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Coreia: o encontro histórico

27 de Abril de 2018, 15:30 , por Informação Incorrecta - | No one following this article yet.
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Momento histórico hoje: Kim Jong-un é o primeiro líder da Coreia do Norte a atravessar a fronteira com o Sul. Caloroso aperto de mão, sorrisos, festa grande. Até que enfim, uma boa notícia de vez em quando. De mãos dadas com o Presidente Jae-in, os dois líderes cruzaram a fronteira para tocar o Norte, depois cruzaram a fronteira outra vez para entrar no Sul. Alguém teve que trava-los porque os dois poderiam ter continuado o dia todo.

"Agora uma nova história começa." foram as primeiras palavras de Kim sentado à mesa oval da sala do encontro: "Temos de corresponder às expectativas" para não repetir um passado "em que não conseguimos pôr em prática os acordos".

Porque esta não é a primeira cimeira coreana: já houve duas em Pyongyang, em 2000 e 2007. Na última, o falecido líder norte-coreano Kim Jong-il, pai de Kim Jong-un, tinha assinado uma declaração de paz com o então líder do Sul, Roh Moo-hyun. O documento exigia conversações internacionais para substituir a trégua por uma paz definitiva e encerrar assim o conflito iniciado em 1950 e tecnicamente nunca acabado.

Porque desta vez as coisas poderiam ser melhores? Por um par de razões.

Em primeiro lugar, a China não quer problemas logo atrás das suas fronteiras. E a Coreia do Norte fica aí ao lado. Uma atitude mais provocatória de Pyongyang poderia ser utilizada para Washington desencadear um conflito mesmo no quintal de Pequim. Dado que a China tem um peso específico particularmente elevado na Coreia do Norte, lógico imaginar pressões para encontrar uma solução pacífica.

Nem os Estados Unidos querem empenhar-se numa guerra no Pacífico por enquanto: já têm problemas suficientes no Médio Oriente, com a Síria de Assad dum lado (mas o verdadeiro objectivo é sempre o Irão), os "rebeldes moderados", o Líbano, a Turquia e os aliados regionais do outro. Apesar das declarações de Trump no recente passado, um pouco de calma na Coreia é bem vista em Washington (e tranquiliza momentaneamente Tóquio também).

Depois há o líder da Coreia do Norte: na semana passada, Kim tinha anunciado que o seu País não precisava mais de mais testes nucleares ou lançamentos de mísseis. Também garantiu que Pyongyang não usará armas nucleares se não houver ameaças contra o Norte. Na prática, antes Kim demonstrou que a Coreia "pode", agora, com as negociações, desfruta uma cómoda saída para acalmar o clima e propor-se como sério interlocutor e até "pacificador".

O resultado é que o Presidente americano, Donald Trump, aplaudiu as novidades, garantindo tratar-se dum "grande progresso". As conversações entre as duas Coreias lançam as bases para a próxima reunião entre Kim e Trump, em Junho: aí será enfrentada a questão da sanções, cuja revoga constitui o objectivo final de Kim.

De manhã, Kim, em uniforme preta estilo-Mao e um sorriso contagiante, chegou à linha de demarcação militar. Do outro lado, em terno escuro e idêntico sorriso, estava o Presidente Moon, que convidou o "nortenho" para o grande passo. Kim atravessou a fronteira, depois os dois voltaram para o Norte: fotografias e, sempre de mãos dadas, de volta para o Sul.

A manhã foi a altura dos símbolos e tudo correu bem: florezinhas doadas por crianças, saudação da guarda de honra, mesa oval para entrevista e colóquios.

À tarde, conversa privada de meia hora e assinatura do acordo: além dos compromissos sobre o nuclear, Seul e Pyongyang concordam em interromper imediatamente todos os actos hostis, como a difusão da propaganda através da fronteira, querem prosseguir com os programas de reunificação das famílias separadas pela guerra e com a construção dum corredor rodoviário e ferroviário entre Seul e a cidade norte-coreana de Sinuiju.

Finalmente, o que mais interessa aos Leitores de Informação Incorrecta: o jantar oficial, acompanhado pelas esposas. Para satisfazer a curiosidade, eis o menu:
  • salada fria de polvo pescado em Tongyeong
  • rostli de batatas (o prato é tipicamente alemão, mas enfim...)
  • ravioli de pepino de mar da ilha de Gageodo
  • peixe San Pedro pescado na costa de Busan
  • arroz de Gimhae Bongha com vegetais selváticos colhidos na zona desmilitarizada
  • peixe gato grelhado
  • munbaesul (o licor milenário típico da península)
  • licor de arroz e pétalas de rododendro 
Com um menu assim a paz é segura.
Eu teria acrescentado uma fatia de pizza. E uma fatia de tiramisu. Mais um café. Mas tudo bem, como primeiro encontro pode ser.


Ipse dixit.

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/5pdLSdrW1sY/coreia-o-encontro-historico.html