Parece um mistério de livro policial: o Banco Central aumenta a taxa básica de juros, e esfria, assim, ainda mais a atividade econômica, mas a inflação não se rende às propaladas leis do mercado e continua alta.
Para tentar resolver esse enigma e contribuir para o debate macroeconômica, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) publicou a Nota Técnica "Por que a Inflação Não Cai com o País em Recessão".
Nela, sugere que o governo, por causa do fracasso em combater a alta da inflação, indique claramente "a transição para o crescimento econômico" e, nesse caminho, conduzia "reformas estruturais que coloquem o desenvolvimento produtivo como eixo estruturante do crescimento".
Alerta, ainda que o objetivo de estabilizar preços, embora fundamental, "não pode ser considerado como um fim em si mesmo, pois não há sentido na política econômica se a estabilização não for concebida como condição necessária para a promoção do crescimento e da distribuição da renda".
"A experiência mais recente de estabilização no Brasil, o Plano Real (1994),
deixou isso muito claro", diz o texto. "Obteve-se a estabilidade, com o recuo rápido dos níveis de preços, mas não se logrou o crescimento econômico e, tampouco, melhor distribuição da riqueza produzida."
A seguir, a íntegra das conclusões do estudo do Dieese:
Em 2015, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, registrou 10,67%, alcançando os dois dígitos. Esse fato não ocorria desde 2002, quando o índice chegou aos 12,53%. Naquele ano, havia uma expectativa muito grande em relação à mudança de governo, e o ambiente econômico saiu de seu ritmo normal, com a taxa de câmbio, por exemplo, experimentando violenta desvalorização. A grande diferença, no entanto, é que, naquele mesmo ano, o PIB cresceu 3,1%.
Hoje o quadro é muito mais complicado. O país convive, novamente, com alta taxa de inflação – o que não deveria ocorrer em um regime de metas - agora acompanhada pela queda do PIB de cerca de 3,1%, mesmo valor de 2002, mas com sinal contrário. As perspectivas futuras também eram outras, o fato histórico que aquelas eleições significaram, insinuando um clima de renovação e esperança, também não estão mais presentes. O impasse político que o país vive causa grande inquietação.
Por mais que as autoridades econômicas se empenhem, a inflação resiste e não dá sinais de trégua. Nem sequer a recessão consegue dominá-la. Sua rigidez não mostra nenhuma sensibilidade à política monetária usualmente utilizada nesses casos. As maiores taxas de juros reais do mundo e um expressivo ajuste fiscal não conseguem quebrar seu ímpeto. Os dois dígitos são emblemáticos e deterioram ainda mais as já debilitadas expectativas sobre a economia. O cenário é preocupante, e os repasses automáticos de custos e a indexação indicam que o processo inflacionário está se tornando autônomo, isto é, o componente inercial da inflação passa a preponderar em relação às outras causas.
Até agora, as armas utilizadas pelo Banco Central no combate a aceleração dos preços mostraram-se pouco eficientes. A política monetária é inócua, pois as causas atuais do problema inflacionário são imunes às elevações das taxas de juros que, neste momento, só aprofundam a recessão e aumentam o déficit público. Os gastos com os juros que incidem sobre a dívida pública já atingem 9,0% do PIB, o que tira potência do ajuste fiscal que o governo, a duras penas, tenta implementar.
Essas inconsistências e dificuldades revelam a complexidade do problema, colocando para o governo a grande responsabilidade de dar tratamento estrutural à questão, o que exigirá: um tratamento cuidadoso da dívida pública e da sua forma de remuneração, desvinculando da taxa básica de juros (para aumentar a potência da política monetária) e diminuir a expansão dessa dívida; retornar o crescimento para recuperar o equilíbrio fiscal e colocar a trajetória da dívida pública em tendência de queda; avançar na desindexação da economia; atuar para a redução estrutural do spread bancário, trazendo o custo do crédito às empresas e famílias para padrões internacionais; retomar o desenvolvimento industrial, favorecendo a modernização do setor de serviços e a ampliação da oferta, entre outras medidas que revertam as expectativas.
Sem duvida, o fundamental é indicar claramente a transição para o crescimento econômico e, nesse caminho, conduzir reformas estruturais que coloquem o desenvolvimento produtivo como eixo estruturante do crescimento.
Motta
Novidades
- Musicóloga expõe em livro seu rico universo particular
- Rodrigo Marconi mostra seus outros "eus" em novo álbum
- Jazz Cigano invade novamente Piracicaba
- Danilo Caymmi e Cláudio Nucci abrem Festival de Artes e Saberes das Águas
- Leandro Bertolo lança novo álbum com produção de Kleiton Ramil
- Um piano versátil. E uma homenagem a Tom Jobim
- Alfredo Dias Gomes presta homenagem ao ídolo Elvin Jones
- Luís Martins reúne time de craques em seu novo trabalho autoral
- Menescal comemora 86 anos como gosta: no palco
- Saxofonista e flautista Fernando Trocado lança primeiro álbum autoral
- Neta de Dias Gomes e Janete Clair lança EP autoral
- Novo álbum do baixista Zuzo Moussawer homenageia a cidade de Santos
- Festival integra música e arquitetura dos principais palácios brasileiros
- Brasileiro compõe peça para "piano robô"
- Filho de Paulo Leminiski e Salvadores Dali recriam "Dor Elegante"
- Poeta premiada escreve livro para "homem inventado"
- Maria Rita Stumpf canta o Brasil profundo em seu novo álbum
- Edvaldo Santana pede mais humanidade em novo single
- Caverjets, a banda que toca rock anti-Bolsonaro
- Armando Lobo reinventa a música nordestina
- Max Riccio revive violão do início do século XX
- Festival Levada comemora dez anos com quatro dias de shows
- Fotos de Sil Azevedo eternizam seu universo peculiar
- Esplendor do Cine Metro é recriado em documentário brasileiro inovador
- Obra de Denise Emmer chega às plataformas digitais
Posts do blog
- 2016 (105)
- 2015 (211)
- Dezembro (20)
- Novembro (22)
- Outubro (16)
- Setembro (17)
- Agosto (22)
- Julho (15)
- Junho (19)
- Maio (17)
- Abril (17)
- Março (16)
- Fevereiro (16)
- Janeiro (14)
- 2014 (167)
0 comunidades
Nenhum(a)