Nos últimos meses, desde que Google anunciou os seus planos de não deixar que usuários acessem fake news (notícias falsas), o tráfego global de um amplo leque de organizações de esquerda, progressistas, independentes, contra a guerra ou em favor dos direitos democráticos teve uma queda significativa.
No anterior 25 de Abril, Google tinha anunciado a implementação de mudanças no seu serviço de pesquisa para tornar mais difícil acessar a que chamou de "informação de baixa qualidade”, um conceito que inclui as chamadas “teorias de conspiração” e as fake news. A empresa afirmou que o propósito central da mudança nos seus algoritmos de pesquisa era obter um maior controle na identificação de conteúdo considerado duvidoso. Declarou que tinham sido “melhorados os nossos métodos de avaliação e actualizados os algoritmos” de modo a “evidenciar conteúdos mais autoritários”.
O texto continuava: “No mês passado atualizamos as nossas Diretrizes de Avaliação em Qualidade de Pesquisa para fornecer exemplos mais detalhados de páginas de baixa qualidade na web, para que os moderadores as denunciem adequadamente”. Esses moderadores são instruídos para sinalizar “experiências desagradáveis de usuários”, incluindo páginas que apresentem “teorias da conspiração”, a menos que “a consulta indique claramente que o usuário está a procurar um ponto de vista alternativo”.
Google não explicita o que quer dizer com a expressão “teoria da conspiração” e a categoria de “notícias falsas” é ampla e amorfa; ao mesmo tempo, os algoritmos de pesquisa não são tornados públicos e ninguém conhece quais as variáveis discriminatórias. No entanto, é importante sinalizar a mudança, agora oficial e reconhecida pela mesma empresa, do papel desenvolvido na internet: ao filtrar os resultados das pesquisas, Google abandona definitivamente o papel de instrumento de procura para tornar-se uma entidade julgadora que avalia quanto publicado e filtra os resultados consoante os seus objectivos.
E os objectivos parecem claros: restringir o acesso a sites alternativos, cuja cobertura e interpretação dos factos estejam em conflito com os meios de comunicação mainstream.
Ao sinalizar os conteúdos de modo que não apareçam nas primeiras páginas dos resultados de pesquisas, Google pode, nos factos, bloquear o acesso dos usuários a determinados locais da internet. Sendo Google o principal meio de pesquisa utilizado no mundo, é realmente capaz de esconder ou soterrar conteúdos divergentes por meio da manipulação do ranking.
Informação Incorrecta é apenas um entre um número desconhecido de sites e blogues que foram atingidos por estas medidas: nos meses após a implementação dos novos algoritmos, um número sensivelmente inferior de usuários conseguiu acessar a páginas web independentes ou "fora do coro": outros sites que tiveram súbitas quedas no ranking como WikiLeaks, Alternet, Counterpunch, Global Research, Consortium News, Truthout, World Socialist Web, União Americana de Liberdades Civis e Amnistia Internacional só para citar alguns nomes.
O World Socialist Web Site (WSWS) analisou os seus próprios dados e reparou que enquanto em Abril de 2017 as pesquisa de Google deram origem a 422.460 visitas, no sucessivo mês de Julho as visitas caíram para cerca de 120 mil: uma queda de mais de 70%. Mesmo utilizando termos de pesquisa tais como “socialista” e “socialismo”, os leitores tiveram cada vez mais dificuldade para localizar o WSWS com Google. Mas o WSWS não é um site de fake news e nem de teoria da conspiração: é um site socialista, o órgão oficial do Comité da Quarta Internacional. Podemos não concordar com o seu ponto de vista político (e eu não concordo), mas temos que reconhecer-lhe uma linha editorial que oferece conteúdos e análises de qualidade.
Portanto, as ações do Google constituem uma clara forma de censura política e são um ataque à liberdade de expressão. Como defender-se? Tudo está nas mãos do Leitores: são eles que decidem se apoiar a censura de Google ou se recusa-la. E esta decisão é tomada na altura em que é escolhido o motor de pesquisa: utilizar Google significa validar a sua conduta, não utiliza-lo significa recusa-la.
Existem alternativas ao Google? Sim, existem. Nos próximos dias, Informação Incorrecta irá analisar
os motores de pesquisa alternativos e publicará os resultados. No entanto, é possível desde já mudar para DuckDuckGo (antecipamos: provavelmente a melhor das alternativas), motor que, entre as outras coisas, não recolhe os dados dos utilizadores.
Ao mesmo tempo, como já antecipado, o blog está a preparar-se para abandonar a plataforma Blogger (que pertence a Google) em favor de Wordpress.
Ipse dixit.
Fonte: WSWS
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