A primeira imagem que me vem quando ouço ou leio os "fora Dilma" e os "fora PT" que marcam a nova moda do Brasil, na correnteza do "impítimam", é a do redator do caderno de Turismo do Estadão, no dia em que foi anunciado o confisco da poupança pelo governo Collor: a redação cheia, as televisões todas ligadas, mostrando uma atônita Lilian Witte Fibe, e ele lá, de olhos pregados numa das telas, sem entender nada do que estava acontecendo.
É preciso esclarecer que o nosso personagem foi um dos maiores defensores da candidatura Collor e estava exultando quando foi anunciada a sua vitória frente ao ex-metalúrgico, hoje carinhosamente chamado pelos seus adversários de "Brahma", "Nove Dedos" e 'Apedeuta".
Mas retornemos àquela tarde/noite fatídica.
Depois de alguns minutos de extrema concentração e nenhuma compreensão do que se passava naquele momento no Brasil, o nosso collorido jornalista se virou para o pessoal da editoria de economia e perguntou, num tom de voz indefinível:
- É verdade isso? Confiscaram a poupança? Não estou entendendo mais nada...
Ao receber a resposta, afirmativa, saiu cabisbaixo para a sua mesa, no outro extremo da redação.
E nunca mais defendeu o seu ídolo...
Anos depois, foi outro redator, esse do vizinho Jornal da Tarde, que soltou uma preciosidade, ao fazer a apologia de seu candidato presidencial, FHC, que disputava o segundo turno eleitoral contra, novamente, o "sapo barbudo".
- Não tem como não votar no Fernando Henrique. Ele fala inglês e francês, sabe usar os talheres num banquete... Imagine só o Lula presidente...
Collor, sua empáfia, suas camisetas com mensagens cifradas, seus planos de acabar com inflação com um só tiro, a sua inacreditável equipe econômica, liderada pela histriônica Zélia Cardoso de Mello, os escândalos em profusão de um governo apropriado para uma república de bananas, felizmente pertencem a um distante passado.
O mesmo acontece com o governo FHC, aquele que quebrou o Brasil três vezes, praticamente doou as maiores empresas estatais ao estrangeiro, num processo que ficou conhecido como "privataria", não construiu uma obra sequer de infraestrutura, deixou a educação pública em frangalhos, castigou o país com um racionamento de energia...
Ninguém hoje tem saudades daqueles dias.
Apesar disso, há quem pense que bastará que o "fora Dilma" se concretize para que, milagrosamente, chova leite e mel nas terras brasileiras.
Se esses tolos tivessem a mínima ideia das maldades que os Cunhas, Aécios, Alckmins ou Bolsonaros que estão conspirando por aí são capazes de fazer, certamente seriam mais comedidos em sua fúria contra um governo que, ao menos, se esforça para diminuir a vergonhosa desigualdade social do país.
É o tal negócio, que poucos querem entender: ruim com Dilma, milhões de vezes pior sem ela.
Motta
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