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Assessor desaparece e agrava suspeitas sobre a família Bolsonaro

13 de Dezembro de 2018, 17:55 , por Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Na lista, elaborada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda, aparecia o nome de um ex-assessor de Flávio Bolsonaro, o filho mais velho de Jair Bolsonaro eleito para o Senado em outubro com votação recorde.

 

Por Redação, com DW – do Rio de Janeiro

 

“Agora vão começar a bater nos meus filhos”. A frase do presidente eleito Jair Bolsonaro, durante um encontro com parlamentares no início de dezembro, pode ter soado vaga para os presentes na ocasião.

Jair Bolsonaro e seus três filhos: Eduardo (E), Flávio e CarlosJair Bolsonaro e seus três filhos: Eduardo (E), Flávio e Carlos

Mas o que ele quis dizer ficou claro logo depois, em 6 de dezembro, quando a imprensa brasileira noticiou sobre uma lista de 75 nomes de servidores e ex-servidores de membros Alerj, a casa legislativa do estado do Rio, com contas com movimentações suspeitas.

Na lista, elaborada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda, aparecia o nome de um ex-assessor de Flávio Bolsonaro, o filho mais velho de Jair Bolsonaro eleito para o Senado em outubro com votação recorde.

Corrupção

Antes de tomar posse em janeiro, Flávio terá que se ocupar do primeiro escândalo envolvendo suspeita de corrupção a atingir o círculo mais próximo do presidente eleito desde a avassaladora vitória em outubro. A lista do Coaf é fruto da Operação Furna da Onça, desdobramento da Lava Jato no Rio que em dezembro levou à prisão de dez deputados da Alerj.

Bolsonaro e seus três filhos ativos na política centraram boa parte da campanha eleitoral no combate à corrupção. Venderam-se como “outsiders” e declararam o ex-presidente Lula e seu partido, o PT, como inimigos e responsáveis pelos males da corrupção no país. A retórica surtiu efeito entre os eleitores.

O relatório do Coaf cita nove assessores e ex-assessores que faziam depósitos na conta de Fabrício de Queiroz, ex-motorista de Flávio Bolsonaro. A investigação aponta uma movimentação suspeita de 1,2 milhão de reais na conta dele entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, soma incompatível com seus ganhos. O ex-militar continua desaparecido há mais de uma semana.

Amigo da família

Ao mesmo tempo, Queiroz fez sucessivos saques em dinheiro de sua conta – para quem, ainda não está claro. Certo é que um cheque de 24 mil reais foi depositado na conta de Michele, futura primeira-dama do Brasil. Segundo a família Bolsonaro, tratou-se do pagamento de uma dívida pessoal do policial militar com o presidente eleito.

Mesmo antes da posse, o escândalo já respinga em Jair Bolsonaro. Isso porque Queiroz não era só um “faz-tudo” de Flávio – ele aparece também em fotos ao lado do presidente eleito, pescando, por exemplo. Queiroz seria amigo da família há mais de 30 anos.

Políticos brasileiros gostam de empregar amigos ou parentes que, como agradecimento, precisam ceder parte de sua renda aos parlamentares por baixo do pano. Não está provado que isso aconteceu com os Bolsonaro. Mas é notório que duas filhas de Queiroz também foram contratadas do gabinete de Flávio Bolsonaro – assim como a esposa do ex-motorista, que trabalhou para Flávio durante nove anos antes de ser transferida para o gabinete parlamentar de Jair Bolsonaro em Brasília, trabalhando como secretária.

Europa

Na quarta-feira, o Jornal Nacional revelou que o relatório do Coaf cita Wellington Sérvulo Romano da Silva como um dos nove assessores e ex-assessores que faziam depósitos na conta de Queiroz. Segundo o programa, o tenente-coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro passou 248 dias em Portugal enquanto “trabalhou” como parlamentar na Alerj. Procurado pela equipe do jornal, Flávio Bolsonaro negou que Silva morasse na Europa.

No momento, o futuro presidente precisa responder diariamente a perguntas incômodas de repórteres sobre as misteriosas transferências. Entre seus ministros nomeados, os nervos também parecem estar à flor da pele. O futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, interrompeu abrupta e visivelmente irritado uma coletiva de imprensa quando os jornalistas começaram a fazer perguntas insistentes sobre a lista do Coaf.

O futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, se esquiva em silêncio. Assim como para Bolsonaro, há muito em jogo para Moro. Como juiz anticorrupção, ele condenou o ex-presidente Lula em 2017. Agora, Bolsonaro o nomeou ministro da Justiça com amplos poderes. Moro também deverá passar a controlar o Coaf. Será que ele terá de investigar o próprio chefe no futuro?

Ameaças

Na próxima semana, Queiroz deverá ser interrogado pelos investigadores. Ele e sua família seguem em silêncio. Com uma transmissão ao vivo no Facebook, o futuro presidente Bolsonaro já preparou seus apoiadores para mais más notícias.

— Se tiver algo errado, que paguemos — afirmou.

O caso “dói no coração”, já que “o que tem de mais firme (no projeto do governo) é o combate à corrupção”, acrescentou.

Em outra vertente da história, a Polícia Federal cumpriu, nesta quinta-feira, mandado de busca e apreensão no Rio de Janeiro contra autor de publicações em redes sociais com ameaças de morte ao presidente eleito Jair Bolsonaro, informou a PF em nota.

‘Cidadão de bem’

O investigado, um homem de 23 anos, teria feito publicações que “incitaram a subversão da ordem política fomentando a morte do então candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro”, segundo a PF.

Na tarde de quarta-feira, Bolsonaro compartilhou no Twitter um vídeo em que era ameaçado por um homem armado e pediu ações públicas para defender o “cidadão de bem”.

“O brasileiro sofre diariamente com ameaças às claras em todos os Estados do Brasil. Cabe ao Executivo, Judiciário em conjunto com parlamentares, agirem em prol da defesa do cidadão de bem, criando dispositivos para retarguarda jurídica dos Agentes de Segurança Pública”, escreveu o presidente eleito.


Fonte: https://www.correiodobrasil.com.br/assessor-desaparece-agrava-suspeitas-sobre-familia-bolsonaro/

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