A direita brasileira é uma piada.
E uma piada pronta, como mostrou o deputado federal paraense com a sua grotesca tatuagem para louvar o chefe.
Ou como demonstra diariamente a incrível doutora Janaína com seus tuítes inacreditáveis.
Ou pelas análises dos jornalistas econômicos com seus óculos de Poliana.
Ou por meio das sentenças furibundas e repletas de convicções do juiz paranaense, sempre disposto a encarcerar qualquer um que vista vermelho.
Ou pelas entrevistas autolaudatórias de procuradores do Ministério Público, juízes de tribunais superiores e até mesmo delegados de polícia.
Ou quando o deputado fascista que é seguido por uma legião de seres unicelulares abre a boca.
Pois é, não faltam exemplos do quanto a direita brasileira é ridícula, divorciada da realidade, repleta de preconceitos e clichês, incapaz de se ater a um raciocínio lógico, com posições que beiram à patologia e, muitas vezes, mais tresloucada que qualquer Napoleão de hospício.
Mesmo assim, a direita tenta se passar como séria - e, verdade seja dita, convence muitos de que todos os disparates que diz e pratica são a mais incontestável verdade e a mais acabada receita de como se deve viver esta vida - e a outra, se há.
A direita brasileira é uma piada, mas uma daquelas piadas que de tão óbvias, de tão diretas, de tão grosseiras, provocam, no máximo, um sorriso complacente.
Não tem, nem de longe, a inteligência e sutileza dos direitistas de outrora, como o Nelson Rodrigues do "padre de passeata", da madame que leu a orelha do livro de Marcuse, das entrevistas imaginárias, à meia-noite, num terreno baldio, com personalidades tais como D. Helder Câmara ou Alceu Amoroso Lima, alguns de seus mais destacados opositores ideológicos, e que tinham como testemunha apenas uma cabra vadia.
Sem pessoas como ele, a direita de hoje só faz piada dela própria, pois ela é a própria piada, uma piada tão sem graça que mais parece um drama, uma tragédia de encharcar os lenços de lágrimas. (Carlos Motta)