Uma coisa que não entendo: por que a pressa da oposição em tomar o poder?
Ora, se, como dizem os jornalões, o Brasil está arruinado, o partido que o governa acabado e suas lideranças desmoralizadas, prestes a serem trancafiadas eternamente como castigo por terem praticado toda espécie de crimes, tudo isso quer dizer que a eleição presidencial de 2018 será uma barbada para os homens de bem.
O eleitor não terá como errar.
Seja quem escolher para ocupar o Palácio do Planalto - Aécio, Serra, Alckmin, Bolsonaro, Joaquim Barbosa, Eduardo Cunha -, ele, livre do perigo de ver instalado no país o bolivarianismo mequetrefe que arruína nossa querida América do Sul, e livre o país da corrupção generalizada patrocinada pela quadrilha petista, terá todas as condições para conduzir o país ao seu glorioso destino.
Ou não.
A contrariar esses projetos gloriosos está o próprio noticiário destes dias, que indica a falência total do Estado brasileiro.
Ou seja, o escolhido para reconduzir a nação aos trilhos seguros do neoliberalismo radical, segundo seus próprios porta-vozes, terá um trabalho insano.
A não ser que tais informações, marteladas dia e noite, incessantemente, desde quando os trabalhistas ousaram se instalar em Brasília, não sejam, digamos, corretas.
Sejam, vamos dizer, exageradas.
Ou simplesmente mentirosas.
De qualquer maneira, o homem de bem que substituirá a terrorista, contará com a simpatia de dezenas de milhões de brasileiros, que hoje clamam nas ruas por alguma providência urgente que salve a pátria do desastre absoluto -e das garras do comunismo, da ditadura mais sangrenta.
Ou não.
Mais provável é que esse novo salvador consiga, quando muito, reunir ao seu lado os acólitos, os aproveitadores, os puxa-sacos de sempre, contando, óbvio, em seu estado-maior, com a fina flor da oligarquia nacional - grandes empresários, ruralistas, banqueiros, especuladores em geral...
Só gente de bem.
Tudo, porém, são hipóteses.
A única certeza é que esse açodamento em defenestrar do Palácio do Planalto a búlgara, sem sequer esboçar um plano mínimo para, ao menos, suavizar os estragos provocados pela incompetência trabalhista e sua mania de olhar para os pobres, tem um motivo fortíssimo: essa assombração, esse fantasma, esse lobisomem que não respeita nem a lua cheia em sua vontade de se refestelar com o sangue dos puros, esse nove dedos, esse apedeuta, esse cachaceiro, o "Brahma", esse Lula.
Assim, o melhor mesmo é acabar logo com essa história de democracia, de escolha dos governantes pela vontade popular, pelo voto.
Um anacronismo, uma excrescência.
Os homens de bem não podem se dar ao luxo de perder tempo com essas bobagens.
Eles têm muito de si a doar para sua pátria.
Motta
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