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Do ouro e do declínio do Dólar

27 de Abril de 2016, 9:24 , por Informação Incorrecta - | No one following this article yet.
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Desde que Kissinger construiu o acordo global dos petro-dólares com a Arábia Saudita e a OPEP, em
1973, o Dólar dos Estados Unidos permaneceu qual única moeda de reserva do Mundo ao longo de quase 50 anos. Mas agora as coisas poderiam mudar: e seria uma mudança com consequências enormes.

Desde 09 de Junho de 2015, o gigante petrolífero russo Gazprom vende oficialmente todo o petróleo e o gás em Rublos e Yuan (a moeda chinesa, também chamada Renminbi ou mais simplesmente RBM), tornando de facto estas duas como novas reservas globais. China e Rússia concluíram um acordo baseado no ouro para ser utilizado em vez do Dólar: na prática, um quase regresso ao Golden Standard.

Esta escolha não deve admirar, pois é também fruto das inúteis e auto-prejudiciais sanções do Ocidente que empurraram Moscovo nos braços de Pequim, com o aumento do uso da moeda chinesa. Mais ainda: a China e a Rússia estão a liquidar boa parte das suas reservas em Dólares para a Arábia Saudita (e também para outros Países da OPEP) que, pela primeira vez em duas décadas e por causa da política-suicídio do petróleo a preços de saldos, tem extrema necessidade da moeda americana. É um cenário no qual outros Países estão a começar a de-dolarizar-se, não sendo já preciso o Dólar para comprar energia ou negociar acordos bilaterais. Rússia e China já começaram neste sentido.
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Está em curso a guerra para o controle da(s) próxima(s) moeda(s) de reserva global.
Alguns exemplos:
  • há dois meses, o Irão anunciou que deixará de vender o seu petróleo em Dólares para passar ao Euro. O que introduz um óbvio conflito político-económico entre Euros e Dólar.
  • com outro, a National Bank da China e o Banco Central da Nigéria decidiram a livre circulação da moeda chinesa na economia do País africano, incluindo assim o Yuan nas suas moedas de reserva. Um percurso que também outros Países produtores de petróleo poderão seguir.
  • há também outro acordo, aquele assinado entre China e Coreia do Sul, que prevê a utilização das respectivas moedas nacionais no comércio, para evitar as flutuantes taxas de câmbio do Dólar (unilateralmente geridas pelos anglo-americanos).
  • e não podemos esquecer o acordo assinado no ano passado entre a República do Mali (quase um protectorado francês) e a China, com a promessa dum financiamento global de quase 10 biliões de Dólares em Francos franceses e Yuan chinês.
São pequenos-grandes passos que lentamente corroem o monopólio do Dólar.  
Restam ainda para decifrar as reacções da Alemanha, que detém o primado europeu de trocas comerciais com a China, e da Rússia para o pagamento do gás da Gazprom. De acordo com muitos analistas, seria mesmo Berlim a primeira a romper com o Dólar. O que pioraria ainda mais a guerra entre Euro e Dólar pois a moeda europeia, apesar de tudo, é um forte meio de troca e de reserva. Mas os planos são claros: o desenvolvimento do Mundo fica no Leste.

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Na base de tudo temos a reintrodução do ouro como referência das moedas.

O mercado dos metais preciosos é manipulado por parte dum grupo de bancos, tanto no preço do ouro e da prata quanto no mercado dos future e dos derivativos. Pelo que, China e Rússia estão a preparar-se para exigir publicamente aos EUA a prova de que Washington realmente possua as reservas de 8.133 toneladas de ouro que servem ficticiamente para a cobertura (mínima!) do Dólar em papel. Porque existem dúvidas e nem poucas.

O ex-subsecretário do Tesouro dos EUA, Paul Craig Roberts, afirmou em Junho de 2014 que todas as reservas de ouro dos EUA (incluindo as de outros Países guardadas em New York) tinham acabado.
Os Estados Unidos não têm ouro e não podem devolve-lo, pelo que forçaram a Alemanha a um acordo para que parasse de pedir o seu ouro.
Por estas razões também os mercados alternativos, como o chinês Shanghai Gold Exange, começam a ser realmente interessantes para os investidores estrangeiros,

Ainda em tema de reservas, actualmente os dez Países com mais ouro guardado nos cofres oficialmente são:
  1. Estados Unidos (8.100T; 75% das quais em reservas para dinheiro)
  2. Alemanha (3.395T, 72% de reserva)
  3. Itália (2.452T; 72%)
  4. França (2.435T; 71%)
  5. China (1.154T; 1,7%)
  6. Suíça (1.040T; 11,5%)
  7. Rússia (937T; 9,6%)
  8. Japão (765T; 3,2%)
  9. Holanda (612T; 60%)
  10. Índia (558T; 10%)
Mas a Zona Euro no total tem 10.800 toneladas, o que explica a solidez do Euro como moeda de troca e de reserva.
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O Mundo inteiro compartilha razões para a remoção do Dólar como moeda-padrão e a introdução do ouro como referência para uma maior equidade e estabilidade. Mas tudo isso significa uma guerra de verdade e é complicado destronar um rei tão armado. Muito embora...

Muito embora sejam os mesmos Americanos a reconhecer como o tempo da supremacia esteja perto do fim: significativo neste aspecto um dos últimos artigos de Zbigniew Brzezinski acerca das próximas mudanças na política global dos EUA. A decisão está tomada há muito, não pela classe política mas pela elite oligárquica: o futuro deve ser jogado na Ásia, onde já convergem os interesses das principais multinacionais. Washington terá apenas que se adaptar perante o novo cenário.

Eis como os Bancos Centrais estão a preparar-se:
Click para...tá bom, já sabem.
Dos Países que aumentaram as suas reservas de ouro nos últimos 11 anos (até 2014), apenas 2 não pertencem à Ásia: Alemanha e Italia. Agora é só reflectir: quem fica por trás dos Bancos Centrais? Quem decide a política dos mesmos? Como sabemos, não é difícil responder dado que os Bancos Centrais "não alinhados" podem ser contados nos dedos duma só mão.

Mas esta é outra história.


Ipse dixit.

Fonte: http://feedproxy.google.com/~r/InformaoIncorrecta/~3/T7Zfd1RaqWM/do-ouro-e-do-declinio-do-dolar.html