Ainda bem que o ministro da Fazenda informou à nação que a recessão acabou. Agora só falta combinar com os russos, relembrando a frase genial de Garrincha depois de ouvir o técnico Vicente Feola explicar tim-tim por tim-tim a jogada na qual ele faria o gol no adversário. Isso porque 31% das famílias brasileiras, ou um terço delas, estão endividadas, segundo a pesquisa Pulso Brasil, encomendada ao Instituto Ipsos Public Affairs pelo Departamento de Pesquisas Econômicas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O mesmo levantamento aponta que 27% dos entrevistados não se acha endividado, aparecendo em seguida os que se consideram menos endividados (22%) e mais endividados (19%).
A pesquisa abrange tudo o que as famílias devem pagar, como contas domésticas, cheque especial e cartão de crédito.
O cenário apurado mostra-se diferente quando são avaliadas as classes sociais. Enquanto nas classes A, B e C, a maior parte das pessoas ficou, neste início de ano, com endividamento igual ao do ano passado (32% e 33%, respectivamente), a maior parte da classe DE (33%) informou que não tem dívidas neste início de ano.
A pesquisa ainda revelou que a maioria dos entrevistados (66%) afirma não ter dívidas com bancos, mas, entre os que têm, a maior parte (12% do total) diz que, apesar de dificuldades, consegue pagar no prazo. Os que deixam de pagar somam 7%, os que têm dificuldade para pagar, mas negociam o prazo são 5%, e os que não têm sentido dificuldade para pagamento são 10%.
As contas de serviços, como luz, telefone, aluguel e mensalidade de planos de saúde, são as mais difíceis de pagar para 54% dos entrevistados, mas eles dizem que conseguiram quitá-las no prazo. Já 32% disseram que não sentem dificuldade para pagar e apenas 10% declararam ter deixado de pagar. Os que têm sentido dificuldade e negociado prazo representam 4% dos entrevistados.
Apesar do cenário de crise, 68% das pessoas disseram que não consideram ficar inadimplentes, mas 32% deixariam de quitar alguns compromissos. Entre os que cogitam ficar inadimplentes, 49% consideram deixar de pagar primeiro as contas de serviços, como luz, água e telefone. Em seguida, 24% deixariam em aberto as parcelas com compras de eletrodomésticos, eletrônicos, telefonia e informática. Pagamentos a bancos receberam 20% das respostas e IPTU e IPVA, 17%. Pagamento de dívidas com cartão de crédito recebeu apenas 2% das respostas, próximo de categorias como saúde (6%) e educação (2%).
Levando em consideração a situação financeira das pessoas, a pesquisa mostra que 48% das famílias não têm nenhuma possibilidade de assumir nova dívida este ano e 25% têm menos chance. A constatação é a mesma para todas as classes econômicas ouvidas, ou seja, todos os grupos apontaram a expectativa de não contrair novas dívidas em 2017: AB (42%), C (44%) e DE (67%).