Donald Trump escolheu Gina como nova diretora da Agência Central de Inteligência (CIA), substituindo Mike Pompeo, que agora ocupa o assento de Secretário de Estado após Rex Tillerson ter-se demitido por fortes divergências com o Presidente.
Gina, de 61 anos, já ocupou o cargo de Diretor Adjunto da CIA e passou grande parte da sua carreira no serviço de inteligência trabalhando como agente secreto. Sob a administração, Bush tratou da implementação do programa extrajudicial que incluiu a prisão e o interrogatório de suspeitos de terrorismo em vários Países do mundo.
Gina e as torturas
Uma investigação do Senado mostra que "Gina Doe" (este o nome em código de pouca fantasia usado nos documentos da CIA) estava presente em pelo menos dois interrogatórios praticados com o método da tortura: foram os casos de Abu Zubaydah e Abd al Rahim al Nashiri. Documentos revelados mais tarde mostram que Zubaydah foi sujeito 83 vezes à técnica de "afogamento simulado", o brutal waterboarding que Trump elogiou publicamente.
Além disso, em 2005, a cândida Gina tinha ordenado a destruição de uma centena de fitas de vídeo onde estava gravada a tortura praticada pela CIA na Tailândia, numa das prisões secretas criadas depois dos ataques de 11 de Setembro de 2001. A tortura foi realizada durante interrogatórios contra alegados terroristas.
A nomeação de Gina foi também comentada pelo conhecido Edward Snowden através do Twitter.
O novo diretor da CIA desempenhou um papel fundamental na tortura de suspeitos e no encobrimento desta prática. O seu nome está presente num documento secreto segundo o qual todos os registros devem ser destruídos para não acabar no Congresso. Incrível.
Mas Snowden destacou um pormenor curioso: Gina Haspel não poderá viajar nos Países da União Europeia, onde pode ser presa:
Interessante: o novo diretor da CIA Gina Haspel, que torturou pessoas, provavelmente não poderá ir à UE para reunir-se com os chefes de outras agências de segurança sem o risco de ser presa por uma queixa do ECCHR (Centro Europeu de direitos constitucionais e direitos humanos) feita ao procurador alemão.E é verdade: em 17 de Dezembro de 2014, o ECCHR apresentou acusações criminais contra agentes não identificados da CIA; em Junho de 2017 o ECCHR conseguiu ser mais específico e indicou em Gina um dos responsáveis; portanto, convidou o Ministério Público da Alemanha a emitir um mandado de prisão contra a Haspel com as alegações de que ela tinha supervisionado a tortura de suspeitos de terrorismo.
Finalmente, deve notar-se que a nomeação de Gina chega em Fevereiro de 2017, alguns meses após o encerramento da campanha de Donald Trump durante a qual o magnata de New York expressou vontade de restabelecer a prática da tortura contra alegados terroristas. Um costume abolido (mas nem tanto...) durante a Administração Obama.
Como esclarece o site institucional da CIA, a cândida Gina recebeu vários reconhecimentos ao longo da sua carreira, incluindo o Prémio George H. W. Bush pela excelência no contra-terrorismo, o Prémio Donovan, a Medalha da Inteligência de Mérito e o Prémio de Rank Presidencial.
Simpática curiosidade: entre adversários e colegas da Agência é conhecida como Bloody Gina, o que podemos traduzir com "Gina a Sanguinária". Um nome que é já um programa.
A chegada de Mark Pompeo: alarme vermelho na Síria
Tal como vimos, Bloody Gina substituiu Mark Pompeo, que agora ocupa o cargo de Secretário de
Estado. Mark Pompeo, por sua vez, substitui Rex Tillerson.
Observa Krowler:
Não sei até que ponto a substituição do Rex Tillerson pelo ex-director da CIA Mike Pompeo não terá a ver com esta nova fase da guerra da Síria.
O que está para vir já pode ser apreciado: nas últimas horas, Trump prometeu atacar a Síria se esta continuar a lutar contra os terroristas apoiados pelos EUA que bombardeiam as áreas civis de Damasco. Ameaças que foram tomadas muito a sério pelo comando russo que recebeu ordens para preparar todos os sistemas de defesa ao máximo grau de alerta. Nas águas do Mediterrâneo em frente à Síria estão a chegar novas unidades navais russas, incluindo o lançador de mísseis Iskander: o sistema de defesa russo está a "selar" os céus da Síria e do Líbano com aviões e mísseis S-400.
Ipse dixit.
Fontes: The New York Times, CIA, Controinformazione, L'Antidiplomatico