Não é dos sons das panelas dos donos dos apartamentos dos bairros chiques das grandes cidades ou do português estropiado e ofensivo das faixas e cartazes dos "protestantes" que vem o maior perigo para o Partido dos Trabalhadores.
O "agitprop" da burguesia é apenas uma parte da estratégia da oligarquia para varrer os trabalhistas da cena política nacional.
O ato principal dessa tragicomédia está sendo montado pelo promotor Moro e sua banda, formada por delegados, policiais militares e promotores do MP paranaense.
O enredo é até simplório: prenda-se um executivo almofadinha dessas empresas acusadas de corrupção; tratem-no como um lixo humano durante alguns meses; extraia dele o que quiser, como passaporte para essa infâmia chamada "delação premiada".
O jorro das confissões destinadas a criminalizar os trabalhistas já teve início.
E como faltam provas de que eles receberam propinas, que tal forjar uma tese de que as doações legais das empresas para as campanhas eleitorais são ... ilegais?
Claro que o princípio da coisa é absurdo, kafkiano, surrealista - ou algo que o valha.
Mas é preciso lembrar que Moro e banda estão se especializando em compor melodias atonais, assimétricas e destrambelhadas.
O texto da peça que montam é para ser interpretado em palcos mal iluminados, penumbrosos, tal a sua falta de qualidade.
Estamos, porém, num país em que a Justiça condenou pessoas apenas porque elas deveriam saber dos crimes que estariam sendo pretensamente cometidos à sua volta.
A verdade é que, se a tese dos promotores moronianos for aceita, de que as doações legais para as campanhas eleitorais do PT são ilegais, será preciso anular todas as eleições e, junto com o PT, cassar o registro de todos os outros partidos políticos.
Isso porque todos eles receberam dinheiro das empresas citadas, de uma forma ou de outra, no inquérito de Moro e sua banda.
Um inquérito que, agora, mostra para que veio: se não dá para incriminar a própria presidenta, carimbá-la como corrupta de carteirinha, vamos, pelo menos, cassar o registro desse incômodo PT para que, ao menos em 2018, ele não possa participar das eleições.
Em outras palavras, vamos liquidar com o trabalhismo brasileiro e com sua principal liderança, esse nordestino analfabeto que ousou querer mudar o Brasil.