Om krisen eller kriget kommer ("Se chegar a crise ou a guerra") é o título da publicação não propriamente optimista que explica como garantir as necessidades básicas, como comida, água e calor, o significado dos sinais de alerta, onde encontrar abrigos anti-atómicos (nada menos) e como contribuir para a "defesa total" da Suécia.
O livrete de 20 páginas, ilustrado com imagens de aviões de guerra e famílias que fogem das suas casas, também prepara a população para perigos como ataques ciberterroristas e mudanças climáticas, além dedicar uma página à identificação de notícias falsas.
Reza a brochura:
Embora a Suécia seja mais segura do que muitos outros Países, ainda existem ameaças à nossa segurança e independência. Se você estiver preparado, ajude a melhorar a capacidade do País em lidar com a tensão severa.
Explica Dan Eliasson, da agência civil sueca responsável pelo projecto:
A sociedade é vulnerável, temos que nós preparar como indivíduos. Há também uma falta de informação em termos de conselhos concretos, que pretendemos fornecer.
O país começou a reverter os cortes nos gastos militares: no ano passado, organizou os seus maiores exercícios militares em quase um quarto de século, reintroduziu o recrutamento militar e revelou planos conjuntos com a Dinamarca para combater ataques cibernéticos e desinformação.
O folheto aconselha as pessoas a pensar em como lidar com a falta de aquecimento, comida, água, correio eletrónico, telefones celulares e internet. Também aconselha verificar sempre as fontes das informações, alertando que "Estados e organizações já estão a tentar influenciar os nossos valores e a nossa maneira de actuar [...] e reduzir nossa capacidade de recuperação e disposição para nós defender".
Uma página detalhada sobre "conselhos caseiros" incita a população a estocar garrafas de água, roupa, sacos de dormir e "alimentos não perecíveis, que podem ser preparados rapidamente e requerem pouca água". Em caso de conflito armado, diz que "todos são obrigados a contribuir e todos são necessários" para a "defesa total" da Suécia: qualquer pessoa entre 16 e 70 anos "pode ser chamada para ajudar no caso de uma ameaça de guerra ou de guerra real".
A Suécia não está envolvida numa guerra há mais de 200 anos. O último conflito é de 1814, na Guerra Sueco-Norueguesa, quando a Suécia atacou a Noruega para impedir que este País pudesse tornar-se totalmente independente. No mesmo ano foi assinada a paz, com os dois Países a formar uma união que foi dissolvida de forma pacífica em 1905. Coisas de nórdicos.
Agora a ameaça duma guerra parece tornar-se mais real e a Suécia avisa: caso seja atacada "nunca desistiremos. Toda a informação que diz que a resistência deve cessar é falsa".
Gente pragmática estes Suecos: o ar que tira não é dos melhores e eles preparam-se. Não está errado. A dúvida é: não estão em guerra há 200 anos e querem entrar na NATO? Qual o problema? Um excesso de balas nos armazéns? Gente pragmática, sem dúvida, mas é o timing que preocupa: não parece a melhor altura para iniciar certas frequentações...
Ipse dixit.
Fontes: The Guardian, Viktig Information Till Sveriges Invânare - Om krisen eller kriget kommer (ficheiro Pdf, sueco).
Imagens originais da brochura