Veículos de imprensa analisam que muito foi feito para “encurralar a Rússia”: sanções abrangentes, congelamento de ativos e expulsão do sistema SWIFT, foram algumas das ações. Um ano depois, a Corte Internacional de Justiça (CJI) emitiu até um mandado de prisão contra Putin. No entanto, a adesão chinesa é espelhada por uma rede de vários outros Estados que mantiveram Moscou longe do estatuto de pária, escreve a mídia.
Por Redação, com Bloomberg – de Nova York, NY-EUA
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, encerrou neste sábado a sua viagem à China onde os laços foram renovados. No entanto, não é apenas o gigante asiático que é amigo de Moscou. Mais de dois anos após o início da operação na Ucrânia, está muito longe dos esforços dos EUA e dos seus aliados do G7 de isolar o líder russo, escreve a agência norte-americana de notícias Bloomberg.
Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, reuniram-se em Pequim, ao longo da semanaVeículos de imprensa analisam que muito foi feito para “encurralar a Rússia”: sanções abrangentes, congelamento de ativos e expulsão do sistema SWIFT, foram algumas das ações. Um ano depois, a Corte Internacional de Justiça (CJI) emitiu até um mandado de prisão contra Putin. No entanto, a adesão chinesa é espelhada por uma rede de vários outros Estados que mantiveram Moscou longe do estatuto de pária, escreve a mídia. Muitos unem-se para reforçar interesses comuns em cúpulas como o G20 ou para trazer uma nova perspectiva em blocos como o BRICS.
Alguns são movidos por interesses próprios pragmáticos, centrando-se na energia, no comércio ou em considerações econômicas. Para outros, a cooperação militar ou as armas estão no cerne da decisão de se aliar a Moscou.
Alianças
Porém, na maioria das vezes, compartilham uma perspectiva comum com a Rússia: um desejo de suplantar a ordem mundial pós-Guerra Fria, liderada pelos Estados Unidos, afirma a mídia. No caso de Pequim, os chineses e os russos dividem o objetivo de desafiar a ordem liderada pelos EUA e excluir as alianças capitaneadas por Washington.
A China também gosta de ter outro Estado poderoso ao seu lado enquanto procura remodelar a ordem internacional. Prova disso é a coordenação de suas posições no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde ambas exercem vetos e fizeram causa comum contra medidas norte-americanas.
Com a Arábia Saudita, a Rússia ajuda a moldar o mercado petrolífero global e a maximizar receitas através da aliança OPEP+. Putin também fez uma visita a Riad em dezembro, o que demonstrou que ele é, sim, bem-vindo em partes do globo.
Sanções
O presidente dos EUA, Joe Biden, reverteu a promessa anterior de isolar Riad e procurou reforçar a aliança dos dois países. Mas como a política externa saudita é cada vez mais transnacional e impulsionada por interesses econômicos, os laços com Moscou só deverão aprofundar-se.
Já a Turquia, foi o terceiro maior mercado de exportação russo no ano passado. Ancara, assim como os sauditas, não seguiu as sanções ocidentais contra o Estado russo e se tornou um centro-chave para as importações embargadas pelo Ocidente à Rússia, afirma a mídia.
Com o Irã, Moscou está construindo uma rota comercial, que se liga à Índia, a qual pode ajudar a enfraquecer o impacto das sanções internacionais. Autoridades russas e iranianas discutiram recentemente o reforço da cooperação financeira e bancária para aliviar a pressão das sanções. Teerã também confiou em Moscou a construção de sua usina nuclear de Bushehr e compartilha com a Rússia a rejeição à presença dos EUA no Oriente Médio. Citando a Índia, outro país que não aceitou as sanções contra os russos, Nova Deli tem sido uma grande compradora de petróleo russo (o qual foi embargado em diversos lugares no mundo) e tem em Moscou um fornecedor de armas de longa data e confiável. Na véspera, o chanceler indiano, Subrahmanyam Jaishankar, disse que o aumento do comércio entre Índia e Rússia “não é um fenômeno temporário”, conforme noticiado.
Os fortes laços com Moscou também proporcionam um contrapeso a outras grandes potências globais, ajudando a Índia a manter a autonomia estratégica, analisa a Bloomberg.
Segurança
Com África do Sul, outro parceiro do BRICS assim como a Índia, os laços são históricos, visto que decorrem da posição proativa que a União Soviética assumiu contra o domínio da minoria branca no país. Vários membros seniores do Congresso Nacional Africano procuraram refúgio e receberam treino militar na Rússia durante a era do apartheid, relembra a agência norte-americana.
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, recusou-se ainda na última tarde, a participar da cúpula de paz sobre a Ucrânia, na Suíça. Os dois países também têm desenvolvido boas pontes através da assistência à segurança, armas e cereais russos.
Quanto a outra nação fundadora do BRICS com Pretória, Moscou e Nova Deli, o Brasil, os laços se mantêm firmes e fortes com a Rússia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem repetidamente rejeitado apelos para o envio de armas para Kiev, argumentando que a estratégia dos EUA e da União Europeia está minando a perspectiva de uma solução negociada.
Comércio
Na frente comercial, o Brasil importa fertilizantes russos, bem como diesel e derivados de petróleo. Mais importante ainda, o Brasil consegue um parceiro nos esforços para remodelar a ordem global liderada pelos EUA. Há muito que Lula pressiona por reformas em instituições globais como o FMI, a fim de torná-las mais representativas do Sul Global. Mas mesmo à parte Lula, os líderes brasileiros encontram na Rússia um aliado seguro de longa data, analisa a agência.
Por fim a Hungria, com o governo do primeiro-ministro Viktor Orbán, manteve laços estreitos com Putin, tendo o líder húngaro reunido com o seu homólogo em Pequim em outubro do ano passado. Isso proporcionou ao presidente russo um aliado dentro da União Europeia que suspendeu a ajuda financeira à Ucrânia, criticou os diálogos da adesão de Kiev ao bloco e até atrasou em mais de um ano a entrada da Suécia na OTAN. Budapeste é uma das poucas capitais do bloco europeu que ainda recebe gás russo, e a empresa nuclear Rosatom mantém um papel de liderança na expansão da sua única usina nuclear. Entretanto, Orbán, que foi declarado um tipo de “democrata iliberal”, obtém apoio para a sua alternativa ideológica à ordem internacional liderada pelos EUA, reafirma a mídia.
Outros países como Emirados Árabes Unidos, Coreia do Norte, Egito, bem como antigos aliados latinos como a Venezuela e Cuba, também mantiveram laços com Moscou. Por enquanto, apesar dos melhores esforços dos EUA e dos seus aliados, a Rússia permanece tudo, menos isolada, complementa a mídia norte-americana.