O governo dos Emirados observa que a lista não está completa, o que implica que pode haver outras adições, e sublinha que as organizações que agora aparecem na lista podem pedir para ser removidas (um estranho caso de "terrorismo à pedido").
Os Emirados enfatizam a necessidade de designar estas organizações como terroristas para proteger a segurança do País. A lista inclui organizações que operam legalmente em 7 Países europeus e pelo menos dois nos Estados Unidos.
Entre aqueles que trabalham nos Estados Unidos, há o Council on American-Islamic ("Conselho Islâmico-Americano", CAIR) e a Muslim American Society ("Sociedade Muçulmana Americana"). CAIR é normalmente percebido como uma organização fundada pelas associação entre a Irmandade Muçulmana, Hamas, WAMY e Instituto no Pensamento Islâmico (cuja liderança tem conexões directas com a Casa Branca), que foram proibidas quando o envolvimento entre estas instituições e o terrorismo tornou-se público.
É interessante notar que muitos dos membros mais importantes do Conselho Nacional de Transição da Síria, que se reuniu pela primeira vez na Turquia e é apoiado pelos Estados Unidos e outros membros da Nato, tinha ligações directas com o CAIR. A liderança da organização é conhecida por ter laços estreitos com o conselheiro da segurança dos Estados Unidos, o "Grande Arquitecto" das estratégias político-militares ocidentais Zbigniev Brzezinski. Ou, dito em outras palavras, com o dinheiro dos Rockefeller.
O porta-voz do Departamento de Estado, Jeff Rathke, comentou a lista dos Emirados Árabes Unidos:
Temos examinados a lista das organizações classificadas como grupos terroristas publicada pelo Emirados Árabes Unidos há alguns dias e sabemos que duas das organizações na lista ficam nos Estados Unidos. Estamos à procura de informações sobre os motivos dessa decisão.
O caso CANVAS
Entre as organizações terroristas, realce para CANVAS (Centre for Applied Nonviolent Action and Strategies), grupo não governamental acerca do qual vale a pena gastar algumas palavras, pois representa um bom exemplo de como os Estados Unidos utilizem estes grupos para os próprios fins.
Fundada em Belgrado e sucessivamente operante em Georgia, Ucrânia, Egipto, Tunísia, Venezuela, até premiada pelo Fórum Económico de Davos, CANVAS é dirigida por Srđa Popović (líder do grupo Otpor!, que combatia contra o então presidente da Jugoslávia Milošević) e apresenta-se como organização que sob pedido intervém para espalhar a voz dos povos com métodos não violentos.
Em 2011, o grupo Anonymous conseguiu entrar nos computadores da empresa privada de espionagem Stratfor Forecasting, Inc., roubando 200 Giga de dados. Sucessivamente, Anonymous publicou através de Wikileaks a correspondência entre Srđa Popović e os analistas da Stratfor, sendo evidente como CANVAS fosse utilizada para espiar organizações inimigas.
Não admira descobrir que a Stratfor Forecasting é conhecida como "a sombra da CIA" e que nos Estados Unidos tem ligações directas com 13 departamentos federais.
Srđa Popović também funcionava como elo de ligação entre a Stratfor e Muneer Satter, um investidor de primeiro plano da Goldman Sachs e uma sucessiva investigação de US Uncut revelou que CANVAS tinha sido fundada com o financiamento de Michael McFaul (antes consultor do Presidente Obama, ctualmente embaixador na Rússia).
Em Dezembro de 2013, a Agência de Segurança Nacional do Kuwait publicou um vídeo nos medias sociais explicando como CANVAS promovesse a dissidência no interior do País.
Curiosamente, apesar de ser oficialmente uma organização não violenta, folhetos da CANVAS sobre como preparar-se para violentos confrontos com as autoridades foram distribuídos nos sit-in de Raba al-Adwaya e Nadah, no Egipto, e durante o golpe de Estado ucraniano em Fevereiro de 2014.
A lista
Eis a lista das organizações que o governo dos Emirados Árabes Unidos indica como terrorista:
- Irmandade Muçulmana
- Al-Islah (ou Dawat al-Islah)
- Fatah al-Islam (Líbano)
- Fatah al-Islam (associação dos muçulmanos italianos)
- Qalaya al-Jihad al-Arab (célula jihadista nos Emirados)
- Usbat al-Ansar (Liga dos Seguidores) no Líbano.
- Suomen Islam-seurakunta (associação islâmica da Finlândia)
- al-Qarama
- AQIM ou Tanzim al-Qaidah fi Bilad al-Maghrib al-Islamial (Qaida no Magrebe islâmico)
- Sveriges muslimska Förbund, SMF Associação Muçulmana da Suécia ()
- Hizb al-Ummah (Ummah ou Partido da Nação), o Golfo e na Península Árabe
- Ansar al-Sharia na Líbia (ASL, os Partidários da Lei Islâmica)
- Det Islamske Förbundet i Norge (Associação Islâmica na Noruega)
- al-Qaida
- Ansar al-Sharia, na Tunísia (AST, os partidários da Sharia)
- Islamic Relief UK
- Daash (SIIL)
- Haraqat al-Shabab al-Mujahideen (HSM) na Somália (Movimento Juvenil dos Mujahidin)
- Fundação Cordoba (TCF) na Grã-Bretanha
- Al-Qaeda na Península Arábica (AQAP)
- Boko Haram (Jamatu Lidda'Awati Ahlis Sunna Wal-Jihad) na Nigéria
- Islamic Relief Worldwide (IRW) Irmandade Muçulmana Mundial
- Jamat Ansar al-Sharia (Partidários da Sharia) no Iêmen
- al-Murabitun no Mali
- Tehrik-i-Taliban Pakistan (Movimento Talibã do Paquistão)
- Muslim Brotherhood (MB)
- Ansar al-Din (Defensores da Fé) no Mali
- Abu Dhar al-Ghifari na Síria
- Jamah Islamya no Egipto (ou Giamat al-Islamiya, Grupo Islâmico, IG)
- Haqqani no Paquistão
- al-Tawhid na Síria
- Ansar al-Bayt Maqdis (ABM, os Defensores da Santa Casa e Jerusalém), agora renomeada Wilayat Sinai (Província ou Estado do Sinai)
- Lashkar-e-Taiba (Exército dos Puros)
- qatibat al-Tawhid wal-Eman (Unidade Monoteísmo e Fé) na Síria
- Ajnad Misr (Soldados do Egipto)
- Movimento do Turquestão Oriental Islâmica no Paquistão (ETIM), ou Partido Islâmico do Turquestão (TIP)
- qatibat al-Qadra (Batalhão Verde) na Síria
- Majlis al-Shura Mujahidiin fi Aqnaf Bayt al-Maqdis (Conselho Shura dos Mujahideen de Jerusalém, ou MSC)
- Jaish-e-Mohammed (Exército de Maomé)
- Abu Baqr al-Siddiq na Síria
- Huthi no Iêmen
- Jaish-e-Mohammed (Exército de Maomé), Paquistão e Índia
- Talha Ibn Ubaid Allah, na Síria.
- Hezbullah al-Hijaz, na Arábia Saudita
- al-Mujahidin Honud em Kashmir / Índia (Indian Mujahedin, IM)
- Sarim al-Battar na Síria
- Hezbollah no Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo
- Emirado Islâmico do Cáucaso (jihadistas tchetchenos)
- Abdullah bin Mubaraq na Síria
- Al-Qaeda no Irão
- Movimento Islâmico do Uzbequistão (IMU)
- Qawafil al-Shuhada (Caravana dos Mártires) [parabéns pelo nome, ndt]
- Badr no Iraque
- Abu Sayyaf nas Filipinas
- Abu Omar na Síria
- Asaib Ahl al-Haq (Liga dos Justos) no Iraque
- Conselho de Relações Americano-Islâmicas (CAIR)
- Ahrar Shamar (Brigada de homens livres da tribo Shamar) na Síria
- Hezbollah no Iraque
- CANVAS na Sérvia
- Sarya al-Jabal na Síria
- Abu al-Fadl al-Abas na Síria
- Muslim American Society (MAS)
- al-Shahba na Síria
- al-Yum Mawud (Brigada do Dia do Juízo) no Iraque
- União Internacional de Ulama (IUMS).
- al-Qaqa na Síria
- Amar bin Yasir
- Ansar al-Islam no Iraque
- Federação das Organizações Islâmicas na Europa
- Sufyan al-Thawri
- Ansar al-Islam (Partidários do Islã) no Iraque
- União das Organizações Islâmicas da França (L'Union des Organisations Islâmicas de France, UOIF)
- Ibad al-Rahman (Soldados de Deus) na Síria
- Jabhat al-Nusra Front (Frente da Vitória) na Síria
- Associação Muçulmana da Grã-Bretanha (MAB)
- Umar Ibn al-Qatab na Síria
- Haraqat Ahrar al-Sham al-Islami (Movimento Islâmico dos Homens Livres do Levante)
- Sociedade Islâmica da Alemanha (Deutschland Islamische Gemeinschaft).
- al-Shayma na Síria
- Jaysh al-Islam (Exército do Islão na Palestina) na Palestina
- Sociedade Islâmica da Dinamarca (Det Islamiske Trossamfund, DIT)
- qatiba al-Haq (Brigada dos Justos)
- Abdullah Azam
- Liga dos muçulmanos da Bélgica (Ligue des Musulmans de Belgique, LMB)
Há algumas exclusões notáveis da lista dos Emirados Árabes Unidos.
Não aparecem:
- Liwa al-Islam, que estava envolvida no ataque químico no Ghouta do leste, perto de Damasco (na Síria) e cujo líder Zahran al-Lush tem trabalhado em estreita colaboração com inteligência saudita nos anos '80;
- Harkat-ul-Jihad-al-Islam, em Bangladesh, conhecido por operar em Myanmar também.
- IHH supostamente uma sociedade de ajuda humanitária mas envolvida no contrabando de armas em favor dos "rebeldes" da Síria (a IHH é designada como sendo uma organização terrorista na Holanda).
- Libyan Islamic Fighting Group, LIFG, que foi fundamental para a derrubada do governo da Líbia em 2011, e cujo chefe Abdalhaqim Belhadj é agora o chefe do conselho militar de Tripoli. O seu vice, Mahdi al-Harati, em 2012 liderou uma brigada de 20.000 líbios em dois grandes ataques contra a Síria.
Ipse dixit.
Fontes: Huffington Post, The Guardian, Twitter, Counterpunch, Wikileaks (1, 2 e 3), NSNBC