a próxima visita para refazer o diálogo.

É importante dizer que esta fase não é um processo linear, salvo é claro que a abertura ocorre no início e o fechamento no final. Por exemplo, um médico pode fazer uma objeção assim que vocês iniciem a conversa. É um processo interativo que exige do Representante flexibilidade e um excelente trabalho de pré-visita para estar preparado e transitar tranquilamente pelo processo. Afinal, o médico não ficará sentado esperando você passar por cada uma das etapas, pois se ele assim o fizer provavelmente não estará verdadeiramente com você durante o fechamento.


Devemos lembrar que a venda é um processo humano e não puramente técnico e isto também difere o vendedor consultivo do vendedor de produtos ou aplicação de produtos. Com esta consciência o Representante para de falar e começa verdadeiramente a vender.




Processo de Vendas na Indústria Farmacêutica – Parte II


Explorar Necessidades/Sondagem


Uma das grandes armadilhas que o representante pode cair é a de querer adivinhar as necessidades do médico. Este com certeza é um caminho que não o levará a lugar algum, consumindo seu tempo de forma extremamente improdutiva além de gerar falsas crenças e resíduos impróprios para suas abordagens.

Para obter as respostas de que precisa terá de se dedicar, em seu plano de ação na fase pré-visita, ao exercício de elaborar as perguntas importantes com base nos objetivos traçados. Desta forma você poderá conduzir de forma inteligente a entrevista e estará preparado para corrigir possíveis desvios.

Algumas dicas:


• Fale menos;
• Ouça mais;
• Focalize-se no que é valor para o cliente;


Procure assegurar-se de que compreendeu as necessidades do cliente antes de começar a falar de forma mais profunda e longa sobre seus produtos.

Você deve exercitar frequentemente este fundamento para ampliar suas possibilidade de sucesso na fase de apresentação e posicionamento.


Apresentação/Posicionamento

Após estabelecer uma sintonia na comunicação com o médico e estar certo sobre suas necessidades não atendidas, então você deverá posicionar seu produto, de forma convincente, para atingir os objetivos que você traçou na Pré-visita.

Não caia na tentação de conduzir a discussão muito além dos benefícios que atendem as necessidades reveladas pelo médico. Invista a maior parte do seu tempo focando as necessidades não atendidas e que no momento impedem o médico de dar o sinal de compra. Quanto a outros benefícios importantes você pode mencioná-los para reforçar o conjunto quando necessário.


Tratamento de Objeções/Negociação

Você fez uma abertura maravilhosa, conseguiu captar a essência das necessidades não atendidas pelo médico, posicionou seu produto de forma consistente e segura, mas aí vem o médico com uma objeção.

A primeira coisa a ser feita é encarar toda e qualquer objeção ao seu produto como um manifesto de interesse por parte do médico. Se não houver uma certa resistência ao produto, provavelmente ele já estará totalmente decidido sobre sua escolha e esta decisão pode ser pelo produto concorrente.

Há uma máxima, que todos conhecemos: quem desdenha, quer comprar! Objeção é sinal de interesse. Se o cliente acha caro, reclama do prazo de entrega, duvida da performance do produto, ótimo! Ele está interessado! Faça seu trabalho e o cliente estará comprando.

Algumas dicas:

• Ouvir o cliente
• Ouça o cliente atentamente para entender claramente o que ele está dizendo. Ele está dando a oportunidade para você convencê-lo, portanto ouvir atentamente também lhe dará um pouco de tempo e a chance de pensar sobre como você irá tratar esta objeção.
• Perguntas de confirmação
• Faça perguntas de confirmação, desta maneira você mostra que está realmente interessado e tem certeza que identificou a objeção.


Fechamento/Compromisso

Você conseguiu chegar até aqui com grande êxito, fez uma abertura sensacional, estabeleceu empatia com o médico, compreendeu suas necessidades, posicionou seu produto de forma brilhante e respondeu as objeções de maneira incontestável, e agora?

Parece simples, mas muitos representantes, mesmo os mais experientes, depois de um produtivo diálogo comercial costumam perder a oportunidade de obter o compromisso com o médico, de fechar o negócio. E pode ter certeza que se você não obter o compromisso neste momento, talvez tenha que reiniciar o processo em outra ocasião. Se você não der o passo em direção ao fechamento, dificilmente o médico o fará.

Use o fechamento para sondar se o cliente está pronto para comprar. Seu trabalho é ajudá-lo a decidir. Há, também, vendedores que não percebem que o cliente já decidiu (favoravelmente ou não) e não conseguem concluir o processo de venda.

O compromisso do médico não se resume a sim ou não, ou a manifestações superficiais de aceitação, você deve interagir com o médico conduzindo-o a uma decisão que ele se sinta o responsável pela construção, ou seja, que ele assuma para si o compromisso. Somente desta maneira você conseguirá ocupar e ampliar o espaço na mente do médico.



Processo de Vendas na Indústria Farmacêutica – Parte III


PÓS-VISITA


Este é um momento importante onde deve ser avaliada a eficácia da visita. Com esta etapa cumprida de forma eficiente e com qualidade você terá chances muito maiores de sucesso em seu próximo contato com o médico. Sob pena de perder informações preciosas, este procedimento deve ser feito imediatamente após a visita.

Considerações sobre Frequência e Sequencia

É evidente, no processo de vendas, a relação entre a qualidade dos relacionamentos e os resultados obtidos, desta forma, pretendemos estimular a reflexão sobre a importância dos conceitos de frequência e sequencia para ampliar a perspectiva das relações produtivas.

Como frequência, consideramos visitas com períodos de tempo programados e sequencia, a linha de comunicação seguida visita a visita.

Há uma relação de significativa produtividade entre estes dois indicadores, pois a construção de relacionamentos passa diretamente por eles. Manter uma frequência e sequencia dentro de parâmetros equilibrados garante também maior aproveitamento da mensagem promocional.

A qualidade dos comentários é fundamental para permitir a expansão do relacionamento, portanto cuidado para não quebrar o elo para a próxima visita fazendo comentários superficiais e generalizados. Procure ser específico registrando um comentário rico e focado em resultados. Fazer um comentário generalizado, sem foco, sem consistência é um tiro no próprio pé.





Fonte: trackdigital











Para dois amigos inesquecíveis

27 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda




Meus amigos

Quando a noite escura parecer infinita
 Por favor, lembrem de nós.








...dos amigos Burgos e Tibiriçá






Pepe Mujica rejeita título de ‘presidente mais pobre do mundo’

19 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



O presidente do Uruguai, José Mujica, afirmou em entrevista à rede estatal chinesa Xinhua que não concorda com o título que lhe foi atribuído pela imprensa internacional de “presidente mais pobre do mundo”, em razão de seu estilo de vida simples. Segundo ele, esse título é incorreto porque “pobres são aqueles que precisam de muito para viver”. Segundo ele, sua vida austera tem como objetivo “manter-se livre”.

“Eu não sou pobre. Pobre são aqueles que precisam de muito para viver, esses são os verdadeiros pobres, eu tenho o suficiente”, afirmou. E complementou:”Sou austero, sóbrio, carrego poucas coisas comigo, porque para viver não preciso muito mais do que tenho. Luto pela liberdade e liberdade é ter tempo para fazer o que se gosta”.

O presidente uruguaio considera que o indivíduo não é livre quando trabalha, porque está submetido à lei da necessidade. “Deve-se trabalhar muito, mas não me venham com essa história de que a vida é só isso”, falou. Assim como já fez com outros correspondentes internacionais, Mujica recebeu a equipe de reportagem chinesa em sua modesta propriedade rural em Rincón del Cierro, nos arredores de Montevidéu, ao lado dos cães e galinhas que cria e alimenta todos os dias.

Aos 77 anos, Mujica doa 90 % de seu salário de 260.000 pesos uruguaios (quase 28 mil reais) a instituições de caridade. Não possui cartão de crédito nem conta bancária. Sua lista de bens em 2012 inclui um terreno de sua propriedade e dois com os quais conta com 50% de participação, todos na mesma área rural – diz ter alma de camponês, e se orgulha de sua plantação de acelgas, e já pensa em voltar a cultivar flores.


Possui dois velhos automóveis dos anos 1980 (entre eles um Fusca com o qual vai ao trabalho) e três tratores.

Segundo o presidente uruguaio, essa opção de vida foi gestada durante os anos em que viveu preso sob duras condições (1972-1985) em razão de sua atividade como guerrilheiro como membro do MLN-T (Movimento de Libertação Nacional – Tupamaru), movimento que lutou contra a ditadura militar.

Ele afirmou duvidar que a próxima eleição presidencial, marcada para 2014, vá atrapalhar sua gestão, e se diz animado com um projeto pessoal para quando deixar o Executivo, em março de 2015: “Quando terminar esse trampo (changa em espanhol, referindo-se à Presidência) que tenho agora, vou me dedicar a fazer uma escola de trabalhos rurais nesta região”.


Quando perguntado se após deixar o governo ele tentará acumular fortuna, ele disse: “Depois terei de gastar tempo para cuidar do dinheiro e muito mais tempo da minha vida para ver se estou perdendo ou ganhando. Não, isso não é vida”, enfatizou.





Fonte: Sul21
Imagens: Google




Choque elétrico na cabeça melhora o aprendizado em matemática, diz médico judeu

18 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Pesquisadores da Universidade Oxford elaboraram o procedimento em estudantes


Cientistas da Universidade de Oxford, na Inglaterra, elaboraram um experimento inovador: choque elétrico na cabeça dos estudantes melhora as habilidades com a matématica e desenvolvimento do aprendizado. Os alunos aprendem cálculos até cinco vezes mais rápido. As informações foram retiradas do Daily Mail.

A equipe de Oxford realizou a experiência em 51 alunos durante cinco sessões. Em um forma mais rápida que o ensino escolar, os estudantes aprenderam novas contas e maneiras de recordar figuras em tabelas. 


Roi Cohen Kadosh

Roi Cohen Kadosh, pesquisador chefe do departamento de psicologia experimental de Oxford, disse que a equipe estava tentando encontrar uma forma de ajudar as pessoas que tem dificuldade com a matemática.

O estudo sugere uma maneira segura e barata que podemos melhorar matemática na vida das pessoas. Em cinco dias, fomos capazes de trazer melhorias duradouras nas funções cognitivas e do cérebro.


Exames elaborados durante o procedimento de corrente elétrica demonstram que a técnica aumenta o suprimento de oxigênio e nutrientes no cérebro.




Fonte: R7

Imagens: R7, Google


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Pesquisei sobre esse "Dr" Roi Cohen Kadosh, deixo abaixo o texto com tradução do google, também deixo o endereço e telefone do dito "Doutor" para "aqueles" que estejam interessados em levar choque cerebral.


(Burgos Cãogrino)


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Curriculum vitae 


Roi Cohen Kadosh
Wellcome Research Career Development Fellow
Endereço: Departamento de Psicologia Experimental
South Parks Estrada
Oxford, OX1 3UD
Telefone: (01865) 271385
Fax: (01865) 310447
Email: roi.cohenkadosh psy.ox.ac.uk


Eu recebi o meu bacharelado em Ciências Comportamentais da Universidade Ben-Gurion, em 2002.


Em 2006 eu terminei meu doutorado em Neuropsicologia (summa cum laude, pista direto) sobre as operações mentais e mecanismos neuropsicológicos de processamento numérico e magnitude sob a supervisão de Avishai Henik na mesma instituição. 

Durante esse tempo, eu também tive a oportunidade de ganhar experiência com técnicas de neuroimagem, como a ressonância magnética funcional e ERP sob a supervisão de David Linden no Instituto Max Planck para Pesquisa do Cérebro.

Como parte do meu doutorado, eu completei um ano de treinamento clínico como estagiária em Neuropsicologia, na unidade de lesões cerebrais traumáticas, Beit Lowenstein Centro de Reabilitação.

Entre 2003-2004 Eu também completou o Diploma Europeu em ciências cognitivas e do cérebro (EDCBS).

De 2006 a 2009, recebi treinamento de pós-doutorado com Vincent Walsh da Universidade de Londres para o qual fui financiado pela Fundação Yad-Hanadiv/Rothschild, a Organização Internacional de Pesquisa do Cérebro e da União Europeia.

Desde agosto de 2009, eu comecei a set-up meu trabalho como Wellcome RCD companheiro. Devido ao meu avanço no campo da cognição numérica I recebeu em 2010 a prestigiada Sociedade de Neurociência Prêmio de Desenvolvimento de Carreira.

Pesquisa


Meus principais interesses focar cognição numérica e a aquisição de compreensão numérica, as funções do córtex pré-frontal e parietal e o seu papel na representação numérica e magnitude, bem como a média aritmética, as funções de controlo cognitivas, e os mecanismos cognitivos e de sinestesia possíveis ligações com interação inter-modal e de consciência. Para estudar essas funções cognitivas e habilidades perceptivas Estou usando técnicas de estimulação do cérebro do fMRI, EEG, e não invasivo, em conjunto com métodos comportamentais aplicadas ao estudo de pacientes neurológicos, bem como assuntos típicos, e populações especiais (discalculia do desenvolvimento, pessoas com sinestesia)





Fonte: Google, cohenkadosh.psy
Imagens: Google




A "DEMONIOCRACIA" que os EUA, Israel, França, Reino Unido e a ONU querem para a Síria

15 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda




O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, decidiram nesta segunda-feira aumentar a pressão sobre o "ditador" da Síria, Bashar al-Assad, e dar mais ajuda aos rebeldes terroristas sírios.




Abaixo um vídeo estarrecedor dos rebeldes (terroristas) sírios, que são patrocinados por:


EUA

Israel
França
Reino Unido
ONU


Vídeo de um comandante rebelde sírio arrancando e mordendo o coração de um soldado é emblemático de uma guerra civil que se transformou rapidamente numa batalha de ódio sectário e assassinatos por vingança, disse a organização humanitária Human Rights Watch nesta segunda-feira.

O grupo com sede em Nova York disse que um vídeo amador postado na internet no domingo mostra Abu Sakkar, um dos fundadores da Brigada Farouq conhecido por jornalistas como um rebelde da cidade de Homs, cortando o peito de um soldado morto.

O vídeo provocou indignação tanto entre os partidários do presidente sírio, Bashar al-Assad, como entre figuras da oposição.


"Juro por Deus, vamos comer seus corações e seus fígados, seus soldados de Bashar, o cão", diz o homem para companheiros fora de quadro no vídeo que aplaudem e gritam "Allahu akbar (Deus é grande)".

O conflito sírio começou com protestos pacíficos em março de 2011, mas estes foram suprimidos gradualmente por uma guerra civil cada vez mais sectária que, de acordo com um grupo de oposição, já custou mais de 80 mil vidas.

Peter Bouckaert, da Human Rights Watch, disse que tinha visto uma cópia do vídeo original não editado e que a identidade de Abu Sakkar foi confirmada por fontes rebeldes em Homs e por imagens dele em outros vídeos usando o mesmo casaco preto, assim como no mais recente vídeo, e com os mesmos anéis em seus dedos.

"A mutilação dos corpos dos inimigos é um crime de guerra. Mas a questão ainda mais grave é a descida muito rápida a uma retórica sectária e à violência", disse Bouckaert.

Ele disse que, na versão não editada do filme, Abu Sakkar instrui seus homens a "abater os alauítas e levar seus corações para comê-los", antes de ele próprio morder o coração.







Esse é o tipo de "insurgente" que fará parte do novo governo da Síria se o Presidente Bashar al-Assad for deposto. 




Fonte: Libertar, Google
Imagem: Google



Acordo transpacífico atenta contra saúde pública e conhecimento

14 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda




Representantes de 11 países iniciam nesta quarta-feira (14) em Lima, capital do Peru, a 17ª rodada de negociações sobre o Acordo de Associação Transpacífico (TPP), em um ambiente de mistério e em meio a preocupações sociais sobre os possíveis acordos. Representantes do Chile, Peru, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Japão, Brunei, Malásia, Singapura e Vietnam reúnem-se para tratar sobre a constituição do bloco sob os parâmetros do chamado “livre comércio”.

As negociações serão conduzidas a portas fechadas, sem acesso permitido a organizações não-governamentais nem a jornalistas, que só assistirão a uma coletiva de imprensa, em 24 de maio, depois do fim das conversações.

As negociações são preocupantes para organizações da sociedade civil e para economistas, por tratar de pontos sensíveis referentes a possíveis acordos em matéria de propriedade intelectual, aos que se veriam submetidos os países participantes.

Um dos projetos propõe normas rigorosas para a “proteção da propriedade intelectual”, que a Aliança LAC-Global de organizações não-governamentais considera alarmantes no tocante às patentes de medicamentos.

O projeto a ser discutido propõe a prorrogação indefinida da vigência das patentes medicinais, por novas aplicações ou propriedades do fármaco, o que pode fechar aos países signatários a possibilidade de produzir ou importar fármacos genéricos.

O ponto foi proposto pelos EUA no Capítulo de Propriedade Intelectual, e beneficia exclusivamente à grande indústria farmacêutica em prejuízo aos cidadãos, indica a Aliança LAC-Global.


Esta organização fez um estudo em que demonstra que o acordo, se aprovado, pode custar um gasto extra de quase 240 milhões anuais em medicamentos, para o Chile, Colômbia e Peru.

O estudo indica que o Peru seria o mais afetado, com um gasto extra de 90,8 milhões de dólares, o que equivale ao gasto em saúde de 313 mil cidadãos, ou ao custo do aceso a medicamentos para 620 mil habitantes.

Este sobre custo se converte em 32,8 milhões de dólares se for aprovado que os Estados outorguem patentes de segundo uso ou novas formulações a medicamentos já patenteados.

A isso se somam 42 milhões de dólares for impedida a impugnação da outorga de patentes e 16 milhões de dólares se ampliada a proteção de dados de teste dos medicamentos por mais de cinco anos.

O custo extra para a Colômbia seria de 80 milhões de dólares anuais e, para o Chile, de 69,5 milhões de dólares ao ano. No total, cerca de 1,5 milhão de habitantes seriam afetados em ambas as nações.

"O que está em jogo é o alto custo social que pode ter o acordo comercial, caso essa proposta dos Estados Unidos para favorecer as empresas farmacêuticas seja admitida, afetando a saúde da população",
assinalou Roberto López, da organização Ação Internacional para a Saúde (AIS), que participou no estudo.

Outro projeto em pauta é o de estabelecer obrigações e faculdades aos provedores de serviços de Internet, para aplicar controles draconianos e normas de propriedade intelectual de conteúdos partilhados na rede.

Para muitos, tais medidas, postas também pelos Estados Unidos, atentam contra o livre intercambio do conhecimento e a livre expressão, que Washington diz defender em outras ocasiões.






Fonte: Vermelho
Tradução da redação do Vermelho

Imagem: Google



Médicos Cubanos - Eles não Usam Black-tie

12 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda




Há meses, personalidades ligadas ao governo da presidenta Dilma Rousseff vem anunciando a possibilidade de permitir que profissionais médicos oriundos de Portugal, Espanha, Argentina, Uruguai e Cuba, tenham a possibilidade de exercer a medicina no Brasil.

Por Nésio Fernandes de Medeiros Junior*


Hoje, o Brasil de Lula e Dilma, sexta economia do mundo, que levou para a classe média 37 milhões de brasileiros e que caminha para eliminar a pobreza extrema na infância nos próximos anos, continua recebendo a resistência de setores xenofóbicos da classe médica que destilam ódio ideológico de classe a tudo que cheire globalização da solidariedade e dos direitos humanos.

A migração do homem é um evento universal, presente em toda a história do homem. A formação do Brasil como nação é o resultado da luta e miscigenação entre povos originários da América, África, Ásia e Europa. No entanto, setores das antigas elites históricas luso-brasileiras sempre pensaram um país de grandes dimensões com a mentalidade de quem nunca sonhou em ser livre da metrópole.

Posteriormente, a ditadura militar, representante do pensamento das elites históricas, "modernizou" o Brasil orientando-se no modelo e na dependência norte americana, o que representou para a saúde a construção do complexo médico-industrial tupiniquin orientando a formação médica ao modelo biologicista, intervencionista, dependente da tecnologia e centralizado no profissional médico e na atenção hospitalar.

Nos tempos de Anísio Teixeira e de Sérgio Arouca, nossas principais universidades no Brasil contavam com a contribuição de grande expoentes estrangeiros em suas salas de aula. Hoje essas mesmas salas de aula, assim como o serviço, são alvos de venosos ataques quando se trata de abrir o Brasil a globalização do conhecimento e dos serviços médicos.

As metrópoles há tempos entenderam que abrir sua universidade e o seu mercado à mão de obra qualificada era uma forma de fortalecer o Estado, permitindo o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da universalização de serviços qualificados, que ao ritmo da formação interna de cada país, levariam anos para serem concretizados. A Inglaterra hoje possui 40% dos seus médicos estrangeiros, o Canadá 22% e o próprio EUA 25%. Isso é porque estes países são ou foram "irresponsáveis"? Porque atacaram "a nação"? Não. Somente pensaram estrategicamente o seu desenvolvimento.

Hoje, diferente de algumas mentiras que circulam pela internet, que usam um exemplo mentiroso de que a Europa restringe a entrada de médicos estrangeiros, um médico formado em Cuba, regularizando sua situação migratória em Portugal ou Espanha, poderá exercer sem nenhuma "burrocracia" corporativa a profissão médica. O mesmo acontece com os profissionais formados em Cuba que migram para o Uruguai, Paraguai, Colômbia, Argentina ou Equador.

Sobre Cuba e a universidade latino americana

Criticam Cuba com um ódio típico de tempos passados, da guerra fria. Enquanto a nossa primeira universidade, data da década de 30 do século passado, a Universidade de Havana, fundada no ano de 1728 é uma das primeiras da América. Hoje, Cuba conta com 46 faculdades e centros de ensino superior, tendo um território pouco maior que o Estado de Santa Catarina.

A revolução cubana pintou a Universidade de preto, de branco, de operário, de camponês, de mulher, de povo. Mudaram o poder do Estado, permitiram que a Universidade, antes um privilégio de setores médios e ricos, fosse santamente "contaminada" de povo.

O modelo de formação médica em Cuba orienta-se pelo princípio da formação contextualizada no serviço, na prática profissional desde os primeiros anos da carreira. Se ensina o raciocínio médico, de ir desde a clínica epidemiológica, passando pela boa semiologia, que orienta um correto pensamento sindrômico que permite um diagnóstico nosológico em 85-95% dos casos, sendo confirmada por exames complementares criteriosamente solicitados.

Nos dois primeiros anos da carreira, no ciclo básico (pré-clínico), os estudantes compartem o tempo de aulas teóricas com a vivência nos serviços da Atenção Primária. A partir do terceiro ano da carreira de medicina, a prática docente se dá 100% dentro dos Hospitais, Policlínicas e Consultórios de Família, são quatro anos vivenciando a prática num sistema baseado na atenção à saúde da família e da comunidade e em sua complexidade progressiva.

Ter a oportunidade de ter um professor médico cubano é algo extraordinário, chegam antes de todos os alunos, vão embora depois de todos e dedicam todo o tempo da atenção clínica à prática docente contextualizada. Fazem um plantão por semana e são incapazes de abandoná-lo, ainda que não recebam pagamento adicional por ele. Não nos ensinam vícios da prática médica, nos mostram o sacerdócio de promover felicidade e vida.

Além de tudo isso, os médicos lá formados, sejam cubanos ou residentes estrangeiros, de direita ou de esquerda, ao terminar a carreira de medicina devem cursar a residência de dois anos em Medicina Geral Integral, equivalente a nossa Medicina da Família e Comunidade. Somente depois disso é que podem seguir para outras especialidades ou aprofundar o seu perfil de médico de família.

Mas não pense você que esse tipo de política é exclusivo dos processos revolucionários. Na nossa linda e bela vizinha Colômbia, que possui o governo mais ultra-direitista e reacionário do Conesul, todas as carreiras universitárias são avaliadas pelo exame ECAES, realizado pelo próprio Ministério da Educação. E, no caso da medicina, todos os formados na Colômbia ou no exterior que desejem trabalhar na pátria de Bolívar, devem passar 1 ano de serviço médico social, seja em periferia urbana, rural ou em áreas afastadas.

Ensino médico no Brasil e as ameaças ao exercício da profissão

O movimento da reforma sanitária, representante legítimo da herança histórica de luta do povo brasileiro, levantou uma das bandeiras mais ousadas na história da luta popular: a criação do Sistema Único de Saúde no Brasil, garantidor do acesso universal, da equidade, da integralidade e da qualidade da atenção a saúde. No entanto, o desenho formal, plasmado na constituição cidadã e em legislações posteriores, sempre foi alvo de ataques daqueles que sempre pensaram o Brasil com a lógica da metrópole.

Resultado, possuímos uma das legislações mais avançadas do mundo no que diz respeito à regulamentação do direito formal do dever do Estado como garantidor da saúde universal. Uma realidade que se esbarra na gestão da saúde, no financiamento, na formação profissional desvinculada do contexto do serviço e na oposição do complexo médico-industrial que a todo custo pretende garantir um modelo de atenção a saúde dependente da alta tecnologia, da medicalização, da especialização e que usa a reserva de mercado como garantidora do custo-médico mais caro da América latina.

Enquanto no Brasil 58% das nossas faculdades de medicina são privadas e ainda, grande parte das públicas ainda preferem formar para o mercado e não para o Sistema Único de Saúde, a necessidade de Educação Permanente é debate em todos os círculos que seriamente discutem a formação dos profissionais de saúde. Hoje, o profissional sai da Universidade e precisa novamente ser reformado para poder trabalhar no SUS. Ter cursado matérias teóricas de Saúde Pública, Epidemiologia, etc, não garantem por si só um profissional qualificado para o serviço público. A educação crítica e contextualizada no serviço, sim. Assim como os profissionais formados no exterior possuem um pensamento médico formado, os nossos também. Ambos devem ser inseridos em políticas de Educação Permanente em Saúde para que possam realmente perfilar-se profissionalmente às necessidades do SUS.

A polêmica sobre a vinda de médicos formados no exterior, sejam brasileiros ou estrangeiros, é parte de uma escalada de ações para garantir a reserva de mercado.
O famoso exame do CREMESP, que nos últimos anos reprovou mais da metade dos estudantes de medicina formados no Brasil e, que em alguns casos alcançou 70% de estudantes das universidade privadas, é o ensaio do que pretendem fazer em escala nacional e restringir o exercício da profissão médica.

Não é competência constitucional de nenhum conselho profissional, decidir quem é ou quem não é profissional de saúde. Isso é atribuição na Universidade e das estruturas governamentais ligadas ao Ministério da Educação. Se assumimos que o exame teórico é a ferramenta mais fiel para avaliar o recém formado, que ele seja feito pelas estruturas do MEC e realizado para todas as categorias.
Não acredito que este seja o caminho. Hoje já existem ferramentas que avaliam as instituições, os recém-formados e que orientam as melhorias na formação superior, sem penalizar ao cidadão.


Será que não é muito mais simples permitir que médicos formados no exterior e no Brasil, participem dos mesmo programas de formação profissional e de interiorização dos médicos? Por que não permitir que os médicos formados no exterior participem do PROVAB? Permitir que a avaliação destes seja feita em serviço, com preceptoria e usando ferramentas tecnológicas como o Telessaúde, para qualificar a formação profissional? Hoje temos a oferta ociosa de mais de 300 vagas para a Residência de Medicina da Família e Comunidade. Por que não permitir que os médicos formados no exterior participem dos programas de Residências médicas de áreas estratégicas ao Estado? Em tempos de UNASUR, será que já não é hora de construir consensos sobre a matriz curricular do sistema universitário latino-americano?

Verdades sobre a Revalidação dos Diplomas

O rancoroso discurso de que os profissionais médicos formados no exterior não são aprovados nos exames de revalidação é um argumento falacioso e descontextualizado. A Universidade Pública tem a obrigação de processar pedido administrativo de diploma, visto que no Brasil é de sua competência a revalidação de diplomas estrangeiros, não podendo portanto a Universidade receber os processos apenas quando da abertura de editais, e como é ente da Administração Pública tem obrigação de processar os pedidos administrativos estando vinculada à lei.

A revalidação dos diplomas no Brasil está regulada pela RESOLUÇÃO Nº 8, DE 4 DE OUTUBRO DE 2007 do Conselho Nacional de Educação que estabelece critérios para revalidação dos diplomas que em resumo devem seguir os seguintes passos:

1 - Abertura de processo administrativo para revalidação de diplomas emitidos por instituições de ensino superior estrangeiras.

2 - Análise comparativa do programa de estudos de ambas instituições.

3 - Emissão de um parecer que deve definir compatibilidade, podendo decidir entre a revalidação automática, realização de exames teóricos e/ou práticos, ou oferecer a possibilidade de complementação dos estudos visando a equiparação de ambos programas.

Sobre o currículo da Escola Latino-americana de Medicina (CUBA), um Relatório da Missão Oficial da Comissão de Especialistas do Ministério da Educação (Mec), em 2004, com participação do Conselho Federal de Medicina, concluiu “do ponto de vista de formação clínica voltada para um médico generalista os currículos de graduação do Brasil e de Cuba são perfeitamente compatíveis”, posteriormente em 2009, uma Comissão da ANDIFES chegou a conclusão semelhante.

Existe uma verdadeira indústria da revalidação no Brasil. Poucas universidades abrem processos fora do Exame Revalida. E quando fazem cobram caro: UFMT (R$ 1.400,00), UFF (R$ 590,00), UFMG (R$ 1.170,00). No caso da UFMT em 2011, houveram 300 estudantes revalidados de 637 que se apresentaram ao exame, ano passado a corporação médica pressionou a universidade e seu novo reitor, e o resultado foi que de quase mil inscritos, apenas 3 foram aprovados. Mas no entanto, o exame representou a entrada de mais de um milhão de reais aos cofres da Universidade.

Além disso, por via de ações judiciais instituições como a Universidade Estadual do Ceará e a Universidade Federal do Ceará estão perdendo ações na justiça que garantem aos formados no exterior o famoso parecer sobre o currículo. Com este em mãos, buscam universidades privadas, pagam valores de R$ 25.000,00 a R$ 80.000,00, complementam seus estudos em 6 meses ou um ano e revalidam seus diplomas. Quem se prejudica? O médico de origem popular formado no exterior. Outra vez o processo de revalidação exclui quem pinta de povo o sistema de saúde.
Esse é o modelo defendido pela corporação: o modelo que restringe e exclui.


Em qualquer Estado democrático de direito quem manda é a Lei. No entanto, no Brasil por pressão de setores corporação médica, nenhuma universidade pública ousa cumprir a lei e oferecer a complementação teórica aos estudos e muitos menos reconhecer que diplomas de instituições estrangeiras possuam compatibilidade curricular.

O próprio Governo Federal em anos anteriores cedeu a mesma pressão da corporação médica e retirou da primeira portaria que criou o Projeto Piloto de Revalidação, e que depois se transformou no famoso exame nacional Revalida, o texto que garantia o respeito à Lei e o direito aos reprovados no exame a complementação dos estudos.

Acontece que neste momento a correlação de forças dentro do governo mudou e hoje, o nosso Ministro da Saúde, companheiro Alexandre Padilha e sua equipe, a própria Casa Civil e a Presidenta Dilma Rousseff, estão decididos a garantir o direito à assistência médica por cima das pressões corporativas. Por isso, se construiu ao longo dos últimos meses uma série de articulações que pudessem garantir o exercício profissional dos formados no estrangeiro, sejam brasileiros ou não. O debate e a proposta foi apresentado às entidades médicas, mas elas não aceitaram.

"De que lado você samba?"

Considerando todo o exposto, é possível concluir que a resistência envenenada contra os médicos formados no exterior é feita pelos mesmos que são contra as cotas sociais, étnicas e raciais nas universidades públicas, que resistem ao serviço civil obrigatório aos egressos do ensino superior público e que historicamente se posicionaram contra o reconhecimento no Brasil da Medicina da Família e da Comunidade.

Que viva o povo brasileiro!
Até a vitória! Sempre!




*Nésio Fernandes de Medeiros Junior é médico formado em 2012 pela ELAM (Escola Latino-Americana de Medicina em Havana)




Fonte: Vermelho
Imagem: Google



A campanha do colesterol é o maior escândalo médico do nosso tempo - Novos estímulos para uso de estatinas em crianças

11 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Retirado do Blog do Gilson Sampaio


“A campanha do colesterol é o maior escândalo médico do nosso tempo”


 Uffe Ranskov
Via Activa

Entrevista a Uffe Ranskov, investigador dinamarquês e fundador da Liga Internacional dos Céticos do Colesterol que defende que o colesterol alto não é causa mas apenas um sintoma das doenças cardiovasculares.

Bárbara Bettencourt



Como começou o seu interesse no colesterol?

Quando a campanha anti-colesterol começou na Suécia, em 1989, fiquei surpreendido porque nunca tinha visto indicações na literatura médica que mostrassem que o colesterol elevado ou as gorduras saturadas fossem prejudiciais. Como sabia pouco do assunto comecei a ler de forma sistemática e rapidamente percebi que o rei ía nu.

Parece haver uma guerra de estudos nesta matéria...

Quase todas as pesquisas nesta área são pagas pelas farmacêuticas e pela indústria das margarinas. É também um facto triste que muitos investigadores que mostraram que o colesterol elevado não é mau, não o percebam eles próprios. Por exemplo, dois grupos de investigação norte-americanos mostraram recentemente que o colesterol de doentes que deram entrada no hospital com ataque cardíaco estava abaixo do normal. Concluíram que era preciso baixar o colesterol ainda mais. Um dos grupos fez isso mesmo. Três anos depois tinha morrido o dobro dos pacientes a quem tinham baixado o colesterol, comparativamente aqueles em que o colesterol foi deixado na mesma.

Se o colesterol não tem influência na doença coronária como se explica que haja tantos estudos a mostrar efeitos positivos das estatinas em pessoas com historial de doenças coronárias?

A razão prende-se com o facto das estatinas terem outros efeitos, anti inflamatórios, além de baixarem o colesterol. O seu pequeno benefício só foi demonstrado em pessoas jovens e homens de meia- idade que já tiveram um ataque cardíaco. Nenhum ensaio de estatinas foi capaz de prolongar a vida às mulheres ou pessoas saudáveis cujo único ‘problema’ é terem o colesterol alto. E há mais de 20 estudos que demonstram que pessoas mais velhas com colesterol vivem mais tempo.

- Há quem não desvalorize completamente o papel do colesterol, nomeadamente o LDL, mas enfatize a importância do tamanho das partículas.

O investigador norte-americano Ronald Krauss descobriu que o LDL existe em vários tamanhos e que um número elevado de partículas pequenas e com maior densidade está associado a um maior risco de ataque cardíaco, enquanto que um numero alto de partículas de LDL grandes está associado a um risco menor. Também demonstraram que ao comer gordura saturada o número de partículas pequenas no sangue descia e que o número das grandes subia. Isto não significa que as partículas pequenas sejam a causa dos ataques cardíacos. Haver uma relação não implica que seja de causa efeito. O que estes estudos demonstraram foi que comer gorduras saturadas não causa doenças coronárias. De qualquer forma, uma análise do colesterol diz pouco. O nível de colesterol depende de muitas coisas. O stresse pode aumentar o nível de colesterol em 30% a 40% em meia hora.

Diz ainda que as gorduras saturadas não são um problema mas sim a comida processada, com gorduras hidrogenadas, e o açúcar...

Sim, o triste é que até os autores do mais recente relatório da OMS/FAO admitiram que a gordura saturada é inocente e apesar disso continuam com as recomendações de dietas com baixos teor de gordura e altos teores de hidratos de carbono. O relatório diz ‘As provas disponíveis de ensaios controlados não permitem fazer um juízo sobre efeitos substantivos da gordura na dieta no risco de doença cardiovascular’. Na Suécia, milhares de diabéticos obesos puderam deixar a medicação para a diabetes evitando os hidratos de carbono e comendo alimentos ricos em gordura saturada.

O que recomenda às pessoas relativamente à toma de estatinas?

Não usem estatinas! O seu benefício é mínimo e o risco de efeitos adversos é muito mais alto do que o que as farmacêuticas dizem. Vários investigadores independentes mostraram que há problemas musculares em25 a 50% das pessoas, especialmente nos mais velhos. Pelo menos 4% ficam com diabetes e parece haver também ligação a perdas de memória ou Alzheimer. Os problemas de fígado também são um risco. A campanha do colesterol é simplesmente o maior escândalo médico do nosso tempo.


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Novos estímulos para uso de estatinas em crianças


Artigo de W C Douglas

Tradução: José Carlos Brasil Peixoto


Remédios que reduzem o colesterol para as crianças! Nada parece ser mais louco do que isso - mas as novas orientações da Academia Americana de Pediatria conclama os médicos para dar estatinas às crianças... começando na quarta série!

Sob as novas regras, cada criança no país deve ser avaliada em suas taxas de colesterol entre as idades de 9 e 11, e novamente entre 17 e 21 (não por coincidência logo antes de sair da política do parents' insurance policies).

Para as crianças com colesterol "elevado" é proposto começar o bombardeio com estatinas, colocando-os em risco para tudo, desde debilitantes dores musculares até danos graves renais e ao fígado.


Se esses efeitos colaterais não são razão suficiente para manter as crianças longe destes remédios, considere isto: Não há um único estudo que mostra as estatinas ajudem as crianças – e, em primeiro lugar, não há nenhuma pesquisa que mostra que o "colesterol elevado" é de alguma forma prejudicial para uma criança!

Mesmo os entusiastas das estatinas no CDC (Centro de controle de doenças americano), que nunca encontram uma criança que não pudesse receber medicamentos ou ser vacinada, admitem que os níveis de colesterol em crianças caem por conta própria ao longo do tempo sem qualquer tratamento.

Não é muito difícil descobrir o porquê: crianças, especialmente as crianças pequenas, precisam de gordura e colesterol ainda mais do que os adultos. É essencial para o crescimento e desenvolvimento, especialmente no cérebro e no resto do sistema nervoso central.

Assim, a própria ideia de tentar reverter o colesterol elevado em crianças não é cientificamente comprovada, é medicamente insalubre, e amplamente reconhecida como completamente desnecessária – mas ainda assim os líderes em pediatria nos Estados Unidos estão por trás disso.

Por outro lado, este é o mesmo grupo que tem estimulado oferecer perigosas drogas estimulantes para crianças com quatro anos de idade que supostamente têm TDAH - assim, pelo menos, eles têm sua coerência doutrinária.

Gente, você não precisa de uma bola de cristal para ver onde isso vai dar. Assim como as orientações para o colesterol, pressão arterial, diabetes e outras mais foram expandidas para obter mais adultos sob medicação para essas condições, eles estão sendo esticados ainda mais para expandir o mercado farmacêutico para incluir as crianças.

Esqueça a hora do lanche – as escolas de ensino fundamental vão ter que começar a substituir pela hora das pílulas!


Fonte: Gilson Sampaio, Uma outra visão 

Imagens: Gilson Sampaio, Google



TV pública da Dinamarca exibe show com mulheres nuas para homens “analisarem” seus corpos

10 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda




O programa Blachman, exibido semanalmente no horário nobre da TV pública da Dinamarca (Dr TV) vem gerando polêmica. O programa está sendo por diversos meios de comunicação da Europa e dos próprios dinamarqueses como o mais machista da história.

A atração possui o seguinte roteiro: a mulher entra em uma sala escura. Sentados, dois homens esperam até que ela tire a roupa. Entre sorrisos e gargalhadas, os dois começam a analisar o corpo da mulher. Dos pés a cabeça, durante alguns minutos, os homens destacam os pontos “negativos e positivos”. “Isso agrada os homens”, dizem, concluindo se a mulher é (ou não) “bela”.


A acusação de observadores de Diretos Humanos é na forma como as mulheres são tratadas – como objetos. As protagonistas ficam em silêncio em todo o programa e não podem responder às “análises”. As convidadas escutam comentários como “esse é o tipo de peito que o homem quer”.

O apresentador e diretor Thomas Blachman se defende dizendo que o programa tem um caráter revolucionário, pois pretende discutir a estética do corpo feminino sem permitir que a conversa seja “pornográfica ou politicamente incorreta”. “Agora as mulheres podem entender o que os homens pensam sobre o corpo delas”, afirmou o diretor ao jornal Daily Mail.

Em vídeo divulgados pelo portal LaSexta, mulheres de diferente idades aparecem nuas sendo analisadas por Thomas Blachman e um amigo – sempre um convidado novo ajuda o apresentador. A cena que mais impressiona é uma mulher idosa também ouvindo as críticas.









Fonte: Sul21






A crescente desnacionalização da indústria no Brasil

9 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda




Em entrevista ao Clube de Engenharia, Adriano Benayon fala sobre a crescente desnacionalização da indústria brasileira




Adriano Benayon
O Portal da Engenharia publica, a seguir, entrevista exclusiva com o economista e diplomata Adriano Benayon, autor de Globalização versus Desenvolvimento, 2ª edição, da Editora Escrituras/SP. Benayon é consultor em finanças e em biomassa, Doutor em Economia pela Universidade de Hamburgo, bacharel em Direito, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, diplomata de carreira, com postos na Holanda, Paraguai, Bulgária, Alemanha, Estados Unidos e México, e delegado do Brasil em reuniões multilaterais nas áreas econômica tecnológica. Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados e do Senado Federal na área de economia, professor da Universidade de Brasília (Empresas Multinacionais; Sistema Financeiro Internacional; Estado e Desenvolvimento no Brasil), Adriano Benayon tem muito a acrescentar ao movimento nacional que o Clube de Engenharia fez avançar ao lançar, em 2011, o manifesto em defesa da engenharia e da empresa brasileira de capital nacional.  


Clube de Engenharia - Qual processo socioeconômico nos trouxe até o atual quadro de alarmante desnacionalização? Em que diferimos do resto do mundo? Quais especificidades fazem o país ser vítima desse processo?

Adriano Benayon - Antes de resumir o processo da desnacionalização, falemos da anterior construção da indústria nacional.

Até a derrubada de Getúlio Vargas, em 1954, através de um golpe militar orientado pelos serviços secretos das potências hegemônicas (EUA e Reino Unido), o Brasil vinha formando, desde os primeiros decênios do século XX, expressiva industrialização, principalmente no Estado de São Paulo, com empresários nacionais, boa parte deles imigrantes e seus descendentes. Foi a fase em que a substituição de importações foi feita principalmente por empresas de capital nacional.

Para isso houve uma combinação favorável de fatores:

a) dificuldades na exportação do café, devidas à depressão mundial dos anos 30, com desvalorização de nossa moeda;

b) os fabulosos recursos naturais do País, inclusive a excelente dotação de terras férteis, suscitando interação entre a demanda do campo e a dos centros urbanos com as novas indústrias, não limitada aos bens de consumo;

c) a 2ª Guerra Mundial, quando exportações foram reativadas, mas houve menos oferta de produtos estrangeiros;

d) o crescimento natural da população, incrementado pela entrada de mais imigrantes, em número mais baixo que o anterior à 1ª Guerra Mundial, mas, com gente, na média, melhor qualificada, ao aproximar-se a 2ª Guerra e durante ela;

e) a criação, por Vargas, de serviços e empresas estatais de grande porte em áreas estratégicas, o controle do subsolo, os institutos de previdência etc.

O potencial do País e sua promissora industrialização não eram do agrado das potências anglo-americanas, as quais, mal terminada a 2ª Guerra Mundial, promoveram a primeira derrubada de Vargas, em 29.10.1945, embora este já estivesse por sair, não sendo candidato às eleições de 03.12.1945. Eleito o Mal. Dutra, apenas pelo apoio de Vargas, que, assim derrotou o Brig. Eduardo Gomes, candidato de seus opositores, Dutra, ex-simpatizante dos regimes fascistas, aderiu aos desígnios do império anglo-americano, que usava o anticomunismo como instrumento para mais facilmente dominar o País.

Ainda assim, a industrialização nacional, embora prejudicada, de 1946 a 1949, não foi de todo interrompida, uma vez que, em menos de um ano, a abertura comercial desbragada levou a enorme desequilíbrio nas contas externas, fazendo que a própria taxa de câmbio se encarregasse de propiciar alguma proteção à indústria local.


Getúlio Vargas
Getúlio Vargas, em 1951, retorna à presidência, eleito pelo voto direto do povo, retoma e amplia medidas tomadas antes de 1945. Vem a criação da Petrobrás (no período anterior fora a Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional, a Fábrica Nacional de Motores), o projeto de fundação da Eletrobrás, o BNDES e um sem número de políticas pró-desenvolvimento preparadas por sua assessoria financeira, sob a direção de Rômulo de Almeida.

Estava, portanto, bem encaminhada a plena e verdadeira industrialização do País, pois somente com predominância de capital nacional e desenvolvimento de tecnologia dentro das empresas nacionais é viável que ela dure e se desenvolva.

Passo à desnacionalização. Ela começa com o que muitos pensam erroneamente ser a intensificação da industrialização, notadamente no quinquênio de JK (1956-1960) e nos mandatos de Médici e Geisel (os falsos milagres econômicos).


Juscelino Kubitschek - Emílio Médici - Ernesto Geisel 
Porém, isso foi uma industrialização inconveniente, porque dependente do exterior, financeira e tecnologicamente. Na realidade, ela conduziu o País para a desindustrialização, evidente desde os anos 90.

Desde agosto de 1954, após a derrubada de Vargas, a desnacionalização foi promovida por governos egressos de golpes militares sob direção estrangeira, ou de eleições comandadas pela pecúnia, no quadro de instituições políticas adrede constituídas.

Ela se deu por meio de cooptação e de corrupção e também por efeito da dependência cultural, formada pela mídia e por universidades. Foi reforçada pelo deslumbramento diante dos requintes da “civilização” dos países imperiais e da difusão das realizações destes, sem se cogitar que muito dessas “maravilhas” resultou do saqueio das periferias.


O governo militar-udenista, de 1954/1955, instituiu vantagens absurdas em favor do capital estrangeiro, inauguradas com a Instrução 113 de 17.01.1955, da SUMOC (Superintendência da Moeda e do Crédito).

Essa Instrução propiciou às multinacionais importar máquinas e equipamentos usados, sem cobertura cambial, registrando o valor a eles atribuído pela multinacional, como investimento estrangeiro direto, em moeda.

Desse modo, os bens de capital entraram, no Brasil, mais que amortizados com as vendas em vários mercados, de dimensões, cada um dos quais, dezenas de vezes maior que o brasileiro.

Em consequência, as promissoras indústrias de capital nacional, formadas na 1ª metade do Século XX, foram sendo dizimadas, impossível que era concorrer com grandes empresas transnacionais, ainda por cima, operando no Brasil com capital e tecnologia a custo zero.


A primeira fábrica da Volkswagen no Brasil
Assim, a Volkswagen apossou-se de mais de 50% do mercado de automóveis, com o Fusca, de tecnologia desenvolvida nos anos 30, produzido para o mercado europeu, vinte anos antes de o ser no Brasil. Ora, a amortização dos equipamentos ocorre em cerca de cinco anos.
Presidente Juscelino Kubitschek
Tal é a desinformação reinante no País, que a maioria dos brasileiros associa JK ao desenvolvimento. Ele se proclamava desenvolvimentista, mandava tocar obras, mas não entendeu ou não quis entender como se chega ao desenvolvimento.

JK não só manteve, mas ampliou os subsídios e facilidades para os investimentos diretos estrangeiros (IEDs). Eleito, antes de tomar posse, visitou diversos países em missão para atrair esses “investimentos”.

Assim, o País posto nos trilhos do modelo dependente, continuado sob os governos militares, e acentuado pelo filo-norte-americano Castello Branco (1964-1966), ao dar a Roberto Campos a posição de czar da economia. Esse fez devastar grande número de empresas de capital nacional, restringindo gastos e investimentos públicos, limitando e encarecendo o crédito, para inviabilizar as indústrias e as outras empresas nacionais.


Primeira fábrica da Fiat no Brasil

A implantação da Fiat, nos anos 70, com recursos do governo de Minas e incentivos federais, é um dos exemplos escandalosos do modelo de dependência tecnológica, financeira e cultural prevalecente no Brasil. A “proeza” está sendo repetida, pois mais de 70% da nova fábrica da Fiat em Pernambuco é montada com dinheiro público. Como essa, n outras montadoras transnacionais têm sido implantadas em outros Estados com subsídios, incentivos e doações inimagináveis. O mesmo ocorre em outros setores.

Tem havido devastadora guerra fiscal para atrair investimentos estrangeiros, na qual governadores e prefeitos oferecem a empresas transnacionais estrangeiras vantagens cada vez mais desmedidas, às custas dos contribuintes e da economia brasileira, as quais se somam aos subsídios fiscais federais e a financiamento subsidiado por bancos estatais, como o BNDES.

Aí está a origem da desnacionalização, a qual resultou na desindustrialização e, em suma, no subdesenvolvimento. Essa é a confrangedora situação atual do País, sem indústrias próprias, sem tecnologia, nem marcas próprias, apanhando de dez a zero de países pequenos e antes paupérrimos, como a Coreia do Sul e Taiwan, sem falar na potência mundial em que se transformou a China.

Clube de Engenharia - Em que diferimos do resto do mundo? Quais as especificidades e as diferenças em relação a outros países.

Adriano Benayon - Elas ficam claras, comparando o que resumi da história econômica do Brasil, com o que aqueles países fizeram. Vamos situar isso no contexto histórico e político. Coreia do Sul e Taiwan estavam na linha de frente da guerra fria, que já havia estado mais que quente. Seus regimes eram fechados e militaristas, mas isso lhes possibilitou adotar as políticas públicas necessárias ao desenvolvimento.

Quais? Fomentar empresas nacionais, suscitar a formação de grandes empresas e conglomerados de capital nacional, apoiados por estatais na infra-estrutura e por bancos estatais. No Brasil, ao contrário, as empresas transnacionais foram as favorecidas pela política econômica e são escandalosamente subsidiadas até hoje.

A China, saqueada e ocupada militarmente, desde 1840, com a criminosa guerra do ópio, movida pelo império britânico, envolvida em guerras civis, instaurou, com a vitória da revolução em 1949, um regime comunista, com a economia quase totalmente estatizada, e restante vinculado ao poder público.

Construiu, durante o período maoísta (1949-1976) importantes infra-estrutura e indústria e tornou-se potência militar e nuclear. Quando Deng modificou o curso e admitiu as transnacionais nas zonas costeiras e voltadas para a exportação, suscitou, ao mesmo tempo, a formação de poderosas empresas privadas de capital nacional.

Além disso, a China é praticamente o único país do mundo que consegue levar vantagem com as transnacionais, aproveitando capital e principalmente tecnologia, que absorve. Isso porque seu regime político não decorre de eleições dependentes de dinheiro para as campanhas.

Foi consequência do nacionalismo, decorrente da dura experiência de agressões imperiais sofridas e da herança maoísta, associado à cultura milenar taoísta e confucionista, em que o mérito é completamente valorizado na ascensão dos quadros econômicos e políticos.

Desse modo, as transnacionais só foram admitidas sob condições estritas e, em função do regime político, insuscetíveis de serem contornadas. Entre elas, diretores chineses em paridade numérica e salarial com os enviados pela matriz da transnacional, e transferência de tecnologia (expressão no Brasil, esvaziada de sentido).

Coreia e Taiwan copiaram o modelo japonês, inclusive opondo intermináveis dificuldades burocráticas para limitar a presença das transnacionais em seu setor produtivo. Obtiveram tecnologia estrangeira, capacitando seus nacionais a absorvê-la, o que só pode ser feito em empresas de capital nacional. Impossível nas subsidiárias das transnacionais.

Que fizeram para isso? Contratos de transferência de tecnologia, principalmente com empresas europeias, pagando-lhes percentual sobre as vendas da produção local. Não cometeram, como o Brasil, o suicídio econômico de entregar o mercado interno (de resto muito mais promissor que o daqueles países) às transnacionais, através dos investimentos diretos estrangeiros.

Ainda mais incrível que entregar o mercado (o trunfo para realizar contratos de transferência de tecnologia), foi subsidiar – e como! – a entrada desses “investimentos”, dos quais o Brasil não tinha a menor necessidade.

Primeiro, as transnacionais usaram quase que só capital local, inclusive lucros de operações comerciais anteriores, e principalmente os subsídios governamentais. Segundo, havia no País capital mais que suficiente (além disso, ele pode ser criado por emissões do Tesouro e pelo sistema bancário). Comparem-se os recursos do Brasil em 1955 com os dos então miseráveis asiáticos.

Os investimentos diretos estrangeiros (IEDs) são considerados remédio para “equilibrar” o Balanço de Pagamentos – BP, mas agravam enormemente a doença: o desequilíbrio do BP, decorrente dos próprios IEDs. Como? Devido às transferências de seus lucros oficiais ao exterior e ainda mais dos disfarçados, remetidos através de outras contas, com superfaturamento de importações e subfaturamento de exportações, pagamentos por serviços superfaturados e até fictícios (juros, comissões, assistência técnica, uso de marcas etc.)

Os déficits nas transações correntes (TCs) com o exterior vêm-se avolumando. Somaram US$ 204,1 bilhões de 2008 a 2012 (US$ 54,2 bilhões só em 2012). Eles estão em aceleração: US$ 18 bilhões, ou seja, 83% a mais que no mesmo período de 2012.

Num círculo vicioso, os déficits nas TCs, por sua vez, fazem acelerar ainda mais a desnacionalização, a qual, de novo, produz déficits nas TCs, e estas levam a mais endividamento.

Fernando Collor de Mello - Fernando Henrique Cardoso

Desde os anos 90 - com Collor e FHC - a desnacionalização cresceu ainda mais através das privatizações, em que a União, em vez de receber, gastou centenas de bilhões de reais para entregar estatais de grande porte.  

Clube de Engenharia - Em 2012, 296 empresas nacionais foram compradas por grupos estrangeiros. Em 2011, foram 208 e, em 2010, 175 empresas. Ou seja, os números têm crescido e estamos batendo o nosso próprio recorde anualmente. Como frear esse processo? O senhor vê no governo a vontade política necessária para estancar o problema? O que podemos esperar, nos próximos anos?

Adriano Benayon - Mais do mesmo, enquanto não se mudar o sistema político atual. Por que? O grande drama é que a desnacionalização gera no sistema político outro círculo vicioso, não menos sério que o causado na economia. Em outras palavras, controlando o grosso e o que há de mais poderoso na estrutura econômica e financeira do País, as transnacionais fazem prevalecer seus interesses na formulação das políticas governamentais, nas leis etc.

Isso porque, no modelo político de molde ocidental, a pluralidade de partidos e as eleições periódicas não significam democracia, uma vez que a grande maioria dos eleitos depende de volumosos recursos financeiros e de acesso à grande mídia, especialmente à TV. Ora, a grande imprensa e outras fontes de formação de opinião estão, secularmente, a serviço de interesses que não são os nacionais.

Quanto ao número de empresas brasileiras desnacionalizadas, foram 1.296, de 2004 a 2011, período em que as remessas oficiais de lucros ao exterior montaram a US$ 405 bilhões. Ora, as remessas de lucros disfarçados em outras contas foram um múltiplo disso. Adicionando as 296 de 2012, o total, desde 2004, vai para 1.586.

É bom ter presente que a aquisição de empresas de capital nacional (desnacionalização em sentido restrito) é só uma parte dos “investimentos estrangeiros diretos (IEDs). A desnacionalização, em sentido lato, inclui também a criação de novas subsidiárias e a capitalização adicional nas já estabelecidas. Tudo isso implica controle da economia brasileira por empresas estrangeiras.

Clube de Engenharia - O Clube de Engenharia publicou, em 2011, manifesto pela defesa das empresas genuinamente nacionais. De acordo com o documento, seria necessária a restituição das proteções constitucionais à produção nacional, tendo como foco prioritário imediato três áreas, por serem consideradas estratégicas para o país: as indústrias de petróleo o gás, energia e defesa. Restituir as proteções legais e a diferenciação entre empresas brasileiras de capital nacional seria suficiente para reverter o quadro atual? Sob o ponto de vista da crescente desnacionalização, como estão essas três áreas estratégicas hoje no Brasil?

Adriano Benayon - Certamente é importante a iniciativa do Clube de Engenharia, que, desse modo, dá um passo na direção que o Brasil precisa tomar.

A meu ver, é importante, mas não suficiente, uma Emenda à Constituição para restituir-lhe o capítulo da Ordem Econômica, inclusive com a distinção entre empresa de capital nacional e de capital estrangeiro, que foi extirpado do texto votado em 1988, por iniciativa do governo de FHC, executante do Consenso de Washington.

É fundamental estabelecer a reserva de mercado para empresas de capital nacional em áreas estratégicas, como as três sugeridas pelo Clube de Engenharia.

Não menos prioritário para todos os setores produtivos e financeiros, são regras, para serem cumpridas – e não regras desdentadas - que estabeleçam firmemente a concorrência. Para que haja elevação da renda, da qualidade da produção e desenvolvimento tecnológico, é indispensável acabar com o império sobre o mercado detido pelos oligopólios, principalmente liderados por transnacionais, muitos dos quais operam como carteis.

Como realizar isso? Assegurar as reservas de mercado para empresas nacionais, financiando-as a longo prazo e a juros favorecidos, ajudando-as a investir na capacitação de seus engenheiros e técnicos para absorver e desenvolver tecnologias, praticando inclusive tecnologia reversa e fazendo contratos de transferência de tecnologia, sob adequada supervisão de órgãos estatais, como o INPI (que nunca foi dotado para exercer as funções que devia desempenhar).

A propósito, é urgente para o Brasil revogar a Lei de Propriedade Industrial, adotada em conformidade com os acordos nessa área, firmados na OMC, e rever esses acordos, denunciando-os se necessário. Além da desnacionalização das empresas, os governos, principalmente a partir de Collor desnacionalizaram o próprio Estado brasileiro. Se os brasileiros, engenheiros ou não, querem ser alguma coisa na vida, esse estado de coisas tem de acabar.

Em suma, só haverá desenvolvimento econômico e social, e bons empregos para engenheiros e para outros brasileiros, se a produção, em todos os setores, for realizada por empresas nacionais em regime de concorrência.

Se não, continuaremos com os sobrepreços, como os que praticam as transnacionais, a ponto de, como é sabido, por exemplo, os carros custarem aqui mais que o dobro do que na média dos outros países, não obstante os subsídios, isenções fiscais, financiamentos generosos, terrenos dados, obras de infra-estrutura e outras vantagens que as montadoras estrangeiras recebem de graça.

Qual é, pois, a função dos oligopólios? Produzir a custos baixos e subsidiados, vender a preços altos, administrados por eles mesmos, e mandar os ganhos para o exterior de várias maneiras. Exemplifiquei com os carros, mas vale para todos os setores de produção.

Lógico que as empresas nacionais que surgirem ou se reconstituírem graças à nova política deverão ser fiscalizadas no cumprimento das normas de concorrência e impedidas de serem vendidas a empresas estrangeiras e mesmo a concorrentes nacionais, salvo se isso não implicar a formação de oligopólio.

Clube de Engenharia - Que áreas podemos apontar como exemplos perfeitos do processo de acelerada desnacionalização no país? Quais são os casos mais emblemáticos?

Adriano Benayon - Já mencionei o caso notório do setor automotivo. Mas os abusos em outros bens de consumo durável e até em bens de produção são muito frequentes, tanto nos de origem mineral como agrícola. O absurdo estende-se aos transportes, em que o aeronáutico constitui um escândalo e uma vergonha.

Ainda mais no País que, além de ter a EMBRAER - também desnacionalizada, no mínimo, em parte - é o do inventor do avião, o país que já teve companhias aéreas gigantes, presentes em todo o mundo, e está agora à mercê de um cartel de empresas estrangeiras de terceira categoria, até mesmo para os vôos internos.

Que falar de outra vergonha, a dos transportes marítimos? E do caso de enormes estatais, como a Vale Rio Doce, que não se sabe quem controla, embora fundos previdenciários brasileiros tenham bancado a maior parte do valor pífio da privatização de um patrimônio absolutamente incalculável, estratégica e economicamente?

O Brasil não controla sequer sua infra-estrutura, como a da hidroeletricidade, privatizada, em grande parte, para empresas estrangeiras e regulado de forma desastrosa, no esquema das Agências (mesmo caso da do petróleo e combustíveis, a ANP), criadas para ajudar os concessionários que deveriam ser regulados, e não, os consumidores e a economia do País. Ainda na energia, o setor sucro-alcooleiro está tendo acelerado processo de desnacionalização.

Além disso, temos a agricultura e a pecuária submetidas a tradings internacionais. Toda a estrutura de produção desse setor, como a dos minerais, é determinada por interesses estrangeiros. Se não, as terras de produção agrícola não estariam sendo usadas em quase 50% só para a soja, nem a pecuária ocuparia mais de 1/3 das terras totais utilizadas.


Pior ainda, os governos entreguistas e pusilânimes, tanto o federal, como a maioria dos estaduais permitiram, quando não apoiaram - em favor das notórias transnacionais, Monsanto, Syngenta, Bunge, Bayer etc. - a substituição das sementes tradicionais – indispensáveis para a segurança alimentar – por sementes transgênicas, prejudiciais à saúde dos que se alimentam com seus produtos, sem falar no veneno dos agrotóxicos associados a essas sementes (só elas resistem a eles). Ademais, o uso das transgênicas contamina as terras vizinhas, acabando com as tradicionais e exterminando as abelhas, necessárias à preservação da vida atraves da polinização.

Certamente omiti muita coisa, inclusive os absurdos, desnecessários leilões do petróleo descoberto pela Petrobrás, para ser explorado por empresas estrangeiras, em troca de royalties risíveis, em percentual cinco vezes menor que o negociado pelo Xá do Irã com as petroleiras anglo-americanas, ainda nos anos 50.

Clube de Engenharia - Na sua opinião, podemos traçar uma ligação direta entre desnacionalização e desindustrialização? Os dois processos estão ligados de alguma forma?

Adriano Benayon - Sim. Para começar, a desnacionalização causa o empobrecimento de um país. Primeiro, transferindo para o exterior os elevadíssimos ganhos dos oligopólios. Segundo, gerando, com isso, déficits de conta corrente, que têm que ser cobertos por empréstimos e outras formas de endividamento.

As dívidas ganharam dinâmica própria, como se fossem bactérias em ambiente ácido, através da capitalização de juros, tarifas, comissões e taxas especiais, e o Estado gasta grande parte, se não a maior, de suas receitas com o serviço da dívida (no Brasil a externa desencadeou a dívida pública interna, a partir de 1980). Isso devido, inclusive, à influência da oligarquia financeira estrangeira nos governos e até na Constituinte, quando foi inserido no texto da Constituição, fraudulentamente, o dispositivo que privilegia o serviço da dívida no orçamento federal. Essa despesa, de 1988 ao presente, aproxima-se, em moeda atualizada, de 10 trilhões de reais.

Assim, o Estado investiu pouco na infra-estrutura – e mal, diga-se de passagem - e nas indústrias de base, a qualidade da educação decaiu etc. O salário médio pouco cresceu, ficou estagnado, mormente em comparação com os países que experimentaram real desenvolvimento. Ora, os grupos industriais preferem investir na produção de bens de elevada qualidade e maior valor agregado nos países de renda elevada ou nos que se desenvolvem.

Assim, crescentemente, os bens de maior valor agregado deixaram de ser produzidos no Brasil. Além disso, acabando com a proteção tarifária, desde a abertura comercial, sem contrapartida, decretada pelo devastador Collor, as transnacionais no Brasil, passaram a importar não só os bens finais de maior valor agregado, mas também os componentes e insumos de maior valor (de resto superfaturados, como sempre fizeram), contribuindo assim para o déficit na conta corrente com o exterior.

Além disso, como as transnacionais não desenvolvem tecnologia no País, pois ganham mais usando a tecnologia já desenvolvida nos países de suas matrizes, há, entre outras, duas consequências:

1) a produção local nunca vai concorrer com a produção desses países, porque a tecnologia empregada nesta vai ser sempre mais avançada que a incorporada nas máquinas usadas, exportadas para o Brasil, além de que aqui os custos são superfaturados, para ganhar mais e transferir mais renda para a matriz:

2) os engenheiros e técnicos brasileiros ficam excluídos, na especialização internacional, dos empregos mais interessantes e melhor remunerados

Clube de Engenharia - Enquanto os EUA compram a General Motors, um dos símbolos do capitalismo, e a França mantém controle em diversas áreas, como a aviação, no Brasil, o assunto foi demonizado pela grande mídia. Qual a participação dela - a grande mídia - nesse processo como suporte ao lobby internacional, e como vencer a questão cultural?

Adriano Benayon - A grande mídia sempre combateu e difamou os que defenderam os interesses nacionais, além de ter sempre promovido as ideias, as políticas e os projetos da oligarquia financeira anglo-americana e das transnacionais. Ela já o fazia contra Getúlio Vargas, antes mesmo de findar o Estado Novo, em 1945.

Há, além disso, uma espécie de admiração reverencial dos acadêmicos em geral, não só de economistas, os quais tendem a se orientar pelas doutrinas emanadas das universidades mais famosas do Atlântico Norte, estipendiadas por potentados da oligarquia financeira e grandes transnacionais.


Deu-se também a descaracterização cultural, em muitos países, e de modo especialmente agudo e profundo no Brasil. Uma espécie de Blitzkrieg imperial, com ênfase na música, inclusive com a intensa difusão da antimúsica, aviltamento da indústria do entretenimento, através do cinema, do rádio e das TVs comerciais. A reforma MEC-USAID (supressão do latim e do francês nos currículos escolares) no início dos anos 70, com o ex-militar entreguista Jarbas Passarinho, firmante mais tarde, já no governo Collor, da portaria que fez demarcar imensa área indígena dita ‘ianomâmi”, no interesse da oligarquia financeira, sobretudo britânica, que controla a mineração.

Em síntese, do mesmo modo que só uma completa revolução na política econômica seria capaz de pôr o Brasil no rumo do desenvolvimento, só uma revolução não menos total no campo da cultura viabilizaria aquela. A cultural não exigiria tantos recursos, nem os deveria economizar para formar comunicadores, historiadores e professores que reexumassem as boas realizações da cultura nacional e as renovassem.

O investimento no campo fundamental e estratégico que é a cultura tem de fundar e desenvolver TVs públicas de alta qualidade, as educativas e as informativas e de entretenimento e cultura, com música de qualidade nacional e estrangeira. Também, boas escolas públicas, desde o nível primário ao superior. Uma tarefa gigantesca. Um exemplo: não seria mal retomar e adaptar aos tempos atuais os currículos e os métodos das escolas estaduais do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais (entre outras) nos anos 20 do século passado, e do Colégio Pedro II (federal, de ensino médio, no Rio de Janeiro, antiga capital). Outra ideia: adaptar os currículos das escolas japonesas e chinesas, em que, desde os primeiros anos, há ênfase na formação dos valores éticos.


Em suma, restaurar e renovar tudo que a Rede Globo e outras TVs comerciais têm destruído ao longo dos últimos 50 anos. Também oferecer algo totalmente diferente da revista VEJA aos leitores que buscam informação real e avaliações não distorcidas.

Clube de Engenharia - Com os juros mais baixos da história, alta desoneração da folha de pagamento, isenção de impostos e financiamentos disponíveis, ainda assim, falta ousadia no empresariado nacional. Isso colabora com a desnacionalização? Como acordar os empresários e como isso pode colaborar para frear o processo?

Adriano Benayon -
1) os juros reais ainda são altíssimos no Brasil, e se estamos falando de competição, os de países industrializados concorrentes são muito mais baixos.
2) as desonerações fiscais, além de seletivas em favor de grupos concentradores e transnacionais, de pouco servem em face dos altos custos decorrentes de:
a)infra-estrutura mal concebida, mal executada e em deterioração, além de operada por concessionários que oneram abusivamente os já de si as elevadas tarifas;
b) custos de produção internos dos próprios oligopólios, inflados para transferir lucros disfarçados para o exterior como se fossem despesas.

Como as transnacionais são favorecidas com a capitalização dos ganhos decorrente de sua posição oligopolista, melhor aquinhoadas por subsídios governamentais e têm acesso a crédito barato, isso retroalimenta a desnacionalização, ao tornar inviáveis as empresas nacionais que precisam de compradores menos depauperados pelos altíssimos impostos (enquanto o Estado desonera os concentradores) e pelos preços dos serviços públicos que deveriam ser módicos ou gratuitos, além dos preços dos produtos dos oligopólios que elevam artificialmente os custos, repassando-os aos consumidores.

Tudo que tentei expor nas respostas anteriores mostra que o problema dos nossos empresários é ter, da parte do Estado, uma banda adequada para tocar a música que eles devem executar: responsabilidade, concorrência e bons resultados para quem tenha valor.

O Estado deveria ajudá-los a crescer sob essas condições. Mas empresa é uma planta que só nasce num tipo de solo: o mercado. Um Estado imparcial daria condições iguais para quem quisesse entrar na competição pelos mercados. Poderia até fazer concursos, com provas e títulos, como o de ter tido empresa que mostrou competência, mas foi esmagada pela concentração econômica e pelas crises decorrentes desta.

Claro que, se há timidez de empresários brasileiros é provavelmente porque se trata de espécie ameaçada, para não dizer em extinção. Mas espécie essencial para o desenvolvimento do País. Ele precisa também de estatais e tem de pôr no lixo o mandamento da oligarquia estrangeira de não estatizar coisa alguma. As estatais devem ser bem estruturadas para as atividades de porte muito grande, em que não há como ter muitas empresas em competição.

Em suma, é preciso que o tripé seja: Estado; empresas estatais; empresas privadas nacionais. O tripé em que Geisel e outros acreditaram (Estado, multinacionais e empresas privadas nacionais) simplesmente ruiu, e, com sua queda, quem foi ao chão foi o Brasil, pois o Estado transformou-se em servidor das multinacionais, e o setor privado nacional praticamente desapareceu. Ficando, pois, só com a perna transnacional, cujos interesses estão no exterior, o tripé de Geisel deu no que deu.



Fonte: Clube de Engenharia

Imagens: Google (colocadas por este blog)