Para uma coisa essa confusão toda serviu: mostrou o que é o Brasil, o que são os brasileiros, na realidade.
Somos um povo racista, preconceituoso, violento, ignorante das mínimas noções de cidadania e de civilidade, inculto e imbecilizado por uma mídia igualmente idiota.
Somos um povo que se espelha numa plutocracia rude, violenta e escravagista.
Somos atoleimados, burros e incapazes de elaborar um raciocínio lógico.
Preferimos acreditar no pastor da igreja da esquina, aquela que cobra dízimos para que os fieis adentrem os portões celestiais, do que em evidências factuais ou científicas.
Damos crédito a boatos e infâmias, disseminamos mentiras toscas como se fossem a expressão da mais pura e absoluta verdade.
Detestamos a corrupção - dos outros.
Adoramos levar vantagem - em tudo.
Louvamos o capital, fazemos qualquer coisa para nos exibirmos, como pavões vaidosos, aos nossos parentes, amigos, vizinhos ou colegas de trabalho.
Achamos sempre que os outros são os culpados pelos nossos fracassos.
Cultivamos com extremo zelo o cinismo e a hipocrisia.
Somos assim, fazer o quê?
É essa a nossa índole, são esses os nossos hábitos, a nossa herança - e muito provavelmente, o nosso destino.
De vez em quando surge alguém que nos lembra que o rio da história não segue indefinidamente um curso imutável, que ele pode ser alterado, que o homem é capaz de, com seu engenho, desviar seu leito para irrigar terras áridas e desertos inóspitos.
De vez em quando a gente se permite sonhar em viver num país mais justo e igualitário, no qual os homens ao menos se respeitem e respeitem a vida.
De vez em quando a gente é sacudido por pessoas que diferem da maioria não por serem especiais, mas por serem tão somente civilizadas.
De vez em quando a gente se defronta com a dignidade e se assusta por ela ser capaz de existir neste oceano de iniquidades em que estamos mergulhados - e nos afogamos.
De vez em quando a gente pensa que vai ser feliz.
Motta
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