Um polícia morto, dois feridos.
E adivinhem? As autoridades conheciam bem o atentador (entretanto abatido).
20 - 15 = 5
O nome é Karim, 39 anos, obviamente muçulmano.
Em 2003 tinha sido condenado a 20 anos de cadeia por ter disparado contra dois polícias em Roissy-en-Brie. Depois a pena foi reduzida para 5 anos.
De 20 para 5? Tomem nota: se a ideia for quebrar a lei, considerem uma deslocação para França. Doutro lado, por qual razão não reduzir a pena ao simpático Karim, considerado que as autoridades sabiam ele ser um radical islâmico?
O kit regulamentar
No lugar do atentado, eis a velha Audi A4 utilizada no ataque.
No interior:
- uma caçadeira
- uma faca de cozinha
- notas escritas a mão com o endereço da direcção dos serviços secretos (?), do posto de polícia de Lagny (?) e de três lojas de armas (está é clara: tanto para que não surjam dúvidas do tipo "mas onde foi buscar as armas?").
- uma regular cópia do Al Corão
- outras notas pró-Isis
- uma mensagem de apoio ao Estado Islâmico
O Isis: calado é um poeta
"Al-Belgiki", como explica o nome, vive na Bélgica; lê a notícia e fica um pouco incomodado. Pelo que, apresenta-se no posto de polícia de Anversa para dizer que passou a noite a ver o Anderlecht jogar contra o Manchester United. Por acaso um bom jogo, decidido só nos tempos suplementares com um gol de Rashmore, que até aí tinha errado tudo e mais alguma coisa. Mas enfim, o futebol é assim.
Bom, dizíamos: al-Belgiki nada teve a ver com Paris. O que significa o seguinte: o Isis não tem a mínima ideia do que se passou na capital francesa.
O Isis pode não saber, mas outros sabem. Mas sabem o quê?
Por exemplo, sabem que depois de amanhã começam as eleições.
Obviamente em França.
Olha só: as eleições!
Quem ganhará? Marie Le Pen, extremamente provável. Mas atenção: a Le Pen será a vencedora apenas do primeiro turno, não das eleições. Para a segunda volta, deverá haver um pacto (explícito ou não) entre Emmanuel Macron (banqueiro dos Rothschild) e François Fillon (Les Républicains, homem de Sarkozy). Macron (24% das preferências segundo as sondagens) e Fillon (17%) juntos ultrapassariam Le Pen (25%).
Este cenário só pode ser arruinado por outro candidato: Jean-Luc Mélenchon, do movimento Front de Gauche (Frente da Esquerda). Mélenchon (talvez - mas não há confirmações acerca disso- um maçon da loja Roger Leray de Paris) nas últimas semanas tem conseguido avançar de forma decidida nas sondagens, até alcançar 18% das preferências (mais do que Fillon). O "comunista" Mélenchon arrisca assim arruinar uma eleição que o Centro já considerava ter ganho.
O Front de Gauche nunca teria os números para ganhar o segundo turno, mas é verdade que o Front com 18% e os eleitores da Le Pen com 25% representam uma grande incógnita para a segunda volta, sobretudo se juntarmos o enorme 30% dos eleitores que ainda não decidiram para quem votar. Um cálculo meramente teórico (e incorrecto, como é óbvio): 18% do Front, 25% da Le Pen, 30% dos indecisos, o total dá mais de 70% de votos que podem constituir uma enorme surpresa.
Um atentado do Isis no centro de Paris pode dar uma "ajudinha", empurrando os indecisos para os braços da Le Pen, favorecendo indirectamente o bloco de Centro. E paciência se o Isis nada sabe disso, alguém faça o favor de avisa-lo para ficar calado: deixem trabalhar o SITE de Rita Katz.
Claro que se depois os atentados fossem mais do que um, a ajudinha seria ainda maior e os indecisos diminuiriam de consequência.
Ipse dixit.
Fontes: La Repubblica, Lenius