A Administração do lunático Presidente Trump anunciou uma lista de tarifas aduaneiras que atingem 1.300 produtos chineses, equivalentes a um valor de aproximadamente 50 bilhões de Dólares. A lista inclui itens das indústrias aeroespacial, de informática, comunicação, robótica e maquinaria.
Os Estados Unidos, obviamente, visam atingir o sector da alta tecnologia chinesa, com o objectivo de reduzir as exportações de Pequim para os Estados Unidos e prejudicar o desenvolvimento da high-tech chinesa.
Honestamente: Trump não poderia ter feito outra coisa após uma campanha eleitoral que tinha amplamente anunciado medidas como esta. Só que a China respondeu de imediato.
O Ministério do Comércio e o Ministério das Relações Exteriores emitiram declarações de condenação. Que não servem para nada. Bem mais importante: foram anunciadas medidas equivalentes em relação às exportações dos Estados Unidos. E aqui a coisa fica mais feia: para já Pequim introduziu tarifas alfandegárias sobre produtos dos EUA por um valor de 3 bilhões de Dólares, mas este parece só o começo. De facto, teve inicio uma nova fase de guerra comercial. Mas qual a razão?
Os Estados Unidos tentam atacar o plano chinês Made in China 2025, projecto faraónico contra o qual Washington não tem uma resposta. O plano de Pequim é extremamente complexo, uma operação envolvente que atravessa décadas e continentes: trata-se de mudar por completo a estrutura industrial chinesa e, ao mesmo tempo, reinventar o comércio mundial. A nova Via da Seda é só uma peça de Made in China 2025. Conseguirá Pequim a implementação dum plano tão ambicioso? Provavelmente sim e a razão é simples: são chineses.
O que Washington quis foi enviar um sinal forte: lembrar de que a China já não pode depender de nenhuma ajuda americana para desenvolver as suas tecnologias. Terá que desenvolve-las de forma independente, com as suas forças: o mercado chinês deverá concentrar-se nas empresas high-tech locais. Mas isso tem a capacidade para preocupar Pequim? A dúvida está toda a aqui: as indústrias chinesas tecnologicamente avançadas já agora têm uma forte capacidade de pesquisa e de desenvolvimento independentes: a China ultrapassou os Estados Unidos em sectores-chave, como as tecnologias de comunicação 5G, e a sua tecnologia robótica é muito competitiva. Não é realista que os Estados Unidos consiga bloquear esses desenvolvimentos, provavelmente é tarde demais.
Mais interessante será observar as recaídas das futuras tarifas aduaneiras chinesas sobre os produtos americanos. O sector da agricultura, por exemplo: os produtores de soja dos EUA já estão muito nervosos e publicaram anúncios na televisão para opor-se à guerra comercial de Trump. E sabemos quanto consigam contar em Washington as lobbies.
A indústria automobilística americana será o alvo seguinte: muitas empresas americanas, como a General Motors, têm fábricas na China. Pequim deverá aumentar substancialmente as tarifas de importação dos veículos dos EUA e dos seus componentes, levando os fabricantes norte-americanos a transferir ainda mais produção para a China. Nesse caso, a produção no interior dos Estados Unidos ficaria mais deprimida: e lembramos que a China é agora o primeiro mercado automobilístico mundial.
Mas os sectores industriais que entraram em fibrilação nas últimas semanas são diversos. E se Pequim cortasse as encomendas aos fabricantes de aviões como a Boeing? E os serviços? As subsidiárias de empresas americanas na China produzem e vendem mais de 200 bilhões de Dólares por ano, mas as empresas locais chinesas têm a capacidade de substituir a maioria delas ou de atrair ainda mais a produção estrangeira (americana incluída) para o interior das fronteiras, evitando assim as tarifas de importação. O verdadeiro problema é: quem pode privar-se de quem?
Algumas elites americanas acreditam firmemente que a dependência da economia chinesa do mercado dos EUA seja muito maior do que a dependência da economia dos EUA do mercado chinês. São elas que estão a pressionar Washington para que seja mudada a política comercial com a China. Mas os números contam uma história diferente: o total do mercado dos consumidores na China já ultrapassou aquele dos Estados Unidos. A lógica segundo a qual a China depende mais dos Estados Unidos não é insustentável.
Se dum lado Trump parece empenhado a desmontar os dogmas da globalização (o que é bom e justo), do outro lado não é possível limitar-se a vagas medidas isolacionistas. A palavrinha mágica que deveria tornar-se o principal ponto de partida é outra: cooperação.
Ipse dixit.
Max
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