
anteriores relatórios divulgados por fontes russas, um novo documento confirma agora a interação militar entre o San Juan e as forças britânicas: foi uma operação de espionagem por parte da Marinha Argentina.
O que faz surgir várias questões: quem poderia pensar em enviar um submarino que não está em condições de navegar numa missão tão arriscada em águas controladas pela Marinha Britânica? Se já a precedente viagem tinha sido detectada e seguida por um submarino nuclear inglês, não foi uma missão suicida enviar uma embarcação naquelas condições no espaço controlado pelo inimigo histórico da Argentina? O Ministro da Defesa não sabia dos planos? O Comandante Supremo das Forças Armadas, o Presidente Mauricio Macri, não estava ciente disso?
De acordo com a "Ordem Operativa do Comando da Força Submarina" n. 04/17, do dia 24 de Outubro de 2017, o submarino ARA San Juan teve que "fazer um reconhecimento preciso" e "obter posição, identificação, documentação fotográfica/cinematográfica" de aviões e navios militares e logísticos (RAF 130) baseados nas Ilhas Falkland e controlados pela Royal British Air Force.
O documento afirma a necessidade de colectar informações sobre vários navios, incluindo o BP CF Hunter, o HMS Clyde e o FPV Protegat (página 3 do documento em anexo). Portanto, a tripulação do San Juan teve a missão de realizar actividades de espionagem contra alvos da frota militar e comercial britânica, factos até hoje sempre negados por parte do Ministério da Defesa e da Marinha.
Parte da área onde o submarino tinha que operar (conhecida em código como Juliana) é considerada pela Coroa britânica como uma zona de proibição de pesca por parte de navios não autorizados; é patrulhada por veículos britânicos rápidos, semelhantes aos usados pela Prefeitura Naval na Argentina para proteger as suas zonas de pesca. De acordo com esses documentos, ao submarino argentino foi expressamente ordenado de violar o artigo 111 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (Convemar): não há provas ou documentos oficiais que possam determinar se o ARA San Juan cumpriu esta parte da missão antes de desaparecer.
Todavia não é possível esquecer que a área em questão (os espaços territoriais argentinos e britânicos no meio do Oceano Atlântico) é muito sensível e que os militares de Londres já tinham reparado na presença argentina: sabemos que durante a penúltima navegação (dias 9 e 10 de Julho de 2017), o San Juan tinha detectado o "zumbido" típico dum submarino nuclear, supostamente britânico, nas suas proximidades.
Estes documentos abrem novos possíveis cenários: além duma catastrófica avaria a bordo do San Juan, agora não podem ser excluídos "jogos de guerra" entre Argentinos e Ingleses. As forças da Coroa voltaram a detectar a presença do San Juan? Este foi surpreendido no meio da missão de espionagem? Até onde foi a resposta britânica? E do lado argentino: quem foi o irresponsável disposto a sacrificar 44 tripulantes numa embarcação em más condições e numa missão tão perigosa?
Ipse dixit.
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Fonte: KontraInfo