Em plena democracia, o pedido patético pela volta da ditadura (Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas) |
Seus crimes foram muito além disso, mas dois deles deixaram sequelas que até hoje desgraçam o Brasil: o primeiro foi entregar à Rede Globo praticamente o monopólio das telecomunicações, e o segundo foi acabar com a educação - em todos os níveis.
Três décadas se passaram do fim da ditadura militar, mas seus efeitos aí estão, escancarados, à vista de qualquer um.
O show de horrores que foram as manifestações anti-Dilma, anti-PT, anti-Lula, "anticorrupção", a favor da volta dos ditadores, antipobres, etc etc, com cartazes que pareciam saído dos nove círculos do inferno de Dante, é a prova mais eloquente de que o maior problema do país é a completa falta de educação de grande parte de seu povo.
Este segundo governo Dilma, pelo menos no discurso, adotou a educação como sua prioridade, aproveitando o dinheiro que virá do pré-sal.
Educação, porém, não é apenas a formal, das escolas, das salas de aula.
Ela tem de começar em casa, pelos pais, que deveriam passar aos filhos o que aprenderam da geração anterior.
Mas como isso é possível, se essas gerações têm se formado em lares que cultivam valores nascidos em novelas da Globo, programas de auditório sem nenhuma substância, telejornais sem nenhum compromisso com o jornalismo?
Como esperar tal milagre de pessoas que passam a vida chafurdando no lixo cultural imposto por uma indústria cujo único objetivo é aumentar seus lucros, que não têm nenhum compromisso social?
Como quebrar essa correia de preconceitos, ódio e ignorância profunda, que liga as gerações?
O que esperar de crianças que assistem a seus pais xingarem, com os olhos esbugalhados pelo ódio, as principais autoridades do país com os mais indecentes palavrões?
O que esperar de uma geração que aprende em casa a cultuar o individualismo como o mais importante valor da civilização?
Com escolas destroçadas, professores tratados como seres inferiores, lares bestificados pela televisão, qual será o futuro deste país?
Uma passada d'olhos pelos cartazes e faixas das "manifestações" deste domingo, 15 de março de 2015, dá bons indícios do que nos aguarda.
A esperança, dizem, é a última que morre.
Pobre dela, pobre de nós, pobre Brasil.