Esta não é propriamente uma crônica, apenas a reprodução de alguns versos de sambas imortalizados pelo grande Bezerra da Silva, um dos maiores filósofos populares do Brasil, em homenagem à figura do alcagueta, ou se quiserem, dedo-duro, cagueta, informante, delator, entregador ... tão popular e tão estimado hoje em dia em nosso país - a ponto de se transformar no mais perfeito instrumento de investigação policial e inestimável ajudante, parceiro, amigo de fé e irmão camarada de juízes sem juízo, mas de firmes propósitos dubiamente revelados.
Canta, Bezerra!
Mas é que eu fui num velório velar um malandro
Que tremenda decepção
Eu bati que o esperto era rife ilegal,
Ele era do time da entregação
O bicho esticado na mesa
Era dedo nervoso e eu não sabia
Enquanto a malandragem fazia a cabeça
O indicador do defunto tremia
Era caguete sim!
Era caguete sim!
Eu só sei que a policia pintou no velório
E o dedão do safado apontava pra mim
Era caguete sim!
Era caguete sim!
Veja bem que a polícia arrochou o velório
E o dedão do coruja apontava pra mim
Caguete é mesmo um tremendo canalha
Nem morto não dá sossego
Chegou no inferno, entregou o diabo
E lá no céu caguetou São Pedro
Ainda disse que não adianta
Porque a onda dele era mesmo entregar
Quando o caguete é um bom caguete
Ele cagueta em qualquer lugar
(Defunto Cagueta)
Caguete é caguete mesmo
Vejam só como ele é.
É que cortaram as duas mãos do safado
Ele agora cagueta com o dedão do pé!
É que sentaram a mamona nas duas mãos do canalha
Ele entrega os irmãos com o dedão do pé!
É pois é,
O safado cagueta com o dedão do pé.
Ele é uma faca de dois gumes,
E também é formado em caguetação.
À noite ele tira plantão de coruja,
E no dia seguinte entrega os irmãos.
Já quebraram seus cornos várias vezes,
E já foi esculachado até por mulher.
Nem assim o patife não tomou vergonha,
Continua caguetando com o dedão do pé.
É pois é,
O safado cagueta com o dedão do pé.
Olha muito cuidado com esse coruja,
Porque tudo o que vê ele aponta.
E se você pedir segredo,
Aí mesmo é que o safado conta.
Só estou lhe mandando esse lembrete,
Pra você ficar de olho nesse jacaré.
Ele fica no orelhão de cabeça pra baixo
Discando denúncia com o dedão do pé!
Diga lá!
É pois é,
O safado cagueta com o dedão do pé, diz aí.
(Ele Cagueta Com Dedão do Pé)
Vovó falou.. Falou..
E o que Vovó fala não falha!
Que todo o dedo de gesso é pilantra e é canalha.
Vovó...
Vovó falou.. Falou..
E o que Vovó fala não falha!
Que todo o dedo de gesso é pilantra e é canalha.
É.. Vovó lhe avisou que você está na mira...
Entregou toda a malandragem, provocou a ira...
Todo cagüete é safado e também tem instinto de traíra.
Vovó...
Vovó falou.. Falou..
E o que Vovó fala não falha!
Que todo o dedo de gesso é pilantra e é canalha.
Vovó falou.. Falou.. (Canalha)
E o que Vovó fala não falha!
Que todo o dedo de gesso é pilantra e é canalha.
É, vovó viu no copo, seu dedo de cera...
Deu de bandeja o sangue bom... Você é sujeira...
Por isso vai levar saraivada de bala dum-dum na moleira...
Por isso vai levar saraivada de bala dum-dum na moleira...
Vovó...
Vovó falou.. Falou.. (Canalha!!!)
E o que Vovó fala não falha!
Que todo o dedo de gesso é pilantra e é canalha.
Vovó....
Vovó falou.. Falou.. (Falou!!!)
E o que Vovó fala não falha!
Que todo o dedo de gesso é pilantra e é canalha.
É.. Vovó lhe avisou que você está na mira...
Entregou toda a malandragem, provocou a ira...
Todo caguete é safado e também tem instinto de traíra.
Vovó falou.. Falou.. (Falou!!!)
E o que Vovó fala não falha!
Que todo o dedo de gesso é pilantra e é canalha.
Vovó...
Vovó falou.. Falou.. (Canalha!!!)
E o que Vovó fala não falha!
Que todo o dedo de gesso é pilantra e é canalha.
É, vovó viu no copo, que seu dedo de cera...
Entregou o sangue bom... Você é sujeira...
Por isso vai levar saraivada de bala dum-dum na moleira...
Por isso vai levar saraivada de bala dum-dum na moleira...
Vovó...
Vovó falou.. Falou..
E o que Vovó fala não falha!
Que todo o dedo de gesso é pilantra e é canalha.
Vovó....
Vovó falou.. Falou..
E o que Vovó fala não falha!
Que todo o dedo de gesso é pilantra e é canalha.
(Instinto de Traíra)
E, para terminar, uma homenagem aos Malafaias da vida:
Cuidado com ele, de terno e gravata bancando o decente
é o diabo vivo em figura de gente
é o pastor trambiqueiro enganando inocentes
prestem bem atenção, o enredo macabro que ele arruma
seu critério maior é falar mal da macumba
dizendo que à ela também pertenceu
sim, mas só não foi em frente porque a chefe do terreiro é a Vera
não aceitou o jogo sujo da fera que vive assim só de arrumação
ele também não explica o porque da mudança da água pro vinho
só porque não umbanda não vale dinheiro
resolveu ser crente pra roubar os irmãozinhos
não é fé que ele tem, é simplesmente a febre do ouro
custa caro a palavra de Deus, o pastor chega pobre e arruma tesouro
Cuidado com ele, de terno e gravata bancando o decente
é o diabo vivo em figura de gente
é o pastor trambiqueiro enganando inocentes
(Pastor Trambiqueiro)
Motta
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