A contrário do que nos querem fazer crer, a atividade política é fundamental para o progresso humano e o funcionamento de uma sociedade mais justa, igualitária, e que recompense o esforço humano em busca da felicidade.
Há muito tempo, na provinciana Jundiaí do início dos anos 80 do século passado, por obrigação partidária, me candidatei a um cargo legislativo, o de vereador.
Durante quatro meses minha vida se tornou um inferno - um inferno maravilhoso.
Acordava de manhãzinha, saía para panfletar portas de fábricas, feiras-livres, pontos de ônibus - qualquer lugar, enfim, que reunisse algumas pessoas.
Trabalhava até a noite, saía da redação do saudoso "Jundiaí Hoje" um pouco mais cedo que o habitual e ia, com o candidato a prefeito, participar de alguma reunião em casas de eleitores.
Dormir, depois de um dia desses, era uma dificuldade tremenda.
Mas sobrevivi.
E fiquei com a sensação de que a política, em termos profissionais, é algo viciante, pois propicia, intensamente, o diálogo, o debate de ideias, e pode ajudar, concretamente, a resolver muitos dos problemas sociais.
Não fui eleito - fui o quarto ou o quinto mais votado da legenda -, mas os meus votos contribuíram para que o PT elegesse seu primeiro vereador em Jundiaí, o publicitário Erazê Martinho.
Distanciar-me da vida partidária foi algo que aconteceu naturalmente, com a mudança para São Paulo e a percepção de que, se quisesse continuar a carreira política, teria de deixar o jornalismo, atividade à qual dedicava, diariamente, uma média de 12 horas.
Assim, a política se tornou apenas mais um dos meus interesses, como a música, o Palmeiras, a leitura, o cinema...
Hoje, tantos anos depois dessa experiência eleitoral, percebo que foi muito bom que não tivesse sido eleito para nada.
Teria, para início de conversa, sido um péssimo vereador, pelo simples fato de que não havia me preparado para tal função.
Na verdade, não consigo entender como tanta gente sem nenhuma condição intelectual, inteiramente despreparada, assume cargos públicos como se isso fosse a coisa mais natural do mundo e não implicasse uma enorme responsabilidade.
Ou melhor, até entendo, pois esses cargos são muito bem remunerados, e assim atraem toda espécie de picaretas e aventureiros, em busca de gordos salários e da possibilidade de instalar em seus gabinetes balcões de negócios extremamente rentáveis.
Cargos como o de vereadores, a meu ver, não deveriam nem ser remunerados.
Já deputados estaduais e federais poderiam ter salários, mas de classe média, e sem nenhuma dessas mordomias que ajudaram a dar à política brasileira a péssima imagem que ela tem.
O Senado, sinceramente, acho um desperdício absoluto, um luxo inteiramente dispensável num país que luta para sair da pobreza.
Política, para mim, é algo para ser exercido por pessoas especiais, por abnegados, que compreendam a finalidade do cargo que ocupam ou pretendem ocupar.
Essa visão, sei, parece utópica.
Mas não é, já que, mesmo no pior Congresso já eleito no Brasil é possível identificar parlamentares que honram seus mandatos, trabalham muito, não se corromperam e têm ajudado o Brasil a consolidar sua jovem e imatura democracia.
Nem todo político é ladrão ou corrupto.
Todo político ladrão ou corrupto, porém, faz o possível para que os eleitores acreditem que ninguém é melhor que ele.
Ou, em outras palavras, que política é assim mesmo...
Motta
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