Segundo o presidente, as causas para a insegurança alimentares são múltiplas, mas decorrem “sobretudo, de escolhas políticas”.
Por Redação – do Rio de Janeiro
Ao participar nesta quarta-feira de uma reunião do grupo das 20 principais economias do mundo, o G20, para aprovação e pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza – uma das prioridades da presidência brasileira a frente do grupo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não poupou críticas à falta de sensibilidade dos governantes que se recusam a combater a miséria, no mundo.
— A fome é a mais degradante das privações humanas, é um atentado à vida, uma agressão à liberdade — afirmou o presidente.
A presidência brasileira do G20 se estenderá até 30 de novembro de 2024, na foto, Lula (segundo da esquerda para a direita) participa da sessão conjunta das Trilhas de Shepas e Finanças em 2023Citando dados do Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial divulgados nesta manhã — que Lula classificou como “estarrecedores” —, o presidente afirmou que “a fome tem o rosto de uma mulher e a voz de uma criança” .
— Mesmo que elas preparem a maioria das refeições e cultivem a maioria dos alimentos, mulheres e meninas são a maioria das pessoas em situação de fome no mundo — afirmou.
Armamentos
Segundo o presidente, as causas para a insegurança alimentares são múltiplas, mas decorrem “sobretudo, de escolhas políticas”.
— Hoje, o mundo produz alimentos mais do que suficiente para erradicá-la (a fome). O que falta é criar condições de acesso aos alimentos — acrescentou.
Lula comparou a situação ao crescimento dos gastos com armamentos, que totalizaria um aumento de 7% no último ano, segundo o presidente.
— Inverter essa lógica é um imperativo moral de justiça social, mas também essencial para o desenvolvimento sustentável que buscamos — pontuou.
Israel
Na véspera, em seu discurso de comemoração pelos 10 anos do campus Lagoa do Sino da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em Buri, interior paulista, Lula já havia criticado os desmandos causados pelo excesso de armamentos e comparou a gestão feita no Brasil após o golpe contra a presidenta deposta Dilma Rousseff à destruição causada pelas forças israelenses na Faixa de Gaza.
Lula criticava a descontinuidade ou a desidratação de programas criados em seus primeiros governos pelos últimos presidentes antes de sua volta ao Palácio do Planalto quando fez a analogia.
— Este país, eu diria, o que eles fizeram nestes últimos (anos), depois do impeachment da Dilma (Rousseff), é o que o (Benjamin) Netanyahu está fazendo na Faixa de Gaza, lá na Palestina. O que eles fizeram com este país foi um pouco isso — comparou o presidente.
Enclave
Lula também criticou os ataques de Israel no enclave palestino e disse que Tel Aviv descumpre as decisões da Organização das Nações Unidas (ONU).
— Todo final de semana agora, final de semana morreram mais 70 na Faixa de Gaza. Semana passada morreram mais 90. Quem é que tá morrendo? É soldado? Não. É terrorista? Não. Quem está morrendo? São mulheres e crianças que são vítimas dos ataques, todo santo dia, de um governo que já foi condenado pelo tribunal internacional. (…) E não é o povo de Israel, porque o povo de Israel também não quer guerra. O povo de Israel quer paz. O governo (de Netanyahu) que é irresponsável e não tem sequer respeito pelas decisões da ONU — resumiu o presidente brasileiro.