Atuo(há tempos) em comunicação e marketing, gosto de análises políticas e procuro "tentar entender" as pesquisas de opinião. Assim, gostei muito de um artigo publicado por Lisa França na Revista Comunicação e Espaço Público (Ano VI, nº1 e 2, 2003): "Focus Group como Antecipador de Tendências Eleitorais" -Uma pesquisa de recepção HGPE nas Eleições de 2002.
Ela acompanhou a recepção da propaganda eleitoral gratuita, veiculada na TV, na disputa pelo governo do Estado (Goiás) nas eleições de 2002. O interesse era conhecer como o eleitor avaliava os programas, que impacto a campanha pela TV causava em grupos específicos, que mensagens funcionavam ou não...Decidiu-se ouvir preferencialmente eleitores com renda de até 3 salários mínimos, que representavam 85% dos eleitores do Estado.
Conclusões:
- A audiência aos programas era baixa. Atingia mais o público masculino e adulto.
- Mesmo tratando-se de eleitores de baixa renda e baixa escolaridade, eles demonstraram grande capacidade crítica.
- A sensação era de que os programas eram todos iguais, por tratarem dos mesmos temas: saúde, segurança e emprego, principalmente.
- "Entendiam que colocar candidato beijando criancinha não causa emoção", mas desaprovação e rejeição.
- "Os políticos acham que com estas musiquinhas enjoadas vão conquistar a gente. Ninguém quer saber de musiquinha mais não. Nem de promessa de campanha. Queria ver eles nas filas dos postos de saúde. Ralando que nem a gente. Não aparece um político para visitar o posto fora de eleição".
- Identificou-se que os grupos de mulheres foram mais críticos que os grupos de homens. Elas eram também melhor informadas quanto aos programas básicos de governo que lhes afeta diretamente (valor do Bolsa Escola, do Salário Escola -Estadual- e Cartão de Renda Cidadã.
- Os partidos mais criticados pelos grupos foram os que obtiveram menor votação nas urnas. Ex.: PSTU. A grande "bandeira" do partido na eleição (luta contra a ALCA) não era compreendida pelos grupos
- As imagens de miséria usadas pelo PSTU desagradavam. "A gente sabe que existe isso aí, mas é horrível"; "Horário político é para incentivo, para melhorar, não deveria passar isto, tem outras coisas".
- Os eleitores eram pouco críticos sobre temas que não dominam como taxa de juros, política externa, mercado comum e reformas legislativas.
- Tendiam a opinar e criticar quando tinham experiência direta com os temas: transporte público, investimentos em saúde, salário escola, bolsa universitária, etc.
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