...e assim chega ao fim a aventura de Informação Incorrecta no Blogger, sendo este o último dos
3.646 artigos publicados nesta plataforma ao longo de oito anos. Amanhã vou começar a trabalhar na nova publicação, Segunda-feira começa a nova vida (se eu me entender com aquilo, claro!).
Lamento. E lamento mesmo, porque costumo ficar "sentimentalmente" ligado ás coisas. Blogger deu-me a ocasião de aprender, fazer-me encontrar novas ideias, sem dúvida ampliar os meus horizonte e conhecer pessoas que deram (e dão) muito não apenas ao blog mas a mim também. Portanto: lamento, mas não é possível continuar.
Quando o blog começou, em 2010, as coisas estavam diferentes: Google (o "dono" do Blogger) procurava e espalhava páginas internet com sucesso, posicionava-as nos motores de pesquisa a segunda da popularidade, da originalidade dos conteúdos (os que copiavam ficavam penalizados) e de aspectos técnicos (como velocidade de carregamento, etc.). Claro, existia uma forma de controle, mas ditada pelo respeito das leis e não pelo condicionamento das ideias.
Como tempo as coisas mudaram até que hoje, com os novos algoritmos, Google controla os conteúdos e dificulta a vida de quem deseja compartilhar um ponto de vista diferente. Quanto publicado deve estar em linha com quanto difundido pela comunicação mainstream, caso contrário é rotulado qual fake news e fortemente limitado, de facto excluído do grande público. A enormidade disso é evidente aos olhos de quem preze a liberdade de expressão: e contrária aos princípios que determinam o sucesso das empresas do grupo Google.
Google foi fundada pela CIA? Assim parece. Mas o sucesso de Google não é provocado apenas por quem a fundou: a verdade é que o gigante americano é uma empresa inovadora, isso não pode ser negado, com produtos que conseguem encontrar os desejos das pessoas que utilizam internet. Google conseguiu obter uma posição privilegiada também porque soube interpretar as leis do mercado e torna-las uma vantagem em relação aos concorrentes: é assim que as coisas funcionam.
O mesmo deve acontecer no mundo das ideias: haverá sempre quem acredite que a Terra é plana ou que os Annunaki estão de volta, mas a maioria das pessoa optará por pensamentos mais sérios, que vingam no longo prazo. Esta é lei da concorrência no mundo do pensamento, é assim que tem que funcionar.
Google quebra esta lei ao determinar que certas ideias não podem circular. Mas ao fazer isso, Google determina a morte das livres ideias e a sua substituição com o pensamento institucionalizado.
Como pode ser definido um regime no qual as ideias são controladas, analisadas e por fim limitadas se não conformes ao pensamento dominante? Cabe ao Leitor encontrar o termo certo.
No entanto, a atitude de Google tem uma série de efeitos, segundo o principio natural de acção/reacção. Reparem naquilo que acontece com este blog: Google está a sabotar não apenas Informação Incorrecta como milhares de outras páginas internet no mundo também. Esta seria uma boa ocasião para abandonar tudo, pensar "é inútil continuar": Paolo Barnard, o jornalista do qual tantas vezes publicamos os escritos, mesmo nestes dias abandonou o site dele porque "farto".
Mas não é isso que acontece no geral: os sites sabotados continuam em função. Da mesma forma, Informação Incorrecta continua. Aliás: até melhora, porque o facto de ter-me apercebido da atitude de Google constituiu uma excelente motivação não apenas para transferir o blog para outra plataforma, mas também para fazer um (pequeno) investimento nele, para melhora-lo com soluções que oferecem novos resultados em termos não apenas visuais mas também de conectividade e participação dos Leitores. Tudo isso implica algumas dificuldades por quem gere o blog: é preciso aprender a "mexer-se" num novo ambiente, aprender qual a gestão duma série de coisas novas. E nada disso fará que o blog consiga "limpar-se" aos olhos de Google, porque continuará a ser boicotado.
Então, parabéns ao Max? Não, nada disso: o mérito não é meu. Todas as melhorias do projecto Informação Incorrecta são o fruto directo da censura operada por Google. Sem o seu boicote, eu teria tranquilamente continuado na plataforma Blogger, como fiz ao longo de oito anos. É só e unicamente a estupidez de Google que me obriga a tomar a iniciativa. Nada disso deve surpreender pois é assim que funcionam as ditaduras: cada regime totalitário tem em si o germe do seu fim porque cada acção repressiva é seguida por uma reacção que tende à liberdade de pensamento.
Ampliando os horizontes além do universo internet, isso significa que se a nossa sociedade ocidental continuar na estrada restritiva que parece ter escolhido, terá como principal efeito uma reacção de quem recusa aprisionar o seu próprio pensamento nos moldes institucionalizados. É esta a historia do Homem e de todas as sociedades repressivas: sempre foi assim e sempre continuará a ser assim, pelo menos até quando a nossa raça tiver no DNA os seus genes mais primitivos e animais.
Voltando ao mundo da internet: procurar no motor de pesquisa Google How to leave Google behind ("Como deixar Google para trás", o conjunto de dicas para sair dos serviços oferecidos pelo gigante americano) fornece quase 18 milhões de resultados. Ao utilizar o motor de pesquisa Yahoo, os resultados sobem para 45 milhões. Isso é: no mínimo 45 milhões de páginas internet que explicam como abandonar o totalitarismo de Google. E os resultados só apresentam páginas em língua inglesa.
42 milhões para "Como defender a privacidade dos e-mail".
67 milhões para "Como defender a privacidade em intenet".
103 milhões para "Como usar Tails" (o sistemas operativo Linux pensado para proteger o anonimado).
118 milhões os resultados para "Como utilizar Tor" (todas pesquisas efetuadas em língua inglesa).
300 milhões para "Google espia-nos".
Não são resultados que podemos subestimar. Numa realidade como a nossa, onde as notícias correm dum canto para outro do planeta em tempo real, impor restrições às ideias não é tão simples assim: podemos convencer a maioria das pessoas a seguir umas quantas verdades ao longo duns tempos, mas quem procura determinado assuntos acaba por encontra-los, com ou sem Google. Para poder controlar de forma mais eficaz a circulação de ideias seria preciso viabilizar métodos restritivos mais radicais e é bem provável que isso venha a acontecer no futuro, porque uma censura parcial é apenas contraproducente.
Mas estes são os problemas do futuro: o presente é feito duma mudança que está já em curso (enquanto escrevo, um plugin de Wordpress está a transferir todos os artigos e os comentários publicados até agora aqui no Blogger para o novo site). Obrigado Google por ter hospedado Informação Incorrecta ao longo destes anos todos. Obrigado por ter implementado a censura e ter-me convencido assim a mudar, a aprender coisas novas, a melhorar, com a certeza de que estou a fazer coisa boa e justa.
Ipse adeus!
Max
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