"O domingão na Paulista foi a São Paulo do amor" (Foto: André Tambucci/Fotos Públicas) |
Fui embora da capital paulista há um ano e meio, logo depois de acertar com o INSS a minha aposentadoria, antecipada por um daqueles "passaralhos", a gíria dos jornalistas para se referir às demissões em massas que costumeiramente interrompem carreiras, destroem sonhos e machucam corpos e espíritos de jovens e velhos companheiros.
Escolhi morar, no que me resta de vida, no interior do Estado, longe da confusão, barulho, sujeira e violência das grandes cidades.
Residi em São Paulo por 25 anos, tempo suficiente para perceber a sua contínua deterioração, para sentir que a cada dia ela se tornava mais hostil aos seus habitantes.
Aguentei o quanto pude, convicto de que São Paulo não tem mais jeito, é ingovernável, e que a situação chegou a tal ponto por causa de uma sucessão de governos ineptos, incompetentes e salafrários.
O fato de ter abandonado a metrópole, porém, não significa que deixei de acompanhar o que nela se passa e, sinceramente, desejar que a vida de seus cidadãos melhore.
Dessa forma, acompanho, esperançoso, essa revolução urbana que o prefeito Fernando Haddad está promovendo na cidade - depois de, como ministro da Educação, ter revolucionado a área em que trabalhou.
E fico extremamente feliz em ver que, apesar de toda a infâmia midiática de que é vítima, ele continua firme em suas convicções, continua, corajosamente, enfrentando uma imprensa reacionária, mentirosa e inescrupulosa, não se abate com os ataques sofridos por uma pseudoelite saudosa da escravatura, e vai em frente, quebrando paradigmas, arrebentando as correntes do preconceito e ódio que têm tornado São Paulo a grande porcaria que é.
Volta e meia os "instituto de pesquisa" nos informam da baixa popularidade de Haddad como governante.
Como toda notícia a seu respeito, elas nada mais são do que parte da guerra publicitária movida pela plutocracia contra a sua administração.
Alguém se lembra da sórdida campanha movida contra o IPTU progressivo que ele quis efetivar?
Ou da absurdas críticas contra as faixas exclusivas e corredores de ônibus, como se fosse um crime melhorar o transporte de massa?
Haddad pode ser criticado por muitas coisas - quem mora em São Paulo e vive o seu dia a dia certamente tem queixas contra a sua atuação.
Afinal, como disse anteriormente, acho a capital paulista ingovernável.
Mas que ele é um facho de esperança, um raio de luz para quem deseja viver numa cidade mais humana e mais agradável, ah, isso ele é.
A nova ciclovia da Paulista e a festa de sua inauguração mostraram que sonhar é possível.
E, para terminar esta croniqueta, faço minhas as palavras do amigo Mario Rocha, que usou o Facebook para expressar o sentimento de muita gente sobre este momento especial da metrópole:
Ocupa Paulista. São Paulo cidadã. Domingão lindo no espigão da cidade! Que continue. Que amplifique. Que os corações mesquinhos e as mentes entrincheiradas percebam que é melhor ser alegre que ser triste. Há muito a ser feito neste mundo. Mas os bons exemplos, aqueles que servem a todos independentemente de gênero, crença (e a falta dela), classe social e cor da pele sejam comemorados pra que a roda da bicicleta continue em movimento. São Paulo é a cidade do amor e do ódio. Não é para amadores. O domingão na Paulista foi a São Paulo do amor.