A investida da Polícia Federal contra a família de Lula deixou muita gente feliz.
Afinal, há quanto tempo se espera pegar o "Nove Dedos" num malfeito qualquer?
E, já que está difícil enquadrá-lo numa das inúmeras maracutaias em que os homens públicos do Brasil costumam se envolver, atingir seus filhos, suas noras, quem sabe sua mulher, ou até mesmo seus amigos, pode servir ao propósito de desqualificá-lo moralmente.
O que esse pessoal que está babando com as manchetes dos jornalões não consegue entender é que, como proclama a sabedoria popular, pau que dá em chico dá em Francisco.
Ou seja, a desintegração do Estado de Direito que se vê hoje no país, com parte do Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal fazendo o que bem entende para atingir seus propósitos políticos-partidários, pode, perfeitamente, vitimar o idiota que hoje vibra com o constrangimento que Lula e sua família sofrem.
A vida real é cheia de surpresas.
Vamos imaginar, por exemplo, que um desses tipos direitosos que abundam por aí, semialfabetizados, cuja visão do mundo é moldada pelos telejornais da Globo, tenha uma treta qualquer com um vizinho, que, por acaso, seja um delegado de polícia, um promotor público, um juiz ou um membro do Ministério Público.
Vamos imaginar que esse nosso limitado cidadão diga poucas e boas para a "otoridade".
Não é preciso ser nenhum gênio para saber o desfecho dessa história.
Numa sociedade em que as leis valem para todos, independentemente de classe social, cor da pele, ideologia política, sexo e orientação sexual, um problema desse tipo seria facilmente resolvido, de maneira civilizada.
Hoje em dia, porém, com o vale-tudo se disseminando na sociedade, o risco dessas pequenas desavenças se tornarem injustiças inapeláveis é muito grande.
O Brasil está numa encruzilhada.
Precisa resolver qual caminho tomar: o da barbárie ou o da civilização.
E o tempo para essa escolha está se esgotando.