Paulo Miklos, Chico César, Luiza Lian, João Cavalcanti, Olivia Byington, Bluebell, Vitor Santana, Joana Garfunkel e Isabel Zuaa estão no álbum "Panapaná" do compositor Pedro Abramovay que chega em vinil e nas plataformas digitais por meio da OneRpm. O autor é mais conhecido além do mundo da música - foi secretário nacional da Justiça, surpreendeu com opiniões sobre política de drogas e foi um dos organizadores da Campanha do Desarmamento em 2004 - mas mostra com a doçura e impacto dos versos do seu álbum, que é uma artista de mão cheia.
"Sempre fiz letra de música, algumas foram gravadas, mas desde que comecei a compor sistematicamente com Gustavo Moura, acho que foi se formando um repertório mais coerente e vi a necessidade de gravar um disco", diz Pedro, que não canta nas faixas. "Nunca cheguei a imaginar que o disco se tornaria um projeto com tanta gente maravilhosa e estou muito feliz com isso", confessa.
"Panapaná" vem do tupi e em português significa coletivo de borboletas. Pedro achou o nome muito a ver com a ideia de um disco feito de forma tão coletiva. "E eu gosto da sonoridade da palavra que parece que está já cantarolando", complementa. Ele lembra que o processo, no fundo, foi todo permeado pelo afeto. "Meu desejo é que as pessoas possam receber um pouco desse amor coletivo com o qual o disco foi feito. Adoro os versos de (Jorge) Mautner que dizem que ' belezas são coisas acesas por dentro/tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento'. Panapaná se propõe a acender coisas por dentro", afirma.
E essa chama começa com um dueto entre Chico César e Joana Garfunkel alertando que " amor sem utopia é uma quimera". O álbum segue com Luiza Lian, um dos nomes mais cultuados da cena contemporânea, planando seu canto bonito em "Tatuagem de borboleta" com arranjo primoroso do também autor Bruno Serroni e Juliano Abramovay.
Outra faixa que merece destaque no disco é o lamento "Minguante" interpretado por João Cavalcanti, assim como "Ela e Ele", um rock'n roll contemporâneo e cheio de ideias progressistas cantado por Paulo Miklos. "Somos mais do que cromossomos, cada um é o quiser. Somos mais do que cromossomos Ela é homem, ele é mulher", diz o refrão. "Apesar da minha história, esse não é um disco político. Panapaná fala de lua, borboleta, e amor como utopia. Mas, em tempos tão pesados, poesia, música e alegria são formas necessárias de resistência", finaliza o compositor.